Cap 2

Alphonse passou o dia inteiro imaginando como convencer Riza a aceitar o pedido do Coronel. Convencer seu irmão a ir no festival tinha sido até fácil... falar com o Taisa havia sido menos complicado do que pensara, mas com a rígida Tenente truques infantis não iriam funcionar. Ele teria que convencê-la na base da sinceridade... ou não... mas o fato é que ele montou uma certa estratégia e esperou até o fim do expediente pra poder ter uma conversar mais pessoal com ela.

"Primeira Tenente, será que eu poderia acompanhá-la até sua casa... queria tratar de um assunto com você"

"Pois não Alphonse-kun, fique a vontade. Não se importa de andar até lá? Fica apenas a algumas quadras daqui."

"Não, não há problemas."

"Então tudo bem, vamos? E pode dizer o que queria conversar."

Chegara o momento crucial para Alphonse, eles deixavam o QG e agora ele precisaria de todo tato do mundo pra pedir da forma certa.

"É sobre o festival que vai ter..."

"Parece que todo mundo só fala nesse festival."

"Er... você não vai?"

"Não é o tipo de programa que eu me sinto bem. Alphonse, você não está aqui a pedido do Coronel, está? Porque eu sei que você foi ao escritório dele hoje mesmo conversar algo particular."

Direta como sempre, astuta como sempre... mas o trunfo de Al é que ele já esperava por algo assim.

"Sim, sim, eu falei com o Coronel hoje e foi sobre o festival, mas ele não me pediu pra vir falar com você. E-eu preciso da sua ajuda!."

"Explique-se."

"Eu queria muito vir a esse festival... mas meu irmão disse que só viria se eu convencesse o Coronel a ensiná-lo a dançar, sem gozações..."

"E o Roy, digo, o Coronel aceitou?" Aquilo seria surpreendente!

"Sim, ele disse que o faria, mas conhecendo o Coronel, acho que ele só vai fazer isso pra provocar meu irmão."

"Ah... sem dúvida alguma."

"Então se você pudesse ir ao festival e pelo menos assistir as tais aulas, acho que o Coronel ficaria inibido, já que você é a pessoa que eu conheço com maior capacidade de ser ouvida pelo Taisa."

"Oras, Alphonse, a minha presença nunca fez o Coronel deixar de fazer gozações com o Edward."

"Mas Tenente... tenho certeza que um olhar mais fechado seu é capaz de contê-lo."

"Mas Alphonse..."

Hora de apelar...

"Por favor, por favor, eu te imploro, você é nossa única chance!"

Riza fechou os olhos e deu um suspiro profundo. Ela era durona, mas Alphonse era muito fofo... e ela nutria um certo carinho maternal pelos irmãos Elric. Não poderia deixá-los na mão, principalmente nas mãos do Coronel Roy Mustang.

"Tudo bem Alphonse, vou ajudá-lo, apesar de achar que não vai adiantar muito..."

"Com certeza vai, Tenente. Muito obrigado!"

"De todo jeito vou levar minha arma, acho que assim o Coronel não vai se meter a engraçadinho."

"Como?"

"Brincadeirinha."

A Tenente até para brincar é diferente, pensou Al, ela tinha falado com tanta propriedade que ele até imaginou o pobre do Coronel levando um tiro só por querer ajudar... mas, brincadeiras à parte, finalmente alguém que não o extorquia.

Flashback sobre como a história realmente começou

"Winry-chan, olha só o que eu encontrei."

A menina loira arregalou os olhos ao ver o filhotinho de gato que o amigo trazia nas mãos.

"Que lindo, Al, como você encontrou?"

"Ele tava numa caixinha, abandonado... perto da janela do quarto que a gente dorme. Miava tanto o pobrezinho, acho que tá com fome."

"Espera que vou buscar um leitinho pra ele."

A loirinha entrou em casa pra pegar uma tigela de leite, enquanto Alphonse se encantava com seu mais novo amigo.

"Pronto Alphonse, tá aqui. Nossa, ele tá com fome mesmo!"

"É sim... ahhh... Winry..."

"Oi Al?"

"Assim... tem como você cuidar desse gatinho?"

"Er... é difícil Al, porque eu já tenho um cachorro, e a vovó não vai querer mais um bicho por aqui..."

"Por favor Winry, é que o Edward nunca me deixa levar um animal, mas esse aqui é só um filhote,não posso deixá-lo assim."

"Eu sei Al! Eu também o acho muito fofo, mas é que... ai..."

Winry realmente teria problemas, a vó não iria gostar e seu cachoro sentiria um bocado de ciúmes.

"...vovó vai me dar uma bronca, mas tudo bem Al, vou ficar com ele."

Winry não conseguiu resistir ao gatinho laranja de olhos enormes e brilhantes...

"Winry-chan! Muito obrigado! Você é incrível mesmo!"

Ele ficara tão feliz que acaso pudesse até chorararia. Sim, Winry-chan era muito boazinha e sempre o ajudava...

"Satisfeito então, né Al?"

"Sim, muito! Obrigado mais uma vez, Winry!"

"Ai ai... mas mudando um pouco de assunto, uma coisa que me deixaria muito satisfeita seria ir pra esse festival lá na Central, daqui um mês..."

"Sério Winry-chan? Então vamos!"

"Mas não sei se o Edward iria gostar da idéia..."

"Tenho certeza que se você falar, ele topa!"

Alphonse só sentiu seu capacete quase sair do lugar... num ato reflexo Winry deu um tapão na cabeça dele.

"Alphonse! Eu não vou convidar o Ed pra ir comigo, ele é quem deveria me convidar!"

O estranho, pensou Al, é que ela se convidava pra tudo... pra ir a Central, pra passear e comprar coisas, pra viagens eventuais... Winry nunca havia tido o menor problema em chamá-los pra qualquer coisa, por que aquilo agora?

"Winry, você sabe que pode chamar a gente pro que quiser, nós sempre iremos te acompanhar..."

"Ai Al, não é assim tão simples, parece que eu obrigo vocês a fazerem esse tipo de coisa."

"Winry, é claro que não!"

Al ficava cada vez mais abismado com como as mulheres conseguiam complicar tudo.

"Ai, você não entende mesmo. Mas ao menos você poderia dar umas indiretas no Ed."

"Como assim?"

"Assim... avisar sobre o festival, pedir pra ir e me convidar também..."

Por mais que não entendesse a necessidade de Winry em ser convidada ao invés de falar logo com Edward sobre o tal festival, Alphonse achou melhor ajudar. Além de ser linda, amigona, prestativa, ela havia acabado de lhe fazer um grande favor ficando com o gatinho. Afinal de contas sua vida era regida pela troca equivalente, pra conseguir algo tem de fazer algo de igual valor em troca. Nada mais justo que ajudar Winry.

"Ah, Winry-chan, não se preocupe, vou te ajudar! Acho que já tá mesmo na hora de meu irmão começar a tomar mais atitudes em relação a você. Senão daqui a pouco aparece outro e lá se vai o melhor partido pro Ed."

"Alphonse! O que é isso? Hihiih... muito obrigada!"

Winry abraçou Al com todo carinho do mundo e como abraços verdadeiros você consegue sentir até com a alma, mesmo Alphonse que era apenas uma armadura, sentiu o calor humano de Winry, e com certeza, aquilo valia qualquer esforço.

Fim do flashback

Felizmente já estavam chegando a casa de Riza, a caminha terminaria, enfim, com um saldo bem positivo.

"Ah Alphonse, aproveitando que você está aqui, pode me fazer um favor?"

Pronto, nem Riza Hawkeye escapava de lhe pedir algo em troca. Alphonse começava a achar que o povo de Amestris levava a sério demais a história da troca equivalente. E agora, o que seria? Pedir pro Coronel não paquerar mais garota alguma? Fazer com que Havoc parasse de fumar? Convencer Envy a ser um garoto bonzinho? Al respondeu sem empolgação alguma..

"Sim, Tenente... o que você quer?"

"Bom... era só pra você comprar um saco de ração pro Hayate, bem ali naquele mercado, enquanto eu pego minhas cartas, mas se não puder, tudo bem."

"Sério que é só isso?"

"Sim, Alphonse-kun, é só isso."

Riza estranhou um pouco o comportamento de Al, mas tudo bem, ela não imaginava o alívio que o menino sentia em saber quem nem tudo no mundo estava perdido. Comprou a comida pro cachorro depois foi embora feliz com o término do ciclo vicioso dos favores. Agora era só esperar pelas aulas de dança e pelo almejado festival.

"Será que vai dar tudo certo?" Ele falou consigo... mas achou que o melhor mesmo era esperar pra ver onde aquela história toda iria chegar.

Continua...

Desculpa a demora pessoal... mas realmente ando muito ocupada. Eu queria ter postado o capítulo 2 apenas quando tivesse completado o 3... mas tudo bem, já tá metade pronto.

Também gostaria de agradecer a todos que estão acompanhando essa fic, é um prazer enorme que vocês estejam gostando.

No próximo capítulo finalmente as aulas de dança