Capítulo 3
Duas semanas se passaram desde que a menina "chegara" na fábrica. Willy ficava cada vez mais encantado com ela.
A menina não se lembrava de nada ainda, tudo para ela era novo e seu passado era apenas uma mancha negra. Charlie se tornara um grande amigo. Era raro ver um separado do outro. E ele queria ajuda-la a se lembrar de quem ela era.
Uma vez os dois saíram da fábrica e foram na delegacia de policia, onde olharam as fotos de crianças desaparecidas.
-Você não está aqui! – Afirmou Charlie.
-Talvez eu não seja uma criança desaparecida, e não tenha ninguém procurando por mim. – Afirmou a garota.
-Talvez você seja estrangeira? – Sugeriu Charlie.
-Não sei. Meu passado é tão... – Ela parou – É um nada completamente vazio.
Charlie riu. E recebeu um olhar desaprovador.
-Desculpe – Pediu ele. – Melhor nós voltarmos. Está ficando escuro.
A menina concordou e os dois se colocaram a caminho de "casa". Charlie tentou anima-la quando viu seu olhar triste.
-Sabe... acho que eu nunca vou saber quem eu sou. – Ela disse quando eles estavam passando pelos portões da fábrica. – Se eu tenho alguém...
-Você tem a gente! – Exclamou Charlie. – Eu, meus pais, o Willy. Ele te adora!
-Mas eu não vou ter vocês para sempre. Eu tenho que seguir a minha vida. E eu tenho medo dela, nem sei quem eu sou. Ou porque eu não me lembro de nada...
-Você não vai embora, vai! – Perguntou ele. – Eu não quero que você vá embora. Eu quero que você fique com a gente pra sempre.
Ela sorriu. Eles entraram na fábrica e levaram o maior susto.
Willy estava parado apontando para eles e tinha acabado de gritar "ahá".
-Estrela bebê, como você sai assim! E se alguém te leva dizendo que é seu pai! Eu não quero mais que você saia da fábrica. – Disse Willy. Melhor, ordenou Willy.
-Mas se eu encontrasse meu pai seria ótimo! – Exclamou ela chocada. – Assim ele poderia me dizer quem eu sou.
-E você não voltaria mais para cá. Iria nos abandonar! – Disse Charlie triste. – Acho que eu também não quero que você saia mais. – Charlie estava arrependido de sua idéia de ir procurar a foto dela na delegacia pra saber se ela era uma criança desaparecida.
-Eu estou muito agradecida Willy dos olhos violeta, mas eu quero mais que tudo descobrir alguma coisa sobre mim.
-Eu fiquei preocupado. – disse Willy sem jeito.
-Não ficou preocupado comigo? – perguntou Charlie se sentindo rejeitado e excluído.
-Mas é claro que não! – Afirmou Willy, o que deixou Charlie muito triste – Você não tem ninguém lá fora que possa chegar em você e te levar dizendo que é seu pai, pois afinal seu pai está aqui dentro.
Isso fazia sentido, mas Charlie continuou magoado.
-Alguém podia me seqüestrar pedindo recompensa! – Exclamou ele e deixou Willy e a menina para trás.
A menina tinha sentado em um canto e nem percebeu que Charlie estava com ciúmes dela ou que ele havia ido embora dali.
-Sinto muito Charlie. – disse Willy para si mesmo. – Eu não queria te magoar. Eu não havia pensado nisso. Você nunca vai ser seqüestrado meu queridinho.
Charlie abaixou perto de onde sua estrelinha havia sentado.
-Tudo bem com você pequenininha? – perguntou ele.
A menina olhou para ele.
-Ah Willy. Eu sou tão pequena assim? – Ela perguntou, não gostava de ser tratada como uma criancinha.
-Não. – Disse Willy sentando do lado dela. – Você me parece bem mais velha que o Charlie.
-É, acho que eu devo ser... Você parece que tem uns 30 anos Willy! – Ela exclamou sorrindo.
-Viu como as aparências enganam bebê! – Ele riu, e vendo a cara dela por tela chamado de bebê, logo desapareceu o sorriso bobo de seus lábios. – Eu sou mais velho que isso.
-Quantos anos você acha que eu tenho? – Ela lhe perguntou.
-Você? Não sei... É jovem ainda. Não parece ser maior de idade. Deve ter uns 14, 15 ou 16.
Ela deu um suspiro. Não tinha como saber se ele estava certo afinal.
-Obrigada Willy. – Ela olhou para ele e sorriu. Não era um sorriso feliz, era meio triste, mas sorriu – Obrigada por não me deixar na rua, mesmo não sabendo quem eu sou...
Quando ela sorriu para ele, Willy sentiu como se tivesse levado um choque. E seu estomago virou de ponta cabeça. Não entendeu suas sensações, nunca tinha sentido isso antes. Era estranho. E se pegou pensando em como sua estrela era bonita, e admirando seus lábios enquanto ela dava aquele sorriso triste e depois voltavam a posição original, para depois ela voltar a olhar para o chão.
Depois de sair do "transe" Willy continuou confuso, e não estava mais conseguindo olhar para ela, seu estomago ainda estava de ponta cabeça.
-Eu... er... eu jamais deixaria você na rua. Na verdade – Willy ergueu o dedo para parecer uma coisa óbvia – Eu não deixaria ninguém na rua num caso desses.
Isso fez de algum jeito murchar a flor que crescia no peito dela. E deixou uma gota de lagrima rolar.
-O que você quer dizer com num caso desses? – ela disse dura, olhando para frente, sem ver nada.
-Eu... – Willy na verdade não sabia o porque de ter dito aquilo, ele só disse a primeira coisa que passou na sua cabeça com medo que ela percebesse o que ele havia sentido há alguns instantes antes por causa dela. – Oh! Desculpe-me! – ele pediu, percebeu que tinha falado besteira afinal – Eu não queria dizer...
Mas ela se levantou. E saiu dali só dizendo apenas um "tudo bem".
Willy se levantou, se sentindo triste. Queria falar com ela, mas não sabia o que falar. E ele nem sequer sabia o porque queria tanto falar com ela.
Foi para o seu quarto, afinal já estava tarde e ele estava cansado. O amanhã é sempre um novo dia, e ele esperava não sentir mais seu estomago daquele jeito, e também ter a sorte de não fazer mais sua estrelinha chorar e conseguir se explicar para ela, embora ele soubesse que não teria como se explicar, a não ser contar que ele sentira seu estomago virar ao contrário e que ele disse aquilo para ela não saber que ele sentira aquilo. Seria completamente ridículo dizer aquilo.
Genteee, comenta ai. Valew.
