Capítulo 2: O desaparecimento de Rony

Lino, Sirius e Lupin voltaram horas depois para a casa de Neville, e o encontraram agonizando. Houve tempo para dizer onde Harry e Rony estavam antes de desmaiar. Lupin o levou para Hogwarts e Sirius foi para a mansão Malfoy.

Ele encontrou Harry, e fez questão de queimar Voldemort para ter certeza que não teria possibilidade de volta. Viu a janela quebrada e olhou para baixo. Não havia ninguém ali. Levou Harry para Hogwarts e voltou para a mansão, procurou Rony por todo o lugar. A única coisa que encontrou foi um pedaço do sobretudo preto dele, onde tinha a letra "R", bordada por Gina.

Hermione, depois que despertou, foi para a casa de Neville.

- Lino, onde está o Rony? – perguntou, nervosa.

- Ele saiu, mas eu acho que já volta...

- Você é um péssimo mentiroso! Fala a verdade!

- Ele saiu com o Harry e o Neville.

- E onde eles estão? – perguntou irritada, e vendo que ele se segurou para não dizer mais nada, o pegou pelo colarinho da blusa e gritou – EU ACHO QUE TE PERGUNTEI ONDE ELES ESTÃO! ME RESPONDE LOGO SENÃO EU DESCUBRO SOZINHA!

- Em Hogwarts... muito debilitados... acho melhor você...

Ela desaparatou imediatamente, não permitindo que Lino terminasse a frase.

- ... não ir para lá...

Sirius e Lupin estavam sentados e apreensivos. Hermione logo os interpelou, nervosa.

- Cadê o Harry, o Rony, o Neville? Por favor me digam a verdade, eu não suporto mais a falta de notícias! Eu sei que eles não estão bem, eu sinto, não me olhem com essas caras, falem alguma coisa!

- Calma Hermione, se você falar rápido deste jeito e continuar alterada, não vou conseguir te explicar tudo – disse Lupin.

- Eu vou procurar Gina – disse Sirius, ainda inconformado por não ter achado Rony.

- Sente, procure se acalmar e me ouvir.

- Tudo bem – disse, muito nervosa.

- Pelo que eu sei, Harry, Rony e Neville foram encontrar Você-sabe-quem. Neville e Harry foram gravemente feridos, e finalmente aquele monstro foi destruído. E, Rony... o Sirius só encontrou uma parte de seu sobretudo...

- Não pode ser. Não pode...

Ela começou a chorar desesperada. Lupin a abraçou forte e se segurou para não chorar também.

Sirius consolava Gina, que foi incrivelmente corajosa ao dizer tudo para seus pais e mostrar-se forte diante daquela situação.

- Eu vou achar seu irmão, pode estar certa.

- Sirius, não é culpa sua... torçamos para que ele tenha saído de lá e procurado ajuda, como o Neville...

- Vou esperar a Madame Pomfrey me dizer como está o Harry e vou procurar o Rony.

- Fique aqui, podemos precisar de ajuda... eu não posso mais ficar conversando, tem umas pessoas que ainda necessitam de cuidados. Ajude meus pais, por favor.

- Tudo bem, fico aqui. Mas depois eu vou procurá-lo. Prometo que...

- Ele não pode ter me deixado!

Esse grito era ouvido pelos corredores, e não foi difícil para Sirius e Gina deduzirem quem gritava...

- Hermione, calma! – gritava Lupin, a agarrando para que ela não fizesse uma besteira.

- Me diz que é mentira, Lupin! Me diz!

- Por favor, se acalme... é lógico que ele vai voltar...

- Não! Minha vida não tem mais sentido!

Ela deu uma cotovelada no estômago de Lupin, correu até a janela e quebrou o vidro. Mas, ao tentar pular, Sirius a agarrou e Gina a estuporou.

- Leve-a pra aquela sala ali, acho que tem um leito. Vou ver o Lupin...

O pobre professor sentou-se com dificuldade e Gina lhe deu uma poção que tinha no bolso.

- Eu não queria machucá-la, por isso não consegui contê-la...

- Nem na pior situação você esquece de ser cavalheiro, Lupin? Ainda não tenho explicação para seu estado civil...

- Isso às vezes não serve para nada... – disse, com uma expressão dorida – Você é surpreendente, Gina. Mesmo com tudo isso consegue trabalhar...

- Você nem imagina a dor que sinto, nem imagina... mas aprendi a viver em função dos outros também. Hermione um dia vai aprender – disse, com explícita tristeza.

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Quando comunicou-se a morte de Voldemort e de Rabicho, procuraram por Sibila e não a encontraram. Porém, seus seguidores viraram presa fácil e todos os discípulos de Você-sabe-quem foram executados pelo severo Ministro da Magia, Adson Haugter.

Harry, Rony e Neville eram aclamados como heróis, pessoas voltavam para suas casas e a esperança de uma vida melhor reinava nos corações. Mas, em outros ela diminuía a cada minuto...

Por segurança e coerência, Hermione foi obrigada a tomar uma poção para que dormisse pelo menos dois dias, mas como havia anos que não dormia direito, ficou sete dias adormecida.

Sirius, Lupin e outros amigos de Rony o procuravam por toda a parte. Não encontraram absolutamente nada, não havia vestígios dele. Ninguém o vira.

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Harry acordou algumas horas antes de Hermione. Tentou levantar, mas foi inútil já que se sentiu tonto. Gina estava no quarto.

- Harry... como se sente?

- Onde está o Rony? – perguntou, com uma voz fraca.

- Nós ainda não sabemos, meu amor... mas vamos encontrá-lo...

- Foi tudo minha culpa...

- Não, por favor não fique assim...

- Voldemort o jogou da janela por minha causa... se eu tivesse reagido...

- Você não pode mudar o destino.

- Hermione, Molly, os Weasley, você... nunca vão me perdoar! E me sinto um imprestável...

- Não pense nisso agora, logo você vai poder sair daqui desta cama e aí vamos pra minha casa. Você não tem culpa – disse, segurando as lágrimas.

- Do que adianta eu ter acabado com Voldemort se ele me fez perder tantos amigos?

- Não fique assim, tão agitado... por favor, é só o que lhe peço, não se culpe...

- Eu prometo que não vou medir esforços para encontrá-lo, Gina. – ela o abraçou e ambos choraram mudos durante um tempo que parecia interminável, até que Harry resolveu perguntar - Quanto tempo eu dormi?

- Uma semana. – disse ela, enxugando as lágrimas.

- Onde está a Mione?

- Ainda dormindo. Ela ficou muito abalada e não tivemos escolha...

Gina contou tudo o que fizeram durante aquela semana, sem obter sucesso. Harry se sentia culpado, e nada podia fazê-lo pensar o contrário naquele momento.

Quando Hermione despertou, olhou atentamente para os lados. Pensava que tudo o que aconteceu foi um pesadelo.

- O que eu estou fazendo aqui? – ela levantou-se e abrindo a porta, deparou-se com Snape – O que está acontecendo?

- Perdeu a memória, srta. Granger?

- Talvez, mas lhe fiz uma pergunta e se não for incômodo respondê-la, agradeceria.

- O que acontece é que a srta. ficou viúva antes de se casar, e ao menos o inútil do Weasley conseguiu ajudar a derrotar Você-sabe-quem. Isso te inspira algo?

- Você nunca muda, né seboso? – disse Sirius, irônico como o de costume.

- Nunca te deram educação, sr. Black? Não estou falando contigo.

- Óbvio que não, porque se estivesse teria me chamado de Vossa Excelência. E não torra minha paciência com essa maneira bruta de tratar dos sentimentos alheios... Olha, enquanto você não lavar a laminha que chama de cabelo e ser mais gentil, vai continuar assim, encalhado e virgem, meu velho! E isso acaba com o humor de qualquer um, viu? Vai treinar beijo no travesseiro e nos deixe sozinhos!

Sirius se trancou rápido com Hermione no quarto para Snape não responder nada. Ficou sério, suspirou e começou:

- Eu sinto, Mione...

- Então, Rony... morreu mesmo?

- Ao que tudo indica, sim.

- Mas não acharam mais nada? Nem uma pista? Procuraram em todos os lugares?

- Já faz uma semana que ele desapareceu, e Sibila também não foi encontrada... achamos que ela possa ter queimado o corpo, como eu fiz com Voldemort. Tente ser forte... pense que ao menos a guerra acabou...

- A guerra, essa maldita! Sirius, eu não posso viver sem ele! Nós íamos nos casar! Eu não quero acreditar... vou achá-lo nem que seja no fim do mundo!

- Mione...

- O Rony é forte, ele não morreria assim tão fácil, é impossível... – riu-se.

- Você tem que se conformar.

- Eu vou achá-lo, nós vamos nos casar e tudo vai ser melhor...

- Hermione! Acorde, por favor! Ele não vai voltar!

- Por que você quer tirar minha esperança? Meus pais morreram, estou sozinha neste mundo e ainda não quer que eu encontre o Rony?

- Venha aqui... – ele a abraçou e disse compreensivamente – você nunca vai estar sozinha, todos nós estaremos com você, não pense que não estamos sofrendo com esta situação, Rony era um amigo e tanto...

Ela chorou sentida, caindo na realidade. Sua dor era grande, e a partir daquele momento, ela não seria mais a mesma.

Dois dias depois, Harry pediu para ser publicado novamente no Profeta Diário a foto de Rony e de quebra, teve de narrar o que ele lembra ter acontecido naquele dia "histórico".

Rony comprara um apartamento para ele e Hermione morarem depois de casados, contando com a ajuda de Harry, que entregou a casa para ela quando Madame Pomfrey deu-lhes alta.

- Quer ajuda para guardar as coisas?

- Não, eu ajeito tudo sozinha, devagar.

- Ele ficava inseguro pensando se você ia gostar, imaginando como seria morar aqui... disse que queria te trazer levitando para cá, porque noiva fica muito nervosa antes de casar e se entope de doce... – dizia ele, olhando distraidamente a sua volta.

- Quer sentar? Você ainda não está tão bem. – cortou ela, que não queria se entristecer ainda mais.

- Tudo bem, mas só um pouco, eu preciso falar com a Skeeter, mesmo que eu deteste a idéia.

- Boa sorte, porque vai acabar perdendo a paciência.

- Vou perguntar sobre Rony.

- Acha que ela conseguiu?

- Tenho para mim que ele está vivo, não sei se é intuição ou apenas uma ilusão, mas não acredito que ele tenha morrido.

- Não precisa falar isso para me tranqüilizar.

- Falo sério, Mione. E vou cuidar de você, viu?

- Não preciso de babá, Harry! – divertiu-se ela.

- Eu e o Rony fizemos uma promessa, e eu pretendo cumpri-la.

Várias homenagens foram destinadas à Harry, Neville e todos que lutaram e morreram, e Rony destacava-se sempre. Carlos e Percy Weasley não estavam presentes, o que amargava ainda mais a dor da família, que não tinham notícias dos dois nos últimos dias. Molly não sustentava-se em pé. Hermione ficou muda durante todo o tempo e Neville não separou-se dela. Harry e Gina estavam de olhos vermelhos e inchados, lágrimas involuntárias teimavam em cair.

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Chovia torrencialmente lá fora. Hermione tomava chocolate quente sentada no sofá e lembrou que naquele dia, ela e Rony se casariam junto com Harry e Gina. Tentaram outras vezes, mas algum imprevisto ocorria horas antes. Seu vestido de noiva estava pronto e Rony nunca havia visto, pois ela ainda tinha a superstição que "dava azar".

Nos últimos dias, recebeu visitas ou corujas de amigos dando os pêsames ou tentando animá-la. Gina ia todas as tardes fazer companhia e Harry ficava um pouco também. Para ela, nada disso era muito interessante. Era como se Rony tivesse levado sua vontade de viver.

Foi até o armário. Seu vestido de noiva estava lá, escondido com um feitiço. Admirou-o e o vestiu. Havia um grande espelho no quarto, que também servia para comunicação e transporte. Olhou para ele e imaginou como estaria agora se Rony estivesse ao seu lado; alisou seu pescoço e sentiu falta do colar que ele lhe deu no seu último aniversário. Colocou-o e pareceu ver Rony ao seu lado no espelho. Naquele momento, desejou que ele não fosse embora e num delírio de amor, pensou em se juntar a ele. Olhando fixamente para o espelho a fim de não perdê-lo, pegou sua varinha e apontou-a para o coração. Um trovão que clareou todo o quarto demonstrava que tão cedo, a chuva não iria cessar.