Capítulo três
Pop Princess e saltos mortais.
I lost myself at your show last night
looking at the sparkling eyes
in the middle of a fresher crowd
you keep living like you're a movie star
but tell me who you really are
when the lights go down
Festas sexta-feira à noite realmente são muito interessantes. Na realidade, é maravilhoso, para poder esquecer de todo estresse que há durante a semana.
Esquecer do fiasco que a semana foi. Começando por eu esperar como uma pateta pelo tal grande telefone, lixar meus dentes e quase matar um dos amigos do meu meio-irmão com uma lixa de unha. Isso é algo que com certeza eu NUNCA irei repetir, está inquestionavelmente fora da minha lista de afazeres a longo prazo.
Hoje é aniversário de Alice e a festa será na casa do pai dela. Eu sei que vai ser legal, mas não estou com muito clima para festas. Não sei.
The Click Five está tocando alto no som do carro da Marlene. E é o que está me mantendo animada, porque eu não estou nem um pouco, para falara verdade.
Marlene é a mais velha de nós quatro. Ela fez dezesseis anos no final do ano passado, por isso ela foi eleita a motorista do quarteto. Que no momento, só tem três, já que Alice já está na casa dela. Obviamente.
Na realidade, a música não está me ajudando nem um pouco. Talvez eu seja mesmo uma Pop Princess e nunca passarei disso.
Eu realmente não sei. Parece que tem algum tempo já que eu me perdi e não sei o que fazer para me recuperar. Eu queria poder me lembrar de quanto tudo isso começou.
Eu sou tratada como uma celebridade e eu sei que talvez a maioria das pessoas deve achar isso legal e tal. Mas, eu gostaria de que pelo menos alguma vez alguém me encoontrase perdida no meio da multidão e me enxergasse realmente do jeito que eu sou.
Simplesmente parece que quando as luzes do palco se apagam, já não importa quem eu sou. E isso me assusta.
Lily está incrivelmente fofa. Está com uma saia branca até os pés e uma blusa rosa de alcinha com sapatos de boneca rosa também, para combinar. Está muito fofa mesmo.
Marlene optou pelo vestido longo preto com alguns brilhos.
Eu estou com um vestido rosa que eu simplesmente de paixão porque foi presente da minha madrinha há dois meses atrás.
Baby your a glitter doll
on the radio
I dissolved in my stereo
You've got me
You've got me
coming back for more
E é muita má sorte mesmo chegar na festa e estar sintonizada na mesma rádio que estava no carro de Marlene. E é claro, eu tenho que ser azarada. Como se não bastasse meu estado semi-depressivo em que me encontro no momento.
James, Sirius e Frank, o garoto com quem Alice está ficando, já chegaram. E alguns outros convidados que eu conheço apenas de vista, mas que me dão oi como se fôssemos velhos amigos. Eu odeio quando isso acontece.
- Emm, aproveite, garota. - diz Sirius, abraçando-me com o braço ao redor de meus ombros. - Somos populares, temos que aproveitar. - acrescenta, acenando para alguns (des)conhecidos que sorriem para nós.
Sirius Black, quaterback do time de futebol da escola. Frank, capitão do time da escola. James Potter, o que chuta, seja lá qual for o nome. Emmeline, a capitã das líderes de torcida. Ótimo, apenas porque eu gosto de fazer coreografias.
- Sirius, você não presta. - murmura Marlene, dando-lhe um soco nas costas. - Venha dançar comigo e deixe Emm em paz. - sorri, marota.
Alice e Frank já estão dançando. James e Lily, bom, eles são James e Lily e estão fazendo o que sempre fazem, entre beijos e brigas.
Só me resta me recolher a um canto bem longe de Matt. Não que ele esteja aqui agora, mas ele pode chegar a qualquer momento e eu sei que será um momento muito humilhante. Ao menos para mim.
Tá. Isso é ridículo. Eu sou capitã das líderes de torcida e fico aqui sentada de canto. Como se nada fosse nada. Eu queria que aparecesse um Patrick Swayze na minha vida e dissesse: 'Ninguém deixa Emmeline Vance de canto' igual ao que ele faz em Dirty Dancing.
Mas isso não é fantasia, e sim realidade.
Ao menos o bolo de chocolate tá bom. Muito bom, por sinal.
Pop princess hold my hand
Pop princess i'm a fan
Pop princess i need you now
freak me out turn me inside out
Pop princess make me smile
Pop princess drive me wild
Pop princess I need you now
So baby turn your love up loud
- Eu devo dizer que nunca te imaginei como esse tipo de garota. - murmura uma voz atrás de mim, gravemente suave.
É Remus. Um dos amigos de meu irmão. E por caso, aquele amigo que eu quase matei com uma lixa de unha.
- Que tipo? - pergunto, corando ao relembrar a triste cena.
- Do tipo que fica comendo bolo sentada num canto. - murmura ele, com a mão dentro dos bolsos da calça social, com um sorriso maroto no rosto.
Ahá. Eu odeio quando fazem isso comigo. Qual é o problema de uma líder de torcida comer? Qual é o problema de uma garota 'popular' sentar num canto em uma festa? Eu não tenho que estar sempre sentada, nem nada assim.
- Você tem algum problema com isso? - pergunto, agressivamente.
- Na verdade, tenho sim. - sorri ele, olhando-me com riso nos olhos. - E acho que posso consertar esse problema.
- Ah é? - pergunto, deboxada. - Como?
- Sentando com você. - responde ele, sentando-me em uma cadeira ao lado da minha e pegando um pedaço do MEU bolo.
- Do que você tá falando? - pergunto, ainda olhando para o pedaço de do MEU bolo que ele coloca na boca dele e sorri, como se nada fosse nada.
- O meu único problema é que você tá sentada sozinha e eu não acho isso nem um pouco legal. - sorri ele. Que aliás, é algo que ele faz com frequência.
Abaixo a guarda. Remus parece ser um cara legal, afinal. E ele não está aqui para me julgar, pelo que parece.
- Há alguma coisa especial em bolos de chocolate, para mim. - murmura ele, olhando para as pessoas na pista de dança.
- E o que seria? - pergunto, olhando-o com uma sombrancelha levantada. Eu sei que ela está levantada, porque eu sempre faço isso quando estou interessada no que a pessoa tem a dizer.
- Sempre como um bom pedaço de chocolate quando conheço pessoas que sei que vão ser especiais na minha vida. - disse ele, olhando-me de lado.
Devo ter corado violentamente, pela risada que ele soltou. Mas eu senti que ele não ria de mim. Não com o intuito de me magoar, ao menos. E eu me senti, estranhamente, bem.
- Vem, vamos dançar. - pede ele, pegando-me pela mão.
- O chocolate te faz sentir uma repentina vontade de dançar, também? - pergunto, sorrindo timidamente.
- Não. - rebate ele, ainda segurando-me pela mão. - Isso é por minha conta mesmo.
You were hiding in a darkened stall
waiting on your curtain call
getting your piece of mind
but I was looking past the glossy stare
I knew who was really there and
I'd like to spend some time
- Você não vai pisar nos meus pés, vai? - pergunto, olhando-o marota.
- Se eu pisar, prometo de recompensar depois. - rebate ele, dando uma piscada para mim, no mesmo tom brincalhão.
Começamos a dançar sob os olhares curiosos de todos. O que não é de se espantar, já que até quando eu respiro vira notícia no outro dia. Não estou me gabando nem nada, muito pelo contrário, é algo extremamente terrível. E Às vezes as pessoas conseguem inventar coisas cruéis sobre mim. Mas, foram poucas as ocasiões em que tal coisa aconteceu. Ter um meio-irmão como James Potter tem suas vantagens, devo dizer.
- Então, é tão bom quanto a gente pensa? - perguntou ele, fazendo-me dar rodopios a sua volta.
- O que é? - pergunto, rebolando discretamente ao ritmo da música.
- Ser popular.
- Depende do quão bom você acha que é. - murmurou, olhando para seu rosto de expressões suavizantes.
- Eu acho que é um pé no saco. - sorri ele, girando-me e fazendo meu corpo colar ao seu, comigo de costas.
- Então você está certo. - murmurou novamente, sentindo sua respiração em meu pescoço o que faz meu estômago revirar-se.
Eu sempre me escondo em minha muralha esperando um Pop Prince vir me salvar. Eu sei que eu faço isso, mesmo sem perceber. Fico esperando uma chamada dele que fará com que eu baixe todas as minhas defesas. Algum gesto que me mostrará que eu posso ser eu mesma sem medo de que isso vire notícia no outro dia.
- Eu te vejo exatamente como você é. - diz ele, e eu não posso olhá-lo porque estou de costas. O que me deixa extremamente nervosa. - E eu gosto do que vejo.
Não falo nada. Não há o que falar.
Remus me vira novamente e me abraça forte. Sinto o cheiro da loção pós-barba e o coração dele batendo bem perto do meu. Não sei o que há comigo, mas sinto meu corpo todo amolecer enquanto fico em seus braços e um sorriso teima em ficar estampado no meu rosto.
Remus é amigo de James há dois bons anos e freqüenta minha casa há dois bons anos. Como é que eu nunca notei ele em meio a todas as conversas monossilábicas e olhares constrangidos?
- Ai. - digo, abafando um gemido. Remus pisou no meu pé.
- Desculpe. - murmura ele, sorrindo timidamente. - Eu sou muito desastrado.
- Não tem problema. - sorrio de volta. - Afinal, você prometeu me recompensar depois.
Baby girl I think you're radical
but you're a star and i'm fanatical
can we start something new
just between me and you
Eu gosto de ficar na varanda da casa do pai de Alice. É um local tranqüilo e no momento, parece que todos os convidados estão mais interessados em atacar a mesa de doces e dançar tecno como índios em suas danças da chuva. E eu até estaria fazendo isso (comendo doces, quero dizer) se não estivesse tão mais interessante ficar aqui do lado de fora conversando com Remus.
Ele é um cara legal. E eu nunca tinha percebido isso antes.
Eu nunca tinha percebido o modo como as covinhas do rosto dele são fundas e como o olhar dele é constantemente risonho. As mãos dele estão sempre quentes e ele tem o costume de colocar as mãos no meio das minhas costas quando está me guiando por algum lugar.
Faz exatamente três horas que ele está me fazendo companhia e não me arrependo de nenhum minuto sequer.
- Então, o que há de tão interessante em ser líder de torcida? - pergunta ele, olhando-me malicioso.
- É muito mais do que falar sobre moda e garotos, ok? - digo, olhando-o enfurecida.
- É mesmo? - pergunta ele, olhando-me descrente. - Me prove, então.
Não que eu precise provar algo para alguém, nem nada do tipo. Mas, apesar de tudo, eu me orgulho em ser uma líder de torcida. E eu adoro fazer as coreografias. Eu faço várias outras aulas de dança e não trocaria esses minutos por nada. Aliás, por QUASE nada.
- Espere e verá. - digo, preparando-me para dar um salto.
Acontece que no meio da nossa coreografia de torcida há um salto parecido com aqueles que damos na aula de educação física quando estamos tentando fazer um gol em handeibol, mas um pouco mais artístico, por assim dizer. A mão faz uns movimentos graciosos que no momento eu não lembro os nomes e a nossa perna direita se ergue no ar, e a esquerda faz um pequeno salto.
E tudo sairia bem, se eu não tivesse feito isso perto da escada da varanda.
Fecho os olhos me preparando para atingir o chão em cheio, mas duas mãos fortes e extremamente familiares agarram-me pela cintura antes que a minha dor possa se concretizar.
Abro os olhos e Remus está olhando-me preocupado.
Ele sorri para mim.
Eu sorrio de volta.
E não há mais como voltar atrás. Ele me abraça forte e seus lábios aproximam-se delicadamente dos meus. Um beijo tímido e apaixonado. Que não é meu primeiro beijo, mas é como se fosse.
Eu não sabia que poderia ser tão bom.
A língua dele fazendo carinho na minha, as mãos apertando-me de encontro ao seu peito. Seguro suavemente em seus cabelos, fazendo um descuidado carinho em sua nuca.
E é tudo tão perfeito que eu nem tenho vontade de voltar atrás.
E talvez eu seja mesmo a Pop Princess da música do The Click Five, porque tudo que eu quero é alguém que faça tudo o que diz na música, alguém que precise de mim do mesmo jeito, alguém que me queria como eu sou.
- Eu prometi te recompensar depois. - sussurrou Remus, olhando-me carinhoso e voltando a juntar seus lábios aos meus.
Pop princess hold my hand
Pop princess I'm a fan
Pop princess I need you now
freak me out turn me indside out
Pop princess make me smile
Pop princess drive me wild
Pop princess I need you now
So baby turn your love up loud
