Capítulo 12: O lado humano parte II.

Li tudo aquilo com tamanha incredibilidade. Quer dizer...como pode?

Halie, minha filha? Mas...o que a Abby quis dizer com portegê-la? Até hoje não sei o que fiz de tão mal assim para ela...Mas minha filha?

Isso explica muita coisa, porque a Abby não me queria perto dela, porque eu achei ela tão linda e perfeita, porque eu imaginava que se uma dia eu tivesse uma filha eu queria que ela fosse idêntica a ela, ou melhor, eu imaginava que ela SERIA que nem a Halie. Por isso nos demos tão bem...

Mas eu achava que tudo isso era porque ela era A filinha da Abby.

O que será que a Abby responde para ela, quando ela pergunta sobre o pai? Com certeza ela pergunta, esperta do jeito que ela é.

Será que ela sentiu minha falta nesses anos?

Eu senti dela! Agora que estou me dando conta que perdi o primeiro passo, primeira palavra, primeiro tudo!

Fui tão ausente...Sei que não é minha culpa, mas o que não passou pela cabeça dela?

Que não era amada, que tinha algo de errado com ela...

Preciso falar com ela.

--Carter, o que tem escrito aí? Você até empalideceu!—Saí correndo do Lounge. Procurei o telefone da Susie na recepção, disquei os números não sei nem como, minha mão ainda tremia.

--Carter, o que ta acontecendo?—Fiz sinal pro Luka para de falar, já que alguém tinha atendido.

--Susan?

--Carter, algum problema?

--Você já pegou a Halie na escola? Já falou com ela sobre o que aconteceu?

--Sim, já peguei ela. E também já falei sobre o que aconteceu. Carter, aconteceu alguma coisa com a Abby, a cirurgia já acabou?

--Dubenko disse que vão passar a noite. Como ela está?

--Carter, você acredita que ela não chorou nenhum segundo? Acho que ela ta se segurando. Ela não ta falando com ninguém, a única coisa que ela perguntou foi se a Abby ia ficar bem. Eu disse que sim, claro.

--Susan, eu quero falar com ela. Eu to indo para aí.

Corri pro carro e deixei o Luka falando sozinho. Enquanto corria pro estacionamento gritei para ele avisar quando a cirurgia terminasse.

Flash's passavam na minha cabeça no caminho da casa da Susie, como ela não deve estar se sentindo?Coitadinha...

--Susan! Susan!—Bati na porta super forte, o que fez a Susan vim correndo.

--Vai arrombar, é?

--Onde ela está?

--Tá no quarto do Cosmo assistindo desenho.—Vi que Chuck e Cosmo estavam na sala, acho que fazendo o dever da escola. Não tinha tempo para falar com eles.

Invadi o quarto e a vi sentada na cama segurando um ursinho de pelúcia, a TV estava ligada, mas ela não estava assistindo. Ela vestia um pijama que não era dela, provavelmente do Cosmo.

Sentei na cama, mas ela não olhou para mim.

--Halie?

--Oi tio.

--Você ta bem.

--Tô. A minha mãe já ta aqui?

--Não. Ela ainda ta no hospital, os médicos tão trabalhando para ela ficar boa.

--Já sei de tudo isso. A tia Susan falou mil vezes.

--Halie, eu queria falar com você sobre uma coisa. Pensei se você não ficar na minha casa até sua mãe sarar?

--Não posso. A mamãe disse que não confia em você. Desculpa tio...—Doeu ouvir aquilo dela, mas ela só estava sendo obediente.

--Não querida, tudo bem. Mas eu acho que ta tudo bem, hoje mesmo ela disse que agora ela confiava em mim de verdade, agora somos amigos. Lembra que daquela vez ela deixou?

--Verdade?

--É. Olha, a gente pode alugar algum filme e comer sorvete. Tem um monte lá em casa. Vamos?

--E a tia Susie?

--Eu falo com ela.

--Tá bom , então. Eu vou.—Ela deu um sorrisinho que não querendo me gabar, era idêntico ao meu.

A peguei no colo e fui saindo do quarto com ela.

--Carter! Para onde vocês estão indo?

--A Halie vai ficar lá em casa comigo.

--Carter, não! A Abby não vai gostar...—Saí da casa dela e me dirigi ao carro, ainda com ela no colo e Susan correndo atrás de mim.—Carter, eu to falando sério, não dei a permissão para você sair assim com ela. Você podia ter me pedido.—Coloquei Halie no banco de trás do carro e puxei Susan para um lugar mais afastado do carro, onde Halie não pudesse nos ouvir.

--Olha aqui, Susan. Eu agradeço tudo o que você tem feito, com todo o respeito, não preciso de sua permissão para levar MINHA FILHA para minha casa. E nem adianta você fazer essa cara de espanto, porque eu sei que você já sabia!—Ela ficou sem palavras, exatamente como eu há minutos atrás.

--Nossa Carter...Como você soube?

--Achei uma carta nas coisas da Abby, ta ali no carro se você quiser ver, junto com as outras coisas dela.

--Não, tudo bem. Carter, só uma coisa: Cuidado com o que você vai falar para ela, ok?

--OK—Segui pro carro, Susan se despediu dela e fomos para casa.

Pedi para Mônica a partir de amanhã dormir lá em casa já que agora tínhamos duas crianças.

--Tio John, o Adam já ta dormindo?

--Já, meu bem. Amanhã dá para ele brincar com você, ok?

--Tá. Onde ta sua esposa?

--Ela teve que viajar.

--Quando ela volta?

--Não sei se ela vai voltar. Acho que ela resolveu ir embora para sempre.—Me sentei no sofá e a coloquei no meu colo.

--E o Adam? Vai ficar que nem eu?

--Que nem você?

--É. Eu não tenho pai, ele não vai ter mãe. Tio, se minha mãe morrer eu vou ter que ficar com a vovó?

--Sua mãe não vai morrer, meu bem.

--Tio, mas se...isso acontecer, eu não quero ficar com a vovó nem com o tio Erik, eles são legais, mas o titio trabalha muito e a vovó...ela é um pouquinho esquisita.

--Eu sei meu bem. Tenho certeza que isso não vai ser preciso, mas você pode ficar comigo e com o Adam, quer dizer, se você quiser.—Ela me olhou com os olhinhos chorosos e depois sorriu. Ela é perfeita, é como se visse a Abby na minha frente, mas não a Abby sozinha, a Abby junto comigo.

--Promete?

--Prometo.—De repente ela começou a chorar.—Meu bem, o que ta acontecendo?

--Tio, se a mamãe morrer ela vai para onde?—Estava com a voz cansada, parecia mais sono do qualquer outra coisa.

--As pessoas quando morrem vão pro céu, pra ficar junto com o papai do céu. Agora Halie, você tem que parar de chorar meu bem, tudo vai ficar ótimo de novo, nada vai acontecer com sua mamãe ou com você, ta? O tio John promete que vai te proteger tudo, que você vai ficar segura. Não precisa ter medo de nada, porque eu to aqui com você, você não está sozinha. Se precisar de alguma coisa, qualquer uma, você pode me pedir ta? Qualquer coisa à qualquer hora do dia.

--Tá—Ela ainda chorava um pouco. Eu me estiquei no sofá, e adormecemos lá mesmo.

Espero que vocês estejam gostando, mandem reviews com comentários e sugestões, ok?

Bjinhos