Manhã fria e banhada pelo sol ainda morno. Da sacada de mármore, somente observava. Imóvel, recostado sobre o parapeito da sacada da varanda, observava as sombras que flutuavam sob o topo dos templos. A silhueta de pássaros recobria os telhados do santuário naquele dia. Nem sequer levantava o olhar para o céu, só seguia os desenhos das aves refeitos sobre o mármore. Perdido e confuso, mantinha sua atenção direcionada a uma única casa. Preso a ela, ainda se questionava o que havia acontecido na noite passada.

Num pensamento inusitado, corre o rosto por entre os lençóis desarrumados pela cama. Ainda não compreendia. Aqueles cabelos azuis espalhados pela cama traçavam por entre as cobertas o corpo másculo e bem definido do cavaleiro, que se distorcia entre murmuros e bocejos. Kamus, atordoado, ainda recolhia informações da noite passada, para tentar chegar a uma conclusão lógica do que havia acontecido. Voltando o rosto aos pássaros; cego e hesitante por instantes devido ao sol, é surpreendido por uma pomba que pousa logo a seu lado. Nega sua presença e continua a sonhar acordado. Sem notar, a pomba cisca e salta em sua direção. Porta em sua pata esquerda, um recorte de papel, preso ao metal acoplado a delicada pata do animal. Distraído com a vista, decide voltar para dentro do quarto, fechando a janela da varanda e ignorando a presença do pequeno ser. Ao passar do lado da cama, tenta se esquivar do corpo sonâmbulo que levanta aos poucos, o puxando para um abraço, mas é inútil."Só mais um pouco, ainda é cedo".Aquela voz imperativa o fez baixar a guarda e obedecer. Mas não era bem naquelas condições que esperava um beijo, no qual agora se envolvia."Milo..." Suspirou arrancando dúvidas do outro, que cessou o beijo, afastando os lábios quentes."O que disse, Kamus?"Lento nas respostas,divagou algumas palavras sem sentido,e respondeu com um "Nada,nada..." ...Virou o rosto, negando a continuação das carícias. Levantando-se novamente da cama branca desarrumada, seu corpo nu pesado caminha em direção ao banheiro, enquanto solta palavras secas e distantes a pessoa ainda dispersa do sono profundo:

"- Ande rápido que eu estou com o tempo curto. Preciso que vá embora o mais cedo possível".o cavaleiro, ainda meio letárgico, levanta suspeito e se arruma rapidamente, vendo o semblante sério na face do aquariano. Examina o quarto, notando que seus pertences estão espalhados pelo chão, recolhe todos e vai até a estante pegar seu relógio. Ao terminar, mesmo descalço, se move rapidamente para alcançar a porta e ir embora. Kamus nota um par de meias sendo deixado para trás ao lado do pé da cama, escondido por um dos lençóis. Antes que vire a maçaneta, Kamus o interrompe:

"-Espere!" Entregando as meias para o homem, agora com um rosto demonstrando nervosismo e ao mesmo tempo rigidez. Fala, no início gaguejando: "Eu... eu... limpa a garganta...Eu espero não ouvir comentários sobre esta noite. Aliás, considero que ela nunca se passou".Perplexo com a frigidez do aquariano, mas já acostumado pelo tempo que passaram juntos, concorda com o sigilo."Assim espero, Saga". Enquanto Kamus fecha a porta do aposento, Saga de gêmeos percorre o corredor da casa de aquário, com as meias nas mãos, um tanto surpreso e ao mesmo tempo abatido. Mas já esperava algo assim. No fundo sabia, que seu irmão jamais retornaria para seus braços. E acabaria fazendo uma besteira. Só não esperava ser tão repentina e tão cedo. Já no quarto, Kamus tentava raciocinar. Foi direito ao chuveiro e desabou sob uma ducha fria. Enquanto isso, lá fora, na varanda, observando a cena, o pássaro ainda aguardava, portando um singelo "Me perdoe" escrito pelo escorpião, nas patas.

continua...

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nota:uheiuehue...demorei mais de um ano pra voltar a escrever isso e sai essa coisa.obrigada por todos os comentários,principalmente o da DianaLua,muito prestativo.:D.Realmente a história está um pouco confusa,mas prometo q o próximo capítulo vou tentar esclarecer.Também,a passagem de tempo é meio em zig zag.uheheuhe...bom,comentem :D