Capítulo 5: O sofrimento faz parte da vida, que não pára
Voltando à noite da tentativa de suicídio de Hermione...
Harry e Gina finalmente conseguiram ficar sozinhos, e prometeram esquecer tudo naquela noite para namorarem em paz como não faziam há tempos, dar um fim nos problemas ao menos por alguns minutos. Esquecer até a chuva forte que teimava em fazer estrondos lá fora.
Ele preferiu ficar n'A Toca para não deixar Molly e Gina sozinhas. Sirius entendeu e passou a dividir seu apartamento com Mundungo também, além de Lupin.
O casal se rendeu a beijos tórridos na sala, já que os donos da casa dormiam. Ele não pensava em mais nada além de sentir os beijos, as carícias e a pele tão macia de Gina, a sua Gina... a que não saiu de seu lado em momento algum... ela também se entregava a sua paixão, que era tão antiga e forte. Sorria às vezes, olhava para ele atentamente. Ainda era difícil acreditar que seu maior sonho havia se tornado realidade... aquele homem que demorou para notá-la, tinha tantas dificuldades... ah, mas ele era para ser dela, e somente dela... a vida foi generosa naquele sentido.
Harry estava defronte ao espelho de comunicação. Resolveu abrir os olhos, a fim de parar de beijar Gina e respirar, pois estava alegrinho, mas cansado. No entanto, mesmo sem seus óculos conseguiu distinguir quem estava ali.
- Gina... diga que estou enxergando mal... – disse, ofegante.
- Ah, Harry... – disse ela, depois que se virou – acho que você pode aposentar os óculos...
Conseguiram chegar no quarto de Hermione por intermédio do espelho. Ela mantinha-se como uma estátua vestida de noiva e com a varinha apontada para o coração, além de estar com os olhos abertos e um leve sorriso.
- Deletrius!
- Mione... o que aquele monstro conseguiu fazer conosco... – disse ele, olhando a chuva e indo na direção da ampla janela.
- Harry, me ajude aqui! Eu sei que feitiço ela usou, e lembro que ela mencionou ele pra mim quando tava lendo um livro de Feitiços do Tipo Vampirescos... – e notando que ele não prestava a mínima atenção, foi até ele e virou seu rosto de modo que pudesse olhá-lo nos olhos, apesar da diferença considerável de altura entre eles – Harry, eu sei que está sendo difícil pra você, mas tente ser otimista, estando assim você não vai ajudá-la, certo?
- Desculpe, eu só te decepciono, né?
- Não, mas quero o homem corajoso que está comigo quando eu preciso de forças...
- Aquele homem está em manutenção faz uns dias. – disse em tom divertido.
- Então suspenda essa manutenção porque duas mulheres precisam dele...
Ele a beijou carinhosamente e disse:
- Por que será que você é tão convincente?
- Esqueceu que sou uma Weasley? Não desisto de nada facilmente. Agora me ajude a achar o livro.
- Qual é o nome mesmo?
Eles procuraram no outro quarto, que parecia uma biblioteca de tantos livros que tinha. Porém, não o encontraram com dificuldade.
- Por que ela gosta de complicar as coisas? – disse Harry, pegando o pesado livro.
- Se não fizesse isso, não seria Hermione que conhecemos. E desta vez ela se superou.
Mione usou um feitiço que seria anulado somente se o homem que a amasse de verdade executasse um contra-feitiço. Caso contrário, ao amanhecer ela morreria.
- Foi a única maneira que ela encontrou pra que se acordasse, encontrasse o Rony... o que fazemos agora? Eu não vou servir pra isso, a amo sim, mas como amiga, e aqui está muito claro o tipo de amor.
- Pois é, mas eu acho que temos a quem recorrer. É nossa única solução.
- Você não tá falando sério.
- Harry, eu era a melhor amiga dele, esqueceu?
- Não, eu não esqueci. Mas isso é absurdo! Ele jurou que não era nada sério.
- E você acha que ele trairia a confiança do Rony, sabendo que Mione nunca o corresponderia?
Chamaram Neville e explicaram a situação. Ele estava roxo de vergonha, não sabia o que falar. Podia ter adquirido uma certa coragem para enfrentar seus inimigos, mas não seus sentimentos e medos...
- Eu não posso...
- Vai deixar ela morrer só pra não confessar que gosta dela? Qual é, Neville? Quer que a gente chame o Malfoy ou o Snape pra fazer isso? – disse Harry, com raiva.
- E se não der certo?
- Tente, criatura! Não fique pensando se vai dar certo ou não, porque tem que dar certo.
- Você vai fazer isso ou não? – perguntou Gina, ligeiramente mais calma que Harry.
- Tudo bem, me dá o livro.
Hesitante e medroso, leu o livro. Pegou a varinha, apontou-a para Mione e disse confiante o contra-feitiço. Não aconteceu nada, teriam que esperar.
Amanheceu. Harry adormeceu ao lado de Hermione na cama, Neville ficou em um dos cantos da parede e Gina dormiu debruçada na beirada da cama, e foi a primeira a acordar. Olhou sonolentamente à sua volta e demorou para perceber onde estava, e quando subitamente lembrou-se...
- Mione! – correu desajeitadamente até ela e notou que ela estava quente – Ah, graças a Deus... – completou, aliviada.
- Gina... ah, o que aconteceu? A Mione, ela tá...?
- Não, o Neville a ama o suficiente.
- Como eu sou burro, dormi na cama confortável e nem vi quando nem onde você dormiu... por falar nisso, cadê o Neville?
- Ele estava ali naquele cantinho... acho que acordei ele e por vergonha, foi embora.
- Eu fui grosso com ele ontem, mas não tive escolha.
- Esquece isso, ele nem deve ter ligado para o seu nervosismo. Agora eu vou fazer alguma coisa pra gente comer, e quando ela acordar já toma café e tentamos conversar.
- Fica aqui, você deve estar quebrada...
- E deixar você nos intoxicar? Nem pensar...
Ele era um desastre na cozinha, mas Gina ainda tentava ensinar alguma coisa para ele, como fritar um ovo. Mas como cozinheiro, Harry era um ótimo apanhador.
Hermione abriu lentamente os olhos minutos depois...
- Rony? Harry, onde ele tá? – perguntava, olhando desesperadamente para todos os lados.
- Ele não está aqui. Nem podia estar, Mione...
- Eu executei um feitiço que só ele podia anular!
- Não... há outra pessoa que... o Neville te salvou. – completou, desanimado.
- Como? O Neville? Então...
- Por favor, não se firme no impossível, conforme-se que Rony não vai voltar, por mais que a gente queira! Sinto muito... mas não posso voltar atrás e mudar o destino.
- Pode sim...
- Dumbledore já disse o que pode acontecer se eu tentar fazer isso, Voldemort pode sobreviver, e Rony morrer de novo, entre outras coisas, e além do mais, seu vira-tempo está amaldiçoado...
- Por que não me deixaram morrer?
- Como você consegue ser tão teimosa? Já perdi o Rony, não posso perder você também! Será que já não basta eu ser responsável pela morte dele, quer que também seja culpado da sua? Não, eu não vou deixar você fazer uma loucura dessas!
Eles se abraçaram e ela choramingou:
- Desculpe...
- Quantas vezes eu já quis me suicidar, Mione... mas isso não resolveria nada. Ouça, tem muita gente que quer te ajudar, e a vida não pode parar, infelizmente só nos resta continuar do jeito que dá... você é inteligente, já estava dando aulas em Hogwarts... quem sabe se você estudar pode lecionar lá? Seja qual for sua escolha, se dará bem. E tem mais: Rony detestaria ver você assim, tremendo na base, você sempre foi durona, forte, perseverante, esqueceu?
- Você virou um chantagista profissional, hein, Harry?
- Vamos parar com a choradeira e a lição de moral pra comer alguma coisa? Eu estou morta de fome! – disse Gina, encostada na porta.
Sirius não teve coragem de contar pessoalmente para Harry que não achou Rony, e então mandou uma coruja, que Molly recebeu...
Oi Harry,
Eu sei que a Skeeter logo vai publicar no Profeta Diário, mas preferi avisar antes. Dumbledore não falou nada, mas ele mandou eu procurar hoje de manhã um homem que estava desmemoriado numa cidadezinha da Austrália. Eu fui, e... bom, eu não encontrei o Rony. Perdão, mas não seria fácil dizer isso pra você, a Gina, a Mione... enfim, já que existe coruja, né? É melhor assim. Console o pessoal, eu vou fazer uma viagem curta pra dar uma arejada e tirar o atraso, e acho que você devia fazer o mesmo. Boa sorte, e qualquer coisa, o Lupin e o Mundungo continuam detonando e se achando os donos do meu apê...
De seu padrinho,
Sirius Black.
Ps: Você não sabe como eu adoro escrever e dizer meu nome... Ah, por tempo indeterminado, não me chame de Snuffles! Brincadeira. Mas se cuida rapaz!
A matriarca dos Weasley não desmaiou como o de costume. Apenas deixou as grossas e incessantes lágrimas de dor molharem a sua face cansada e sofrida. Lembrava, como se houvesse um filme passando em sua frente, dos momentos de teimosia do filho, das broncas dadas, dos pesadelos, das febres... coisa que só uma mãe zelosa não esquece, por mais sem sentido que pareçam.
Fred corria atrás de Angelina como uma criança, quando deixou um vaso de girassol cair no chão.
- Ih, mãe... foi mal, mas eu prometo que eu conserto, e qualquer coisa eu compro outro, mas não grita não... mãe?
Ela olhou-o e entregou a carta. Enquanto Fred e Angelina liam, Molly subia lentamente as escadas.
A notícia chegou até Harry, Gina e Hermione por intermédio do espelho. Fred estava arrasado. Ainda tinha esperanças. A partir dali, consideraram Rony morto. Até Hermione resolveu aceitar a morte dele, mesmo que seu coração a alertasse do contrário...
A casa dos Weasley voltou a ficar cheia, porém, não alegre como antes. Carlinhos voltou um pouco ferido, e quase foi massacrado pelos abraços da família, como se isso fosse possível, já que ele era tão robusto... Percy simplesmente não voltou, porém, diferente de Rony, seu corpo foi encontrado. Mais um luto. E Molly ia se acabando de tristeza calada, para não magoar ninguém.
Arthur conseguiu o cargo de Ministro da Magia, já que Adson renunciara. Gui voltou para o Egito e Carlinhos para a Romênia. Fred e Jorge finalmente reabriram sua loja em Hogsmeade, a "Gemialidades Weasley". Harry começou a levar a sério seu talento para o Quadribol, treinando em um time que acabara de se formar. Gina estudava corte e costura, e continuava morando na casa dos pais, para não deixar Molly só, assim como Fred e Jorge. Neville não comentou sobre aquela noite com Hermione, e voltou a estudar Herbologia, queria ser professor. Já Hermione...
- A senhora deve estar tirando sarro da minha cara, não é?
- Não, falo muito sério Hermione, aliás, nem sei como você não percebeu se está tão evidente! – disse Madame Pomfrey, com espanto.
- Mas...
- Acha tão catastrófico estar grávida?
