Um grande relógio, no meio de uma praça, anunciava que era 10 horas e 17 minutos da noite.
Do lado do relógio, dois homens conversavam muito baixo.
-Já te disse que não é uma boa idéia! Hoje não! – falava o mais alto.
-Mas tem que ser hoje! As férias escolares já estão acabando! Qual o problema se há trouxas aqui? Isso é pro... – parou o outro, interrompido pelo amigo que apontava para sua esquerda. Na esquina da praça havia um garoto encarando-os com uma expressão intrigada.
-Ele nos ouviu – disse o homem mais alto, tirando uma varinha do bolso e, a apontando para o garoto, murmurou – Estup... – mas, antes de pronunciar o encantamento, foi atingido por um jato verde que o atirou no poste e arremessou sua varinha para longe.
O outro homem boquiabriu-se mas, antes de alcançar sua varinha no bolso, o garoto berrou: Petrificus Totalus!
As pernas e os braços do homem se juntaram e ele caiu duro no chão.
-UAAAU! – exclamou outro garoto, recém-chegado – Foi você que fez aquilo?
-Ah, não! – murmurou o jovem bruxo – Eu usei magia fora da escola e ainda por cima na presença de um trouxa! Se eu for descoberto estarei encrencado!
-Ei, aquele cara está acordando! – avisou o garoto trouxa, apontando para o homem mais alto, que agora estava se levantando atordoado.
O jovem bruxo apontou a varinha novamente para o homem e sussurrou:
-Petrificus Totalus!
O homem caiu duro no chão.
-Uau, agora sim! – exclamou o garoto trouxa, empolgado – Como você faz isso? Onde arranjou uma dessas?
-Minha varinha? – o bruxo parou pensativo – Ah, eu sou um bruxo – declarou o garoto, hesitante.
-E quem duvida?
-Eh...por favor...não conte para ninguém.
-E quem acreditaria? Eu só apronto, por isso ninguém acredita em mim. Apesar que, nesse caso, não acreditariam nem que eu fosse um padre.
-Hahaha. Bom, eu sou o Alex. Prazer em conhecê-lo.
-Me chame de Fred. Não gosto de Frederico.
-Ah, só um minuto – disse Alex, se dirigindo aos dois homens caídos. Alex achou as duas varinhas e as partiu ao meio.
-Pronto.
-Bruxos. – suspirou o garoto trouxa – Alienígenas? Papai Noel? Tudo bem! Mas eu nunca pensaria em bruxos.
Os dois garotos se sentaram num banco ao fundo da praça e continuaram a conversar:
-O que você faz aqui, essa hora da noite? – perguntou Alex.
-Fugi de casa. E você?
-Eu também.
Os dois se entreolharam por um minuto, na escuridão, pensativos. Sorrindo, Alex perguntou:
-Vamos nos unir, então? Se é para fugir, é bom ter companhia!
-Claro! O que você está esperando?
Os dois se levantaram e avançaram, sorrindo e conversando, à rua mais escura que acharam.
