Capítulo 14 - Primeiro Contato Fraterno
- Entre, Hermione.
Simultaneamente, Rony sentira uma alegria imensurável ao vê-la ali e receio do assunto que a trouxe àquela hora tão inesperada...
- Aconteceu alguma coisa com Kimberly? - a filha foi a primeira que lhe veio a mente.
- Não, ela está muito bem e sapeca... Vim falar do pedido que me fez.
- Ah, me desculpe a ignorância. Sente-se... quer alguma coisa? Sei lá, você parece tensa...
- Não tanto quanto você. - disse, rindo-se - Mas não preciso de nada além de sua compreensão. E prefiro ficar de pé, a ansiedade me faz ficar elétrica.
- Eu também tenho este costume. E, desculpe de novo, não esperava sua visita... Pode falar - ele estava muito confuso com a presença dela.
- Ontem eu conversei com Neville, o amigo que mora comigo e que é padrinho da Kim. Contei que você estava vivo, pois temos confiança mútua. Bem, ele achou que eu enlouqueci de vez. Brigamos e até assustamos Kimberly... e percebi que sem você estando presente, eu não vou conseguir que alguém acredite que eu não estou tendo um novo surto ou recaída de depressão.
- Você é depressiva?
- Sou, mas isso não vem ao caso agora. - ela envergonhava-se por admitir isto - Preciso que esteja comigo quando revelar a verdade para todos. Ou posso perder a guarda da minha filha, sei lá o que fariam comigo... você tem que tomar coragem.
- Quando seria isso?
- O mais rápido possível. Pensei em amanhã, já que haverá um almoço onde toda a sua família estará reunida. Eu tiro Kimberly de lá, não sei, dou um jeito... mas não pode passar de amanhã. E antes eu queria que Neville soubesse, pois ele pode ajudar.
- Este tal de Neville é importante para você, não?
- Acredite, ele é. Harry e ele são "os homens da minha vida". Não sei o que faria sem eles. Contudo, Harry por ter sido seu melhor amigo pode emocionar-se demais, não sei... pode contar para Gina e estragar tudo, ela também não acreditaria nele. Como o Neville é neutro nessa história, é mais plausível a ajuda dele. Alguma objeção?
- Não, até estou curioso para conhecê-lo. Para você confiar, deve ser alguém bom. Só não tenho certeza da minha preparação para enfrentar minha família... será que eles vão pensar que fugi deles ou que estou mentindo?
- Insegurança não ajuda. E será o melhor acontecimento na vida de todos saber que você não morreu.
- Bem, você pode ter razão. Mas ainda tenho medo.
- Não vamos discutir, ok? Você não pode privar as pessoas que te amam de voltarem a ser um pouco mais felizes! E pode me dizer a verdade: o que realmente te aflige?
Ele levantou, pois mantera-se sentado enquanto ela discursava. Procurou seu livro. Abriu-o com um feitiço e folheou-o...
- Hermione, aqui eu escrevi tudo que eu me lembrava, e descrevia para Rômulo, meu amigo, as pessoas que eu via fugazmente em sonhos. Pode me dizer quem são?
Ela olhou o primeiro desenho. Um garoto de cabelos negros, olhos verdes vivo, óculos e uma roupa vermelha. Estava numa vassoura. Fora a primeira lembrança dele, quando saíra escondido com Hilary da clínica. Hermione não demorou muito para dar-lhe uma resposta e acabou compreendendo o medo dele...
- Você pode não lembrar do nome de todos e acabar magoando um pouco algumas pessoas, mas isso é uma conseqüência da sua amnésia. Encare-a e conte a verdade, assim terá a compreensão... dói saber que você não me ama e nem lembra de mim como eu gostaria, Rony. Mas ao menos eu sei que você está vivo, Kim terá o pai que ela tanto ama mesmo por fotos e coisas que as pessoas contam. E você pode voltar e aprender a amar essas pessoas. Não se atormente com o futuro...
- Eu sei que sou fraco. Mas ainda é difícil, tente me compreender! Eu quero voltar a ser quem eu era, de uma certa forma... mas tudo aconteceu tão de repente! Posso até encontrar todos amanhã, mas saiba que vou inseguro e com muito medo das reações. E se não acreditarem que sou eu? Que estou mentindo e que os abandonei descaradamente? Como que vou conseguir suportar estas desconfianças? Eu não tenho estrutura para agüentar isso! Sou fraco demais e nada me convencerá do contrário!
Sentara-se abalado, cabisbaixo e com as mãos arrancando os cabelos ligeiramente. Hermione fechou o livro e sua primeira intenção era colocá-lo em seu colo e afagar seus cabelos, como sempre fizera. Porém, ele não tinha a mesma necessidade do apoio dela como antigamente, não era seu Rony. Ou ao menos ela queria crer nisto. Ele murmurava palavras inaudíveis e ela previa o que eram: palavrões. Certamente ele se xingava, fora assim e deveria continuar. Então, sem saída e atendendo ao seu acelerado e apaixonado coração, sentou-se ao lado de Rony, repousou sua mão no ombro dele e inconscientemente ele deitou-se no colo dela, chorando, segurando na saia dela e se encolhendo. "Nada mudou, este é o Rony, o meu Rony..."
- Quando a mamãe volta?
Devia ser a nona vez que Kimberly perguntava isto a Neville, que conversava com Lupin, Gui e sua esposa Atília.
- Kim, ela não vai demorar... será que sua mãe não pode passear um pouco?
- Creuzinho, ela nem disse aonde foi pro padrinho... e tá demorando demais... já faz uma hora!
A menina chamava Lupin de Creuzinho naturalmente... o que ocasionava risinhos abafados de quem observava as cenas.
- Sua mãe volta logo... vá brincar com Samir e Sofia.
- Por favor, padrinho... procura a mamãe! Eu só vou ficar sossegada quando saber quando é que ela volta e onde ela tá!
- Tudo bem, abelhinha... eu me rendo. Vou procurar Hermione. Com certeza ela está na casa da madrinha.
Aparatou, então, na casa dos Potter. Gina e Harry assistiam a televisão, pois ele sempre quisera manter alguns costumes trouxas... e ela adorava saber mais sobre a cultura deles. Uniram o útil ao agradável.
- Er... desculpe aparecer sem avisar, mas eu queria saber onde a Hermione está.
- Por quê? Ela não estava com você hoje de tarde?
- Sim, Gina. Mas depois ela disse que tinha um compromisso e pensei que ela estivesse com você.
- Será que ela não foi para a casa daquela amiga nova... a Dayana?
- É, pode ser... Obrigado Harry, eu vou lá.
- Aconteceu alguma coisa para você estar atrás dela assim?
- Kimberly está preocupada com a mãe. E sabe como é teimosa aquela garota... Se não sabe de tudo que acontece em volta dela, não sossega um minuto.
- Teimosia, mania de querer saber tudo... É impressionante como certas coisas que Rony e Mione refletem-se nela... - disse Harry, pensativo e triste - Desculpem... Você sabe onde Dayana está?
- Não, algum de vocês pode vir comigo?
- Pode ir, Gina... Eu fico com a Kim e converso com o Gui também. Não me importo.
- Tudo bem, então encontro você lá no moquifo do Sirius... aquele lugar nunca fica sem movimento!
- Pois é, acho que o espírito festeiro do dono da casa influencia bastante... - disse, rindo-se - Depois eu quero a senhora Potter impecável para sair comigo, ouviu? - murmurou no ouvido dela, enquanto Neville paralisou-se vendo a televisão.
- Ouvi, meu apanhador... hoje, você ganha o jogo de novo. - ela nunca deixava de ficar rubra com algumas coisas que ele lhe dizia baixinho e com tom provocante.
- Então vou esperar o momento para apanhar meu pomo de ouro... só espero que ele não fuja muito tempo...
- Chega, tá bem? O Neville está aqui...
- E eu ligo tanto para isso!
Eles riram e dispersaram a atenção de Neville, que voltara a realidade.
- Vamos? - perguntou Gina, apressada e dando um sorriso tímido a Harry - Divirta-se. - finalizou, beijando rápido mas gostosamente, seu marido.
Por não saber o sobrenome de Dayana, a procura foi um pouco chata, o porteiro era um tanto lerdo e lhes dera o número errado... Para procurar o quarto também não foi fácil. Erraram quatro vezes por conta do engano do porteiro. E ainda por cima, esqueceram o número de tanto nervoso com aquele porteiro e o elevador, já que tinham medo dele e subiram nove lances exaustivos de escada.
- E agora? Vamos bater de porta em porta?
- Tente manter a calma, Gina. Você se estressa fácil demais. Acho que é este aqui.
- Ah, sim. E acabar como da última vez? Aquele casal quase me mata de vergonha!
- O que você queria? Achamos que era aquele o quarto, e apesar de ser estranho o que eles nos disseram, acho que devemos esquecer...
Um casal que atendera a porta perguntou-lhes se eles eram os que eles chamaram para uma "festa particular". Ambos estavam nus, cobertos por um lençol de seda muito fino... Gina não sabia se falava ou saía correndo. Neville disse que fora um engano e eles correram...
- Tudo bem, mas é a última vez que verificamos! Depois, se não for este, eu juro que pego a topeira daquele porteiro e trago até aqui subindo cada degrau arrastado!
Batera na porta com força. Neville apenas levara a mão à cabeça, fechara os olhos e balançara a cabeça negativamente.
- Vai ajudá-lo ou não?
- Você não merece minha consideração, Luigi. Não acreditou na minha palavra e olhe o fim de Hilary! Nem sabemos se ela terá este filho...
- Não repita isso, ouviu? Ela vai sobreviver o suficiente para conviver um pouco com o filho! Pare de amaldiçoá-la!
- Está vendo? Sempre acha que quero seu mal. Assim não conseguiremos chegar a acordo nenhum.
- Tá! Diga-me o que pode ser feito pelo rapaz.
- Quase nada. Obliviate não tem um contra-feitiço cem por cento eficiente e você sabe disto. Ele pode perder a memória novamente, e não será culpa minha.
- Você-sabe-quem usou o conhecimento de muita gente. Tenho certeza que ele sabia algum contra-feitiço e que você não quer me contar por vingança.
- Já disse! Em algumas pessoas deu certo, em outras não... Depende da raiva com que você lença o feitiço. Se ela é maior, não é fácil anular...
- Mas não é impossível, certo?
- Errado. Amo Tom Riddle ainda. E na época queria vingar a morte de meu amor. Se o ódio proveniente de um grande amor puder ser anulado, considere-se melhor que qualquer bruxo do universo! Os sentimentos unidos com a magia são invencíveis, e como bom conhecedor da vida, deveria saber disto.
- Sei, mas ainda tinha alguma esperança já que você disse que poderia...
- Disse bem, eu poderia. Não há certeza na frase. Posso tentar, mas é arriscado demais. Fale com o Weasley e veja o que ele decide.
- Está se redimindo, Sibila?
- Não. Só vejo que nada trará Tom de volta. E muito menos pude acabar com a vida da Granger e do Potter, e era tudo o que eu queria. Tenho meu lugar com meus amigos que sobreviveram. Adiantou alguma coisa? A Granger entendeu minha dor, ela sofreu, pagou por tudo. Mas continuou viva. Isso me atormenta e me faz concluir que meu esforço foi um tanto vão.
- Pois é, nem tudo sai como a gente espera. E ajude o Michael, depois volte a sumir.
- Você me odeia, mas eu não te culpo. Também não te perdôo.
- Contudo sempre chegamos a um consenso, mesmo que ele seja absurdo.
- Sangue conta muito nestas horas.
- Nem tanto. Venho por necessidade. Única e exclusivamente. Te dou a resposta dele logo.
- Eu vou aguardar, e até já sei qual será a resposta.
- Não creio em suas premonições. Guarde-as para ti.
Luigi tinha raiva de Sibila, e isso era notável em sua voz, em seus gestos e seu olhar... Ela também não perdoava o irmão, entretanto no fundo soubera que ele teve motivos contundentes para desconfiar dela. O médi-bruxo queria redimir-se com Rony, fazer o certo e dormir em paz. Só não imaginara que Hilary participara da confusão.
Após desabafar um pouco com Hermione, Rony mostrou-lhe os outros retratos desenhados por Rômulo. Como cada lembrança era tida com entusiasmo, Rony fornecia as descrições com riqueza de detalhes. Sua amada foi lhe dizendo quem era Harry e ele surpreendia-se "Um dos maiores bruxos da história era meu melhor amigo!". Depois, reconheceu os gêmeos, Molly e Dumbledore com dificuldade. Eram como sombras, não tinham muita forma. As cores eram delatadoras incríveis e sem elas, Hermione não conseguiria dar uma resposta precisa para ele. Até que chegou no retrato de...
- Hilary. Esta é a minha esposa. - disse ele, amargurado.
- Muito bonita. Loira, olhos azuis... muito bela mesmo. Você tem bom gosto.
- Talvez. Ela pode ser bela, mas não é digna como sua aparência...
- Sabe, eu acho que ela mentiu porque te ama.
- Se amasse não deixaria eu sofrer, Hermione! Ninguém conheceu mais meu sofrimento do que ela! Hilary não era somente minha esposa, era minha melhor amiga, meu porto seguro. Eu vi nela o meu futuro, minha velhice! Confiei a ela minha vida. O que recebi em troca? Mentiras. Ela preferiu me ver sofrer do que me perder, sendo que isso nunca aconteceria se ela fosse sincera! Seria a maior prova de amor que eu poderia receber.
- E você a ama?
Hermione perguntou isso insegura, quase sussurrando. Rony a encarou sério e notou a respiração lenta dela, as mãos apertadas de ansiedade e o receio do que poderia ouvir. Quando iria responder, alguém batera com violência na porta. Desprendendo-se do olhar de Hermione, foi até a porta...
- O que desejam?
O casal mirou-o com um grande susto. Os olhos arregalados e a respiração em falta. Estranhou e repetiu a pergunta:
- O que desejam?
- Me internar em St. Mungus...
Gina tocou-lhe a face com apertões fortes e depois belicou-se forte. Neville olhava dentro do quarto, procurando Hermione. Constatando que Rony estava em sua frente mesmo que isto fosse no momento absurdo, a irmã abraçara-o tão intensamente que quase o sufocara.
- Meu irmão! Oh, por Merlin... não sei como, mas me sinto tão feliz por você não ter... quer dizer, você precisa me dizer que não morri subindo escadas e te encontrei no céu, ou estou ficando louca e abraçando um homem qualquer... Mas sinto que é o meu irmão implicante de sempre, com suas caretas e manias...
O espanto de Rony rendeu algumas caretas.
- Gina... Neville? O que vocês estão fazendo aqui?
- Te procurando, Hermione.
Neville surpreendera Hermione, pois estava estúpido e corajoso demais. Falara com rispidez e fechara a cara. O susto ao ver Rony foi notável, mas isso tornou-se uma raiva explícita. Se ele tivera alguma dúvida sobre os sentimentos que esperava que Hermione tivesse, ela esvaiu-se naquele momento.
- Rony, por que não me responde?
- Acho melhor nós entrarmos para conversar.
- O que eu ainda não entendi aqui, hein?
- Gina, entre e sente-se que nós iremos explicar tudo. Isto também vale para você.
Neville entrou batendo pé, e Gina totalmente confusa. Rony fechara a porta e tinha vontade de sumir. Não se lembrava da irmã! Começara seu inferno interior.
- O Rony perdeu a memória naquele dia do acidente, e... uma enfermeira o encontrou e cuidou dele na Austrália. Por algumas confusões, ele não viu nenhuma das notícias que colocamos no jornal. Então, depois que se recuperou refez sua vida, casou-se, - ela disse como um desabafo o último verbo - é um advogado novato... e por causa da cunhada dele, Dayana, encontrei-o ontem em minha casa. Pretendia contar para todos amanhã, mas acho...
- Hermione, você está brincando, não é? Ele não se lembra de ninguém?
- Vagamente de alguns.
- Alguns, inclusive você, não? Ou vai me dizer que vocês ficaram discutindo até chegarem numa consenso? É lógico que ele está mentindo!
- Quem dera eu estivesse. Perdi a memória e me lembro de poucas coisas, e tenho como provar para quem quiser - ele já estava se irritando.
- Lembra-se de mim?
Sempre que lembrava da família, não lhe viera na mente Gina...
- Não, me desculpe - parecia ter um nó na garganta.
- Mas da Mione ele lembra - a ironia da Neville irritava Hermione.
- Neville, o que você pretende com essas ironias? Está sendo duro para ele não reconhecer a irmã, será que não está dando pra você notar?
- Claro que é duro, com a irmã não dá para ele fazer nada, seria incesto.
Rony ficou nervoso, mas Hermione reagira com um tapa nada discreto.
- Escute bem, Neville Longbottom: eu sou uma mulher de respeito! Você me conhece desde Hogwarts, acho que não preciso dizer o quanto somos amigos. Ele não está mentindo e o que faço é problema meu! Ele é o pai da minha filha, você é o padrinho dela, e só. Não é meu marido, dono ou coisa parecida. Não tem o direito de me julgar, mesmo porque eu não lhe devo satisfação alguma! Mas mesmo assim, eu vou dar: não fiz nada com ele, nada! Está satisfeito agora?
- Não! Não estou!
- O que você teme perder, hein?
- Não se perde o que não se tem, Hermione. Agora eu espero sinceramente que você não esqueça de quem criou a Kimberly. Quem acordava de noite, cuidava de você, dela... acho que não é necessário dizer o quanto eu fiz por vocês duas e meu amor por Kim. Ele ajudou a colocar ela no mundo, eu a criei. Eu só quero ver no que isso vai dar.
- Não quero roubar ao lugar de ninguém. Sei que não vou recuperar o tempo perdido com ela, mas tentarei ser presente na vida da minha filha. Você quem a criou junto com Hermione e não esquecerei disto. E acho que esta briga não vai levar a nada.
- Tem razão. Eu estou sobrando aqui, ou melhor, eu sempre sobrei. Mas sem um idiota o mundo não gira, certo?
- Não seja marrento. O que vai falar para Kim?
- Que a mãe dela está na casa de uma amiga e talvez passe a noite lá. Ela me entupia de perguntas o tempo todo, queria saber de você. Só vim aqui por ela.
- Neville... você vai para onde? - dessa vez, Gina se manifestara.
- Para a casa do Sirius, onde mais? Pode ficar sossegada que não vou fazer besteira.
Ele não olhou para a cara de ninguém mais, foi embora. Se Rony desconfiava de que aquele "amigo" sentia algo por Mione, agora sua certeza tomou forma.
- Eu sinto muito... ele está fora de si.
- Entendo. Gina? - perguntou, com certa insegurança.
- Sim, eu me chamo Gina.
- Me perdoe, eu nem sei que fazer mais... me sinto um idiota. Não sei nem reconhecer minha irmã. Eu nem lembrava da Hermione direito, era uma lembrança vaga, com muito esforço lembrei o apelido dela.
- Não precisa se explicar, você e ela se amavam demais e sempre foram muito grudados, apesar das brigas de cinco em cinco minutos... é normal.
- Mas eu não acho normal, me sinto mal por esta situação. Sei que você está chateada.
- Deixe de ser teimoso! Eu estou feliz, surpresa, confusa. Me dê um abraço, vá!
Naquele momento, o abraço foi terno de ambas as partes. Ele procurava secar as lágrimas, que escorriam sem lhe pedir licença. Ela olhava sorridente para Hermione, emocionada com o encontro funesto. Depois, Rony sentou-se com as duas e eles começaram a falar do passado, como faziam ele e Hermione antes das "visitas" chegarem. Perderam completamente a noção do tempo, pois havia tanto para contar...
- Tio, será que o padrinho vai demorar?
- Logo ele e sua madrinha voltam, tenho certeza. Esquece um pouco disso, sua mãe está bem.
- Como você me garante?
- Harry, se eu fosse você, não discutia com ela - disse Lupin.
- Mas Hermione não pode respirar sem que ela saiba! Já pensa que aconteceu uma tragédia, tem que acabar essa mania!
- Falou a voz da experiência! - disse Gui.
- Posso não ter experiência nenhuma com filhos, mas olha essa menina. Deixa de brincar para se preocupar com a mãe porque ela não disse onde ia. Isso me preocupa.
- Isso se chama amor, Harry. - disse Neville, que desaparatou ali.
- Padrinho! Cadê a minha mamãe?
- Ela está na casa da Dayana e não sei se ela volta hoje.
- E a Gina?
- Acredito que ela volte. Se tiver vergonha na cara, ela volta.
- Você está muito nervoso. - observou Atília.
- Nervoso? Eu estou a ponto de pedir que alguém me mate com um Avada Kedavra!
- Neville, a Kim... - ponderou Harry.
- Dane-se! Ela sabe muito bem o que é esse feitiço, para que esconder as coisas dela? E quer saber, eu vou sair um pouco.
- Desse jeito não. Fica aqui e explica o que está acontecendo.
- Lupin, eu vou te dar um conselho: hoje, eu não estou para explicações. Portanto, me deixe antes que eu esqueça o significado da palavra educação.
- Me diga ao menos onde a Dayana mora.
- Harry, você não vai querer saber. E tem mais: amanhã Gina te conta. Aliás, amanhã vai ser um dia maravilhoso para todo mundo. E eu quero estar o mais longe possível desta alegria. Será que algum de vocês pode levá-la para casa?
- Você não vem me buscar, padrinho?
- Não quero trombar com a tua mãe. Alguém te leva se passar das dez e eu te ponho pra dormir.
- Pra onde você vai?
- Não sei, mas prometo que estarei te esperando na sua casa.
- Minha? É nossa, padrinho!
- Não, é sua. E acho melhor se acostumar com isso.
- Kimberly, vem jogar mais uma partida! - disse Samir.
- Vai, o seu padrinho está muito nervoso e não sabe o que diz. Deixa ele - disse Harry, inconformado com o comportamento de Neville.
- Eu fiz alguma coisa pra você ficar assim? Desculpa eu te encher o saco, mas eu não pensei que você ia ficar bravo desse jeito...
Kimberly começou a querer chorar, se culpava pelo estado dele. Neville, percebendo a besteira, respirou fundo e tinha vontade de esmurrar alguma coisa.
- Não, meu anjo... você não tem culpa de nada, não estou bravo com você. Brinca e dez horas pede para o Harry ou o Lupin te levar para casa, tá bom? Desculpe.
Abraçou-a e acalmou-a inconformado com seu próprio comportamento. Conversava bastante com Lupin, e resolveu naquele momento seguir um dos conselhos dele. Aparatou.
- Kim, vai brincar com o Samir... a Sofia dormiu. Esquece isso.
- Tio, você vai ficar bravo se eu te fazer uma pergunta?
- Não, pode falar.
- Mamãe não vai voltar pra casa hoje?
- Volta sim. E depois te explica onde estava. Mas agora não se preocupa com isso. Olha, você está tremendo, soluçando... vai lavar o rosto e brincar. Problema de adulto é complicado.
- Você sempre me diz isso, e eu acho que você tem razão. Eu vou.
- O que deu nele? Fazer isso com a menina! - disse Gui.
- Seja o que for, Gina vai me contar.
Dez horas em ponto, Harry levou Kimberly em casa. A menina emudeceu, e por mais que ele tentasse puxar assunto, não adiantava nada. Ao chegar, Neville estava no sofá.
- Tudo bem? - Harry estava preocupado com o que ele poderia fazer.
- Ótimo, eu só vou colocá-la na cama. Não é bom criança dormir tarde. Kim, vai escovar os dentes.
- Tá bom - disse ela, cabisbaixa.
- Olha como ela está desde que você disse aquelas besteiras! O que Hermione fez de grave?
- Nada, eu sou o idiota. Tive esperanças demais. Eu a perdi, Harry.
- Você sabia que ela nunca te amou.
- Mas tive esperanças, como todo mortal. Porém, não adiantou.
- Como tem a certeza agora?
- Espere, você verá. Não posso explicar.
- Tudo bem, eu não vou insistir mais. Só quero saber agora onde minha mulher está.
- Também não posso dizer, mas logo ela volta. Não se preocupe.
- Desculpe, mas preciso saber. Tudo bem, o problema é entre você e Mione. Gina não tem nada a ver com isso.
- Agora tem. Não vamos discutir. Logo ela volta, garanto.
- Eu vou, mas você ainda vai ter que me explicar essa história.
Harry deu um beijo em Kim e foi, muito desconfiado. Neville colocou a menina na cama, e ficou esperando ela dormir.
- Kim, promete que não vai esquecer de mim, não importando o que aconteça?
- Por que tá perguntando isso? Claro que não vou te esquecer, eu te amo, padrinho.
- Eu também... não esquece disso. Amo mais do que tudo. Prometo não te maltratar mais...
- Tá bravo com a mamãe?
- Não. É comigo mesmo. Dorme, eu não vou sair daqui.
Ele mentira. Logo que ela pegara no sono, tomara seu caminho: voltara para Hogwarts.
