Capítulo 4 – Tarefa Arriscada

-EBAAA!

Alex acorda e percebe que um grupo de crianças está brincando no escorregador acima dele.

Lembrando da noite passada, Alex olha para o lado à procura de Fred. Só havia grama.

Então ele foi embora? – pensou Alex, com um aperto no coração – Não, não pode...Ele não faria isso...faria?

Alex saiu de debaixo do brinquedo, buscando, por todos os lados, um sinal do amigo trouxa.

O sol brilhava forte ofuscando sua vista.

Não conseguiu encontrar nenhum sinal do trouxa.

-Desistiu. Ele voltou para casa. – se conformou Alex.

-Ei, você acordou! Ainda bem!

Alex reconheceu a voz do trouxa que ele procurava. Se virando, Alex soltou um suspiro de alívio e disse:

-Você sumiu! Eh...eu...f-fiquei preocupado – concluiu ele corado.

-Err...não se preocupe. Veja, trouxe o café da manhã!

Fred estava segurando duas maçãs, aparentemente frescas.

-As roubei de uma vendinha aqui perto. Tome. – Fred deu uma maçã a Alex, que a apanhou constrangido.

-É melhor partirmos. – disse Alex, após dar a primeira dentada na maçã.

-Você pretende voltar para aquela praça do relógio?

-Não, é perto de casa. Vamos para longe. Podíamos pegar um trem.

-Mas não temos dinheiro. Esqueceu que eu roubei as maçãs?

-É, me esqueci. Bem, de qualquer jeito, eu não tenho dinheiro de trouxa.

-Tive uma idéia. Você não pode criar dinheiro com umas bruxarias?

-Ah, não. Eu não conheço nenhum feitiço para conjurar moedas.

Os dois garotos atravessaram o parque e viraram a esquina em uma rua estreita.

À luz do dia os garotos se observavam de esguelha.

Os cabelos loiros de Fred brilhavam mais que nunca com a luz do sol. Fred era bem alto para sua idade, sendo que Alex ficava na altura de seus ombros.

Os dois se entreolharam por um segundo; Fred notou um estranho brilho no olhar de Alex, que baixou a cabeça, levemente rosado.

Após um minuto quieto, Fred perguntou:

-O que será que dois bruxos estariam fazendo numa praça, àquela hora da noite , num bairro cheio de...ããã...gente não-bruxa?

Alex percebeu que Fred tinha um talento que ele não tinha: talento para falar sobre o que não estava pensando. Alex nem lembrava mais daqueles dois bruxos suspeitos ou, até mesmo do motivo por ter fugido de casa.

-Sinceramente, eu não sei. Na verdade, não parei pra pensar nisso.

-Então, você estuda, não é? Há uma escola para bruxos?

Alex parou abruptamente, boquiaberto. A escola – pensou ele, desesperado.

-As férias estão acabando.Depois de amanhã eu tenho que voltar para a escola! – falou ele em tom de desespero.

-Depois de amanhã? – perguntou Fred horrorizado – mas não podemos ir para longe, então!

Alex teve uma idéia.

-Que horas são?

-Deve ser 8:30, aproximadamente.

-Vamos voltar para casa.

Fred arregalou os olhos.

-Com sorte meus pais ainda não acordaram. Nós entramos pela janela do meu quarto, pegamos minhas coisas e vamos embora.

-Mas isso vai ser realmente perigoso, não? Digo, eu não tenho problema com isso...Você tem certeza?

-Claro. – respondeu Alex firme – Não temos outra opção. Posso não estar feliz pelas brigas constantes dos meus pais, mas não vou abandonar a escola por causa disso. Não posso e não quero.

Alex notou uma expressão desapontada em Fred.

-Certo. Não há o que esperar. – concluiu Fred.

Os garotos correram pelo caminho oposto ao que fizeram na noite anterior.

Quando chegaram na praça do relógio, ouviram vozes aos sussurros. Por um momento desconfiaram que os bruxos que tentaram atacar Alex haviam despertado.

Mas quando espiaram de trás de uma cerca viva, a qual estavam agachados, viram quatro homens vestidos ridiculamente de trouxas.

-Uau, que roupas velhas. – admirou-se Fred – De que época esses caras são?

Alex percebeu o que estava acontecendo.

-São do Ministério. Talvez sejam aurores.

Inclinando a cabeça para a direita, Alex conseguiu ver os dois bruxos suspeitos petrificados ao lado do relógio.

-Autores? Como assim? E que história é essa de Ministério? – perguntou Fred confuso.

-Esquece, não temos tempo a perder.

Ainda agachados os dois atravessaram a praça e avançaram pela rua a direita.

-Chegamos. – disse Alex, parando no jardim de uma casa de tijolos – OK, vamos agachados.

Engatinhando, os dois chegaram a uma janela lateral da casa. Alex espiou para dentro do quarto, vazio.

-Vamos, a janela está aberta.

Os dois adentraram o quarto. Alex tirou a varinha do bolso, foi até a porta e murmurou:

Colloportus!, enquanto Fred olhava admirado para uma coruja-das-igrejas engaiolada e um pequeno caldeirão sobre a escrivaninha.

-Ei, vamos logo! – alarmou Alex, porque Fred continuava admirando a coruja.

Alex viu o bilhete que escrevera na noite anterior exatamente no mesmo lugar que deixara.

Fred pegou a gaiola, jogou o caldeirão dentro da mala, enquanto Alex arrumava as roupas e os livros.

Com tudo pronto, os dois saíram pela janela, aliviados por não terem sido pegos.

Quando chegaram na praça do relógio só havia dois daqueles homens vestidos de trouxas; os dois suspeitos não estavam mais lá.

-Tá, vamos logo, então. – sussurrou Fred.

A meio caminho, os dois homens notaram os garotos.

-Ei! Garotos! – gritou um deles.

-Fica calmo. Eles são do Ministério, não tem problema – sussurrou Alex, enquanto os dois bruxos se dirigiam aos garotos.

-Adamastor Barkley, auror do Ministério da Magia. Os senhores moram aqui perto?

-Sim. – disse Alex tranqüilo.

-Os senhores sabem alguma coisa sobre o ocorrido ontem à noite nesse mesmo local?

-Não, não sabemos. Aconteceu alguma coisa?

-Registramos o uso de três feitiços, conjurados ilegalmente por um menor de idade. E encontramos dois foragidos, Horácio Cluster e Herberto McMillian, que perseguíamos há dois meses, paralisados ali ao lado do relógio.

-Nossa. Hum, que bom.

-Sim, mas ainda não sabemos quem enfeitiçou aqueles dois.

-Hum, já perguntaram a eles? – indagou Alex receoso.

-Ainda não. Parece que eles estão muito...envergonhados. Não querem dizer nada, por enquanto. Bem, se virem alguma coisa, mandem uma coruja para a Seção de Aurores.

-Ah, pode deixar – disse Fred, um pouco aliviado pela conversa estar terminando.

-Aliás, qual seu nome? – perguntou o outro bruxo, até esse instante mudo, a Fred.

Alex, assustado, viu que Fred estaca gaguejando enquanto pensava numa resposta convincente, então falou:

-Eh, desculpe, mas não podemos demorar. Já estamos atrasados.

-Posso saber para onde estão indo?

-Desculpa, mas não é da sua conta. – disse Alex, tentando esconder a raiva.

-O que você disse, jovenzinho?

-Ah, desculpe. Temos que ir. Vamos, Fred.

Quando os dois iam andando, o bruxo agarrou o ombro de Alex, puxando com força e derrubando-o.

Sem hesitar, Fred lançou ser punho direito contra o nariz do bruxo, que urrou de dor.

-Filho da...! – o bruxo tirou a varinha do bolso e berrou – Petrificus Totalus!

Fred caiu paralisado no chão.

-Pare Carson! Não podemos usar magia aqui. Trouxas podem v... – mas Barkley foi calou-se ao ver um jato de luz verde atingir o outro bruxo, lançando sua varinha para longe.

-Garoto, você não pode usar magia fora da escola! – berrou ele.

Mas Carson empurrou Barkley e tirou a varinha dele do bolso.

-Estupefaça! – bradou o homem.

Alex abaixou a tempo do jato vermelho passar por cima dele e atingir a cerca viva.

-Expelliarmus! – retrucou o jovem bruxo, fazendo a varinha do adversário voar para longe – Tarantallegra! – sussurrou Alex.

Carson começou a dançar, incontrolavelmente.

-Ei, garoto! – gritou Barkley, antes de cair duro no chão, atingido por outro feitiço do jovem bruxo.

Alex murmurou o contra feitiço, libertando Fred.

Fred deu um forte abraço em Alex.

-V-você foi demais. – disse Fred corado.

-O-obrigado. Vamos.

Os dois se levantaram e correram.

Atravessando a praça, a qual passaram a noite, os dois correram por uma rua estreita.