Capítulo VII – A Sala das Necessidades
Duas raparigas do terceiro ano ladeavam Malfoy. Estacaram em frente a uma sala secreta, que poucos conheciam. As raparigas entraram, prontamente, em acção: uma colocou-se ao fundo do corredor e a outra em frente da porta. Entretanto, Malfoy andava em círculos, murmurando algumas palavras indecifráveis.
Uma porta camuflada abriu-se. O loiro entrou e começou a trabalhar. Pensava, constantemente, naquilo em que se metera. Mas era a única opção. Custava-lhe ter de o fazer…
Duas horas depois, preparava-se para sair. Contudo, ouviu um barulho. Crabbe, disfarçado de rapariga, deixara cair um dos seus tinteiros, transmitindo-lhe uma única mensagem: estava alguém lá fora.
– Tem cuidado! – gritou uma voz aguda. – Quase me acertaste, desgraçada!
Pansy Parkinson. Que quererá ela?, pensou Malfoy, furioso com a colega. Esperava não ter de esperar muito tempo.
A voz esganiçada da morena foi-se tornando cada vez mais ténue, à medida que avançava pelo corredor. O Slytherin saiu, então, da Sala das Necessidades, sem esconder o alívio que sentia. Prontamente, enviou Crabbe e Goyle para longe dali, evitando situações que se poderiam revelar comprometedoras. Esperou alguns minutos e, só depois, dirigiu-se ao Salão.
Estava cansado, no entanto, ao ver Agnès, não perdeu a oportunidade de a espicaçar. Esboçou um sorriso malicioso, sentindo um certo triunfo antecipado.
– Olha quem ela é, a defensora dos Sangues-de-lama abandonada!
A rapariga sorria, ao virar-se para encarar o loiro.
Não compreendo! Ainda ontem ficou chocada com aquela cena do Zabini e agora está a sorrir? Eu tenho a certeza de que esteve a chorar baba e ranho. O que terá acontecido?
– Malfoy, não posso negar que tenho muito gosto em ser defensora dos filhos de Muggles. Agora, abandonada? Não vejo porquê. Afinal, fui eu que acabei com o teu amiguinho traidor. – anunciou ela, confiante. – Sei que não mereces, mas vou dar-te um conselho: tem cuidado, caso contrário, ele pode roubar-te as tuas namoradas. Não me admirava nada.
Virou-lhe costas e continuou o que estava a fazer, deixando Draco Malfoy completamente imóvel, subjugado pela surpresa. Passados alguns segundos, conseguiu obrigar as suas pernas a retomar o seu caminho, tentando arranjar uma explicação para aquela súbita mudança de comportamento.
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No dia seguinte, o Slytherin voltou à Sala das Necessidades, sozinho. Trabalhou arduamente no seu projecto, sem parar para descansar. O seu patrão não admitia falhas, muito menos atrasos.
Por fim, resolveu-se a terminar o seu trabalho por aquele dia. Saiu daquela sala tão útil e começou a percorrer o corredor.
De súbito, estacou. Uma bela rapariga de olhos verdes estava à sua frente. Ficou lívido e temeu, seriamente, que ela soubesse da existência da Sala das Necessidades e que o associasse a tal lugar.
– Malfoy, estás bem? – perguntou ela, genuinamente preocupada.
Apesar de odiar aquele rapaz, não conseguiria virar as costas a uma pessoa que estivesse com aquele ar: um misto de medo e transtorno. Mesmo que fosse o seu inimigo número um.
O rapaz recompôs-se e lançou-lhe um olhar trocista.
– Porque não haveria de estar bem? Tenho tudo o que preciso para me sentir assim. Tenho dinheiro, influência, prestígio, boas relações e as raparigas que eu quiser. – respondeu.
– Oh, para que é que eu perguntei? Tu não mudas mesmo. Não vale a pena preocupar-me contigo. – replicou ela, zangada.
Ela fugiu e ele continuou, como se nunca a tivesse encontrado.
