Capítulo 3 – Os olhos que enxergam

Os dois garotos caminharam sem rumo pela rua escura e deserta.

-Então, como você se tornou um bruxo? – perguntou Fred curioso.

-A pessoa não se torna bruxo, ela nasce bruxo. – respondeu Alex – Eu não sei exatamente como, mas é assim que funciona.

-Quantos anos você tem?

-13. E você?

-Eu também tenho 13 anos. Ei, precisamos achar um lugar para dormir.

-É verdade. Por que você fugiu?

-Há semanas meus pais brigam, todos os dias. Eu não agüento mais. E você? Por que fugiu?

-Meu pai me deixou de castigo...Rebeldia é um dos meus fortes.

Os garotos continuaram andando, virando algumas esquinas, até que chegaram a um parquinho.

-Ali é perfeito! Embaixo dos escorregadores há espaço mais que suficiente para nós – falou Alex animado.

Os dois deitaram embaixo dos escorregadores, sobre a grama macia.

-Quem eram aqueles sujeitos que você enfeitiçou? – perguntou Fred.

-Ãã...Eu não os conhecia. Mas eram perigosos.

-Você acabou com eles. Todos os bruxos são habilidosos como você?

Alex corou e respondeu tímido:

-Ah, aquilo não foi nada de mais. Qualquer aluno do terceiro ano poderia ter feito aquilo. Aqui está escuro, não?

Tirando a varinha do bolso, Alex murmurou:

-Lumus – e a ponta de sua varinha acendeu, iluminando a grama.

-WOW! – exclamou Fred admirado.

Agora conseguiam realmente se ver, se enxergar.

Fred era loiro e branquelo. Muito bonito. Os olhos verdes refletindo a luz da varinha.

Alex tinha olhos e cabelos castanhos, usava óculos que escondiam ligeiramente suas belas feições.

Os dois se observaram por uns instantes, admirados.

-Bruxos usam roupas de gente? – perguntou Fred, de repente tímido.

-S-sim. Então, vamos dormir?

Alex apagou sua varinha e a guardou no bolso.

Os dois se deitaram de costas um para o outro. Alex suspirando e Fred corado.