Perdida Entre Dois Mundos
Capítulo I – Quebra
Corria sem parar, sem descansar. Não podia, nem queria.
Maldita a hora em que me fui meter na boca do lobo.
Permitiu-se olhar para trás. Não viu nada, mas sentia a sua presença. Continuou a correr.
Como é que me pude deixar enganar até este ponto?
A Floresta Proibida surgiu do nada, à sua frente. Estacou, sem saber o que fazer. Por fim, decidiu continuar e embrenhou-se na densa e negra floresta.
Porquê eu? Porquê?
Sem aviso prévio, o seu perseguidor alcançou-a.
– Porque foges de mim?
Uma lágrima rolou pela face dela. Fitou o chão.
– Agnès, olha para mim! Foi tudo um mal entendido!
– É sempre só um mal entendido! O que é certo é que já te apanhei mais vezes, Blaise. Estou farta que me traias desta maneira!
– Mas…
Agnès voltou-lhe as costas e colocou uma mão numa árvore, num ímpeto algo violento. Mordeu o lábio inferior, quase até o romper.
– Blaise, eu gostava muito de ti, até demais. Mas agora, … agora já não. Cansei-me. – fez uma pausa, para tomar fôlego e coragem. – Adeus, Zabini.
Blaise notou que ela se tornara mais fria e distante. O seu coração batia descompassadamente, exigindo que se desculpasse, que rastejasse a seus pés, implorando-lhe que não o abandonasse. Contudo, o seu orgulho foi mais forte. Retorquiu, friamente:
– Então, é assim? Queres acabar?
Ela mirou-o. Os seus olhos, apesar de estar a chorar, mostravam determinação.
– Fica a saber que, se acabares comigo, nunca mais me voltas a ter.
– Eu nunca te tive verdadeiramente! – gritou-lhe ela. – Adeus. – repetiu, totalmente banhada em lágrimas.
Blaise olhou uma última vez para aquela encantadora rapariga, que tanto tempo o suportara. Admirava-a por isso e muito mais, mas pensava não a amar. Quando a deixou na orla da Floresta, sozinha, interrogou-se se isso seria verdade.
