Capítulo IX – No Celeiro das Corujas
Férias de Natal. Três palavras mágicas para todos os estudantes, incluindo Agnès.
Não ficara quase ninguém em Hogwarts: os Weasleys, Harry Potter e Hermione Granger tinham ido passar o Natal fora; Cho Chang, as irmãs Patil e o seu namorado também.
Infelizmente, Zabini e Draco Malfoy não tinham feito o mesmo. Por muito que Agnès os quisesse evitar, parecia que os encontrava a cada a esquina, sussurrando algo.
A jovem não tinha a certeza de que Zabini iria continuar calado, contudo, nada podia fazer a esse respeito. Só lhe restava esperar.
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A Ravenclaw acordou com um piar de coruja. Olhou em volta, tentando perceber donde provinha o som. Estava sozinha no quarto, como sempre, desde o início das férias.
De repente, ouviu um bater na janela. Levantou-se de um salto e encaminhou-se nessa direcção.
– Correio logo de manhã? E aqui? – indagou para o vazio, confusa.
Foi então que percebeu que esse dia era especial. Era o dia de…
– Natal! – quase gritou.
Apesar de já não ser propriamente uma criança, Agnès adorava o dia de Natal. Não por causa dos presentes, mas sim porque era uma das raras ocasiões em que podia estar com toda a sua família.
Tentava não pensar que esse ano iria ser diferente, uma vez que passaria o Natal sozinha, apenas acompanhada por dois Slytherins cruéis. Mesmo assim, não conseguiu deixar de sorrir.
Então, olhou para a sua cama. Uma pequena montanha de embrulhos esperava por ela.
Os elfos domésticos não têm mesmo descanso. Estou a pensar, seriamente, aderir àquela associação da Hermione, a B.A.B.E.
Sem esperar mais, começou a desembrulhar os seus presentes.
Leu a etiqueta do primeiro:
Para a nossa amiga Agnès, com votos de um Bom Natal.
Ginny, Hermione, Ron e Harry
Sorriu interiormente. Pegou no presente e desembrulhou-o, descobrindo o seu conteúdo: um livro sobre Encantamentos, Feitiços de Protecção e Maldições.
Seguidamente, abriu alguns embrulhos dos seus familiares que, ao julgar pelo "recheio", ainda julgavam que ela tinha oito anos.
Por fim, depois de abrir os presentes dos seus pais e dos seus amigos, descobriu uma carta, assinada com duas iniciais: A.I.
Não percebeu, imediatamente, quem era o remetente. No entanto, após alguns segundos de reflexão, percebeu que só podia ser o seu namorado. Abriu-a com uma ansiedade crescente, que lhe fazia tremer as mãos.
"Querida Agnès,
Espero que não estejas muito só, neste belo dia de Natal.
Como te prometi, terás uma surpresa hoje. Não sei se vais gostar, mas preciso mesmo de o fazer…
Quero que vás ao Celeiro das Corujas, hoje às 18 horas. Lá, encontrar-me-ás.
Acho que já percebeste, não é? Sim, é isso mesmo. Vou-me revelar, finalmente.
Até logo,
A.I.
P.S. –– Adoro-te."
O sorriso dela alargou-se ainda mais e o seu coração começou a bater descontroladamente. A sua espera tinha sido recompensada.
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Apenas três alunos permaneciam em Hogwarts: Agnès, Malfoy e Zabini. Consequentemente, os professores optaram por juntar algumas mesas no centro do Salão, de modo a celebrarem aquele dia todos juntos.
Olhando para o enorme Salão vazio, a Ravenclaw quase suspirou de saudades. Contudo, respondendo a um aceno do Professor Flitwick, sentou-se num dos lugares vagos.
Durante todo o dia, estivera sempre com um sorriso estampado na cara. Nem mesmo aqueles Slytherins maldosos o conseguiram apagar. Eles bem tentaram, mas nada feito. Nem mesmo quando falaram nos seus pais, com um sorriso trocista.
– Pois, os pais dela têm mais para fazer do que passar o Natal com a filha. Deves ser mesmo especial para eles... – troçou Malfoy, tentando ser sarcástico.
A Professora Mcgonnagal franziu um sobrolho. Flitwick engasgou-se e Sprout abanou a cabeça.
A jovem não se deixou abalar e, sempre a sorrir, replicou:
– O mesmo diria eu de ti, Malfoy. Tal como eu, estás a passar o Natal sozinho.
Flitwick bateu palmas e Mcgonnagal sorriu. Por seu lado, Malfoy não gostou. Parecia estar a preparar-se para ripostar, mas o colega deteve-o, sussurrando-lhe algo que a rapariga não conseguiu ouvir.
Será que ele lhe está a contar o que viu?
Não chegou a saber, pois, a partir desse momento, os rapazes não disseram mais nada, senão o estritamente necessário.
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Chegara a hora…
Saiu da sala comum, trémula e ansiosa, depois de duas horas de preparação mental e física para o seu encontro.
Não tinha a certeza se tinha exagerado com a sua indumentária: um elegante vestido branco, um pouco justo e com um decote ligeiramente acentuado. Utilizando a sua magia, apanhara o cabelo, de modo a que deste caíssem algumas madeixas soltas.
Chegou à Torre Oeste. Bastava-lhe abrir a porta do Celeiro das Corujas para saber quem era o seu namorado.
Respirou fundo e empurrou a porta.
Não viu ninguém. Mas ouviu…
– Oh, és tu.
Ela virou-se com um aperto no coração.
– Draco Malfoy?
