CAPÍTULO 02: SEM NECESSIDADE PARA FLASHBACKS

Observação:

Este capítulo se destina a contar o que aconteceu com os personagens da saga Tenchi Universe após o encerramento da 1a temporada de TV.

Para os que não assistiram a história pela Rede Bandeirantes, um resumo da mesma é narrado em forma de "flashback" e foi feito para o pessoal que não conhece Tenchi Muyo ou que conhece apenas superficialmente.

Agora, se você é fã de Tenchi Muyo, pretende assistir em vídeo/DVD/internet a série citada acima e detesta spoilers, NÃO LEIA o trecho marcado começando de [INÍCIO DE FLASHBACK] até [FINAL DE FLASHBACK].

Após o [FINAL DE FLASHBACK] a história é 100% original, continuando além do seriado oficial.

Prossiga a sua leitura por sua própria vontade e risco.

(INÍCIO DO CAPÍTULO)

Enquanto o pirata Calerom, sua mascote Dan-Oh-Ki e a princesa Sweety lutavam por suas vidas no espaço, a vida transcorria tranqüila na chamada Colônia 0315 de Jurai, mais conhecida como Planeta Terra, apesar de seus problemas do dia a dia.

Haviam se passado quase trinta dias depois que o estudante colegial Tenchi Masaki havia retornado do planeta Jurai após a aventura que mudou a sua vida e a de sua família.

Mas como isto pode acontecer para um pacato estudante?

[INÍCIO DE FLASHBACK]

Tudo acontece há meses atrás, quando Tenchi havia testemunhado a queda de dois objetos espaciais perto de uma floresta onde ficava a sua casa, nos arredores da cidade de Okayama, Japão.

Chegando no local do impacto, ele encontra - caída e desacordada, uma bela jovem que aparenta ter uns 17 anos de idade. Tenchi dá de beber um pouco de água e a reanima. A desconhecida jovem de cabelos cinza-azulado e olhos cor de mel se identifica como sendo Ryoko e suplica pela proteção do rapaz, dizendo estar sendo perseguida por um pirata espacial.

Tenchi tem dúvidas diante de tal insólita história, só que de repente aparece uma estranha figura metálica que os persegue. E, o pior era que a figura estava fortemente armada. Era o pirata espacial.

Tenchi e Ryoko tentam fugir, mas acabam ficando sem saída diante de um precipício. No instante derradeiro, o pirata espacial tropeça numa latinha de refrigerante e cai, não conseguindo se levantar devido ao peso de seu traje robótico.

Ryoko aproveita a deixa para dar um chutão jogando o pirata no abismo. Ela e Tenchi fogem.

Conseguindo chegar sãos e salvos em casa, Tenchi apresenta Ryoko aos seus familiares: O seu pai, o mulherengo arquiteto Nobuyuki, e o seu avô materno, Katsuhito, um sacerdote xintoísta.

Surpreendentemente ambos acabam acreditando na insólita história da alienígena e aceitando-a hospedarem na residência.

Após o jantar, Tenchi trabalhou freneticamente na tentativa de reforçar as paredes e telhados da casa contra eventuais tentativas de ataque da ameaça vinda do espaço.

Ryoko começou a dar mostras de que estava visivelmente interessada nele, para o desespero do rapaz, que nunca havia namorado alguém na sua vida.

Contudo, os dois não tinham mais tempo para nada. Pouco depois, o suposto pirata espacial aparece novamente, tendo sobrevivido à queda que sofrera.

O invasor se infiltra na casa e começa a perseguir atirando contra Tenchi e Ryoko - que parecia estar se divertindo com isto. Estranhamente, o pai de Tenchi, Nobuyuki, não parece acordar com o tiroteio, dormindo no sofá da sala de estar.

Para a sorte de ambos, aparentemente o pirata espacial era muito ruim de mira. Até que os dois se refugiam no templo Xinto do avô Katsuhito, que acorda com o barulho.

Tenchi implora para o seu avô para que os protejam da ameaça do pirata, mas não sabe como que ele iria lidar com um poderoso inimigo. Finalmente o agressor aparece e encara o trio, mas não decide atirar.

Katsuhito está muito calmo, como se desconfiasse de uma coisa.

Munido apenas de uma bokken - espada de madeira, usada nos treinamentos de kendô - o idoso sacerdote ataca o pirata espacial e corta a sua armadura robótica ao meio, assustando Tenchi por sua enorme habilidade.

Para a surpresa de todos, eles não encontram alguém com maneiras ameaçadoras, mas uma linda e atrapalhada jovem loira de olhos azuis, pele bem morena e voz infantil. Ela dizia ser Mihoshi Kuramitsu, Detetive de 1a Classe da Polícia Galática.

Ela - muito nervosa - diz que estava na captura da perigosa criminosa e pirata espacial Ryoko.

Tenchi duvida da história até que Mihoshi mostra a sua verdadeira identidade e um aviso de "procura-se" com a foto de Ryoko.

Sorrindo sarcasticamente, Ryoko revela a sua verdadeira identidade e desafia a atrapalhada policial.

Mihoshi dispara, mas para o seu horror, ela percebe que os projéteis de sua pistola laser são bloqueados pelo campo de força de Ryoko.

A verdadeira pirata espacial persegue Tenchi e Mihoshi, que saem correndo de volta à casa dos Masaki. Sem ter mais aonde fugir, Tenchi resolve enfrentar Ryoko munido apenas de uma enxada.

Impressionada pela sua coragem, Ryoko desiste e diz que estava apenas brincando com os dois. E decide se entregar espontaneamente à Mihoshi.

A agente da PG inicia os procedimentos de captura, citando os direitos que um criminoso tem ao ser preso, a partir de um leitor ótico, só que Ryoko queima o aparelho e malandramente pede para que a policial cite o artigo da lei apenas de cabeça. Mihoshi tenta, mas o esforço é demais para sua pobre cabecinha e ela cai em desespero.

Na manhã seguinte, os Masaki acabam tendo uma nova hóspede, pois Mihoshi não tem para onde ir e a romântica Ryoko decide dar em cima do pobre Tenchi, que é obrigado a consertar os estragos da batalha da noite anterior, confessando a ele que se apaixonara pelo rapaz desde quando o vira pela primeira vez. .

No dia seguinte, a atrapalhada policial da GP tenta entrar em contacto com alguém enviando uma mensagem de resgate e o sinal é atendido pela nave Ryu-Oh, da princesa Juraiana Aeka, e dos seus assistentes robóticos, os leais guardiães Asaka e Kamidake, que estavam em viagem diplomática para ela se encontrar com futuros candidatos a noivo.

A princesa decide atender o pedido de socorro e ela pousa perto da residência dos Masaki. Só que ela se assusta ao encontrar com Ryoko, sua velha rival de infância.

Inicia-se um violento bate boca e por pouco a enfurecida Aeka vai embora, se a Mihoshi não implorasse, explicando que foi ela e não Ryoko que enviou o sinal de resgate.

Após contar um pouco de sua história, Aeka é convencida por Katsuhito a ficar um pouco e apreciar as belezas do local.

Estranhamente, ele parece conhecer não apenas certas peculiaridades do planeta natal de Aeka, como também o peso de tantos compromissos e viagens diplomáticas que a jovem princesa é acostumada a lidar.

A princesa de Jurai é levada por Tenchi para conhecer os arredores do templo e acaba não apenas se encantando com a beleza das árvores e da vegetação, mas também gostando da gentileza do rapaz e do seu jeito simples e compreensivo de ser.

Contudo, Ryoko percebe a ausência do rapaz e sente ciúmes ao ver o seu amado Tenchi com a sua rival, com a qual não se dava bem desde a infância.

Nova discussão e finalmente Aeka decide enfrentar Ryoko num duelo final.

A enfurecida princesa - com uma desesperada Mihoshi grudada em suas pernas - embarca em sua nave e Ryoko faz o mesmo, invocando a Ryo-Oh-Ki e se teleportando nela com o pobre Tenchi.

Ambas as naves começam a trocar disparos no espaço, mas a nave de Aeka leva nítida vantagem em poder de fogo.

Quando ia disparar o tiro de misericórdia, ela decide se comunicar com Ryoko para se vangloriar dela e fica chocada ao ver Tenchi no interior da nave da pirata e com Ryoko abraçada a ele.

Totalmente fora de si, Aeka lança finalmente a sua nave contra a de Ryoko e ambas caem no lago vizinho à casa dos Masaki, que ganha mais uma nova hóspede.

Dias mais tarde, aparece uma misteriosa garotinha que se identifica como Sasami, a Segunda Princesa de Jurai e irmã de Aeka, tendo vindo buscá-la de volta.

Durante o jantar de despedida de Aeka e Mihoshi, Ryoko tem uma revelação surpreendente, dizendo estar esperando um filho de Tenchi.

Todos ficam muito contentes, exceto Tenchi que tenta inutilmente explicar aos outros que não foi ele que fez o filho e Aeka, que fica fula da vida.

Ryoko vai ao banheiro e volta com um misterioso ovo - que na realidade ela tinha encontrado o mesmo no lago - no local aonde sua nave e a de Aeka tinham se colidido.

Aeka tenta agarrar à força o ovo segurado por Ryoko, e no meio da briga, o mesmo cai no chão trincando, para horror da pequena Sasami.

Mas por sorte, de repente, duas pernas - ou melhor - duas patas saem do ovo e ele se abre, revelando uma estranha criatura marrom.

É uma cabbit, híbrida de gato e coelho e com invulgar apetite por cenouras. Ryoko dá à criaturinha o nome de Ryo-Oh-Ki, por sinal, o mesmo de sua nave anteriormente destruída.

Na manhã seguinte, a nave de Sasami chega, e tanto Mihoshi como Aeka embarcam nela. Ryoko decide na última hora escoltar as três pelo espaço, jogando a cabbit no ar e transformando-a numa nave espacial idêntica à anterior. Na realidade Ryo-Oh-Ki era a filha da nave anteriormente destruída. Os cabbits podiam assumir várias formas - de robôs gigantes a naves espaciais - e tinham esta habilidade, a de se reproduzir diante da iminência da destruição, tal qual a ave lendária fênix.

Tenchi vai junto - ou melhor, é obrigado a ir - com a pirata espacial.

Quando já estavam fora da atmosfera terrestre, Aeka decide abrir o canal de comunicação com a Ryo-Oh-Ki para se despedir de Tenchi.

Antes disto, Sasami e Mihoshi descobrem evidências de que ela gosta do rapaz, para desespero dela.

A Primeira Princesa de Jurai fica muito comovida, mas ainda não consegue confessar o seu amor diante do jovem de Okayama.

A Nave de Sasami prepara os procedimentos para iniciar o salto hiper-espacial, só que no último instante, a menina acaba descobrindo uma cenoura de seu bolso - justamente a que Ryo-Oh-Ki estava comendo por último.

Com o canal de comunicação ainda aberto, a cabbit fica louca ao ver o delicioso vegetal e avança a todo vapor, colidindo com a nave de Sasami. Para variar, ambas caem de novo na Terra, na mesma lagoa.

Contudo, todos sobrevivem. Com alguns arranhões sofridos, uma satisfeita Ryo-Oh-Ki termina de comer a sua cenoura enquanto Aeka e Ryoko percebem, enciumadas, que Sasami começou também a se dar bem com Tenchi.

Mais tarde, o pessoal acaba ganhando mais duas novas companhias. A primeira é a cientista louca Washu, a autoproclamada "Maior Gênio Científico do Universo" e que foi exilada há 700 anos atrás para a Terra, por se dedicar à criação de invenções insanamente destrutivas, tendo sido confinada num cristal de contenção.

Na época. o cristal foi encontrado pelos aldeões locais, e confundiram a cientista com um youkai, um espírito maligno.

Pressentindo que algo de estranho existia dentro do cristal, os aldeões resolveram confinar o cristal numa caverna e depois erigiram um templo - que deu origem ao templo Masaki - na tentativa de manter o suposto duende para sempre.

Washu somente foi libertada depois que Ryoko decidiu explorar a caverna por conta própria, seqüestrando um relutante Tenchi para isto.

Depois de ter desativado todas as armadilhas existentes e terem atingido o interior da câmara onde estava o cristal, a pirata espacial decide seduzir Tenchi, mas é impedida a tempo por Aeka, que veio com outras garotas à procura do rapaz,

A princesa Juraiana acaba ficando fula da vida ao ver a safadeza da Ryoko e as duas rivais lutam no interior da caverna. E justamente a pirata acabou liberando Washu ao tentar jogar o cristal em cima da cabeça de Aeka.

Todos fogem da caverna apenas para descobrirem que o suposto duende era uma cientista com cabelos vermelho-escuros espetados, e com aparência de uma menina de 12 anos de idade.

Washu dá uma mostra de seus poderes ao castigar Aeka e Ryoko pela confusão que fizeram, transformando-as em kappas. Tenchi intercede por elas, e Washu acaba se simpatizando com ele.

A cientista genial acaba se tornando mais uma hóspede da já lotada família Masaki, transformando o armário de vassouras da casa num portal dimensional que dá acesso ao seu monstruoso laboratório científico.

E finalmente a última pessoa a fazer parte do grupo foi a Detetive de Primeira Classe da Polícia Galáctica Kiyone Makibi, comandante de um poderoso cruzador Classe Yagami.

Ela estava em patrulha quando recebeu ordens para trazer de volta a sua ex-parceira Mihoshi, a quem supunha estar morta.

Meio a contragosto, a geniosa policial de cabelo verde-escuro partiu para a Terra, torcendo para que tal notícia não fosse verdade.

Chegando em Okayama, Kiyone é bem recebida por Tenchi e acaba-se encontrando finalmente com Mihoshi, que morria de saudades dela.

Ambas haviam sido parceiras há algum tempo - para alegria de uma e desespero da outra.

Kiyone acaba se acalmando um pouco ao perceber que foi bem tratada pelo Tenchi e seus familiares. Contudo, leva um choque ao saber que sua parceira estava morando na casa junto com as princesas desaparecidas Aeka e Sasami, a lendária cientista louca Washu e... A infame pirata espacial Ryoko e o seu cabbit Ryo-Oh-Ki.

Kiyone tenta prender Ryoko, mas o pessoal a convence fazer isto somente após o delicioso almoço preparado pela Sasami. A estressada policial de cabelo verde-escuro fica ainda mais irritada quando percebe que Mihoshi está se derretendo em gentilezas com a pirata. Finalmente Ryoko concorda em duelar com Kiyone após o almoço.

Mais tarde, fora da casa, o confronto se inicia. Mas a pirata espacial é muito mais poderosa do que se pensava. Acuada, a detetive Kiyone resolve apelas invocando a nave Yagami e do interior do cruzador espacial, sai uma poderosa armadura cibernética.

Ela dá a armadura para Mihoshi possa ajudá-la no combate.

Contudo, mal veste o traje robótico, a loira sai voando de forma descontrolada, por não saber controlar direito os mecanismos de vôo, em nada ajudando sua parceira.

Kiyone se vê em desvantagem, mas finalmente Ryoko é derrotada pela oportunista Aeka, que a prende com os campos de força combinados dos seus guardiões Asaka e Kamidake.

Quando Kiyone começava a ler os procedimentos de captura da azarada pirata, subitamente Mihoshi e a sua armadura robótica fora de controle caem em cima da policial, libertando Ryoko de vez.

Finalmente Kiyone desiste de capturar Ryoko.

Mais tarde, na terma onsen criada especialmente pela Washu para que as garotas pudessem tomar os seus banhos, a policial toma uns tragos de sakê e conta a sua história:

Ela era uma das agentes em ascensão na GP e sua carreira seria muito promissora até o dia em que designaram-na para ser parceira da novata Mihoshi. A partir daí, as suas chances de promoção foram caindo drasticamente por culpa das trapalhadas da loira.

Ao anoitecer, Kiyone e Mihoshi se despedem do pessoal e se preparam para voltar ao espaço.

Contudo, uma contra-ordem emitida pelo Quartel General da GP ordena que elas fiquem e tornem oficiais residentes na Terra, para alegria de Mihoshi - que poderia ver de volta os seus amigos - e para desespero de Kiyone - já que ficando num planeta atrasado e fora de mão como a colônia 0315 de Jurai, suas chances de ser promovida iriam literalmente pelo espaço.

Mais tarde Kiyone e Mihoshi alugam um pequeno apartamento em Okayama e começam a fazer serviços de meio período para custear e a sua estadia como oficiais residentes.

Embora Kiyone se adapte rapidamente aos trabalhos obtidos, a sua desastrada amiga põe tudo a perder com suas trapalhadas.

O que sobra do seu ordenado é rapidamente dissipado pelas extravagâncias da loira e pela tendência da Kiyone de esquecer suas frustrações descarregando suas energias no karaokê que freqüenta junto com Mihoshi.

Apesar dos pesares, elas conseguem tocar a sua vida.

A vida então transcorre tranqüilamente para os padrões da nova turma de Tenchi. Eles participam de um festival aonde acontece de tudo, passam apertos devido a uma invenção da Washu, acabam confrontando-se com a caçadora de recompensas Nagi - antiga inimiga de Ryoko - e seu cabbit Ken-Oh-Ki, são mandados a dimensões alternativas pela máquina da maior cientista do universo...

Esta rotina viria a ser rompida quando uma nave Juraiana aparece e captura as princesas Aeka e Sasami, bem como a pirata Ryoko. O motivo? Um novo governante aparece reivindicando o trono e declara as princesas culpadas de traição e conspiração. Ele declara ser Yosho - o lendário herdeiro do trono e que desapareceu misteriosamente há séculos atrás, havendo de voltar um dia, segundo a lenda.

Tenchi, o seu pai, seu avô e as outras partem a bordo da Yagami numa tentativa desesperada de resgatar suas amigas e conseguem... Apenas para acabarem também sendo acusados de traição.

Em breve, não apenas o Império Jurai está no seu encalço, como também a própria Galaxy Police.

Após uma parada na base do QG da Galaxy Police, a desastrada Mihoshi descobre que um dos comandantes estava mancomunado com um espião juraiano a mando do novo governante Yosho.

Para piorar as coisas, uma invejosa ex-colega de Kiyone quase põe tudo a perder denunciando o grupo.

Após várias fugas e peripécias, o grupo finalmente decide ir até o planeta Jurai para provar a inocência de Aeka e Sasami e desmascarar o misterioso imperador, que até o momento não mostrou o seu rosto.

Após terem se infiltrado pelo posto de vigilância que guarnece o sistema Juraiano,

Tenchi e os outros são guiados por Katsuhito a uma área proibida dentro do sistema para fugir de uma nave de batalha juraiana.

Lá repousam os restos dos cavaleiros de Jurai que defendiam os reis e que, segundo a lenda, eram poderosíssimos, a ponto de estilhaçar estrelas.

Contudo, a intenção de Katsuhito é a de ressuscitar os dois cavaleiros especiais que serviram o primeiro rei de Jurai.

Chegando aos seus túmulos, os guardiões de Aeka - Asaka e Kamidake, que receberam os seus nomes em homenagem aos primeiros cavaleiros - sacrificam suas energias para reviverem os seus equivalentes humanos.

Os Asaka e Kamidake originais, uma vez renascidos, saúdam Katsuhito chamando-o de Rei de Jurai, para surpresa geral.

Katsuhito aproveita para revelar a todos que ele é Yosho e que ele havia fugido para a Terra quando jovem, casando-se com a avó de Tenchi e adotando um nome humano.

Asaka e Kamidake demonstram os seus poderes, derrotando facilmente a nave juraiana que penetrara no local sagrado para capturar o grupo.

Finalmente, o suposto imperador resolve enfrentar o grupo pessoalmente. Ele nada mais é do que Kagato, outro cavaleiro Juraiano que foi amigo de Yosho/Katsuhito e que se tornou maligno, após ter despertado o seu poder.

Embora tenha sido derrotado e exilado por Yosho. Kagato se dedicou a aperfeiçoar o seu poder negro, para um dia se vingar de seu rival. E decidira atrair a todos a uma armadilha fazendo-se passar pelo verdadeiro Yosho e usurpando o trono Juraiano.

Kagato aparece no local onde Tenchi e os outros estão refugiados e ele enfrenta primeiramente Katsuhito/Yosho, que ativa uma espada de luz pura, demonstrando não ser um terráqueo comum.

Contudo, o poder de Kagato era maior e derrota facilmente seu envelhecido oponente. Em seguida, Ryoko e os cavaleiros Asaka e Kamidake são facilmente derrotados pelo cavaleiro maligno.

Apenas sobra Tenchi, que inutilmente tenta enfrentar o vilão apenas com uma espada de madeira. Contudo, Kagato fica admirado com a coragem do jovem.

Finalmente, Kagato seqüestra Aeka e leva-a como prisioneira ao palácio real.

Estando gravemente ferido - Katsuhito entrega a Tenchi a sua espada, a Tenchi-Ken, para que ele possa salvar Aeka.

Esta espada somente poderia ser ativada por alguém que tivesse o legítimo poder Jurai.

Em seguida, segue-se uma verdadeira batalha contra a frota Juraiana, que tenta a todo custo evitar que o grupo se aproxime do planeta principal do sistema.

Com a ajuda inesperada da caçadora de recompensas Nagi e Ken-Oh-Ki; de um lado, e do restante do grupo no Cruzador Yagami de outro; Tenchi, Asaka, Kamidake e Ryoko conseguem romper o bloqueio da frota de Jurai.

Ryoko - mesmo ferida após o confronto com Kagato - se sacrifica no limite para destruir o sistema de satélites de defesa e consegue fazer com que o trio chegue à superfície do planeta para a batalha final, antes de cair inconsciente, sangrando no chão de sua nave.

No interior do Palácio Real de Jurai, Asaka e Kamidake abrem caminho para Tenchi, enfrentando respectivamente Tetta e Tessei, os cavaleiros negros corrompidos pelo poder maligno de Kagato.

Tenchi finalmente chega na sala do trono, aonde encontra Aeka aprisionada e Kagato, pronto para enfrentá-lo.

Enquanto isto, Washu consegue imobilizar várias naves juraianas infectando seus sistemas com um vírus de computador, enquanto Nagi e Ken-Oh-Ki despacham uma grande parte deles.

A muito custo, Asaka e Kamidake conseguem vencer suas versões corrompidas, mas estão quase sem forças para ajudar Tenchi, que adentra a sala do trono.

Mesmo com a espada de seu avô, o rapaz não é páreo para a experiência e o poder negro de Kagato. Quando ele estava quase a matá-lo, Aeka intervém, libertando-se da prisão e atacando o cavaleiro negro com o seu poder máximo. Contudo, Kagato bloqueia facilmente o ataque e derrota Aeka.

Ao ver o maligno cavaleiro decidido a matar Aeka, Tenchi libera o seu verdadeiro poder e a sua espada fica maior e mais poderosa, bem como suas habilidades. Kagato e Tenchi se enfrentam novamente, só que o vilão acaba reconhecendo no rapaz o legítimo sucessor do trono. E ele finalmente cai derrotado.

A paz parece voltar ao planeta Jurai. Aeka e Sasami são inocentadas de suas acusações e reintegradas no trono.

Yosho convalesce num hospital juraiano, cercado de lindas enfermeiras, enquanto Washu é reintegrada na Academia Espacial de Ciências...

Apenas para ser expulsa novamente mais tarde por voltar a criar invenções de destruição massiva.

Mihoshi e Kiyone são reintegradas na PG e promovidas pelos seus feitos e os robôs da Aeka são reativados.

Ryoko parte de forma misteriosa de Jurai, com Nagi atrás de seu paradeiro.

Apesar de ser herdeiro do trono real de Jurai, Tenchi ainda não se sente preparado para assumi-lo. Ele somente fica o tempo suficiente para que o seu avô restabeleça e decide retornar à Terra, deixando Aeka penalizada.

De volta ao lar, os Masaki retornam à rotina ao lar, até que num belo dia de primavera Ryoko aparece diante dele, tendo retornado em definitivo.

Ao saber disto, Aeka foge novamente de Jurai e Sasami parte em busca dela, junto com os guardiões e os cavaleiros.

Washu também reaparece, reativando o seu laboratório interdimensional no armário de vassouras e a dupla Mihoshi / Kiyone resolvem voltar à Terra.

[FIM DE FLASHBACK]

É a partir deste ponto que nossa história recomeça... Mais uma vez.

- Tenchi Niichan, aqui está a sua bolsa. Diz numa voz infantil pertencente a uma linda criança com longos cabelos azul-claros.

- Obrigado, Sasami. Bem, pessoal, eu preciso ir, cuidem-se! Responde uma voz masculina com visível ar de ansiedade e pressa.

- Tchau, Tenchi-Niichan! - Despede-se Sasami, acenando pela janela.

- Até mais, Lorde Tenchi! - Despede-se uma outra voz feminina, de timbre agudo, cuja dona era uma jovem de cabelos violeta-escuro e vestida com um elegante quimono.

- Aeka-Neechan, você poderia me ajudar a arrumar a sala? - Pergunta a garota para a jovem de cabelos violeta-escuro.

- Tudo bem, Sasami... Ai... Como é bom ficar junto com o Lorde Tenchi... - Comenta Aeka, totalmente apaixonada.

O apressado rapaz nem tem tempo de responder. Ele sai correndo, pois estava atrasado para ir ao colégio e cada segundo era fundamental.

Seu nome era Tenchi Masaki - descendente do lendário cavaleiro Yosho e herdeiro da Casa Real do Poderoso Império Jurai. Um cargo invejado por muitos no Universo.

Só que no momento era apenas um mero estudante colegial de Okayama e, para piorar, havia "bombado" no ano anterior devido às várias faltas acumuladas no período em que esteve aventurando com o resto da turma no espaço.

De repente, olhando para baixo, Tenchi engole em seco quando vê uma sombra familiar refletida no chão. Ele pensa em desviar, mas é tarde demais.

A figura voadora desaba sobre ele, agarrando-o em plena corrida. Esta figura era uma linda jovem de cabelos cinza-azulado claro, olhos dourados, e dotada de um corpo invejável - apesar de ser um pouco magra para a sua altura.

O seu nome dela era Ryoko, temida pirata espacial, possuidora de vários poderes sobre-humanos e que havia recentemente retornado do espaço para rever aquela pessoa que mais prezava no Universo.

- Tenchiiii! Meu querido!... Por que está com tanta pressa? - Diz a jovem, com um ar totalmente apaixonado, flutuando no ar enquanto se agarra no pescoço do pobre rapaz que havia acabado de se levantar e tenta correr contra o tempo.

- Por favor, Ryoko! Não é hora para a gente conversar! Eu já estou atrasado!... - Bem que o rapaz teta inutilmente se desvencilhar de seus abraços, mas a jovem é muito forte.

- Ah, Tenchi... Sempre com os seus estudos... Que tal você matar a aula e a gente resolver fazer alguma coisa mais "interessante"? - Sussurra a pirata espacial no seu ouvido, num tom bastante sensual e malicioso.

- Que "coisa interessante", Ryoko? - Pergunta Tenchi como se não tivesse entendido nada.

- Ah... Aquelas que um homem e uma mulher fazem juntos quando estão apaixonados... - Explica Ryoko mostrando que de ingênua ela não tinha nada, enquando acaricia ousadamente o rapaz com a sua mão livre, enquanto continua agarrando seu pescoço com o braço esquerdo.

- Mas ainda é cedo e hoje tenho que entregar um trabalho na escola!... - Tenta protestar inutilmente o rapaz.

- Não seja por isto!... - O toque de Ryoko torna-se mais sutil e ousado, a ponto de causar arrepios no pobre jovem.

- Não, agora Não, Ryoko!! Desculpe-me, mas estou atrasado. - Diz Tenchi, lutando para conter uma estranha sensação que se inicia no seu baixo ventre e percorre sua espinha como um raio, desvencilhando-se do toque experiente de sua "namorada".

- Humpf, eu tento ser tão boazinha com você e ainda me trata deste jeito? Se você quer ir estudar, tudo bem. - Ryoko sente-se ofendida, larga do pobre pescoço do rapaz e lhe dá um pontapé bem dado na bunda, impulsionando Tenchi a dezenas de metros.

- Ai! Esta doeu! - Tenchi se ergue e tenta desastrosamente apanhar a sua pasta que caiu no chão.

- Até mais. Nós nos vemos depois. - Responde a pirata espacial com um beicinho, antes de se voar para a casa da família dos Masaki.

Enquanto isto, a pequena Sasami limpava com uma vassoura a sala de estar.

A sua irmã Aeka estava com um espanador de pó, só que não estava fazendo nada no momento.

Pelo contrário, ela não conseguia se concentrar no dever de casa, pois estava fula da vida depois que viu a sua rival se agarrando com "Lorde Tenchi" pela janela.

- Aquela pirata oferecida!... Como ousa ficar agarrando daquele modo o meu querido Lorde Tenchi? - Dizia a Primeira Princesa de Jurai com evidente ciúme.

- Aeka Neechan, não fale assim da Ryoko Neechan... Ela não é ruim assim... - Tentava justificar a pequena Sasami que sempre foi imparcial com relação à disputa das duas garotas mais velhas, embora ela também gostasse muito do jovem Tenchi.

- Minha irmã Sasami, até você começou a defender esta pirata? Lembre-se que você é uma Princesa de Jurai e não pode ficar dando ouvidos às suas menti... - Comenta Aeka, com um leve tom de censura na voz.

- As suas o quê, Aeka? - Pergunta uma voz feminina um pouco mais grave do que a de Aeka e com um tom mais incisivo.

- Ryoko? Mas você devia estar... - Aeka fica um pouco envergonhada ao ver que foi pega em flagrante falando mal de sua rival.

- Esqueceu dos meus poderes de teletransporte? Eheheh... Acho que você está começando a ficar esclerosada antes do tempo, minha cara Aeka! Tanto melhor... Deste modo EU poderei ficar com o meu amado Tenchi. Enquanto você vai para o asilo - Começa provocar a jovem de cabelos azul-claros, que acabara de atravessar a parede da casa.

- Eu? Esclerosada?... Humpf... HoHoHoHoHoHoHo! Você acha que uma pessoa de minha classe iria ficar ofendida com tais insultos vindos de baixo? Ainda mais de uma pobretona como você? - Aeka fica inicialmente ofendida, mas depois finge que não ligou, soltando a sua característica risada.

- Olha só quem fala... Não sou uma dondoca que nem você que tem que depender dos impostos de seus súditos para bancar as suas extravagâncias, vivendo sem fazer nada... - Diz Ryoko com sua costumeira mordacidade.

- Ai... Agora você me encheu... Eu... - Aeka começa a ficar vermelha de raiva.

- Por favor, Ryoko Neechan, Aeka Neechan! - Sasami tenta apartar inutilmente as duas, que começam um duelo verbal.

- Sua Paty histérica! - Insulta Ryoko.

- Seu Porco-Espinho Azul! - Aeka retruca.

- Princesinha pé-de-chinelo! - Replica a pirata.

- Ladrazinha Orelhuda! - Aeka começa a ficar irritada de verdade.

- Branquelona magrela! - Ryoko idem.

- Sua galinhona oferecida!

- Filhinha de papai.

Enquanto as duas discutiam sem parar, a cabbit Ryo-Oh-Ki dormia em seu cantinho, sonhando com cenouras e mais cenouras. Logo seria a hora de almoço e ela - junto com Sasami, Ryoko, Aeka e o avô do Tenchi, iriam almoçar todos juntos.

Quanto a Nobuyuki - o mulherengo pai de Tenchi - havia viajado para Kyoto a serviço e iria voltar dentro de uma semana.

Apesar de ter vários pequenos defeitos - era indiscreto, um pouco falador e safado de carteirinha, ele compensava isto com uma notável dedicação ao trabalho.

Não era fácil para ele ter que sustentar a si mesmo, o seu filho e o sogro idoso, além de uma turma de estranhas garotas que, à exceção da dedicada Sasami, pouco faziam para ajudar o lar.

Contudo, ele não reclamava, pois tinha o privilégio de estar morando com beldades que nunca conhecera quando era solteiro, exceto por sua falecida esposa.

Washu estava enfurnada em seu laboratório, gargalhando como ela só sabe fazer, trabalhando em mais uma invenção apocalíptica, com a ajuda de sua sósia mecânica e contando com o apoio moral de suas "Washuzettes", aquelas marionetes que apareciam no seu ombro para elogiá-la.

- Ahahahah!!! Logo, logo a minha mais nova invenção irá entrar em funcionamento! E nada será capaz de me impedir! - Ria a jovem cientista que tinha milênios de existência, apesar de ter a aparência de uma garotinha de 12 anos de idade.

- Washu! Washu é dez! - Dizia uma de suas Washuzettes, do ombro do lado esquerdo, incentivando a egocêntrica e vaidosa intelectual.

- Washu é a maior! Ninguém pode com ela! - Replica a outra Washuzette, aparecendo do ombro direito..

- Mestra Washu, aqui está o seu chá! - Aparece a Mecha-Washu, trazendo uma bandeja com xícaras e um bule. Ela era um andróide construído para poder ajudar a original a prosseguir suas pesquisas de forma initerrupta. Exceto pela aparente falta de emoções verdadeiras, ela era idêntica à original.

- Muito obrigada, Mecha-Washu. Agora poderia iniciar os testes do novo circuito ciclotrônico rastreador de quarks? - Responde Washu sem tirar os olhos da tela do monitor, enquanto tecla de forma frenética.

- Sim, como quiser, mestre. - Responde a sua duplicata robótica, colocando a bandeja numa mesinha ao lado e indo checar a bizarra invenção.

- Obrigada, minha assistente.



A maior cientista do Universo somente saía de lá para ir ao banheiro, fazer as refeições e relaxar na terma "onsen" dimensional que instalara no banheiro dos Masaki - o qual somente as mulheres tinham acesso.

Já era entardecer e Tenchi estava retornando à sua casa, vindo da escola. Enquanto isto, uma cena insólita acontecia no centro de Okayama.

No final do expediente, um jovem rapaz, forte e atlético, usando um traje de operário, tentava paquerar uma linda garota colegial que estava passeando junto com suas amigas.

Enquanto isto, o seu amigo, bem mais velho e experiente, também usando um traje de operário, ficava observando tudo da esquina da rua:

- Por favor, minha jovem dama, poderia dispensar um minuto de seu precioso tempo para este servo? - Dizia de forma cortês o jovem de nome Kamidake, à sua pretensa escolhida, que fazia pouco caso dele, enquanto as suas colegas riam baixinho e caçoavam do rapaz.

- Mas... Por acaso eu te conheço, cara? - Responde com desdém a moça, enquanto suas colegas zombavam do antiquado cavalheirismo do desconhecido à sua frente.

- O meu nome é Kamidake, seu humilde cavaleiro a seu dispor... Eu te ofereço estas rosas em tributos à sua infinita beleza e... - O jovem mostra estrategicamente um buquê de rosas comprado minutos antes para a colegial, mas a sua reação não é a que ele espera.

- Desculpe-me, mas eu acho que você é um tremendo bobalhão... - Comenta com visível ar de desprezo a moça.

- Então apenas eu lhe imploro para que este servo possa saber o seu lindo nome para cantar em suas... - Kamidake tenta delicadamente segurar na mão direita da jovem, enquanto suas amigas ficam gargalhando.

- Ah, vai te catar, ô meu! - Antes de ir embora, a moça dá três tapas bem dados no rosto do pobre Kamidake.

- Obrigada, minha senhora "Ah, Vai te catar, ô meu!". Este servo indigno lhe agradece!

Desolado e com sua face direita ardendo pelo tapa que levara da linda jovem, o pobre Kamidake segura ajoelhado o ramalhete de rosas, enquanto as garotas se afastam, debochando dele. O seu companheiro, de nome Asaka, se aproxima.

- Ahnnnn... Mais outra decepção no meu sofrido sentimento... Caro companheiro Asaka, mudaram os tempos ou mudaram as mulheres? - Pergunta Kamidake, enquanto as suas rosas parecem murchar de desgosto.

- Meu amigo Kamidake, eu acho que as antigas técnicas de galanteio de quando nós éramos vivos não funcionam mais...Lembre-se que mais de milênios se passaram antes de nós sermos revividos... - Responde calmamente o seu amigo, bem mais velho e experiente.

- Tá legal, Asaka, mas que a dor de amar e não ser correspondido continua a mesma... Ah, como sou infeliz!... Ei, amigo, aonde vai? - Pelo visto, Kamidake era um incorrigível romântico, apesar de nunca ter conseguido namorar alguém.

- No mesmo lugar de sempre. Treinar um pouco. - Responde seu companheiro, sorrindo, enquanto caminha até um game center.

- Mas... Asaka, você já gastou um terço do seu ordenado comprando aqueles CDs e aqueles videogames... E temos que ainda passar um pouco do nosso ordenado para Lady Sasami poder sustentar a casa! - Retruca o jovem cavaleiro, lembrando dos seus deveres para a segunda princesa de Jurai.

- Eu sei... Kamidake, mas um Cavaleiro de Jurai deve estar sempre pronto para qualquer desafio! Ele tem que ser superior em tudo, mesmo num mero jogo de videogame de luta 3D! - Graças à Sasami, Asaka tinha se tornado um viciado em arcades e jogos de videogames e isto era surpreendente, já que ele aparentemente não ficava enjoado e nem perdia a paciência, apesar das incontáveis derrotas.

- Ah... Este Asaka, sempre tentando superar Lady Sasami em duelo singular... Como se fosse possível... - Suspira Kamidake enquanto ele resolve dar as suas rosas para uma menininha de dez anos de idade, que passava ao redor, por sinal, recordando muito a sua mestra.

Os cavaleiros Asaka e Kamidake decidiram assumir identidades humanas e trabalhavam na mesma firma de construção aonde Kiyone e Mihoshi haviam se empregado antes.

Ambos moravam num pensionato masculino durante a semana e voltavam à residência dos Masaki aos sábados e domingos para visitar o pessoal... e filar a deliciosa comida de Sasami.

Asaka vivia treinando nas suas horas vagas em fliperamas e game centers, na vã esperança de um dia superar sua mestra Sasami nos jogos de luta. Contudo, se ele perdia para a molecadinha de 7 a 8 anos, como poderia vencer uma videogamista consumada?

Kamidake tentava cantar as garotas que conhecia, usando de sua beleza e juventude, mas a sua notável falta de tato e inexperiência acumulada de séculos botava tudo a perder. O seu único consolo era ler mangas shoujo nas horas de folga.

Os seus equivalentes robóticos continuavam na mesma rotina de proteger a princesa Aeka, receber cartas - disfarçados de caixas de correio - e assustar vendedores ambulantes e visitas indesejadas. .

Enquanto isto, o expediente estava para se encerrar na loja de CDs e artigos musicais "CD Home".

- Pronto. Aqui estão os CDs que a senhora pediu. São 6.800 ienes ao todo. - Uma simpática jovem de cabelos verdes-escuros atende uma senhora de meia idade no caixa.

- Muito obrigada. Você é uma pessoa muito atenciosa, sabia? - Comenta a freguesa, visivelmente satisfeita.

- Hehe... Obrigada. - Agradece a jovem, visivelmente encabulada pelo elogio.

- Mihoshi, onde está você? Nós temos que fechar a loja - A voz do senhor Nabeshima, o proprietário da loja, ecoava por todo o interior da mesma.

- Desculpe-me, senhor Nabeshima, mas eu tinha pedido para ela arrumar as caixas do estoque novo que acabou de chegar hoje à tarde... - Responde Kiyone com visível ar de preocupação.

- Vou verificar... Ah, Kiyone-chan, quem me dera se sua amiga fosse tão eficiente quanto você!... - Suspira o Senhor Nabeshima, temendo pelo pior.

Enquanto isto, a funcionária Mihoshi estava totalmente entretida no estoque de CDs da loja, escutando-os um por um num potente aparelho de demonstração. Era evidente que ela não podia ouvir nada devido aos potentes fones de ouvido que ela usava. Enquanto escutava suas músicas favoritas, a distraída loira ficava sapateando e ensaiando alguns passos de dança pelo piso da loja.

O Senhor Nabeshima entra no pequeno depósito e imediatamente vê o que a Mihoshi estava fazendo...

- Mihoshi! Quantas vezes eu te disse para você só escutar os CDs na hora do almoço! Vamos ter que fechar a loja agora! - Responde um pouco irritado o senhor de meia idade. Embora ele fosse normalmente calmo e bem humorado, a única pessoa que conseguia tirá-lo do sério era a atrapalhada loira.

- "Let's Go... Let's Dance... Oh, My Baby..." - Cantarolava a loira, ensaiando alguns passos de dança, completamente alheia ao que se passava ao seu redor e muito menos sem perceber que estava sendo vista pelo seu patrão.

- MI-HO-SHI!

- "Uhn... Hããã? Oh, Meu Deus, Já são Seis e Quinze da Tarde! A Kiyone vai me matar se a gente chegarmos atrasadas para o supermercado!" - Subitamente a loira sai do seu transe mental e olha para o relógio, percebendo que fizera mais uma de suas mancadas.

Para desespero do pobre empregador, a atrapalhada Mihoshi Kuramitsu sai correndo sem ao menos tirar os fones de ouvido. Com o impulso da corrida, o aparelho de CD-Player cai, e a pobre oficial tenta se equilibrar segurando-se numa prateleira de Cds, mas junto com ela vão dezenas de caixas de CDs empilhados que se espatifam no chão!

- Mihoshi, não! Este carregamento me custou uma pequena fortuna! Oh, Kami-Sama, o que eu fiz para merecer isto? - Se não fosse uma pessoa altamente compreensiva, o patrão de Kiyone e Mihoshi teria mandado a loira para a rua há tempos.

- Senhor Nabeshima? Ai, não! O que eu fiz? Eu sinto muito! Buááá - Desespera-se a loira, chorando feito um bezerro desmamado ao ver o estrago que causara - o sexto seguido desde quando ela e sua parceira conseguiram este emprego.

- Mihoshi! O que você fez? - Kiyone entra neste momento no depósito e com um rápido olhar deduz o desastre que acabou de acontecer.

- Eu sinto muito... Não fiz por querer! Buááááá...- Responde a loira soltando jatos de lágrimas como costuma fazer quando acaba de cometer uma de suas burradas.

- Kiyone, por favor, ajude a sua colega a arrumar as caixas de CDs e separe num canto os que ficaram riscados e com as caixas quebradas. Amanhã vamos ver o que podemos fazer para minimizar as perdas... - Responde com um tom de voz resignado o senhor Nabeshima. Se ele não fosse uma pessoa muito religiosa e compreensiva, já teria despedido Mihoshi a pontapés.

- Perdão, Senhor Nabeshima! Perdão! - Ajoelha-se Kiyone, sentindo que a responsabilidade também foi sua.

- Não precisa se desculpar. Vou deixar a chave da loja com você, pois tenho que ir para casa. Sabe, a loja aumentou em 100% nossas vendas depois que você entrou... É uma pena que também nossas despesas com manutenção aumentaram em 100% devido à sua amiga... E quanto a você, Mihoshi-chan, tome mais cuidado da próxima vez e não fique ouvindo os CDs no horário de expediente... - Comenta algo melancólico o dono da CD Home, que era um dos melhores patrões que a pobre dupla de oficiais da PG conseguiu arranjar em Okayama.

-

Minutos mais tarde, Kiyone e Mihoshi estavam fazendo a faxina, separando os CDs que ficaram riscados e quebrados dos que ainda estavam intactos. Evidentemente o estado de ânimo da policial de cabelos verde-escuros não era dos melhores:

- Mihoshi! É quase um milagre o Nabeshima-san não nos ter despedido ainda! Mas se você continuar com suas trapalhadas, a gente vai pro olho da rua! - Diz Kiyone zangada, embora a sua verdadeira vontade fosse esganar a loira.

- Kiyone-chan, mas não fiz de propósito, eu juro! - Tenta defender-se Mihoshi, mas as lágrimas voltavam a sair de seus olhos azuis infantis.

- Você sabe muito bem que o Nabeshima-san é um homem bondoso e só nos concordou em dar este emprego por ser conhecido do avô de Tenchi. Não podemos desapontá-lo.

- - Kiyone adota um tom mais brando, conhecendo o gênio de sua amiga.

- Eu tinha já terminado de fazer a faxina e separado as caixas, daí vi que havia sobrado um tempinho e resolvi ver uns CDs novos que chegaram hoje... Só que esqueci-me da hora e quando o Nasbeshima-san me chamou fiquei tão assustada que acabei derrubando tudo!... - Choramingava a loira, soluçando.

- Não chore mais, Mihoshi. O que está feito, está. Vamos terminar de limpar tudo e torcer para que o CD-Player não seja descontado direto no nosso holerite... Vou ver se amanhã o Senhor Nabeshima concorda em parcelar o desconto. - Diz Kiyone acariciando os cabelos loiros de Mihoshi.

- Kiyone... - Sussurra Mihoshi, olhando bem nos olhos de Kiyone.

- O que foi desta vez? - Pergunta a jovem de cavelos verde-escuros, intrigada.

- A gente pode passar no karaokê esta noite?

A jovem de cabelos escuros cai no chão diante de tamanha demonstração de infantilidade de sua amiga.

- Já disse que não! Esqueceu da última vez que fomos para lá? Escute, Mihoshi, mesmo que o nosso ordenado tenha melhorado depois de nossa promoção na PG, não podemos dar ao luxo de ficarmos gastando que nem loucas! Para piorar, nós perdemos nossos bicos anteriores devido ao tempo que ficamos no espaço ajudando Tenchi e as meninas e foi só um milagre que o Sr. Nabeshima tenha concordado nos contratar! - Diz Kiyone, voltando a ficar zangada.

- Mas... Kiyone... - Mihoshi tenta implorar, sendo incrivelmente teimosa neste tipo de coisas.

- Não, não e não! Estamos com pouco dinheiro para comprar comida e acho uma tremenda cara de pau a gente ter que ir na casa do Tenchi nos finais de semana! - Responde sua amiga com franqueza brutal.

- Mas o Azaka e o Kamidake continuam indo lá todos os sábados! - Retruca Kiyone aludindo aos cavaleiros espaciais ressuscitados por Yosho que agora levavam vidas humanas.

- Eu sei... Mas pelo menos os rapazes trabalham eficientemente bem e ajudam a Sasami com uma parte do salário, o que não é o nosso caso. Pelo que fiquei sabendo, o nosso ex-empregador que os contratou está satisfeito com eles. -Diz Kiyone, visivelmente embaraçada.

- Puxa... Então a gente?... - Mihoshi fica inquieta, pensando no pior.

- Pelo visto, vamos ter que passar a semana vivendo só de cupple-noddles e de gyudon até as coisas melhorarem... - Responde Kiyone com um duro senso de realidade.

- Kiyone... - A loira se aproxima e os seus olhos brilham como duas estrelas azuis, tocando o ombro de sua amiga.

- O que foi desta vez, Mihoshi? - Diz Kiyone, intrigada.

- Mas... Apesar de tudo, ainda gosto de você... - Sussurra Mihoshi.

- O quê? - Kiyone fica alarmada e sem saber o que falar direito.

- Como amiga e parceira! Me diga uma coisa... Você já teve algum namorado antes? - Pergunta Mihoshi mostrando sua capacidade para surpreender os seus interlocutores em conversas embaraçosas.

Kiyone ficou assustada diante da pergunta de sua simplória amiga. Ela se recorda da sensação longínqua de um beijo... Mas antes que a sua mente consciente assimilasse a informação do passado, subitamente o bip do seu intercomunicador portátil - aquele relógio de pulso que ela e a Mihoshi usam - toca.

- Sim? Oficial Kiyone Makibi se apresentando, senhor... O que? Uma chamada de alta prioridade? Tudo bem, senhor... - Diz Kiyone, fazendo força para ouvir o que o seu comandante dizia.

- Kiyone-chan, o que foi? - Pergunta a loira, curiosa como sempre foi.

- Quieto, Mihoshi, a transmissão está fraca...

Enquanto isto, no Templo Masaki, Katsuhito termina os seus afazeres e prepara-se para descer a longa escadaria de pedra que separa o santuário xintoísta da residência de seu genro Nobuyuki.

O seu dia foi relativamente tranqüilo, tendo sido gasto em orações, leituras de livros sagrados e atendimento espiritual às pessoas aflitas que o procuravam.

O entardecer estava magnífico e os raios do Sol poente tingiam as nuvens cinzentas com as cores laranja, vermelho-escura e púrpura, enquanto a Lua nascia no horizonte oposto.

Subitamente Katsuhito repara num traço de luz que risca os céus. Seria um cometa?

- Hum... Acho que teremos novidades... - Murmura o ancião, com o reflexo da luz solar incidindo sobre os seus óculos.

-

E sem dizer mais nada, começa a descer com passos lentos e decididos a enorme escadaria.

Escrito por: Calerom

Escrito em: 30/10/2003

Revisado em 28/11/2003.

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