Capítulo 11: O lado humano.

Essa noite, Halie acordou com um pesadelo. Ela me chamava freneticamente, quando finalmente ela voltou a si, disse que tinha esquecido o que tinha acontecido no sonho. Ela ainda chorava quando a levei pro meu quarto após tomar um copo d'água, ela não só chorava, ela estava soluçando.

Deitei ela na minha cama e fiquei cantando algumas músicas até ela se acalmar, ela acalma quando ouve minha voz. Ela adormeceu, e eu não consegui mais dormir, fiquei pensando no que ela poderia ter sonhado. Depois mais uma vez, o assunto veio a minha mente, Carter, Halie e Eu, o que faria agora nesse momento tão delicado em qual ele está passando, depois de uma semana como ele estaria lhe dando com o tal assunto. Se eu não me engano ele volta a trabalhar hoje...Eu fui muito egoísta, poderia ter lhe ligado só para ver como as coisas vão indo, se ele precisa de ajuda.

Meu sono estava longe de chegar, então peguei papel e caneta e resolvi "ensaiar" o que e quando falaria a tal verdade pro Carter. Depois que terminei li tudo, só para ver como estava, até que não me saí mal, pena que o que tinha no papel só tinha lá, não teria coragem para falar o que estava escrito ali pessoalmente, de repente eu poderia entregar uma carta...Não, coitado! Só recebe carta-bomba! É incrível quando meu sarcasmo só vem nas horas mais erradas.

Melhor ir ajeitando as coisas por aqui, porque quando a Halie acorda ela não me dá um minuto de sossego, essa casa ta uma bagunça, vou tirar um fim de semana para jogar fora o que não presta mais e dá uma geral! Ontem mesmo, achei algumas fotos da Halie quando bebê, fotos que eu amo ficar olhando por horas, por isso as coloquei na minha bolsa, para que eu possa olhar toda vez que sentir saudades da minha pequena.

Soquei meu ensaio dentro da bolsa, que ultimamente estava super "gordinha", para não dizer tufada! Dei uma organizadinha básica nas coisas até a hora que a Halie acordou.

Quando cheguei no hospital vi que o dia ia ser dos bons. Gangues rivais e policiais feridos, a combinação mais que perfeita! E para melhorar as coisas, descobri que a Susan estava out por problemas familiares, acho que aconteceu alguma coisa com a irmã dela e ela teve que viajar de última hora, Carter vai voltar hoje, mas o plantão dele só começa meio-dia.

ATENÇÃO, A FIC SERÁ NARRADA PELO CARTER.

Hoje quando acordei ainda era madrugada, estava inquieto por alguma coisa, parecia que alguma coisa ruim ia acontecer, às vezes tenho essa sensação esquisita, desde criança, nunca mais tinha tido, a última tinha sido foi quando, por mais incrível que pareça, no dia em que a Abby apareceu lá no hospital de novo. Fazia anos que eu não a via, foi muito esquisito, na hora que entrei naquela sala, que a vi com a Halie ao seu lado, parecia que já tinha visto aquela cena em algum lugar, não foi estranho vê-la de novo com uma filhinha. Parece que ela nunca saiu de lá, que ela sempre esteve ao meu lado.

Já vi que meu sono não vai chegar logo, o pior que tudo já ta encaixotado, inclusive a TV, com essa história de mudança tem sido difíceis as noites por aqui, só eu e o Adam, tenho que pô-lo para dormir cedo senão fica todo enjoado, não tem TV, não tem som, não tem nada aqui nessa casa além da cama, do berço do Adam, do sofá na sala e a geladeira e o fogão. Mas tenho certeza que assim que a gente for pro apartamento novo vai ser bem melhor, quer dizer, não tem motivo para só eu e o Adam ficarmos nessa casa enorme!

Fiquei enrolando a madruga toda, só quando estava amanhecendo que eu consegui dormir um pouco, vou voltar ao trabalho com cara de vampiro! Quando saí do banho vi que o Adam já estava acordado, ele estava com os bracinhos para cima e os olhos super abertos. O tirei do berço e fiquei brincando na cama com ele, de avião, de terremoto, de tudo. Ele adora quando o jogo para cima...

Me vesti e desci com ele, foi quando vi que a babá já estava lá. Ela estava sentada no sofá, o único móvel da sala, lendo o livro que minha mãe me deu: "Pai solteiro", joguei esse livro nem me lembro aonde e disse para ela que o que eu precisava saber para educar meu filho não estava em um livro. Onde será que Mônica o encontrou? Devia ter jogado no lixo, assim não lembraria da cara de pau da minha mãe quando se ofereceu para ficar com Adam. Ela acha que eu não agüentarei, isso é o que ela acha! Me sairei muito bem, até melhor do que ela.

No caminho para o hospital parei em uma farmácia para comprar o xarope do Adam que tinha acabado. Na farmácia algumas pessoas olhavam atentamente para TV sussurrando alguma coisa, enquanto eu procurava o tal do remédio. Na hora de pagar, dei uma olhada no que acontecia na TV, foi quando vi que a repórter estava na frente...na frente do County! Meu Deus, o que será que aconteceu? Será que alguém famoso se feriu e foi para lá?

Melhor verificar. De repente tão precisando de mim e eu nem sei!

--Jerry? Vocês tão na TV! O que aconteceu?

--Dr. Carter, eu não sei, cheguei depois de tudo! Ninguém responde nada, o hospital não está recebendo ninguém e o Pratt, o Luka e a Neela se trancaram no Trauma 1 com um paciente crítico, tem policiais para todo lado!

--Sim, Jerry, to vendo isso na TV, mas qual o motivo?

--Tudo o que eu sei é que houve um tiroteio aqui, tinha um pessoal barra pesada. Quatro pessoas se feriram gravemente, três foram mandadas pro Mercy. E tivemos mais cinco leves! Eu acho melhor o senhor vim para cá.—Meu Deus! Será que alguém do hospital se feriu?

--Eu já estou indo. To no carro, deixa eu falar com a Susie!

--Ela não está aqui, viajou.

--Quem ta ai, então? Deixa eu falar com a Abby!

--Dr. Carter sinto muito, mas não sei onde ela está, a Neela disse que ela não está aqui também, apesar de o nome dela estar no quadro.

--Droga, Jerry!...Ok, diga que estou a caminho!

A frente do County estava uma loucura, eram pessoas procurando por seus parentes, policiais, pacientes sendo transferidos, alguns algemados. Os policiais interditaram a entrada, acho que fizeram isso pelo fato de ter muita gente querendo entrar para ver o estado de seus familiares. Uma mulher veio a mim ao ver meu crachá para pedir se eu podia tirar o filho dela de lá. Falei com o policial, ele disse que só estavam transferindo os pacientes críticos, os outros só iam sair em algumas horas já que eles não sabem ao certo quem estava e não estava envolvido com o tiroteio, ou seja por medida de segurança ninguém sairia ou entraria. Mostrei meu crachá e ele liberou minha entrada.

Ao entrar, tinham pessoas ainda chorando no chão. Policiais pegando depoimento com algumas pessoas e outros revistando.

--Ei! Chunny! O que aconteceu?—Ela estava com o rosto vermelho e suado.

Ela fez sinal para eu entrar no Lounge.

--Dr. Carter, foi horrível! Homens armados invadiram o hospital, fizeram reféns, havia um garoto da gangue rival deles, e um homem atirou nele bem na nossa frente. Descarregou a arma no peito do menino. Nós não pudemos fazer nada, ficamos só olhando eles se matando.—Ouvi tudo aquilo sem querer acreditar, ela chorava enquanto contava.—Depois que os policiais chegaram tudo se acalmou, mas tem muita gente "que ainda não voltou". A Dra.Lweis acalmou tudo, mas ela disse...

--O que? Susan ta aqui? O Jerry disse que ela estava viajando!

--Ela estava, mas voltou hoje cedo, não ia trabalhar hoje, mas quando viu na TV veio correndo! Ela disse que não podíamos falar sobre nada com os outros funcionários que chegaram depois, para não aumentar o pavor. Sabe, ainda tem gente que faz parte das gangues aqui dentro, mas segundo os policiais, todos já foram desarmados.—Ela continuava lagrimando e falava baixo como se estivesse com medo de algo ou de alguém.

--Chunny!Olha para mim.—A segurei nos ombros para acalmá-la.—Preciso falar com a Susan.

--Ela não pode! Ela está lá trancada com a Abby!

--O que elas estão fazendo lá dentro?—Nessa hora Haleh entrou na sala, olhou seriamente para mim e Chunny.

--Chunny, a Dra.Lweis disse que se você não se acalmar é para ir para casa ou indo dando uma olhada nos casos simples. E mandou eu dizer que assim que o Dr. Carter chegasse era para você ir cuidando dos pequenos casos, ela falou que não precisa da sua ajuda, e que ela, Pratt e Luka estavam cuidando de tudo, então se o senhor até quisesse ir para casa podia ir.—Alguma coisa ta errada aí! Susan jamais dispensaria minha ajuda, muito menos em um dia como esses. Chunny pegou sua bolsa e fez sinal que ia embora, mas antes dela sair a Neela entrou chorando na sala e se jogou no sofá, não notando que estávamos ali. Haleh chegou perto dela, passou a mão na cabeça dela e disse para ela se acalmar.

--Não, Haleh! Eu não vou me acalmar, eu não posso fazer isso! Eu nem conseguia me concentrar enquanto estava lá. Ninguém ta bem, só que algumas pessoas conseguem se manter em pé por mais tempo. A Susan falou aquilo porque ela não estava aqui na hora que aconteceu ela não viu COMO aconteceu, eu vi tudo, foi bem na minha frente e poderia ter sido eu! Não é justo ela só estava querendo ajudar aquele menino e você viu o que fizeram.--Quem é ela?

--Neela, a Susan só ta querendo manter as coisas dentro do controle, esse é o trabalho dela. Vocês não podem surtar desse jeito, assim você vai atrapalhar tudo!—Haleh abraçava ela, tentando acalmá-la, nunca vi o pessoal do ER daquele jeito.

--Neela, como ela está?

--Chunny! AGORA NÃO! VOCÊ SABE O QUE A DRA.LWEIS FALOU: SEM COMENTÁRIOS.—Ela falou inclinando a cabeça para mim! Tudo bem que a Susan acha que eu ainda não superei a Kem, mas isso já é demais!

--O Luka ta pirando lá dentro. Susan ta gritando que nem uma louca com todo mundo, o Pratt é o único que está se mantendo!

--Será que vocês não ouviram o que a Dra.Lweis falou? SEM COMENTÁRIOS!—Eu estava paralisado, tinha medo de falar alguma coisa e ouvir uma que eu não queria.

--Que droga Haleh! O que a Susan fala não é lei. Ela acha que ninguém vai conseguir lidar como ela! Isso é um saco! O Carter lá dentro se sairia bem melhor que ela!

--Olha faz o que você quiser Neela, mas quando tiver mais um pirando que nem você, não vem reclamar, ta?—Ela saiu andando em direção a porta, aonde a Chunny ainda estava parada segurando a bolsa.—Ao invés de espalhar pânico e ficar dando uma de revoltada com a chefe eu vou tentar ajudar!

--Haleh, se ela estabilizar e subir para cirurgia, você avisa ok?

--Pode deixar, Chunny!—Ela saiu e bateu a porta. Eu via tudo aquilo como se eu não estivesse lá, como se fosse um filme!

A Chunny olhou para Neela como se estivesse com medo dela. Mas até eu estava, nunca tinha visto a Neela daquele jeito.

--Neela, a Susan só quer ajudar, acho melhor você fazer o que ela falou. Não é por nada, mas você sabe que ela está certa sobre aquilo.

--Que saco! Todo mundo fica falando comigo como se eu fosse uma bomba-relógio preste a explodir, a Susan não ta ajudando se estivesse ela ACEITARIA ajuda! Olha aqui, não acredito que todo mundo aqui acha que ele pioraria as coisas! Vocês falam bem de uma pessoa só para puxar o saco dela, mas na hora que ela pode ajudar não confiam! Todo mundo diz: Ele combateu a possível varíola, ela fez a greve para segurança, ele foi esfaqueado dentro desse hospital, mas agora ninguém quer deixá-lo ajudar. Que grande merda tudo isso!—Demorei cerca de 10 segundos para perceber que ela falava sobre mim.—Tenho certeza que a Abby preferia que ele estivesse lá dentro com ela!

--O QUE TA ACONTECENDO? PORQUE TODO MUNDO AGE COMO SE EU NÃO ESTIVESSE AQUI? O QUE ACONTECEU COM A ABBY?

--O que ta acontecendo Carter, é que, a Abby foi baleada nessa droga de tiroteio, ta entre a vida e a morte, todo mundo ta enlouquecendo, e a Susan ta se obrigando e obrigando o Luka e o Pratt a ficar lá dentro tentando estabilizar a Abby para poder mandá-la para cirurgia. Ela acha que você não pode ajudar porque ainda ta abalado por causa da Kem e que piraria se entrasse lá, mas o que ela não percebe é que ela já pirou e todo mundo também, e enquanto isso a Abby ta morrendo!—Enquanto ela falava, eu não conseguia respirar e não sabia o que fazer, minha única ação foi correr, correr para encontrar a Abby, como ela estaria? Pelo o que a Neela falou ela não está nada bem!

Corri o hospital todo até encontrá-los na sala mais escondida do hospital, Susan estava totalmente fora de controle, Luka estava sentado no chão escutando o Pratt gritando com Susie.

Entrei na sala, mas ninguém olhou para mim.

--Dra Lweis, ela está estável, a cirurgia está esperando, se demoráramos mais ela vai morrer.

--Susan, o Pratt ta certo. A área neurológica já foi afetada, você não tem mais o que fazer, agora é com a cirurgia.

--Luka, cala a boca! Eu preciso pensar! Ela pode perder o pulso na mesa de operação!—Ela se virou e me viu. Eu tinha que agir, já chega de agir como se estivesse em outro mundo!—Carter!O que você ta fazendo aqui?

--Susan, desculpa, mas tenho que fazer isso.—Vi que ela estava com pulso, tirei Susan do meu caminho, levantei as proteções da maca e fui guiando com ajuda de Pratt para fora da sala.

Dubenko não me deixou entrar na sala de cirurgia. Acho que até foi melhor. Desci para ver como estava lá embaixo. No elevador fiquei pensando nela, como as coisas mudam de uma hora para outra. Não, a Abby não pode morrer, não pode! Foi ela que impediu que eu virasse um drogado descontrolado, foi ela que ficou do meu lado na hora que todos estavam desesperados com medo de pegar varíola, foi ela que me fez perceber que eu não sou o único no mundo.

O hospital já estava muito mais calmo, sem nenhum paciente praticamente, todos ainda estavam muito abalados. Segui pra Lounge olhando os corredores vazios.

Ao entrar me deparei, com Susan chorando no sofá, ao lado dela estava a Elisabeth que a consolava dizendo que ia ficar tudo bem, o Pratt falava no telefone com Jing-Mei a acalmando dizendo que ele estava bem, Neela estava na mesa com um copo de café na mão paralisada e Michael e Luka estavam sentados no chão como se não soubessem mais o que dizer para acalmar a todos.

--Gente, a Abby já está na cirurgia. Eu estou com um bom pressentimento que vai ficar tudo bem. A bala foi expelida. Não podemos fazer mais nada a não ser rezar pela vida dela. O que eu quero dizer é que o mínimo que podemos fazer por ela é avisar a Maggie e o Erik, e ficar com a Halie até encontrarmos a mãe ou irmão dela.—Halie vei na minha cabeça, como aquela criança tão ligada a mãe superaria isso? Ela é muito pequena para entender. Lembrei de mim quando meu irmão morreu, eu não entendia o que aconteceu, todo dia eu esperava ele entrar pela porta como sempre fazia após a escola, mas ele nunca voltava, ele nunca voltou pela porta. Bobby sempre foi minha segurança, parecia que eu estava perdido sem ele.

--Gente, o Carter ta certo, precisamos agir em vez de ficar aqui lamentando. Provavelmente o hospital vai ficar fechado por um tempo, então vão para casa, se recompunham, principalmente você Susan.—Sempre imaginei Luka assim em uma situação como essa, forte, liderando, ele que já passou por tanta coisa, sabe como é perder uma pessoa que se ama. Não quero admitir mais ainda a amo, durante esse tempo que ela esteve fora eu sempre pensava nela, criei uma realidade dentro da minha cabeça em que ela estava super feliz, casada e com filhos, mas no fundo no fundo eu queria estar e participar dessa realidade que não me pertencia.

--Susan, o Luka ta certo. Vocês vão para casa, pode deixar que eu e ele cuidamos de tudo por aqui. O armário da Abby, era o da Weaver, que já foi meu também, nenhuma das duas trocou a combinação, então pode deixar que eu contato a família.

--Ok. Pode deixar que eu pego a Halie na escola, sei mais ou menos onde é. Ela fica lá em casa até tudo se ajeitar.

Todos foram para casa. Eu e Luka ficamos para dá um jeito em tudo. Segundo Anspaugh o ER ficaria em recesso por uma semana, mas o resto de hospital funcionaria normalmente.

No RH tinha um número de contato da Maggie, mas é antigo e a Abby na atualizou.

--Carter, ta entardecendo, vamos ver logo o armário dela. Liguei para cirurgia e ela ainda ta lá.

--Luka, procura lá. Eu to exausto, a combinação é 65842.—Me joguei no sofá do Lounge enquanto o Luka abria o armário.

Ele pegou uma agende que tinha lá dentro e começou a folhear.

--Carter, tem um número aqui...Ah não, é o mesmo que te no RH...Será que faz tanto tempo que ela não fala com a mãe?

--Luka! Você conhece a mãe dela, claro que faz tempo que elas não se falam...

--E o irmão dela? Será que nem com ele?

--Sei lá. Vê no celular dela!—Ele se levantou, foi ao armário e pegou a bolsa.

--Carter, olha isso.—Ele tirou umas fotos de dentro da bolsa, que provavelmente era a Halie quando bebê, muito lindinha, o jeito até lembrava o Adam.

--Luka, a gente ta procurando o telefone, não é pra fuçar a vida dela. Se eu bem conheço a Abby, do jeito que ela é desorganizada a gente vai passar a noite aqui procurando.—Não estava falando nenhuma mentira, ela realmente é desorganizada, mas amo isso, eu que sempre fui sempre tão metódico e certo, é legal ver uma pessoa que nem liga se a toalha molhada ta em cima da cama, ou se os CD's tão nas caixas erradas.

--Cara, pior que é verdade. Tem milhões de papéis minúsculos aqui!

--Tenta um desses.—Ele pegou um papel grande que estava meio amassado e começou a ler, com certeza deve ser uma lista de alguma coisa. Ela adora fazer listas.

--Cara! Você já viu isso?—A cara de Luka parecia que ele tava segurando algo que podia sumir da mão dele a qualquer momento.

--Nem quero ver, Luka, isso é coisa dela!

--Não, é coisa sua. Dá uma olhada.—Calma aí. Alguma coisa ta errada nessa porcaria. Porque a Abby teria alguma coisa sobre mim na bolsa dela? Isso é ridículo.—Tem seu nome, Carter.—Dei um pulo do sofá, me aproxime da mesa e sentei na hora que ele me entregou o tal papel. É cada coisa!

Meus olhos já ardiam enquanto eu começava ler, não só pela noite mal dormida, mas também por toda agitação que aconteceu hoje.

Carter, você me conhece muito bem a ponto se saber tudo o que eu seria capaz de fazer. Mesmo quando éramos só amigos eu falava para você tudo sobre mim. Quantas vezes você já me ouviu reclamar de Maggie e de todas coisas que a doença dela me causou? Você muito bem sabe que a doença dela causou muito mais danos a mim do que a ela.

Você sempre tentou "me consertar" sei que essa não é bem a palavra, mas você só fazia pelo meu bem, e só agora entendo.

Agora que você é pai, eu imagino que você, assim como eu queira proteger seu filho de tudo desse mundo, quer protegê-lo das coisas terríveis que acontecem no mundo hoje, mas principalmente das coisas por quais você passou. Você sabe como é horrível ser dependente de drogas, e de jeito nenhum você espera que algo parecido com isso aconteça ao seu filho, certo?

Bem, comigo não é diferente. Eu não quero que Halie passe por nada pelo que passei na minha infância e adolescência. Você sabe por o que eu passei.

Bom, eu não sou bipolar, então eu espero ser uma boa mãe que possa mostrar a ela o que é certo e o que é errado, e que se ela errar uma vez ou outra, eu sempre estarei lá para ajudá-la e dar apoio, que não importa o que aconteça, eu sempre estarei lá quando ela precisar, que mesmo depois de ela adulta é só ela chamar meu nome que eu vou ta lá ao lado dela. Não quero criar ela em um ambiente de mentira, e quero que todas suas necessidades sejam supridas.

Você deve ta se perguntando onde você entra nessa história.

Em lugar nenhum, a não ser pelo fato de você ser o pai dela e ela mais que precisa de você.

Durante todo esse tempo eu tentei esconder isso dela, não era bem esconder, mas sim proteger, tinha medo de que o você fez comigo, você podia fazer com ela. Depois de uma conversa com uma especialista no assunto eu me dei conta que eu já magoei muita gente e que eu jamais seria capaz de fazer isso com ela, não intencionalmente..

Carter, aquela menina é a razão do meu viver, é a pessoa que eu mais amo em todo o mundo, eu morreria por ela sem pensar duas vezes, e é por isso que eu quero que tudo seja perfeito para ela, perfeito do jeito que não foi para mim.

Sei que você ta passando por um momento difícil, acredite, eu não quero te enlouquecer, sou estou tentando fazer o que é certo, antes tarde do que nunca.

Já errei muito, não quero continuar fazendo isso, ainda mais com a Halie.

Depois de muito tempo percebi que prefiro que minha filha cresça com um pai, independente de como ele é.

No dia que você estavam no Magoo, você não lembrou de nada parecido com: torta e café?

Eu lembrei, parecia que um filme que eu já tinha visto estava rodando na minha cabeça, um filme que não terminou com um final muito bom, mas parece que agora chegou a continuação do 1º filme, e agora temos uma nova chance de que o final seja feliz, certo?

Espero que sim.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO...

Gente, desculpa pela demora, mas é que eu estava de férias e tava difícil de escrever.

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