Capítulo II – O Início

Agnès conhecera Blaise no ano anterior.

Discutia fervorosamente com Malfoy, pois este atacara um caloiro. Estavam ambos alterados, trocando olhares assassinos. Draco Malfoy preparava-se para a enfeitiçar, quando Zabini aparecera.

– Hei, Draco, o que se passa?

– É esta defensora dos sangues-de-lama. Estava a preparar-me para a atirar pelos ares. Importas-te?

– Draco, porque vais gastar a tua magia com ela? Guarda-a para o Potter ou para o Weasley.

Agnès aproveitou para puxar pela sua varinha. Desconfiava das boas intenções daquele Slytherin, que por acaso – mas mesmo só por acaso – até era uma brasa. Fitou-o, pelo canto do olho, sem se preocupar em esconder o desprezo que sentia.

Draco Malfoy baixou a varinha e recuou. Virou costas à sua adversária e, acompanhado por Blaise Zabini, dirigiu-se às masmorras.

– Porque me impediste de enfeitiçar aquela Ravenclaw irritante? – inquiriu o loiro. – Irritante é pouco; só a Granger consegue ser ainda pior.

– Achei que não devias desperdiçar tempo com aquela miúda. – respondeu o outro, secamente.

Malfoy não se deu por vencido. Olhou para o amigo, exibindo um semblante de dúvida. Este tentava mostrar-se tão impassível como sempre, no entanto, um trejeito do seu lábio traiu-o.

– Está bem, está bem! Eu conto-te. – anunciou, suspirando. – Eu não te deixei magoá-la, porque…bem, porque…acho que ela tem potencial. Acho que ela seria uma boa ajuda para nós. Se a conseguirmos conquistar, será uma aliada muito preciosa.

– Só por isso, Blaise? – duvidou Malfoy. – Eu bem vi como lhe sorrias, como a observavas.

O negro revirou os olhos, amaldiçoando a persistência do amigo. Sabia que a única forma de acabar com aquele interrogatória seria dizer a verdade, por mais embaraçosa que fosse.

– Ok, eu confesso. Eu acho-a muito encantadora. E sinto-me… hum, atraído por ela.

Malfoy sorriu, triunfante. Tinha de admitir, aquela Ravenclaw não era nada de deitar fora, mesmo sendo uma aliada dos sangues-de-lama.

– Quando é que vais avançar? – inquiriu, maliciosamente.

– Talvez amanhã vá ter com ela. Penso que não vai ser fácil conquistá-la.

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Agnès foi para a sua sala comum, onde encontrou uma companheira de quarto, Padma Patil. Estava bastante transtornada; afinal, Zabini, um Slytherin puro, acabara de a proteger. Não sabia quais as razões, mas desconfiava das suas boas intenções.

Estava tão perturbada que contou tudo à companheira, esquecendo-se do "tamanho" da sua língua. Como resultado, no dia seguinte, só se comentava que Zabini tinha salvo uma rapariga, por quem, supostamente, estaria loucamente apaixonado.

A distorção do boato continuou, ao ponto de, no final do dia, já se dizer que Zabini tinha resgatado essa rapariga de um ataque da Lula Gigante.

O rapaz não se importava. Publicidade gratuita não era o que queria, mas também não lhe fazia mal. Por outro lado, Agnès parecia evitá-lo, o que apenas contribuiu para lhe espicaçar o interesse.

No final do dia, dirigiu-se à biblioteca, para acabar um trabalho de casa para Poções. Dirigiu-se à estante certa e retirou o livro que queria. Para sua surpresa, ouviu a doce voz de Agnès. Parecia estar a recitar um encantamento. Espreitou pelo espaço deixado vago pelo livro e viu que estava só. Era a sua oportunidade.

– Olá. – dirigiu-se-lhe, num tom descontraído.

Ela parou de murmurar encantamentos e abriu os olhos, sobressaltada.

– Olá. – respondeu, a medo.

Zabini sentou-se, sem pedir licença, e fitou-a longamente. Ela continuou a ler, mas parecia incomodada. Por fim, fechou o livro e perguntou-lhe, zangada:

– Não tens mais nada para fazer?

– Não. – respondeu, sorrindo maliciosamente.

Ela bufou, enervada.

– Pára de me olhar assim!

Ele sorriu. Aproximou-se mais.

– Então, contaste a toda a gente o que aconteceu ontem? Achas que estou apaixonado por ti?

Ela abespinhou-se ainda mais.

– Achas mesmo que eu andaria por aí a espalhar uma coisa tão sem importância?

O sorriso trocista dele apagou-se. Contudo, manteve-se firme.

– Não me respondeste à segunda pergunta.

Ela ergueu um dedo e apontou-o ao rapaz, tendo o cuidado de não lhe tocar.

– Não sei, não quero saber e não tenho nada a ver com isso.

– De certeza? – o seu tom era suave, beirando a sensualidade.

Agnès fartou-se do interrogatório e foi-se embora, resmungando furiosamente. Zabini não hesitou, seguindo-a silenciosamente.

No corredor dos Encantamentos, a jovem parou bruscamente. Virou-se para trás e viu, sem surpresa, que ele continuava a segui-la. Corou, talvez de ultraje.

– Ainda não te fartaste? – questionou, zangada.

Ele acenou negativamente. Aproximou-se dela e, sem aviso prévio, agarrou-a pela cintura. Ela sentiu aquele aperto forte, mas doce, que lhe causava arrepios. Ficou incomodada por não se importar. Mesmo assim, tentou libertar-se.

– Não vais a lado nenhum até ouvires tudo o que tenho para te dizer. – reagiu ele, sorrindo maliciosamente. – Sabes porque é que impedi que fosses atacada?

Ela respondeu-lhe com um semblante de curiosidade.

– Porque…porque achei que seria uma pena desperdiçar a tua inteligência e beleza.

Agnès mostrou-se espantada com o elogio. Ele aproveitou para se aproximar mais; ficou tão perto que ela podia sentir a sua respiração calma.

– E isso quer dizer o quê? – conseguiu ela perguntar.

Ele olhou-a com ternura, como nunca tinha feito. Baixou o rosto, lentamente, até os seus lábios tocarem os dela, suavemente. Então, beijou-a, longamente.