Capitulo 4

Willy só conseguiu dormir de madrugada. Ficava o tempo todo se revirando na cama. Sentia-se estranho, com uma dor incomum que lhe apertava o peito. Não conseguia se sentir confortável em nenhuma posição. Deitou de bruços, de costas... Sentou em sua maravilhosa poltrona ultramacia e não conseguia de jeito nenhum dormir. Aquela dor não deixava. Talvez ele estivesse doente.

Foi até a ala médica da fábrica, acordou um Umpa Lumpa curandeiro-médico e lhe contou como estava se sentindo. O Umpa Lumpa apenas colocou a mão no bolso e lhe estendeu um comprimido. Disse-lhe para se deitar e tomá-la com um copo d'água.

Willy voltou para seu quarto, olhando atentamente a seu comprimido. Será que seu problema era tão simples assim? Só um comprimidozinho faria parar a dor que sentia e o faria dormir?

Bom, deveria. Se não ia ter que mandar um Umpa Lumpa para a faculdade de medicina enquanto ele procurava algum médico fora da fabrica.

Milhões de pensamentos rodeavam sua mente. Hora e outra visualizava sua estrelinha lhe sorrindo e isso fazia seu estomago dar cambalhotas. Enquanto era atormentado pela dor e por seus pensamentos que viajavam a milhões de km/h, Willy tomou seu remédio com um como de água e se deitou. Antes mesmo que percebesse, já estava dormindo.

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Willy Wonka acordou se sentindo outra pessoa. Tinha tido sonhos maravilhosos. Espreguiçou-se como um gato e saiu rapidinho da cama. Foi até seu closet, onde havia enormes fileiras com as roupas mais diferentes e caras que havia em todo o mundo. E é claro que ele tinha sua própria marca de roupa. Todas aquelas maravilhosas roupas eram produzidas ali mesmo na sua enorme fábrica auto-sustentável.

E então, depois de pensar muito no que iria usar, colocou uma camisa colorida, por cima um colete branco e uma calça branca também. Um sobre tudo azul celeste. A camisa colorida quase nem aparecia. Mas nela foi preso seu broche de W, exatamente onde Willy Wonka sempre o colocava, em baixo do pescoço.

Admirou-se algum tempo no espelho. Realmente, ele estava muito bonito, como sempre.

Dirigiu-se a sala de chocolate onde foi tomar seu café da manhã com os Buckets. Só estavam na mesa o Charlie e a sra. Bucket. Os avós de Charlie estavam dormindo ainda, eles costumavam dormir até mais tarde.

-Porque a estrelinha não veio tomar café hoje? – Perguntou Willy Wonka já sentado na mesa.

A sra. Bucket engasgou com o café e Charlie só olhou chateado para Willy Wonka por cima de seu pedaço de pão que ele ia morder.

-Não sei. Talvez ela ainda esteja dormindo? Você sabe, Charlie tem aula, por isso ele acorda cedo, mas ela como não faz nada, não tem motivo para isso.

-Sim sim... Talvez eu deva mandá-la para a escola? – Perguntou Willy Wonka, querendo uma opinião.

-Não! – Disse Charlie se levantando da mesa e indo pegar sua mochila que estava em um canto da casinha. – Alguém poderia aparecer e levá-la embora alegando ser seu pai! – Disse Charlie com uma voz magoada e saiu da casa.

Willy Wonka começou a se sentir incomodado depois disso. Não quis mais comer e se levantou para ir embora.

-Aonde você vai Willy? – Perguntou a sra. Bucket – Você mal comeu!

-Não estou com muita fome sra. Bucket. Não precisa se preocupar. – Disse Willy indo em direção da porta.

-Ah... Willy – Chamou ela.

Willy olhou para a sra. Bucket, que também já tinha se levantado e estava se aproximando dele.

-Eu quero pedir desculpa pelo Charlie. Ele é só uma criança ainda, e ele está com ciúmes porque acha que você não gosta mais dele.

-Não. Mas é claro que eu gosto dele. Eu falarei com ele depois.

A sra. Bucket lhe deu um beijo na testa, assim como um filho. Willy tremeu e assim que saiu da casa dos Buckets limpou o lugar onde a sra. Bucket havia lhe beijado.

-Ew! – Exclamou Willy não conseguindo controlar a careta. Depois tratou de sair logo da sala de chocolate.

Willy se dirigiu para seu quarto pensando no que ia falar para o Charlie. Era estranho conviver com outras pessoas, nunca imaginou que fosse ter que lidar com birra de criança.

Ele pensou em trocar de roupa, afinal havia se vestido maravilhosamente bem para um dia que começara mal. Mas quando estava indo para seu quarto passou ao lado da porta do quarto de sua pequena estrela e viu que a porta estava entreaberta. Sentiu novamente a sensação de estar com o estomago dando cambalhotas. E sem resistir, abriu um pouco mais a porta e viu sua menina brilhante sentada em frente a uma escrivaninha rosa que havia no quarto escrevendo alguma coisa em um papel. Nasceram borboletas no seu estomago, e elas dançavam juntas, passo sincronizado.

Ele deu duas batidas na porta e entrou sem esperar resposta. A menina olhou para ele assustada.

-Ah, Willy! Bom dia! – ela disse.

-Bom dia. – Ele disse – Como você vai? – Ele perguntou se aproximando para ver o que ela estava escrevendo.

Ela deu salto e pegou o papel para Willy não ver.

-Qual é o problema? – ele quis saber.

-Nenhum. – Ela disse e foi guardar o papel em uma gaveta.

Assim que surgiu uma chance, ele pegou o papel da mão dela e começou a ler. A menina abaixou a cabeça.

-Não queria que você tivesse vindo aqui. Só complicou mais as coisas. – ela disse.

Willy terminou de ler e olhou para ela. Agora seu estomago parecia estar sendo devorado por um leão, assim como seu coração.

-Você vai mesmo então? – Ele perguntou, a voz falhando.

Ela apenas sacudia a cabeça, ainda olhando para o chão. Willy, meio recatado e receoso, colocou a mão no queixo dela, e ergueu-lhe o rosto. Seus olhos estavam molhados e uma lágrima desceu pelo seu rosto indo parar em seus lábios.

-Se você vai ficar triste, então porque vai? – Ele perguntou triste, secando as lagrimas dos olhos delas com os dedos cobertos com uma luva azul.

-Willy, entenda – Ela disse virando o rosto meio devagar, tímida com o contato, assim como Willy – Se eu ficar, nunca vou saber nada sobre mim. Eu não sei nem meu nome, e não dá para ser chamada de estrelinha ou menina o resto da minha vida.

Willy trouxe sua mão rapidamente de volta para perto de si quando ela virou o rosto. Ele não queria que ela fosse embora. Não, ele queria que ela ficasse, não sabia direito o que sentia por ela, mas era um sentimento especial que lhe dava a sensação de estar andando nas nuvens quando a via sorrir e também lhe fazia o estomago girar.

Ele levou novamente a mão ao rosto dela e acariciou devagar a bochecha dela. Nunca havia tocado alguém assim, e Willy não sentia mais suas pernas quando lentamente virou o rosto dela para olhar em seus olhos.

Uma outra lágrima escorreu pelo rosto dela e antes que ela levasse a mão ao rosto para enxugá-la, Willy segurou seu braço com a outra mão e a lágrima dela novamente foi para seus lábios.

Ela olhou para Willy, porque ele tinha segurado seu braço? Bom, ele também não sabia, havia agido por impulso, e ainda estava agindo por impulso. Ele se aproximou lentamente dela, temeroso. Ela fechou os olhos quando ele colocou seus lábios sobre os delas. Os dois sentiram a mesma coisa, sentiram falta do chão e tremeram. Willy colocou devagar sua língua nos lábios dela para experimentar a gota que havia caído de seus olhos.

Assim que sentiu a língua dele em seus lábios, ela abriu um pouco a boca, para que ele aumentasse o contato. Willy fez exatamente isso, assim que ela abriu um pouco sua boca, ele colou devagar sua língua na boca dela, experimentando uma sensação completamente diferente de tudo.

Ela passou os braços envolta do pescoço de Willy, e ele continuou com uma mão no rosto dela, enquanto a outra subiu pelo braço para parar no ombro dela. Eles estavam entregues as novas sensações.

Willy terminou o beijo dois minutos depois, dando um passo para trás. Ele sentiu lágrimas formarem em seus olhos. Sabia que ela não ia desistir de descobrir quem ela era por causa de um beijo.

Antes que começasse a chorar, Willy saiu rapidamente do quarto de cabeça meio baixa, sem falar nada.

Ele entrou no seu quarto trancando a porta atrás de si, não queria ser incomodado, a não ser que fosse por sua estrelinha, mas ela não iria. Assim que trancou a porta, encostou-se a ela e um soluço escapou de sua boca. Tocou seus lábios relembrando do recente acontecimento, então era por isso que ele se sentia daquele jeito quando a via, ele estava apaixonado. Então era isso se apaixonar? Por que então agora doía tanto? Escorregou até o chão e abraçou as próprias pernas, onde começou a chorar.

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Tinha deixado um bilhete do lado da porta de Willy. Só esperava que ele encontrasse, não queria magoá-lo. Jamais quis. E ouvir ele chorando foi muito triste para ela.

Porque ele tinha que deixar as coisas tão difíceis? Já era difícil o suficiente antes, e agora... Ela pegou logo algumas roupas que tinha ganhado e colou em uma sacola, saindo o mais rápido da fábrica enquanto lágrimas escorriam por todo seu rosto.


Obrigada pelas Reviews, e mandem mais, please.