Capítulo VII

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E nos arbustos lúgubres, sombras escocesas e celtas

Lembrarão a batalha eterna, que a alma sempre espera...

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Já era de tarde quando Alberich deixou o quarto e Gwyneth sozinha, dormindo enrolada nos lençóis rasgados. Espreguiçando-se, o rapaz desceu as escadas e deparou-se com Cirius no salão, ajeitando algumas coisas sobre o balcão.

-Pelo visto a noite foi divertida, meu rapaz... Recebi diversas reclamações de fregueses que não conseguiam dormir por conta dos gritos!

-Mande esses seus fregueses para o inferno, Cirius! Mas antes disso, me vê um caneco de hidromel, preciso me recuperar primeiro.

Alberich foi servido com uma dose generosa da bebida, que saboreou sem pressa. Quando foi pedir a segunda rodada, o taverneiro não o serviu e fez um gesto para que o rapaz se aproximasse.

-Consegui o que me pediu, Alberich... Está aqui, nesta caixinha.

Com os olhos brilhando, Alberich pegou a caixa e examinou seu conteúdo, maravilhado. Sorriu, certo de que poderia muito bem matar dois coelhos com apenas um golpe.

-Eu sabia que não iria me decepcionar, Cirius... Bom, preciso voltar logo ao Valhalla. Fique atento que logo terá notícias quentes de lá...

Saiu, levando a caixa consigo. Cirius voltou a arrumar suas coisas sobre o balcão, distraído. E nenhum deles viu que Gwyneth, de ouvido atento, tinha presenciado toda a conversa escondida no alto da escada.

"Eu preciso saber o que tem naquela caixa e o que pretende fazer, Alberich...".

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-Alberich! Posso saber onde passou a noite? – perguntou Siegfried, ao ver o rapaz chegar ao palácio, com a cara mais lavada e normal do mundo.

-Se fosse do seu interesse, Siegfried, eu teria lhe dito ontem mesmo antes de sair.

-Como ousa falar assim comigo?

-Não me enche, eu tenho muito o que fazer!

Pisando firme e sem olhar para o chefe da guarda real, Alberich adentrou o palácio e foi direto para seu quarto, onde escondeu a caixinha em sua escrivaninha.

Naquela mesma noite, faria uso de seu conteúdo.

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-Idiota! Ele vai estragar tudo! – exclamou Gwyneth, saindo da taverna, ainda ajeitando o laço de seu decote.

Atrás do balcão, Cirius mal conseguia fechar o zíper de sua calça e praguejava contra si mesmo por ter falado demais. O que uma bem dada não fazia com um homem solitário?

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Na cozinha do Valhalla, homens e mulheres corriam de um lado para outro, às voltas com panelas, pratos e afins. Era assim todas as noites ao prepararem o jantar, a refeição mais importante do dia em Asgard.

Sorrateiro, com jeito de quem não queria nada, Alberich entrou pela cozinha e pegou uma maçã, indo até a mesa onde uma criada montava alguns pratos.

-O cheiro é delicioso! Para quem irá servir uma comida tão saborosa?

-Este é da senhorita Hilda... Mas, se quiser, eu posso fazer um desses para você, Alberich.

-Ah, eu ficaria muito feliz e agradecido...

A criada sorriu e foi para o fogão preparar o que faltava para o término do prato. Olhando para os lados, muito atento, Alberich tirou de seu bolso a pequena caixinha e a abriu. Um pó branco estava ali dentro e ele jogou uma pequena quantidade sobre a comida, tomando o cuidado de mexer em sua disposição para se certificar de que Hilda o comeria ou, no mínimo, um dos idiotas do conselho.

Despedindo-se com um aceno, o rapaz saiu da cozinha e voltou ao seu quarto. E guardou a caixinha para que pudesse usar seu conteúdo quando visitasse Gwyneth na taverna.

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A atitude de Alberich deixou Siegfried extremamente preocupado e com a pulga atrás da orelha. O que o rapaz estaria fazendo de tão secreto que não poderia nem ao menos dizer onde passara a noite?

Caminhando pelo bosque que circundava o palácio, o chefe da guarda real estava imerso em seus pensamentos, tanto que não notou quando alguém se aproximou dele.

-Siegfried?

-Quem é você? – ele perguntou, ao se deparar com a jovem de longos cabelos loiros e olhos cor de rosa à sua frente.

-Não importa quem eu sou e sim o que vim fazer aqui... Você, Siegfried, deve proteger Hilda de Polaris.

-Proteger a princesa Hilda? O que quer dizer com isso, mulher?

-Não me faça tantas perguntas, apenas acredite em mim. A vida da senhorita Hilda corre perigo, Siegfried.

-Eu não enten...

-Não precisa entender!

A jovem não deixou mais espaço para que Siegfried dissesse alguma coisa e sumiu de sua vista, entrando por uma trilha quase abandonada no bosque. O rapaz balançou a cabeça, mas seu instinto o alertava de que aquela estranha mulher estava lhe falando sério.

Preocupado, Siegfried voltou ao Valhalla e resolveu que iria procurar por Hilda e contar a ela a respeito do encontro com a misteriosa jovem...

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Sentados à mesa na mesma formação de quando o conselho se reunia, os rapaz, Freya e Hilda estavam a postos para o jantar, faltava apenas Siegfried. A comida já havia sido servida, Alberich não deixou de notar que o prato servido á Hilda era realmente o que estava na cozinha.

-Estranho... Siegfried é sempre tão pontual. Será que aconteceu alguma coisa?

-Não sei, Shido, mas creio que não... Bem, acho que podemos jantar, ele não gostaria de saber que ficamos esperando-o.

Após uma breve oração, Hilda pegou seu garfo e serviu-se de uma porção generosa de sua comida, sob os olhares atentos de Alberich. Sorriu intimamente, bastaria uma pequena quantidade de comida e o efeito do veneno seria irreversível.

Porém...

-Princesa Hilda, não coma!

Correndo até a princesa, que mantinha o garfo parado no ar, Siegfried tirou da mesa o prato e arrancou da mão delicada o garfo que ela segurava.

-Ficou maluco, Siegfried? Por que fez isso?

-Desculpe-me, senhorita Hilda, mas preciso verificar algo antes que todos comam.

Era óbvio que não sabia o que havia na comida exatamente, mas seu instinto, unido ao seu cosmo, o alertavam sobre o perigo. Pegando um pouco da comida sobre o prato, o rapaz deu de comer a um roedor, provavelmente um dos pequenos animaizinhos que viviam no palácio com bichos de estimação.

O roedor aceito feliz a comida oferecida, para logo em seguida começar a guinchar de dor e sentir falta de ar. Contorcia-se todo até que parou, morto.

-Princesa Hilda, este prato está envenenado... Há alguém em nosso meio que deseja matá-la.

-Matar minha irmã? Por Odin, isso é terrível! – disse Freya, escondendo o rosto entre as mãos.

Hilda estava horrorizada, assim como os demais membros do conselho. Alberich tinha um brilho de fúria no olhar, por muito pouco não tinha conseguido concretizar seus planos!

-Princesa Hilda, eu sugiro que a partir de hoje a senhorita fique sob minha proteção incondicional, pelo menos até que possa assumir o trono de Asgard.

-Sim, senhorita Hilda, Siegfried tem razão. Não se preocupe que eu pessoalmente irei investigar quem pode ter sido o autor de tão terrível plano!

Hilda assentiu com um menear de cabeça e foi levada para seu quarto por Freya. Imediatamente, Haguen foi para a cozinha, começar sua investigação sobre o caso.

Alberich, furiosos, deixou o salão e foi para o bosque onde estavam seus cristais de ametista. Precisava esfriar a cabeça e pensar em alguma coisa, urgente. Hilda não podia ser nomeada a nova governante de Asgard!

Quando chegou à clareira, Gwyneth estava por lá, esperando-o encostada em uma árvore.

-Onde estava com a cabeça quando pensou em matar Hilda de Polaris, Alberich?

-Matar Hilda, como pode dizer algo assim? Espere um pouco... – Alberich franziu o cenho – Foi... Foi você quem avisou o idiota do Siegfried!

-E se tiver sido eu, o que pretende fazer a respeito? – Gwyneth desafiou, sem demonstrar qualquer receio.

Com um olhar cheio de ódio, Alberich acendeu seu cosmo...

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Fim do capítulo! E agora, o que será que Alberich pretende fazer com Gwyneth? Estão curiosas, querem saber? Então não percam o próximo e derradeiro capítulo... Beijos!

Este capítulo não foi revisado por ninguém, apenas por mim, porque é o penúltimo e eu não queria estragara nenhuma surpresa...