Capítulo 8: Kimberly: tamanho não é documento

Quem via Neville, julgava que ele era o pai da criança. No dia em que a pequena Kimberly saiu do hospital, o homem tinha um sorriso radiante... Hermione se divertia com a babação dele. Em casa, a coisa mais difícil era separá-lo de Kim.

A menina tinha os olhos castanhos como os de Hermione, cabelos ruivos, discretas sardas, era alegre, esperta e mandona.

Quando chegou a hora de Hermione escolher os padrinhos, ficou uma situação constrangedora... Harry era seu amigo e o melhor amigo de Rony... Neville estava com ela para tudo... mas, como era de se esperar, Harry aconselhou Mione a não fazer aquela desfeita para Neville, se ele não podia tê-la, que ao menos fosse padrinho de sua filha. A madrinha foi Gina.

E falando no "casal", às vezes Neville não resistia e aconteceram alguns beijos ao longo daqueles 5 anos. Mas nada de concreto. Ele a respeitava até demais. E ela o retribuía com sua amizade, carinho e atenção.

Ela voltou a estudar Feitiços, e queria lecionar em Hogwarts, assim como Neville. Porém, ainda escrevia alguns pequenos artigos para o Profeta Diário; perturbar Rita Skeeter era sempre um prazer.

A dor da saudade não diminuiu com o tempo, amava Rony na mesma intensidade.

Harry e Gina estavam com problemas no casamento e Hermione fazia o que dava para ajudá-los...

- Eu não tenho culpa!

- E eu estou te acusando, por acaso? Você é que está paranóica!

- Ah, sim! Eu sou a louca que não dá um filho para seu marido e tem a amante dele para lembrá-la!

- Quantas vezes eu vou ter que repetir que Cho não é minha amante, Virgínia?

- Virgínia? É assim que você me chama agora? Perdeu a paciência porque descobri seu caso?

- Eu desisto, eu desisto... chega. Quer quebrar a casa inteira? Quebra. Quer achar que eu vou sair daqui pra dormir com a Cho? Problema seu! A minha consciência está tranqüila.

- Te odeio, Harry! Eu te odeio!

Gina gritou até ficar rouca, quebrou alguns retratos e vasos, tropeçou em um deles e caiu no chão chorando desesperadamente. Harry simplesmente desaparatou no apartamento de Sirius, onde encontrou Lupin brincando com Kim.

- Por que eu fui inventar de jogar xadrez bruxo com você, hein?

- Porque você é bobo! Tio Harry!

Ele desabou no sofá e ela pulou em seu colo.

- Brigou com a madrinha de novo?

- Não, nós só nos desentendemos, mas logo passa.

- Se passa logo por que você chorou?

- Harry, não tente enganar essa espertinha...

- É, eu já desisti de fazer isso, Lupin. E vamos deixar esses problemas de adulto pra lá, que tal jogarmos xadrez?

- Eu vou fazer compras, senão ninguém faz...

- Tio Lupin, posso ficar aqui até o Fadinha chegar?

Harry e Lupin riram descontroladamente. Kim ouviu Mundungo chamando Sirius de Almofadinhas, mas entendeu Fadinha... e obviamente Sirius detestava aquele apelido que a menina lhe dera, o que rendia boas risadas de seus amigos.

- Tchau, tio Lu! – e vendo que ele parou de rir por um instante, consertou – Lupin...

Ele acenou para ela e Harry, ainda risonho pelo apelido "carinhoso" do amigo.

- Você é demais... o Sirius deve adorar...

- Ah, ele não gosta não, mas pelo menos eu consegui fazer você dar risada e você fica lindo quando dá risada...

- Obrigado pelo elogio, mas agora vamos jogar?

- Eu tô cansada de ganhar dos outros, quero fazer outra coisa.

- O Rony adorava xadrez e vivia ganhando da gente também...

- Mamãe me disse que o papai gostava de xadrez. Eu me pareço com ele, tio Harry?

- Sim, você não lembra quando vimos fotos dele?

- Ah, mas é diferente ver na frente e na foto!

- Tá, os cabelos eram mais ruivos como os seus, seu sorriso é como o dele e a teimosia, bom, seus pais são teimosos demais! Quer dizer, Rony também era...

- Eu queria tanto conhecer ele... Mamãe sente muita falta, já vi ela olhando foto dele e chorando, dizendo pro padrinho que ela ainda ama ele... Ela não chora e nem fala isso perto de mim, mas eu escuto...

- E o que a gente consegue disfarçar pra você? Nisso puxou à sua mãe.

- Posso te contar um segredo? Se o tio Lupin sabe que eu contei vai me pegar!

- Tudo bem, não falo nada.

- Sabe aquela chinesa altona de cabelão preto que a mamãe chama de prepotente? Ela veio aqui hoje procurar você.

- Pra quê? Você sabe?

- Claro, ela veio pra saber se você ia entrar no time dela ou no Chuddley Cannons. E também perguntou baixinho se você tinha se separado da madrinha. O tio expulsou ela daqui quando ela disse aquilo. Você gosta dela?

- Não, eu amo a sua madrinha, e não a chinesa...

- E a madrinha não acredita nisso, né? E por isso vocês brigaram de novo.

- Sim, mas vamos parar de discutir meus problemas, hein sua baixinha abelhuda?

- Tá bom, mas eu continuo não entendendo como os adultos complicam tudo... olha, vamos brincar de bruxo cego com a casa grandona?

- Sua mãe não gosta que você brinque disso, lembra o que aconteceu da última vez?

- Ai, o que é que tem quebrar uma perna, dá pra consertar depois mesmo! Vamos, não tem mais ninguém aqui...

- Fred e Jorge são uma má influência pra você... ah, se Hermione sabe que fiz isso...

- Eu sabia que você não ia me contrariar! – disse, pulando alegremente.

Harry ampliou a casa e fez com ela ficasse escura. Kim queria procurá-lo primeiro. Ele se escondeu debaixo da mesa da cozinha e ficou pensando o que faria com Cho. Ela começou a persegui-lo quando soube que ele sairia do Fire Flies, e então ele aceitou conversar com ela um pouco, tomando um suco. Nisso, ela perguntou por que, depois de 5 anos de casamento, Gina não lhe dera o filho que tanto sonhara desde a adolescência. Ele apenas respondeu que talvez não era para aquilo acontecer naquele momento, não culpando ou condenando Gina, porém Cho não quis saber: interpelou Gina no Gringotes, e vendo que a ruivinha não lhe deu atenção a chamou de estéril e inútil. Foi um barraco de grandes proporções. Harry dormiu na sala durante dias de brigas intermináveis...

E o que faria se a mulher não acreditava nele de jeito nenhum? Bom, na escuridão, ficou imaginando como ela estaria agora já que nos últimos dias o estresse e o desânimo a tomaram por inteiro. Distraiu-se e nem percebeu que Kim o encontrou.

- Lumus! – ela pegou a varinha do bolso dele.

- Kim? Ah, desculpe...

- Chorando de novo! Vai descansar, eu não quero que fique assim...

- E o que você vai fazer?

- Ler o livro que eu comprei ontem.

- Obrigado, minha princesa... prometo que da próxima eu não vou me distrair.

- Tudo bem, mas me promete que vai parar de chorar?

- Prometo. – respondeu, rindo de sua situação de "subordinado" da garota.

Na verdade, Harry nem havia reparado que estava chorando. Kim foi para o quarto de Sirius e ele ficou na sala. A menina pegou o pó-de-flu que tinha dentro da gaveta e escondeu dentro de sua bolsa. Harry não estava mais na sala, e sim na cozinha tomando água. Então ela aproveitou e foi para a casa dele. Harry estava tão avoado que nem notou.

A sala estava destruída. Muitas coisas quebradas e jogadas no chão, e entre elas, Gina dormindo com uma foto de Harry no peito.

- Madrinha! Madrinha, você tá viva? Fala comigo, por favor!

Ela abriu os olhos devagar e quando percebeu quem estava ali...

- Kimberly, o que você está fazendo aqui? Quem te trouxe?

- Eu vim sozinha. – disse, orgulhosa de si.

- Ai, se Hermione imagina que você está pegando pó-de-flu dela... mas por que veio, querida? Tio Harry não está aqui. – enfatizou a última frase com rancor.

- Eu sei, eu tava com ele agorinha. E ele tava chorando, sabia?

- Ah, é? E por quê?

- Porque sente falta de você.

- Ele mandou você falar isso, não foi?

- Madrinha, ninguém manda eu dizer o que eu não quero, esqueceu? Ele disse que não gosta de chinesa e que ama você, e ele nem brincou comigo direito porque tava chorando escondido, acha que eu sou boba pra não perceber? E tenho certeza que era por sua causa! Ele não gosta de brigar com você... acredita nele, vai!

- Não é tão fácil assim, Kim.

- Ah, é sim! Perdoa ele, manda essa chinesa girafa pro inferno e volta com o tio Harry!

- Quem te ensinou esse tipo de palavreado?

- Não implica, vai! Você tem que mandar ela pro inferno mesmo!

- Sirius, Fred e Jorge definitivamente não podem ficar um fim de semana com você...


Por livre e espontânea pressão, Rony se casou com Hilary. Ele se contentava morando com ela, mas o sonho dela era casar... e depois de 3 anos de convivência, percebeu a roubada que tinha se metido. Ela era mimada, ciumenta e possessiva. Dayana ficava com aquele olhar eu-te-avisei-agora-agüenta e Melanie, sua mãe, a ponderava. Hilary engravidou, e aí complicou-se tudo pois vivia fazendo drama em casa: ele não podia sair pra canto nenhum sem ela. E o que ele fazia? Saía do mesmo jeito!

- Vai na casa do Rômulo de novo! Será possível que você não quer ficar comigo um pouco?

- Eu fico com você a maior parte do meu tempo, dá pra você deixar eu ficar na casa dos meus amigos em paz? Vai ser assim até o nono mês? Melanie disse que isso é frescura sua...

- Minha mãe não concorda comigo em nada agora. Olha, eu fiz aquele doce que você adora...

- Chama a Cláudia pra ficar com você, sei lá. Mas eu vou jogar quabribol com o Rômulo e está acabado.

- Vai lá pra ver a sua cliente, é?

- Não, você não vai começar com isso de novo...

Rony, com um curso que na época era experimental pelos anos reduzidos de estudo, tornou-se advogado. Tinha poucos clientes por ser novato e uma delas foi uma mulher que queria os direitos no testamento do marido. Ela era linda, e isso rendeu muitas discussões...

- Confessa que até hoje você vai naquele campo pra ver o casarão que ela tem!

- Hilary, esse é o único campo de quadribol que tem na cidade! Quer saber, dane-se você e seu ciúme!

- Deste jeito, eu vou perder nosso filho, ouviu?

- Não pense que filhos seguram casamento.

- Michael... você vai me deixar?

- Quem sabe eu não tomo juízo e ouço sua irmã...

Ele desaparatou querendo pular no pescoço de sua esposa mala. Pensava seriamente em deixá-la. Nos últimos meses o casamento ia naufragando.

- Olha a sua cara, herói!

- Rômulo, hoje não... vamos jogar porque eu não quero falar nela.

- Ok... mas que vai levar surra de noite, ah, vai... quer que eu te leve pra noitada? Você tá precisando e não tenta disfarçar.

- Não preciso de sexo e sim de paz!

- Ah, mas ajuda bastante! Cara, você é meu herói, sabia? Casou com a Hilary e não trai! Puxa, eu já fui namorado dela e te disse: mais de um ano é loucura, dois é um sacrilégio, e os seus 4 é realmente um ato de heroísmo!

- Tudo bem, eu sou um herói. Agora vamos jogar? Ninguém vai esperar a gente tanto tempo...

Quadribol era a sua terapia, além do trabalho...


- Kim? Onde você tá, garota...? Kim? Hermione vai me matar... e não vai acreditar que ela me enganou com aquela história de ler livro...

Já fazia meia hora que ele estava procurando, e nem imaginava para onde ela tinha ido. Sentou no sofá e jogou uma almofada na lareira com raiva. Levantou e se encostou na parede, pensou um pouco e socou-a com força.

- Quando alguém vai acreditar em mim?

- Eu acredito em você.

- Gina?

- Acho que preciso conversar civilizadamente com você, não é?

- Mas como você soube que eu estava aqui?

- Tio Harry, sinceramente! Não me subestime!

- Sua pestinha! Roubando pó-de-flu outra vez!

- Roubar é feio! Eu peguei emprestado... e foi pra uma coisa boa. E parem de enrolar e se beijem logo!

Gina tirou Kim da sala e falou insinuante:

- O pedido dela é uma ordem...

- Sabe que eu também acho?

Hermione conseguiu livre arbítrio para escolher uma matéria. Portanto, pegou um assunto que lhe interessava desde Hogwarts: os direitos dos elfos domésticos. Contudo, Rita não deixaria barato a afronta de perder créditos com seu chefe mais uma vez.

- Vai escrever sobre o quê?

- Não é da sua conta.

- Elfos... isso não rende nada que preste.

- Por que você não faz o seu trabalho?

- Olha aqui, você pode ser boa mas eu sou veterana, meu bem! Ninguém rouba meu espaço e fica na boa assim!

- Ah, é? Vai fazer o quê? Se descabelar ou apresentar outra matéria pra ver se consegue me passar a perna? Francamente...

- Você vai se arrepender, eu garanto!

Quando Hermione saiu com Colin Creevey, o fotógrafo, Rita mexeu nas coisas dela. Descobriu então que a matéria era polêmica e resolveu transformá-la na pior confusão que sua rival arrumara...

Hermione chegou em casa e encontrou um bilhete de Neville:

Volto amanhã, preciso resolver alguns assuntos ainda hoje à noite. Depois a gente conversa. Kim continua na casa do Sirius.

Um abraço,

Neville.

Ela foi até o quarto da filha e viu uma foto de Rony na cama; sentou e acariciou o retrato, conversando mentalmente com seu amor. "Como você queria ter um filho... por que tudo tinha que terminar assim? Ela sente falta de um pai, e não posso lhe dar um. Por que não consigo deixar de te amar? Por que este amor não diminui um pouquinho para dar espaço ao Neville? Como faço para tirar essa esperança vã de te encontrar novamente? Kim é tão linda... parece com você, e você devia estar aqui, tenho certeza que daria muito amor à ela... onde você está, meu amor? Sinto um grande vazio dentro de mim, uma vontade imensa de sumir! Nossas discussões bobas, nossos beijos, nossa história... tudo isso vive dentro de mim e vai me matando aos poucos! Precisamos tanto de você..."

- Mamãe?

- Ah, Kim... me desculpe, filha, eu sei que prometi não fazer mais isso. – disse, secando as lágrimas.

- Você prometeu porque quis, eu também sinto falta do papai, mesmo nunca tendo conhecido ele. Só quero que você prometa outra coisa, mas que você pode cumprir.

- O que você quiser, querida.

- Não me deixe sozinha...

- Nunca, ouviu bem? Se eu vivo, meu amor, é somente por sua causa. Se você não existisse, certamente eu não estaria aqui.

Elas se abraçaram e Hermione se sentiu mal por notar que a filha sabia inconscientemente da proporção de sua profunda tristeza. Sirius observava as duas e sem que tivessem ciência da presença dele, e desaparatou. Minutos depois, Hermione resolveu parar o assunto ali.

- Bom, esqueçamos isto, ok? O que a senhorita aprontou hoje?

- Por que você sempre acha que eu apronto?

- Porque eu te conheço, mocinha. E pela sua carinha, fez alguma coisa...

- Não fiz nada de errado, eu juntei o tio Harry e a madrinha, sabia?

- E como fez isso?

- Eu conversei com ela e fiz ela acreditar que tio Harry não gostava daquela grandalhona. Aí, os dois se beijaram e ficou tudo bem!

- Mas como a senhorita foi na casa da Gina?

- Ah... mamãe, isso são detalhes!

- Kimberly, quantas vezes vou ter que repetir que pó-de-flu não é brinquedo?

- Foi por uma boa causa... e eu sei usar ele muito bem. Vai me deixar de castigo de novo? – choramingou.

- Desta vez passa, mas da próxima eu juro que...

- Você é a melhor mãe do mundo, sabia?

- E você é a minha chantagista preferida. Vai tomar banho e depois me conta melhor essa história da Gina e do Harry.

Elas conversavam animadamente na sala. Quando Kimberly resolveu contar dos apelidos carinhosos de Lupin e Sirius, Hermione não segurava a risada... a menina chamou Sirius de Fadinha perto da nova namorada dele. A mulher achou uma gracinha e ele queria matá-la com o olhar enquanto Lupin, Mundungo, Harry e Gina não continham as gargalhadas...