Cap. 12 – Nada de Novo no Front

Silêncio. Escuridão. Vazio. E Camus ajoelhado, com a mão esticada tentando alcançar o nada, o grito preso na garganta. Não conseguia chorar, não conseguia gritar, não conseguia mais nada além de se desesperar. O coração, encolhido dentro do peito, a lhe martelar a cabeça com a sentença inevitável. "Matei o Milo!", conseguiu dizer num sussurro. Caiu sentado e levou as mãos à cabeça. Aquilo doía mais do que a morte: era morte em vida.

Levantou a cabeça e, pálido, observou o outro lado do rio. Não havia nada nem ninguém: nenhum movimento além da destruição do bombardeio que ele próprio ordenara. Os olhos crispavam num brilho desesperador. Ele, Camus, não era nada, não era nem a sombra do homem que um dia tinha sido. Um eco, um eco distante do jovem que uma vez fora brilhante. "Um espectro... é isso que eu sou, um espectro daquilo que um dia fui...", murmurou. Baixou os olhos, triste. Sem reação, abraçou-se às próprias pernas, maldizendo-se a si mesmo por não ter forças nem para chorar.

Monsieur, está tudo bem? Foi algo que eu fiz? – perguntou o jovem loiro sem entender absolutamente nada do que se passava.

Camus suspirou. Espectro ou não, ali precisavam dele. Não fora ordenado comandante-em-chefe da resistência por nada. L'Aquaire era jovem ainda, e agora esse fato pesava-lhe. Sentia o peso do mundo em seus ombros, e não havia ninguém a quem recorrer. Sentiu uma falta tremenda de Saga naquele momento, e se perguntou por onde andaria seu comandante. Mas se resignou, conformando-se com seu próprio destino. Se a França precisava dele, ele não iria Lhe falhar.

– Não, Hyoga, você fez tudo muito bem. Bem até demais. – conseguiu dizer Camus.

– Fico feliz... – murmurou o jovem.

Em volta, uma série de soldados mais ou menos da mesma idade de Hyoga observavam. Uns corriam de um lado para o outro, outros comemoravam, outros se escondiam, outros ainda choravam num canto chamando pela mãe. "Mon Dieu, todos tão jovens... mais jovens do que eu...", pensou Camus. – Qual sua patente, Hyoga? – perguntou o ruivo.

– Sou Sargento, Monsieur – respondeu o loiro.

Camus suspirou. – E que idade tem?

– 17 anos, Monsieur! – disse Hyoga.

Incroyable! Inacreditável! Como me mandam um rapaz de 17 anos pra ser meu primeiro auxiliar? – falou alto Camus, mais para si mesmo do que para o outro.

– Sinto muito, Monsieur! Os mais velhos ou estão nas cabeças de praia, tentando impedir que mais tropas desembarquem, ou estão em outros fronts... Muitos também foram remanejados para os ataques pelo mar e pelo ar... – respondeu o loiro de cabeça baixa.

– Ora não se culpe, Hyoga! Eu mesmo não sou tão velho assim e estou aqui, comandando vocês, não é mesmo? – comentou o mais velho.

– Ah, mas você é Camus L'Aquaire, Monsieur! Eu mal acreditei quando me disseram que eu viria para cá ser comandado pelo Senhor! Li todo seu prontuário, sua carreira é simplesmente brilhante. Pretendo seguir seus passos... – tornou Hyoga com ânimo.

Camus sorriu, esquecendo-se por um tempo de suas inquietações. – Muito bem, Sargento Hyoga, muito bem! Espero que consiga tudo o que deseja!

– Conseguirei com certeza, ainda mais agora com o Senhor para me ensinar... – comemorou o mais jovem.

Nesse momento, um rapazinho veio correndo segurando um caldeirão, acompanhado por um outro que equilibrava como podia um monte de pratos. Foram jogando as porções de comida para os homens que, sentados próximos ao rio Sena, desfrutavam da calmaria que se seguia ao bombardeio bem sucedido.

– Ah, isso é a guerra... onde estamos com a cabeça, pelos deuses? – murmurou Camus.

Comeram a sopa (ou fosse lá o que aquilo fosse) e se ajeitaram como foi possível. Não havia casas suficientes em Rouen para receber todo o regimento, que foi obrigado a dormir ao relento. O local escolhido por Camus para se acomodarem foi próximo à Catedral, na beira do rio, pois intuiu que por mais que os ingleses atacassem iriam tentar proteger a Igreja que, afinal de contas, era um patrimônio histórico de toda humanidade. O mais velho observou os homens a que comandava: uns fumavam, outros jogavam cartas, outros jogavam conversa fora. Mas todos eles tinham um ponto em comum: as caras preocupadas. "Preciso injetar ânimo nesses meninos... só não sei como", pensou o ruivo.

– A verdade, Monsieur, é que vamos todos morrer. É impossível lutar contra Inglaterra e Estados Unidos juntos, e esta guerra está perdida! A vitória hoje foi um mero obstáculo que será facilmente transposto pelos inimigos. Sorte de principiante, até, eu diria... – comentou outro jovem que se aproximou de Camus e Hyoga.

– E você, quem é? – perguntou o comandante.

– Sargento Isaak, Monsieur! – respondeu o rapaz em questão.

– Bem, Isaak, talvez você esteja errado... talvez a França precise de muito mais que isso para cair... historicamente vimos travando batalhas intermináveis com a Inglaterra, e até hoje eles continuam na ilha deles e nós nesta terra! – argumentou Camus.

– Mas Monsieur... – começou Isaak.

Allons enfants de la Patrie le jour de Gloire est arrivé! Contre nous de la tyrannie, l'etendart sanglante est levé, l'etendart sanglante est levé! – começou Camus baixinho. – Entendez-vous dans les campagne, mugir ces feroces soldats? Ils viennent jusque dans nos bras, égorger nos fils nos compagnes! – continuou num sussurro.

Aux armes, citoyens! Formez vos bataillons! Marchons, marchons, qu'un sang impur... abreuve nos sillons! – responderam os soldados em coro.

Que veut cette horde d'esclaves, de traîtes, de rois conjurés? Pour qui ces ignobles entraves, ces férs dès longtemps preparé? Ces férs dès longtemps preparé? Français! Pour nous, ah! Quel outrage! Quels transports il doit exciter; c'est nous qu'on ose méditer de rendre a l'antique esclavage! – continuou Camus já um pouco mais alto.

Aux armes, citoyen! Formez vos bataillons! Marchons, marchons, qu'un sang impur... abreuve nos sillons! – responderam os soldados praticamente gritando.

Cantaram todas as 12 estrofes da Marsellaise, o belo hino francês. Até que chegou a parte mais emocionante da canção forjada durante o calor da Revolução Francesa. Camus suspirou e cantou junto de seus jovens comandados. – Nous entrerons dans la carrière, quand nos aînés n'y seront plus. Nous y troverons leur poussière, et la trace de leurs vertis, et la trace de leur vertis. Bien miens jaloux de leur survivre que de partager leur cercueil, nous aurons le sublime orgueil, de les venger ou de les suivre!

Aux armes, citoyens! Formez vos bataillons! Marchons, marchons, qu'un sang impur... abreuve nos sillons! – gritaram em uníssono.

Enfants que l'Honneur, la Patrie, fassent l'objet de tous nos voeux! Ayons toujours l'âme nourrie des feux qu'ils inspirent tous deux, des feux qu'ils inspirent tous deux! Soyons unis! Tout est possible! Nos vils ennemis tomberont, alors le Français cesseront de chanter ce refrain terrible! – cantou Camus, de pé, com toda a força de seus pulmões.

Aux armes, citoyens! Formez vos bataillons! Marchons, marchons, qu'un sang impur... abreuve nos sillons! (1) – gritaram todos eles, em pé, com a mão no peito, orgulhosos de serem filhos da França, les enfants de la Patrie. A confiança havia sido recobrada.

Nem Camus, nem Hyoga, nem Isaak, nem nenhum daqueles que estavam do lado francês de Rouen souberam, mas ingleses e americanos tremeram ao ouvir aquele hino gritado com tanta força e ânimo pelos inimigos, do outro lado do rio.

-X-X-X-

Kanon levantou-se e sorriu. Passou as mãos pelos longos cabelos, bagunçando-os um pouco. Vestia calça e blusa pretas, e um sobretudo da mesma cor. Enrolada no braço direito havia uma faixa que denotava importância: havia se tornado um lorde. Sir Kanon Gemini.

– Ora ora, como devo lhe chamar agora? Sir? Sire? Senhor? Milorde? – perguntou o homem recém chegado, aproximando-se do outro.

– Duque da Normandia está bom para você, Julian! – respondeu Kanon rindo.

– Pois sim! O dia que você for nobre, Kanon, pode me chamar de deus! – disse Julian ironicamente.

– Ah, que de deus você não tem nada... – tornou Kanon já pegando um copo de champagne e entregando ao amigo.

– Tenho sim! As Organizações Solo dominam os mares, meu amigo, com seus enormes petroleiros... Eu poderia ser até Poseidon, meu caro! – brincou Julian.

– É essa sua megalomania que me faz gostar de você, Julian! – respondeu Kanon em tom de deboche.

Julian riu. – A verdade é uma só, Kanon. Juntos, fazemos uma dupla e tanto!

– Um brinde, Julian, à vitória! – pediu Gemini e os dois homens bateram as taças, fazendo ecoar no recinto o som da soberba.

– E um brinde com champagne francesa... amo suas ironias, meu caro! – disse Julian. – Mas me diga, quais os passos agora?

Kanon sentou-se e olhou para o amigo, sorrindo. – Julian, em poucos dias eu farei um discurso... em nome da Inglaterra, para o povo da Inglaterra. Serei o novo primeiro-ministro, a pedido da Rainha. Naturalizei-me britânico!

– Kanon, quem você tá comendo pra conseguir subir assim tão rápido? – perguntou Julian.

Gemini gargalhou com gosto. – Você não acha que eu seria capaz de comer a Rainha, não? Ou o Príncipe orelhudo? – perguntou. – Nem responda, Julian, nem responda... não, não é isso não... é que meu poder de persuasão é muito grande... afinal, ainda tenho o satélite nas mãos... e poderia vendê-lo pra quem eu quiser, entendeu?

– Claro que sim, acha que eu sou burro? E sobre o que você irá discursar? – tornou Julian.

– Sobre o fim do mundo, Julian... sobre o fim do mundo... – respondeu Kanon.

– E Saga? Tem tido notícias dele? – inquiriu Julian.

Kanon suspirou. – Você tinha que tocar no nome dele? Não, não faço a menor idéia de onde ele esteja. Eu por mim gostaria que ele estivesse morto e enterrado.

– Não diga besteiras, Kanon. Nós fomos muito unidos: você, eu, Saga, Aiolos, Mu e Shaka. Ou você não se lembra disso? – afirmou Julian inquisitorialmente.

– Infelizmente, Julian, eu me lembro. Lembro do treinamento, lembro de tudo. Tudo mesmo. Você também deve estar lembrado... nunca engolimos aquilo, não é mesmo? – disse Kanon com os olhos baixos.

– Não mesmo! E eu por mim matava Saga e os outros com minhas próprias mãos sem dó. Mas daí a colocar o mundo inteiro em guerra por causa disso... será que não estamos indo longe demais? – argumentou Julian num lapso de sanidade.

– Ora não me faça rir. A vingança poderíamos tê-la de um sem número de formas. Essa guerra não tem nada a ver com vingança, Julian. Tem a ver com poder e glória, meu caro! – tornou Kanon com os olhos crispados.

Julian sorriu. – O mundo será nosso!

– Ele já é nosso! – finalizou Kanon, sorvendo de um só gole o resto da champagne de seu copo.

-X-X-X-

Camus virava-se de um lado para o outro. Precisava dormir de qualquer jeito. Tinha decidido atravessar o rio e ir atrás de Milo nas primeiras horas da manhã do dia seguinte, quando o sol ainda não tivesse nascido. Em seu íntimo, culpava-se por ter desferido aquele ataque e rezava para todos os deuses para que o inglês não estivesse morto. "Afinal, sem ele, a vida não faz o menor sentido... Caminhei até hoje sozinho, no vazio, sem rumo. Milo é meu norte. Se eu destruí o Milo, destruí meu chão... e vou cair!", pensou Camus. Abriu os olhos, desistindo de lutar contra seus próprios pensamentos.

Monsieur, também não consegue dormir? – perguntou Hyoga.

– Não, não consigo... mas e você, o que te incomoda, Hyoga? – tornou o ruivo, esfregando os olhos e sentando-se.

– Deixei alguém muito importante pra trás... em Paris. – disse o loiro de cabeça baixa.

– Todos deixamos pessoas importantes para trás, Hyoga! – argumentou Camus.

– Sim, Monsieur, mas não eu disse o que queria dizer. E agora tenho medo de morrer e não poder nunca mais dizer o que sinto, sabe? – tornou Hyoga com olhos tristes.

Camus suspirou. – Ah, meu caro, sei bem do que você está falando... mas aquiete-se, você cantou a Marselhesa conosco e sentiu o poder que ela tem. Logo logo estaremos em casa, com a guerra vencida! E você poderá dizer aquilo que não disse!

Monsieur, quer ouvir uma coisa engraçada? Eu nem sou francês... sou russo. Naturalizei-me francês porque minha família imigrou muito cedo... – contou Hyoga.

– Hyoga, meu caro, se a França lhe deu morada, lute por Ela! – pediu Camus.

– Não luto pela França, Monsieur. Luto pelo Senhor. Luto por meus amigos. Pela memória de minha família. E luto por aquele a quem amo e deixei para trás. Lutar por terra não faz o menor sentido, Monsieur – argumentou Hyoga.

Camus nada respondeu. Somente suspirou, tentando achar palavras para animar seu soldado. Mas não conseguiu, afinal o argumento de Hyoga parecia incontestável. Embora amasse a França com todo seu coração, com toda sua força, sabia que não valia a pena matar e morrer daquele jeito. Não mesmo. Mas não cabia a ele decidir, e lutaria até o fim se fosse preciso. A verdade é que Camus estava confuso, muito confuso. Tudo o que acreditava ser certo agora lhe parecia errado, e vice-versa. E no meio disso tudo, ainda tinha aquela guerra. Maldita guerra.

– Hyoga, eu vou precisar de um favor seu. Amanhã de manhã vamos eu, você, Isaak e mais alguns pro outro lado do rio... – pediu Camus.

– Por que isso, Monsieur? Por que se arriscar dessa forma? – inquiriu Hyoga assustado.

– Porque precisamos saber se fomos bem sucedidos mesmo ou se essa calmaria toda é só tática, Hyoga. Conheça teu inimigo, essa é a primeira lição que eu te ensino! – respondeu Camus e Hyoga balançou a cabeça afirmativamente, feliz por estar sendo guiado por aquele a quem considerava um grande mestre.

Camus suspirou, resignado. Odiava mentir, enganar. Mas era preciso. Deitou, virou-se para o lado e fechou os olhos, tentando dormir. Mas de quando em quando a imagem de Milo desfigurado por uma de suas bombas tomava-lhe a mente, embaralhando seus pensamentos. "Essa vai ser uma longa noite...", pensou, ajeitando-se mais uma vez.

-X-X-X-

Os olhos brilhavam pelo calor da batalha. Não que estivesse em uma no momento, embora já tivesse participado de muitas. Mas ele sabia, tinha certeza, de que sua participação nessa guerra seria considerada a batalha decisiva. A batalha que ganharia a guerra. E a travaria nos bastidores. Sorriu. Entretanto logo depois baixou os olhos, entristecido. Lembranças vieram à tona, e remoíam seus pensamentos. Travaria essa guerra com seu irmão. Como Caim e Abel, ligados pelo amor e pelo ódio, cabia aos dois irmãos decidirem o futuro. Talvez tivesse o mundo nas mãos, e o mundo era muito pesado.

– Calma, Saga... eu imagino o que você deve estar sentindo, mas dará tudo certo. Aiolos já nos deu o posicionamento de Camus, que por um golpe do destino está bem próximo de Milo e Aldebaran. Pelo que pude levantar, Másquera, Aiolia e Shura também estão se encaminhando para o mesmo campo de batalha, em Rouen. Shina e Marin ainda têm paradeiro desconhecido, mas já estamos verificando, Saga. Ao que parece, os deuses estão a nosso favor... – disse Shaka, pousando levemente sua mão no ombro do amigo.

– Não me bastasse carregar o peso de saber que meu próprio irmão desencadeou todos esses eventos, amigos, eu ainda carrego o peso de não fazer nem idéia de onde esteja a Shina. E você ainda me fala que os deuses estão a nosso favor, Shaka? Eu fico aqui imaginando se não estivessem... – murmurou Saga, colocando sua mão por sobre a mão de Shaka.

O indiano e o tibetano sorriram. – Saga, tenho bons pressentimentos. Não se desespere ainda! – consolou Mu.

Saga se levantou e caminhou pelo corredor da aeronave militar. – No fundo, isso tudo é culpa minha... eu não devia ter agido daquela forma com o Kanon, há anos atrás.

– Nós não deveríamos, não é, Saga? Afinal, estávamos todos lá... – pontuou Shaka de olhos fechados. Tinha o semblante triste.

– O problema é que o Kanon sempre foi intempestivo, rebelde. E ali não conseguimos lidar com isso, não se culpe, Saga. – consolou Mu.

Gemini enfiou a mão no bolso e retirou uma foto de lá. Jogou para os amigos. – Onde estão Kanon e Julian, que não aparecem na foto? Vocês sabem porque eles não aparecem, não é? – gritou. Atirou outra foto aos companheiros, e Mu a pegou no ar. Nesta, estavam os seis: Mu Lemurbéli, Shaka Virgo, Aiolos du Sagittaire, Saga e Kanon Gemini e Julian Solo, todos vestidos em suas fardas, com as feições sérias. Pareciam mais jovens na foto. – Isso foi antes de tudo... Kanon já era desse jeito, mas se eu tivesse cuidado dele, talvez hoje as coisas fossem diferentes... – pontuou Saga. Não mais agüentou e derramou uma lágrima. Estava perdido.

Mu e Shaka baixaram os olhos, condescendentes. Sabiam que se era para culpar alguém pelo que estava acontecendo, eles também entrariam na lista., juntamente com Aiolos. Mas nessas horas o sangue fala mais alto, e os dois agentes da inteligência da OTAN não conseguiam nem conceber a dor que Saga estava sentindo. Talvez a guerra reclamasse a vida de seu irmão, e eles sabiam que Saga preferiria que o matassem trinta vezes antes de atingir seu próprio sangue. Porém algo lhes dizia que Saga preparava-se para ele mesmo ceifar a vida de Kanon. Como Caim e Abel ao contrário. Os dois deram-se as mãos, trocando um olhar que dizia tudo. Suspiraram resignados, pedindo aos deuses para que o avião chegasse o mais rápido possível em Rouen.

-X-X-X-

Acordou sobressaltado. Tateou o lado em busca de Milo, mas não encontrou nada. "Droga, foi um sonho... um sonho lindo!", pensou. Lembrou-se de dias antes, quando achara que tudo tinha sido um sonho mas o inglês estava mesmo dormindo como um anjo em seus braços. Sorriu. Sentiu o vento cortar-lhe os ossos e respirou fundo, sorvendo o ar frio da madrugada como se aquilo fosse lhe dar forças para o que vinha pela frente. Observou o rio, e a neblina que vinha dele dava a impressão de que alguém tinha acendido o fogo e colocado toda a água caudalosa para ferver. Sorriu satisfeito, pois o clima cooperara com seu plano: através da neblina, poderia caminhar do outro lado, entre seus inimigos. Talvez assim achasse Milo.

Monsieur, estou voltando da ronda... – murmurou o rapaz, pousando o cabo de metralhadora a seu lado.

– E então, Isaak? – perguntou Camus, esfregando os olhos.

– Somente o silêncio, a escuridão e o vazio, Monsieur. Nada de novo no front! – respondeu Isaak.

Camus bufou e resmungou. – Não sei se isso é bom ou ruim... enfim, acorde Hyoga. Escolham alguns de seus soldados, nós vamos observar o outro lado do rio – ordenou o ruivo. Isaak fez que sim com a cabeça, bateu continência e foi cumprir as ordens de seu superior. Pouco tempo depois, Isaak, Hyoga e mais cinco homens estavam parados à frente de Camus, aguardando ordens.

O ruivo se levantou e fez um sinal com as mãos para que os outros aguardassem. Foi caminhando sorrateiro pela margem do rio. Parou e apoiou o queixo com uma das mãos, pensativo. "Se formos a nado, vamos molhar as armas e isso talvez nos custe as vidas... precisamos atravessar o rio e as pontes estão destruídas... devo confessar pra mim mesmo que isso dificulta e bastante a vida das pessoas, boa tática!", pensou Camus, felicitando-se a si mesmo. Continuou caminhando, procurando por algo que tinha certeza que estaria por ali. "Ah, muito bem... os camponeses de minha terra nunca me decepcionam!", comemorou internamente ao ver o pequeno barco de madeira ancorado na beira do rio. Com um assobio longo, imitando um pássaro comum na região de Haute Normandie, Camus L'Aquaire chamou seus comandados.

Subiram na rústica embarcação quietos. Não havia nada, nenhum som. Somente a escuridão envolta pela neblina gelada. Um calafrio percorria-lhes a espinha, e a angústia crescia a cada centímetro que venciam em direção aos inimigos. O barco singrava tranqüilo, mas em seu interior corações e mentes pesavam aflitos. Quando chegaram na outra margem do rio, Camus, que vinha na frente, de um pulo saltou e com um gesto ordenou que ficassem embarcados. Fez um breve reconhecimento do terreno, e só então permitiu que seus comandados descessem.

Camus L'Aquaire era um comandante à moda antiga. Como os antigos reis bárbaros de outrora, ia na linha de frente. Se fosse para morrer, ele morreria antes de seus homens. Não conseguia perdoar homens como os políticos e generais que, escondidos atrás de uma mesa de mogno e protegidos por enormes paredes impenetráveis, davam as ordens para que outros morressem em nome de seus próprios interesses. Ao lado de Joana D'Arc, Carlos Magno era a personalidade histórica que mais admirava. Em comum, ambos tinham a paixão: pela França, pelo povo. Foram forjados no calor das batalhas, e a isso Camus admirava.

Foi caminhando à frente, Hyoga e Isaak iam lado a lado logo atrás de si, sendo seguidos de perto pelos outros homens. Foi com temor que Camus percebeu que não era possível enxergar nada a não ser a poucos centímetros de distância. Arrepiou-se, pois sabia que o que estava fazendo era mais do que temeroso. Mas respirou fundo e seguiu em frente: precisava, precisava achar Milo. Vivo. Custasse o que custasse, doesse a quem doesse.

– Calmo, tudo muito calmo... – murmurou tão baixinho que nem mesmo Hyoga e Isaak ouviram. Não enxergava nada, absolutamente nada, a não ser as casas destruídas, os escombros que ele mesmo criara. Observou sua obra e seus olhos brilharam em desespero: era praticamente impossível que muitos tivessem sobrevivido. Maldisse-se a si mesmo pelo gênio militar com que fora presenteado desde criança. "Tarde demais...", pensou, com os olhos azuis tristes e marejados.

Monsieur, eu não quero ser chato mas isso aqui está muito estranho... acho que devemos voltar... – murmurou Hyoga.

– Não, quero ficar mais um pouco. Ainda tenho... esperança! – sussurrou Camus.

Continuaram andando por entre os escombros. A manhã foi surgindo, e ao longe nasciam pálidos raios de sol ainda débeis demais para aquecer ou iluminar. Com o sol, talvez viesse a esperança. A luz. Ou não: talvez o sol fosse capaz apenas de iluminar toda a destruição, todo o ódio, incompreensível e incomensurável ódio, que fazia com que irmãos se matassem uns aos outros por um motivo que lhes era desconhecido.

– Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, morraaaaaaaaaaaaaaaaaa, francês dos infeeeeeernos! – gritou um homem e pulou em Camus.

O francês em questão abriu os olhos no mais puro espanto. Poderia ser verdade? Seria aquele homem transfigurado, com os olhos esbugalhados pelo terror e as faces negras pela fuligem, seria mesmo Milo? Viu que Hyoga e Isaak faziam menção de partir pra cima do inglês e com um gesto ordenou que parassem. – M-milo? – gemeu baixinho.

– Morra, morra, morra... – dizia o inglês como um mantra. Apertava o pescoço do ruivo com todas as suas forças: queria estrangulá-lo, esfolá-lo, tirar dele todo sopro de vida que ainda restava. Encarou os olhos azuis do ruivo e apertou ainda mais suas mãos em torno do pescoço alvo.

– S-sou e-eu, Milo... – murmurou Camus com dificuldade.

Milo baixou os olhos e chorou. Forçou ainda mais a jugular do francês por entre suas mãos fortes. "Estou delirando... vejo Camus nesse homem, ouço nele sua voz... mas não pode ser... aqui, é matar ou morrer. Eu não vou hesitar!", murmurou baixinho para si mesmo.

Camus cerrou a boca e os olhos, sentindo sua garganta fechar cada vez mais. Poderia afastar Milo, mas não tinha forças para fazê-lo. A felicidade por vê-lo vivo era tão grande que ele não se importaria nem um pouco de morrer. Ainda mais por aquelas mãos, as mesmas mãos que, de uma forma estranha, lhe trouxeram à vida.

Os homens de Camus observavam a tudo atônitos. Aos poucos, outros soldados foram surgindo. Mas, ao invés de se digladiarem entre si, somente esperaram. Viam seus comandantes naquela situação estranha e, sem entender nada, esperavam. Com acenos de cabeça, franceses e ingleses se entenderam, e aguardaram pelo desfecho daquele estranho encontro sob a neblina.

– S-sou e-eu, mon ange... Camus... a Bri... – murmurou o francês mais uma vez, sentindo que já não conseguiria mais respirar.

Milo soltou o pescoço de Camus e deu dois passos para trás. – É-é v-você? É você mesmo? – perguntou atônito.

O francês caiu de joelhos, em busca de ar. Logo depois acariciou o próprio pescoço, que doía pelo quase estrangulamento. – Ai, Milo, essa doeu... – disse, levantando os olhos azuis para o inglês.

Milo caiu ajoelhado em frente a Camus. Os dois se olharam durante um longo tempo, sem se tocar. Os olhos de ambos marejavam. – Desculpa, Bri. É que tomei muita bomba na cabeça... – murmurou Milo, sorrindo.

Mea culpa, Milo, mea maxima culpa... – disse Camus. – Eu... e-eu quase te matei, Milo, me perdoa, me perdoa por tudo, e-eu não quis fazer isso, n-não quis te magoar. Eu sou um idiota, um estúpido... m-mas e-eu... e-eu... – foi dizendo Camus entre soluços. Chorava, chorava muito. Derramava ali, em meio às ruínas, as lágrimas acumuladas de uma vida.

O inglês acariciou a face de Camus. Também chorava. Estava emocionado, muito emocionado. Ele, que sempre fora um hedonista, um amante dos prazeres da vida, jamais imaginou um dia que pudesse se apaixonar. Assim, verdadeiramente. Mas estava entregue, completamente entregue ao inimigo que jazia ajoelhado e indefeso à sua frente. Sorriu. – Não se culpe, Camus. Não é sua culpa, não é minha culpa: a culpa é dessa maldita guerra. Maldita, maldita guerra... – disse chorando.

Os dois se olharam mais uma vez. Na garganta, o nó da angústia; nas costas, o peso do mundo. Presa, a revelação. Nunca tinham dito, embora o sentimento fosse tão grande que mal cabia no peito. Talvez fosse chegada a hora de dizer. Ali, em meio aos escombros, na frente de seus comandados. Mas quem ligava? Só havia os dois e o rio: nada mais importava.

– Eu te amo! – disseram ambos os amantes em uníssono.

Abraçaram-se sorrindo. Apertaram-se. Mal podiam acreditar que estavam ali, presos àquele a quem amavam. Sufocavam-se: ambos sentiam a necessidade imensa de ser do outro, de ter o outro. Um sentimento egoísta de possessão, porém compreensível. Perderam-se um ao outro por tantas vezes que mal podiam acreditar que a sorte estava a sorrir-lhes. E não, dessa vez Camus não ia desperdiçar, não ia virar as costas para a felicidade uma vez mais.

E então o francês acariciou o rosto de Milo, e prendeu-lhe a face com as duas mãos, forte. – Eu nunca, nunca mais vou te deixar! – murmurou baixinho, com a testa colada a de Milo, encarando-o nos olhos. Com um gesto, ordenou que seus homens fossem embora. Incrédulos, ingleses e franceses, os inimigos, viram seus comandantes trocarem um beijo ardente e apaixonado, cheio de paixão e volúpia. Mas, mais que isso: cheio de amor, amor que não era mais escondido.

Separaram o beijo em busca de ar. Camus apoiou o rosto de Milo em seu peito e olhou para os lados. Tinha os olhos faceiros e uma expressão marota, tão diferente daquele Camus compenetrado e sério de sempre. Sorriu, pensando em como ficava rendido ao lado de Milo, e como, agora, não dava mais a mínima para isso. – Viens, mon ange. Venha comigo... – pediu num sussurro ao pé do ouvido do inglês.

– Claro que vou, Bri. Sussurrando assim em francês no meu ouvido, eu sou capaz até de gritar Vive la France! Afinal, você é beeeeeeeeeeeem mais bonito do que a Rainha Elizabeth... do que o Príncipe Charles, então, nem se fala, né? – respondeu Milo e apoiou o braço no pescoço de Camus.

O francês gargalhou. – Só mesmo você pra brincar com uma coisa dessas... – murmurou, levantando-se a si e ao outro. Pegou Milo pela mão e foram caminhando, alegres, até o barquinho, que jazia quieto na margem do rio. Subiram na pequena embarcação e Camus empurrou a margem com o pé. O barquinho foi navegando, sozinho, à deriva por entre a neblina.

Beijaram-se com sofreguidão. Por tantas vezes que não souberam contar. Por tanto tempo que não souberam precisar. Esfregavam-se um no outro como que para demarcar território: o outro corpo era seu próprio corpo também, e lhe pertencia. Em pouco tempo, as fardas jaziam no chão do barco, molhadas pela água do rio e pelo suor do desejo. Exploravam com as mãos e com a boca cada reentrância, cada canto escondido do corpo um do outro. Não tinham a menor pressa naquilo: queriam, precisavam se conhecer. Ao extremo. Ao máximo. De todas as maneiras que podiam ser conhecidos. O sol já estava alto, e mesmo assim não se importavam. Somente pararam quando, exaustos, explodiram juntos de prazer incomensurável. Ofegantes, abraçaram-se, sorrindo e satisfeitos.

Milo apoiou o perfil no peito de Camus, beijando o tórax nu. – Nem acredito que você está aqui, comigo – murmurou.

O francês acariciou a face do outro e suspirou. – Nem eu. E pensar que eu mandei bombardear isso tudo... – disse.

– Não se culpe, já falei. A culpa não é sua! – afirmou Milo, levantando a cabeça e encarando Camus nos olhos. O francês assentiu com a cabeça, e ele voltou a deitar. – Mas como soube que eu estava aqui?

– Eu liguei para o Afrodite. Na verdade, liguei para a Marin e ela me deu o telefone do seu irmão. Ele me disse que você estava aqui, em Rouen, a poucos passos de mim... – contou Camus e deu um beijo no topo da cabeça de Milo. – Aliás, duas coisas me intrigaram: uma, que ele me perguntou do Másquera...

– Ih, Camus, você não sabe da missa a metade... digamos que ele e meu irmão tiveram também alguns momentos movimentados como o nosso de agora há pouco... – respondeu o inglês, brincando.

– Logo vi... mas não sei dele... ele deve chegar em pouco tempo, eu pedi reforço de tropas italianas... espero que cheguem logo... mas por que é que eu estou contando isso pra você? – perguntou o ruivo, dando um croque de leve na cabeça loira de Milo.

– Ai, Bri! – resmungou Milo esfregando a cabeça. – Porque, meu querido, você está literalmente dormindo com o inimigo... – murmurou Milo e pousou os lábios nos de Camus.

– Dormir foi tudo o que a gente não fez, né? – brincou Camus.

– Com certeza! E que bom! Agora me diz, qual outra pergunta que você queria me fazer? – tornou o inglês, curioso.

– Ah, sim... onde está o Deba? – indagou o ruivo.

– Ele ficou com os reforços, atrás de minhas tropas... ou você pensou mesmo que um bombardeiozinho desses ia acabar com a gente, hein? – replicou Milo.

Camus suspirou. – Bom, acho que está na hora então de nos vestirmos e irmos ter com ele... precisamos acabar com essa loucura, Milo, nós mesmo!

– Concordo, Bri... Infelizmente, concordo... porque por mim eu ficava é nesse barquinho pro resto da vida... – comentou Milo já dando um jeito de se vestir.

Pouco tempo depois, e já vestidos, Camus e Milo remavam de volta ao campo de batalha. Os olhos brilhavam de satisfação, luxúria, paixão e amor.

– Milo, vamos fazer assim... eu te deixo do outro lado, e você vai procurar o Deba. Tem notícias do Shura? – começou Camus.

– Não, embora a Espanha seja nossa aliada, não ouvi nada dele... – tornou Milo meio entristecido.

– É, nem eu do Olia... justo ele, que a Marin me pediu tanto pra proteger! Mas enfim, eu vou até meu lado ver se o Másquera já chegou... daremos um jeito de nos encontrar à noite, eu venho com o barco. Vê se não deixa ninguém matar a gente, pelamordedeus! – pediu Camus.

– Eu hein? Matar você e o Mask de uma vez só? Eu não ia agüentar de tristeza e ainda por cima ia ter de agüentar o Dite bravo... ninguém merece! – respondeu Milo.

– Só você mesmo... – riu o francês. Beijou os lábios do outro e deixou-lhe na margem inglesa do rio. – Só pra você não esquecer, eu te amo, tá? – disse.

Milo voltou correndo para mais um abraço e outro beijo. – Também te amo, Camus. Muito. – disse e saiu correndo, sumindo em meio aos escombros.

Camus suspirou e voltou para seu lado da margem. Viu Hyoga e Isaak ainda molhados: ficou claro que tinham vindo nadando do outro lado, mas estavam bem. Hyoga olhou-lhe com ainda mais admiração do que antes, pois viu que seu comandante tinha muito mais pontos em comum com ele do que poderia julgar.

Monsieur, os italianos chegaram... – informou Isaak, encarando o superior meio ressabiado.

– Finalmente! – comemorou Camus. – E onde está o comandante deles?

Ma que, não me reconhece mais não, seu pazzo? Estou bem atrás de você, porca miséria! – disse uma voz conhecida atrás de si, dando um pedala no pescoço roxo do ruivo.

– Ai, no pescoço não que dói! – exclamou o francês. Sorriu. – Másquera, que bom te ver aqui! – tornou o francês, abraçando o amigo com gosto.

– Digo o mesmo, Camus. Agora venha, preciso te falar uma coisa... – murmurou o italiano baixinho. Foram os dois caminhando quietos até um local mais afastado. – O Saga está vindo pra cá, Camus. Pra Rouen. Acredite você se quiser, mas ele quer que nós, o Batalhão Alfa, nos reunamos novamente, mesmo sendo todos inimigos agora. Acho que ele tem planos, Camus... – contou Másquera.

– Mal posso esperar para que ele chegue, meu amigo. Mas agora venha, temos muito que conversar... e além disso, tenho que te proteger! – afirmou o francês, puxando o outro pelo braço.

Ma me proteger? Tá ficando louco? – tornou Másquera surpreso.

– É uma longa história, meu amigo... uma longa história... – tornou Camus sorrindo.

– Conta! Sou todo ouvidos! – disse o italiano, sentando-se e encarando o ruivo nos olhos.

"Como é bom ter amigos...", pensou Camus. Esqueceu-se da guerra, esqueceu-se que o mundo ardia em chamas. A felicidade era tão grande que mal cabia no peito.

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1. La Marseillaise, a Marselhesa, o hino da França. Desculpem por colocá-la aqui, mas senti uma necessidade incrível. Traduzo as estrofes que usei, lembrando que o "Às armas cidadãos!" é o "Aux armes citoyen!", que sempre aparece como refrão. Vamos lá.

Vamos filhos da Pátria, o dia de Glória chegou. Contra nós da tirania, o estandarte ensangüentado se ergueu, o estandarte ensangüentado se ergueu. Ouvem nos campos rugirem esses ferozes soldados? Eles vêm até os nossos braços, degolar nossos filhos e nossas mulheres.

Às armas, cidadãos! Formem seus batalhões! Marchemos, marchemos, que um sangue impuro, embebe nossos campos!

O que quer essa horda de escravos, de traidores, de reis conjurados? Para quem esses ignóbeis entraves, esses grilhões há muito tempo preparados? Esses grilhões há muito tempo preparados? Franceses, ah vós, ah, que ultraje! Que comoção deve suscitar! É a nós que consideram, retornar á antiga escravião!

Entraremos na batalha quando nossos anciãos não mais estiverem. Lá encontraremos as suas cinzas, e os resquícios de suas virtudes! E os resquícios de suas virtudes! Bem menos desejosos de lhes sobreviver que de partilhar o seu esquife, teremos o sublime orgulho de os vingar ou os seguir!

Crianças, que a Honra, que a Pátria, sejam objetos de todas as nossas vozes! Tenhamos sempre a alma nutrida, dos fogos que inspiram os dois, dos fogos que inspiram os dois. Sejamos unidos! Tudo é possível! Nossos vis inimigos tombarão, e então os franceses cessarão, de cantar esse refrão terrível.

Curiosidade: as últimas duas estrofes devem ser cantadas por crianças. Chega a ser cruel, né?

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A/N: Mais uma atualização relâmpago... mas essa é por um bom propósito, acho que vou viajar fim de semana que vem e a fic vai ficar 15 dias parada.

Sobre o título: vem do livro (que virou filme) Nada de Novo no Front, de Erich Maria Remarque. Um libelo pela paz, recomendo!

Sobre o capítulo, tenho alguns comentários. Acho que ficou claro que eu sou muito a favor da França, né? Buenas, culpem meu sangue, meu avô era de lá! Espero que a parte da Marselhesa não tenha ficado maçante, mas é que os franceses são tão patriotas, e tão ligados nesse hino, que eu achei que nada seria mais normal do que fazê-los cantar para se animar para a guerra.

Quanto à idade de Hyoga, Isaak e os soldados: é tão difícil fazer coisas assim com Saint Seiya! Eles são muito novinhos... mas se vocês pensarem que na I Guerra jovens de 16 anos iam lutar, até que não ficou tão ruim assim...

Camus e Milo: eu ia fazer um lemon mas o capítulo estava grande demais... aí fui obrigada a fazer um parágrafo só. Bom, haverá outras oportunidades pra minha mente pervertida... Ah, e claaaaaaaaaaaaaro, aí estão os dois juntos de novo. Pelo menos até o próximo bombardeio ou hecatombe, rs.

Próximo capítulo: A Liberdade é Azul. (acho, né, é sempre bom dizer que é um título provisório)

Mi-chan: Parabéns adiantadooooo. A ceninha Hyoga arrependido por não ter dito algo para alguém especial é pra você! Espero que tenha curtido! Depois tem mais...

Bem, bem, me despeço por aqui... até a próxima. Vamos aos recados anônimos!

Tsuki-chan: É, o Camus é simplesmente fantástico... suspira Perfeitoso, todo líder e tals. Pena que ele é do Milo, rs. Não se deprima: a gente precisa tocar nesses assuntos tristes e polêmicos justamente para evitar que a coisa aconteça de verdade. Pelo menos é o que eu penso. Espero que você tenha gostado desse capítulo! Até o próximo!

Nine66: Sim, sim, a culpa foi do Camus pelos dois não terem ficado juntos... mas acho que ele se redimiu agora, não? E sim, ele é um líder maravilhoso! Graaaande Camus! Espero que goste desse capítulo! Bjoks!

Bia: Adoro seus reviews! Realmente, Camus daqui a pouco desiste de ouvir música, rs. Fazer o quê, né? Confusão é apelido perto do que eles estão passando... você vai ver no próximo capítulo! Espero que tenha gostado desse! Bjos!

Uotani: Não sou tão cruel assim, vai? Eu deixo no suspense mas atualizo rapidinho... O Milo e o Deba não podiam saber porque são justamente o inglês e o americano, os inimigos da França. Se vai ter final feliz? Huuuuum, ainda não sei (agora sim, pode me chamar de cruel, rs). Valeu pelo review e espero que goste desse capítulo! Bjoks!

Francine: Assim você me acostuma mal... é só o que eu tenho a dizer... bjos!