Capítulo IV – Confissões de um Slytherin
Malfoy fingia ouvir Pansy Parkinson, sem grande paciência. Só se conseguia lembrar de ver Zabini a correr, aflito, atrás da namorada. Ou antes, da ex-namorada.
– Draco, estás a ouvir?
Ele assentiu, apagando a expressão de enfado do rosto. Contudo, só não mergulhou novamente nos seus pensamentos, porque a Slytherin mudou de tema de conversa.
– Aquela Ravenclaw, Agnès, anda mesmo mal. Mesmo assim, não chora à frente das pessoas, como a Cho-rona Chang.
– Então, como sabes que ela não anda bem? – questionou o loiro, com grande interesse.
– Eu sou uma mulher, caso não tenhas reparado. Essa é daquelas coisas que a intuição nos diz. – disse ela, um tanto mordazmente. – Além disso, antes do jantar aparece com os olhos inchados e com a voz trémula.
Draco também já reparara que Agnès evitava o contacto com todos os Slytherin. Nas aulas conjuntas de Herbologia, afastava-se o mais possível de Zabini, apesar de este se tentar aproximar. Já todos tinham notado esse facto, incluindo a professora Sprout.
– Mas, porque estás tão interessado? – insinuou Parkinson, com um sorriso a condizer. – Por acaso, não estarás interessado nela?
O olhar frio de Malfoy fulminou a amiga, apagando-lhe aquele sorriso idiota.
– Claro que não. Eu nunca me interessaria por uma defensora dos sangues-de-lama.
Pansy Parkinson não duvidou. Decidiu não fazer mais perguntas, pois o amigo começava a ficar furioso.
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Zabini não sabia o que mais poderia fazer. Agnès não lhe dava hipóteses de se explicar. Mas explicar o quê? Explicar-lhe que a traíra, porque a amava?
Precisava de desabafar com alguém. Mas com quem? Os Slytherin não tinham amigos desse género; eram amizades, apenas, por interesse. Mesmo assim, o colega com quem mais falava era Draco Malfoy.
Pensando bem, era a melhor pessoa para o ouvir e aconselhar. Afinal, fora ele que o incentivara a avançar.
Assim sendo, após uma aula de Poções, foi ter com o amigo. Desceram juntos até às masmorras e trancaram-se no dormitório.
– Draco, quero que saibas que, se não estivesse desesperado, não estaria aqui. – começou, numa voz dura.
Malfoy sorriu maliciosamente. Sabia qual era o assunto daquela conversa.
– Eu quero que me ajudes a reconquistar a Agnès.
– Mas, porquê? Traíste-a tantas vezes…Sempre pensei que ela fosse, apenas, uma diversão. – afirmou o loiro, impassível.
– Eu fiz aquilo, porque… Ora, aquilo que fiz não tem desculpa. Porque é que eu te dei ouvidos?
Malfoy ergueu o sobrolho, observando o amigo fixamente.
– Sim, não faças essa cara de desentendido. Foste tu que me incitaste a andar com outras miúdas. – o tom dele era deveras acusatório.
– Eu disse que, no teu lugar, o faria. Não te obriguei a fazê-lo. – retrucou o outro, com uma expressão séria.
Zabini caiu em si. Malfoy não tinha culpa. Ele é que quisera trair a sua namorada. E, agora, era tarde demais.
– O que sugeres que faça? – questionou-o, num tom derrotado.
– Bem, acho que deves dar-lhe um tempo. Não tentes falar com ela. Mostra-te um pouco indiferente e que não estás magoado. Em resumo, finge que ela não existe. – explicou o loiro, pacientemente, como se estivesse a ensinar uma criança a contar. – Se ela gostar de ti, realmente, não aguentará que a ignores e voltará para ti.
– Então, tenho de esperar? – duvidou Zabini. – Quanto tempo?
O loiro reprimiu um sorriso, consciente de que não era sensato irritar o amigo.
– O necessário. Depende dela. Entretanto, podes sair com outras raparigas. Além de te divertires, podes fazer-lhe ciúmes.
Blaise Zabini sorriu e agradeceu a ajuda do outro. Saiu do dormitório, deixando Draco Malfoy só. Este sorriu, no escuro, contente por ter ajudado.
