Capítulo 2 – Perigo e amizade na praça escura

Um grande relógio, no meio de uma praça, anunciava que era 10 horas e 17 minutos da noite.

Do lado do relógio, dois homens conversavam muito baixo.

-Já te disse que não é uma boa idéia! Hoje não! – falava o mais alto.

-Mas tem que ser hoje! As férias escolares já estão acabando! Qual o problema se há trouxas aqui? Isso é pro... – parou o outro, interrompido pelo amigo que apontava para sua esquerda. Na esquina da praça havia um garoto encarando-os com uma expressão intrigada.

-Ele nos ouviu – disse o homem mais alto, tirando uma varinha do bolso e, a apontando para o garoto, murmurou – Estup... – mas, antes de pronunciar o encantamento, foi atingido por um jato verde que o atirou no poste e arremessou sua varinha para longe.

O outro homem boquiabriu-se mas, antes de alcançar sua varinha no bolso, o garoto berrou: Petrificus Totalus!

As pernas e os braços do homem se juntaram e ele caiu duro no chão.

-UAAAU! – exclamou outro garoto, recém-chegado – Foi você que fez aquilo?

-Ah, não! – murmurou o jovem bruxo – Eu usei magia fora da escola e ainda por cima na presença de um trouxa! Se eu for descoberto estarei encrencado!

-Ei, aquele cara está acordando! – avisou o garoto trouxa, apontando para o homem mais alto, que agora estava se levantando atordoado.

O jovem bruxo apontou a varinha novamente para o homem e sussurrou:

-Petrificus Totalus!

O homem caiu duro no chão.

-Uau, agora sim! – exclamou o garoto trouxa, empolgado – Como você faz isso? Onde arranjou uma dessas?

-Minha varinha? – o bruxo parou pensativo – Ah, eu sou um bruxo – declarou o garoto, hesitante.

-E quem duvida?

-Eh...por favor...não conte para ninguém.

-E quem acreditaria? Eu só apronto, por isso ninguém acredita em mim. Apesar que, nesse caso, não acreditariam nem que eu fosse um padre.

-Hahaha. Bom, eu sou o Alex. Prazer em conhecê-lo.

-Me chame de Fred. Não gosto de Frederico.

-Ah, só um minuto – disse Alex, se dirigindo aos dois homens caídos. Alex achou as duas varinhas e as partiu ao meio.

-Pronto.

-Bruxos. – suspirou o garoto trouxa – Alienígenas? Papai Noel? Tudo bem! Mas eu nunca pensaria em bruxos.

Os dois garotos se sentaram num banco ao fundo da praça e continuaram a conversar:

-O que você faz aqui, essa hora da noite? – perguntou Alex.

-Fugi de casa. E você?

-Eu também.

Os dois se entreolharam por um minuto, na escuridão, pensativos. Sorrindo, Alex perguntou:

-Vamos nos unir, então? Se é para fugir, é bom ter companhia!

-Claro! O que você está esperando?

Os dois se levantaram e avançaram, sorrindo e conversando, à rua mais escura que acharam.