Notas iniciais: Primeira coisa é o meu básico de sempre. Desculpem, né? Mais uma vez demorei uma eternidade, eu sou muito mais enrolada do que eu mesma imaginava.

Segundo que esse capítulo é essencialmente EdxWin, com muitas participações do Al, claro. Porque apesar da minha óbvia queda por Royai, a fic também é sobre os dois loirinhos heheh

A Grande Noite

Depois da noite da aula-festa, as demais aulas de dança foram bem mais proveitosas.

Angeline percebera que Riza era uma concorrente muito forte na disputa pelo Coronel, mas fosse a tenente apenas uma ameaça feminina, a morena ainda poderia se arriscar no jogo da sedução. Entretanto Riza possuía uma arma o que a tornava além de tudo bem perigosa. Quem de fato tirara proveito dessa situação fora Ed. Angeline preferiu a parceria com Alphonse pois o irmão mais novo era "Um homem alto e forte, que combina bem melhor comigo na hora de dançar", nas palavras da moça. Se Roy não tivesse concordado com muita ironia, Ed até teria agradecido por não ser tão alto. Assim, passados os cinco dias, quem não sabia dançar ao menos não mais faria feio.

O Festival ocorria no primeiro final de semana após a chegada da Primavera. Era uma festa que acontecia em vários pontos do país, às vezes em datas diferentes, mas o que mais chamava a atenção para o Festival da Cidade Central, era que ele era o maior de todos. Vinha gente de todos os lugares, e a ruas ficavam enfeitadas com belos arranjos de flores que encantavam os turistas. Como era esperado, haveria barraquinhas vendendo diversos doces, guloseimas e artesanatos, com direito a presença de um parque de diversões e uma banda local para animar a festa. Era um verdadeiro "acontecimento".

Winry só conseguiu chegar na Cidade Central em cima da hora, no sábado pela manhã. Desceu do trem e os irmãos Elric já estavam lá para recepcioná-la.

"Mas você é muito enrolada, Winry!

"Eu sou uma pessoa que tem muito trabalho pra fazer Ed, não posso deixar tudo de uma hora pra outra!"

Alphonse só disse "Calma gente, tá tudo bem" quando de fato queria dizer com uma cara bem brava: "Mano, você aprendeu a dançar pela Win. Win, tudo que você queria era ir nesse Festival com o Ed, então vocês dois deveriam se entender mais e brigar menos", mas Al era muito discreto e tinha sensibilidade suficiente pra saber que aquele atrito entre os dois era mera fachada, então o melhor a fazer era deixar as coisas rolarem naturalmente.


A tarde caiu rápido. Winry mal teve tempo pra fazer uma comprinha básica, foi logo pro apartamento de Shiezca, para o ritual de preparativos pré-festa. Foi lá que ficou sabendo que o Coronel havia convidado a tenente Hawkeye como par, para desespero de milhares de garotas que intuíam que dessa vez o alquimista das chamas não estava apenas brincando. Shiezca também contou que iria com o sargento Fuery, que Havoc investira mais uma vez em Catherine Armstrong e que Alphonse convidara a senhorita Lancôme.

"Senhorita quem?" Win estava surpresa que Alphonse houvesse convidado uma "estranha".

"Angeline Lancôme. Uma prima distante da tenente Maria Ross. Ela é bem bonitona... dizem que ela fez um charme pro Coronel Mustang, mas a Riza se deu melhor. O Havoc também queria levá-la ao festival, mas ela preferiu o Alphonse."

Winry ficou um pouco zonza. Que tipo de menina era essa que Alphonse havia arrumado?

"Mas qual a idade dessa menina?"

"Bom... ela não é bem uma menina... acho que tem uns vinte e cinco..."

"Vinte e cinco anos? Mas... mas... que idéia do Alphonse foi essa? E que idéia dessa Angeline de sair com um menino de 14 anos!"

"Eu acho que ela não sabe que o Al tem só 14 anos, né? Ele é fortão, então parece ser mais velho."

De fato a situação de Al permitia que as pessoas fizessem confusão sobre sua idade, Winry só não esperava que ele fosse tirar proveito disso. Ela cortou o assunto com um simples "Esse Alphonse...", um balanço de cabeça em desaprovação e voltou a se arrumar.

Não demorou muito e a campainha soou. Pontualmente às sete horas como haviam marcado, lá estavam os irmãos Elric, juntamente com a Senhorita Lancôme, na porta de Shiezca.

"Fiquem à vontade, pessoal. A Win já está terminando de se arrumar."

As visitas então se acomodaram na pequena sala enquanto Shiezca foi buscar algo para beberem.

"Mas eu sabia que a Winry ia enrolar... ainda bem que eu dei a idéia de buscar primeiro a senhorita Lancôme."

"EDWARD! EU TÔ OUVINDO TUDO! JÁ TÔ SAINDO! NÃO PODE TER UM POUCO DE PACIÊNCIA?"

"ENTÃO SAI LOGO DAÍ, NÃO SEI PRA QUE SE ARRUMAR TANTO!"

Antes que mais gritos ecoassem pelo prédio, uma belíssima, reluzente, de ótima qualidade chave inglesa acertou em cheio a cabeça de Edward.

"Sua maluca!"

"Seu estressado!"

Alphonse já era acostumado com as brigas daqueles dois. Mas aquilo estava estranho. Desde que Win havia chegado que ambos pareciam não se suportar. Ele sabia que uma coisa dessas não era verdade, mas o fato é que seu irmão andava muito nervoso nos últimos dois dias, mais ainda que o habitual, e pelo jeito Winry não estava muito diferente.

"Vocês formam um casal esquisito." Disse Angeline resolvendo se pronunciar sobre tudo aquilo.

"Não somos um casal. A Win é só uma amiga de infância."

A afirmação de Edward fora categórica, o que deixou os observadores da discussão espantados. O próprio Ed mal havia terminado a frase e já havia se dado conta da bobagem que havia feito. Enquanto Winry respondeu com extremo desgosto na voz.

"De fato não temos nada demais. Nem sei por que o Ed me convidou, mas se soubesse que ele estava achando ruim, nem teria aceitado"

Ed fez uma nota mental, deveria lembra-se de controlar seu gênio. Principalmente nos momentos em que estava perto de Winry e sabe-se lá porquê ficava tão nervoso. E agora ainda por cima, Shiezca e Alphonse o olhavam como se ele tivesse feito algo muito feio. A solução imediata que veio a sua mente era cortar aquele clima saindo logo dali. Impulsivo do jeito que era, levantou-se, foi até Winry, segurou forte a sua mão e puxou-a dizendo:

"Também não é assim. Eu não tô achando ruim, nem tô aqui obrigado, mas vamos logo que essa demora tá me deixando de mal humor."

Todos ficaram sem entender nada, nem Ed sabia direito por que tinha feito aquilo. Mas, de alguma forma, os resultados foram positivos. Alphonse precisou se despedir às pressas de Shiezca que não se incomodou que eles fossem na sua frente, já que ela teria de esperar por Fuery.


Como Ed e Winry andavam apressados na frente, chegaram no lugar do festival uns cinco minutos antes de Alphonse que vinha logo atrás numa conversa bem mais amigável com Angeline do que ele imaginara. Winry aproveitou o momento, de aparente paz entre ela e seu par, para tecer alguns comentários oportunos.

"Ed, você não acha estranho o Al com essa Angeline?"

"Ah, eu não gostava dela, mas parece que o Al até que tá achando boa essa história, aliás ele estava todo contente quando veio me contar que ela havia aceitado o convite. Bom, é verdade que ela é bem bonita e... "

Um beliscão calou a voz de Edward. Ele ficou sem saber se Winry havia feito aquilo por alguma coisa que ele tivesse dito, ou se porque Al e Angeline haviam chegado.

"Nii-san! Não precisava correr desse jeito. A festa não ia sair do lugar."

"Eu só não gosto de perder tempo, Al, só isso."

O grupo então decidiu-se por percorrer o lugar e de repente encontrar algum dos conhecidos. Winry, com seus instintos de consumidora apurados, logo encontrou uma banca que vendia todo tipo de jóia e bijuteria, Ed entendeu bem o que aquilo queria dizer e comprou logo uns três pares de brincos, com a ressalva de que a "amiga de infância" não usasse todos de uma vez como era de costume.

Em seguida resolveram ir até o parque de diversões, e era incrível agora a mudança de comportamento de Ed e Win. Não era uma admiração infantil que nutriam pelo parque, era mais pela ciência. Ed e Alphonse gostavam de se ver invenções que foram possíveis sem ajuda de alquimia e Win adora observar as engrenagens dos brinquedos. Estavam tão absortos nas divagações sobre os mecanismos do carrossel que foi preciso que Angeline lhes chamasse a atenção para "maravilha" que estava logo ao lado.

"Uau! Ela é enorme" Disse Win encantada.

A roda gigante se levantava imponente. Nada num parque de diversões teria uma mística como a dela, nem atrairia tantas atenções, a sua maior rival, a montanha russa, só seria inventada dali a alguns anos.

"Parece que é a maior já construída!" reiterou Alphonse.

"Vamos nesse!"

Ed e Win disseram praticamente juntos. Correram pra fila do brinquedo, e, como ainda estava cedo, não havia muitas pessoas na frente, de forma que seriam os próximos. Como Angeline avisou que se sentia desconfortável em rodas gigantes, Alphonse achou melhor ficar com ela.

"Desculpe, Al, sei que você queria ir, mas realmente tenho pânico de altura."

"Ah, não se preocupe senhorita Lancôme, é um prazer acompanhá-la, até porque aqui em baixo a gente pode aproveitar a música e dançar, lá em cima não ia ter como."

"Alphonse Elric, você não existe! Por que ninguém nunca me falou de você? A sensação que a gente tem é que nessa cidade só existe o Coronel Roy Mustang..."

"Bom, na realidade é que... Ah, olha, chegou a vez deles, tomara que aproveitem pra se acertarem..."

"E além de tudo você é um excelente irmão mais velho..."

"É que... Angeline-san, eu preciso esclarecer uma coisa..."

"Hoeee! Vocês por aqui."

Era um cumprimento do major Maes Hughes, finalmente um conhecido aparecia, aliás, a família completa, pai, mãe e filhinha fofa, mas por conta disso, infelizmente Alphonse não pode resolver o mal-entendido, e aquilo começava a lhe pesar na consciência.

"Angeline-san, Alphonse-kun, tudo bom com vocês?"

"Tudo sim Gracie-san!"

"Tudo bem, senhora Hughes."

"Vocês estão na fila da roda Gigante?"

"Ah não, estamos esperando a Win e meu irmão que acabaram de entrar." Alphonse além de responder a pergunta do major, apontou pro "casal" na roda que já havia começado a girar.

Ed e Winry já estavam um pouco distantes do chão, nem repararam na chegada da família Hughes. Lá em cima, os dois pareciam bem à vontade um com o outro. A intimidade da amizade de longa data era tanta que se permitiam aquele tipo de coisa: brigar pela manhã e já no início da noite estar tudo em relativa tranquilidade. Poderiam ser até considerados irmãos, só que não o eram. Nem mesmo o sentimento que os unia poderia mais ser considerado como amor fraterno.

Irmãos não ficariam sem jeito, quando a sós um com o outro e Winry já não conseguia mais dizer para si mesma que aquele era só o Edward. Ela não admitiria na frente dele, mas como ninguém notava que Ed já não era mais tão baixinho, que já não era mais uma criança e o melhor é que ela cada dia mais gostava do homem que ele se tornava. Mesmo que ele ainda não conseguisse controlar seu temperamento e armasse uma cena como a daquela manhã, Win sabia que ela também era daquela mesma forma, talvez por isso gostasse tanto dele, era uma espécie de reconhecimento.

Um irmão também não olharia pra uma irmã com os olhos que Edward olhava pra Winry. Não era a primeira vez que ele via a garota mais produzida, o vestido branco que ela usava, ele mesmo havia ido junto comprar, inclusive haviam brigado quando ele disse "escolhe qualquer um, tanto faz mesmo". Agora fazia sentido a escolha, ela estava lindíssima naquela roupa, mais ainda que o natural e por isso todas as vezes que seus olhos voltavam-se na direção dela, eles insistiam em reparar na beleza de Win. Por estarem presos num compartimento, a alguns metros do solo, a situação se tornou ainda mais constrangedora, Ed nunca imaginara que ficar a sós com Winry seria tão complicado, algum tipo de atitude ele precisava tomar, mesmo que não tivesse muita idéia do que fazer. Eles já estavam no ponto mais elevado da Roda quando resolveu tocar no assunto.

"Sabe Win... hoje cedo, eu... não agi muito bem..." Edward ainda estava indeciso entre gaguejar e falar.

"Como assim...?" Havia um misto de esperança e surpresa na voz de Winry. Ed não era bom pra pedir desculpas ou revelar sentimentos, mas parecia que ia tentar fazer algo assim.

"Hoje de manhã, eu estava errado, na verdade você não demorou pra se arrumar, eu é que cheguei cinco minutos adiantado..."

Alguma coisa havia saído errada, Ed tinha certeza disso, pois Winry só respondera "Ah sim..." com um ar de decepção, mas logo a garota disfarçara abrindo um lindo sorriso pra dizer "Está tudo bem, eu também exagerei um pouco na resposta. Acho que somos dois exagerados..." Edward percebeu que era um disfarce, mas não sabia como consertar do mesmo jeito que não sabia onde estava errando.

"Acho que pra dois exagerados, até que a gente tá muito bem. Quer dizer.. digo... a gente se dá muito bem, entende?" Parecia que o loirinho conseguira encontrar a linha certa. Winry sorrira levemente ruborizada e concordara com ele. Talvez agora ele conseguisse agir de uma maneira mais espontânea.

Entretanto, justamente quando tudo parecia caminhar bem para os dois, a Roda Gigante que até o momento havia os ajudado, finalmente mostrava um inconveniente. Agora ela estava quase completando uma volta, ou seja, eles logo iriam passar novamente pelo ponto de partida. Edward já podia ver Al e Hughes. Seu irmão mais novo e o Coronel faziam gestos que, de longe, Ed não conseguia entender, mas ao se aproximar ele pode perceber direito, eram sinais de positivo bem extravagantes. Imediatamente o jovem alquimista sentiu um peso enorme em suas costas. Pra sua sorte, Winry havia sentado a sua esquerda, que também era o lado em que toda aquela galera estava, assim enquanto Win tivesse olhos fixos nele, não haveria problemas, ela estaria olhando pro oposto de onde Al, Angeline, Hughes e família estavam.

"Olha Winry! O mecanismo dessa trava não me parece tão seguro..."

Ela não entendeu a mudança brusca de assunto, mas como era sobre algo que ela entedia muito, pôs-se a discutir. Não era possível que Ed, tão inteligente, tivesse uma dúvida daquelas. O assento era do tipo cadeira suspensa, e naquelas condições, a trava estava perfeitamente segura.

"Essa trava não serve pra prender a gente no assento, a função dela é mais pra fornecer apoio e evitar que a nossa parte da frente fique completamente desprotegida."

O tom foi tão didático que Ed se sentiu um bobo, mas a causa fora boa. Winry nem reparara no teatrinho de Hughes e Al e toda aquela gesticulação. O Coronel ainda resolveu apelar. Como se Ed ainda não tivesse percebido o que aqueles dois queriam dizer com os polegares levantados, Hughes gritou "Vai Edo-kun, lute pelo seu amor!".

"Nossa, acabei de escutar voz do Coronel Hughes!"

"Eu não ouvi nada." Disse Ed, extremamente vermelho.

Enquanto a roda gigante fazia a sua volta, ele se revezava entre olhar pro chão e distrair Winry. E como tudo que já está problemático pode piorar, foi justamente num desses momentos que Ed percebeu a aproximação de um perigo maior. Lá do alto ele pode distinguir claramente a figura de seu superior hierárquico, recém chegado ao lado de Riza Hawkeye, cumprimentando os presentes, num prenúncio claro que de aquilo não seria bom para ele, Edward. Tudo que o baixinho não precisava era ser alvo das piadinhas de Roy Mustang, bem na frente de Winry, ainda mais se a gozação envolvesse a garota. A possibilidade de que ele reagisse de forma imatura às provocações do Coronel era muito alta, e de acordo com se raciocínio, aquilo "queimaria muito o seu filme" com Win.

Não, Edward não queria uma coisa dessas... Ele não iria fugir porque não era covarde. Também era muito difícil sair de uma roda gigante em movimento sem ninguém perceber, ainda mais levando Winry junto consigo. Ainda faltavam duas voltas, alguma coisa precisava acontecer nesse tempo. Nem que ele parasse a roda quando estivessem em seu ponto mais alto, mas Mustang não iria atrapalhar sua noite com Winry.

Continua...


Notas Finais:

1-Se alguém está se perguntando... "será que um dia ela vai terminar essa fic?" posso dizer que contrariando a lei da natureza a resposta é sim rsrs. Pois é gente, o próximo será provavelmente o último, ai ai, já to ficando nostálgica.

2- Eu sempre achei que as Rodas Gigantes fossem mais divertidas de se olhar do que de ir mesmo nelas(na terceira volta eu já achava sem graça heheh). Claro, não to me referindo aquela de Londres. Mas também acho que elas combinam imensamente com casais kawaiis.

3- Mais uma vez gostaria de agradecer imensamente a quem acompanha essa história e aqueles que de alguma forma me mandam um incentivo, mesmo eu sendo tão enrolada. Obrigada mesmo, pessoal.