Capítulo XIV – O Resto da Verdade

A escola em peso observava Hagrid, enquanto que este colocava o Professor Dumbledore numa mesa branca. Este estava embrulhado num manto púrpura, salpicado de estrelas.

O Professor de Cuidados com as Criaturas Mágicas voltou para trás, deixando um rasto de enormes lágrimas. Lágrimas essas que quase todos derramavam.

Agnès olhou para a fila da frente. Viu que Harry estava pálido, comprimia os lábios e tinha os punhos cerrados. Ron estava, também, muito pálido, ao passo que Hermione e Ginny choravam copiosamente.

Também ela chorava, no ombro de Zabini. Este mantinha-se sereno, apesar de enrugar a testa, como só fazia quando estava preocupado e abalado.

De súbito, ouviu-se um canto, vindo do Lago. Eram os entes subaquáticos, que prestavam uma última homenagem ao Director.

Dumbledore irrompeu em chamas e, segundos depois, um caixão branco estava no seu lugar. Algumas dezenas de setas voaram por cima deles, oriundas da Floresta.

Entretanto, algumas pessoas começaram a abandonar os seus lugares. Após alguns minutos, os campos estavam, praticamente, vazios.

Tudo acontecera muito depressa. A Ravenclaw pensou se estaria a sonhar ou não. Nada parecia real…

– Olha! – gritou o Slytherin.

Ela voltou à Terra e reparou que um mocho-real se dirigia a ela. Entregou-lhe a carta e partiu, perdendo-se no céu.

– De quem é?

– Não faço a mínima ideia. – respondeu ela, atónita.

– Então, é melhor abrires. Daqui a um quarto de hora partimos, no Expresso de Hogwarts.

Agnès anuiu e começou a abrir o sobrescrito:

"Querida Agnès,

Espero que te encontres bem, dentro do possível.

Por favor, lê tudo até ao fim. Eu sei que te custa ler as minhas palavras, mas eu preciso que tu saibas toda a verdade.

Já deves saber alguma coisa, certo? Já devem correr rumores sobre tudo o que aconteceu naquela noite. Já deves saber que eu e o Snape somos Devoradores da Morte. Foi o Snape, Agnès. Foi ele quem matou o Dumbledore.

Deves estar a pensar porque é que eu me juntei a Ele. Fica a saber que o Senhor das Trevas é muito persuasivo, quando quer. Ele obrigou-me a fazer tudo aquilo: a tentar arranjar o Armário de Desaparição, para que os Devoradores da Morte entrassem no castelo; obrigou-me a matar o Dumbledore. Eu não fui capaz. Bem tentei, mas não consegui. Mandei-lhe o colar amaldiçoado e o vinho envenenado. E, naquela noite, ele estava à minha mercê: fraco e desarmado. Mas eu não consegui. Eu não sou um assassino; posso ser traidor e desonesto, mas não um assassino.

O Senhor das Trevas disse que, se eu não o fizesse, me matava a mim e aos meus pais. Foi por isso. Dumbledore ofereceu-me ajuda e eu estava prestes a aceitar, quando chegou o Snape e o matou.

Consegues, agora, perceber-me?

E foi, também, por isso que eu te disse aquilo, quando o Blaise nos descobriu. Foi por isso que te ataquei: para te proteger. É estranho, não achas? No entanto, eu não podia deixar que o Lord das Trevas descobrisse que eu te amava.

Bem, agora já nada posso fazer. Posso morrer hoje mesmo e nunca mais te verei. É isso que mais me custa. Nunca mais te ver, nem beijar...

Espero que fiques bem, com o Blaise. Ele será um melhor namorado do que eu. Ele ama-te mesmo e está disposto a tudo por ti.

Adeus,

Draco Malfoy

P.S. – Falta-me confessar algo: eu fui a causa do fim do vosso namoro. Eu queria que ele te deixasse, portanto, convenci-o de que ninguém andava só com uma rapariga. Na verdade, cheguei a fazer chantagem com ele. Se ele não te traísse, eu contava que a mãe dele tinha morto todos os seus sete maridos. Mas não te preocupes; o Blaise não é igual à mãe.

P.S.S. – Amo-te, para sempre."

Os olhos da loira estavam rasos de água.

– De quem era? – perguntou o moreno, visivelmente preocupado.

– Era… do Malfoy. – respondeu ela, ao mesmo tempo que abraçava o Slytherin. – Oh, Blaise, fui tão injusta contigo! Porque não me disseste que ele estava a fazer chantagem contigo?

– Eu tentei, mas tu nunca mais quiseste falar comigo.

Ela secou as lágrimas e encarou Zabini. Entregou-lhe a carta, para que ele a lesse, e esperou, ansiosamente.

O rapaz abanava a cabeça, estupefacto. No final, apenas conseguiu articular duas palavras: "Nunca pensei!".

Ela anuiu e aproximou-se dele, com os olhos brilhantes de expectativa. Trémula, procurou a mão do rapaz, que susteve a respiração. Ergueu a cabeça, procurando fixar o olhar nos olhos dele.

Então, Blaise destruiu a distância que os separava, num gesto ansioso. Colou os seu lábios aos dela, desejando que a separação nunca mais se processasse.

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Nota da Autora: Esta foi a minha primeira fic, escrita há alguns anos, quando eu ainda era nova nestas andanças e pouco percebia do assunto. O Draco está descaracterizado; a Agnès parece-se muito com uma donzela frágil, ingénua e indecisa. Só posso considerar que o único que nem está mal de todo é o Blaise.

Anyway, decidi reescrever a fic. Não alterei a história, até porque não achei correcto. Limitei-me a melhorar um pouco o vocabulário usado, tentando "compor" a fic. Algumas diferenças poderão ser mais notórias do que outras…

De qualquer forma, quero relembrar que esta fic foi o meu primeiro passo, no fandom. Não é, nem de perto nem de longe, o meu melhor trabalho. Posso congratular-me por ter evoluído, em parte graças às pessoas que sempre comentaram as minhas historinhas. Obrigada.