Capítulo 23 – Explosões
- Nova lua-de-mel, é?
- Não, Lupin. Apenas um descanso.
- Com esta cara de santa ela convence vocês? - Harry estava elétrico.
- Você está impossível, não? E cada vez mais parecido com Sirius!
- Espero que isto seja um elogio! - disse Sirius, que aparatara na casa deles.
- Acho que não é, mas finja que você gostou - disse Lupin.
- Vai atrapalhar os coitados, Aluado?
- Já disse que só vou para assistir o jogo e não ficarei com eles, acha que eu seria tão inconveniente?
- Não vou te responder! - disse Sirius - E o Rony?
- Está lá na cozinha com a Kim. Aliás, ele passou a tarde com ela e com Logan.
- E o projeto de Malfoy não reclamou?
- Não sei. Parece que tiveram uma briga feia.
- E ainda dizem que as mulheres são fofoqueiras!
- Gina, nós, ao contrário de vocês, constatamos e discutimos fatos e não falamos mal de todo mundo!
- Ah, é? E por que colocou este apelido em Hilary?
- Ela é loira, e segundo nosso amigo não vale os peitos que tem. Portanto, é Malfoy travestido! Tenha senso de humor, Gina!
- Vou ver o que está acontecendo na cozinha. Podem continuar com a reunião.
- Você não está atrapalhando - disse Sirius.
- Eu sei, mas quero passar na casa de mamãe. Volto mais tarde.
- Tudo bem, Gina. Mas tenha juízo.
- Harry, quem é você pra me falar de juízo? - disse, risonha.
Mal ela saiu e eles começaram a falar sobre Anna e Augustus. Kim pedia ajuda para Rony, e Gina ficou intimidada de interrompê-los. Por isso, desaparatou sem que eles vissem.
- Está bom?
- Ótimo, sua letra é linda.
- Obrigada! Você pode me ensinar a escrever com mágica?
- Ainda não, você é pequena para mexer com a varinha.
- Já mexi tantas vezes, mamãe não vai saber.
- Não acho legal você desobedecer a sua mãe. Aliás, para onde ela foi ontem?
- Ela vai visitar a minha... esquece, falei demais, eu não posso te contar.
- Por quê?
- Por que é segredo. Mamãe não gosta que eu fale e me proibiu de falar pra qualquer um.
- Mas eu não sou qualquer um, e tenho amizade com ela.
- Se tivesse mesmo ela tinha te contado.
Ele chateou-se e ela percebeu.
- Desculpa... mas ela disse pra eu não contar pra você.
- Tudo bem, não tem problema.
- Quer saber? Ela gosta de você.
- É, um pouco.
- Um pouco nada! Por que você não fala com ela e pergunta o que ela foi fazer?
- E acha que ela me dirá?
- Não sei, mas tenta! Manda uma coruja pra ela.
- Mando, pode deixar.
- Só não queria te ver chateado.
Ele sorriu ao ouvir aquilo. E teve de dar atenção para Logan, que começou a chorar de fome.
- Acho que terei que levá-lo.
- Posso ir junto?
- Pode, mas vai avisar o Harry e a Gina.
Quando chegaram n'A Toca, Hilary parecia apreensiva olhando constantemente para o relógio.
- Até que enfim! Sabia que Logan precisava mamar? Eu lhe avisei que...
- Tá, você avisou mas eu quis levá-lo mesmo assim.
- Olá, Kimberly - disse, visando ignorar Rony.
- Oi. É verdade que você vai levar o Logan embora?
- É, mas você poderá visitá-lo.
- Não vai subir, Hilary? - Rony cansou-se da falsidade dela com a menina.
- Sua educação é demais!
- Conviver com as pessoas erradas dá nisso.
Ela subira rapidamente e Kim, apesar de achar Hilary chata, não gostou da atitude de Rony:
- Nossa, por que faz isso com sua mulher?
- Ela não é mais minha mulher.
- Mas ela ficou chateada. Você não se importa?
- Não. Agora deixe Hilary pra lá e vamos voar um pouco?
- Vamos!
Ele arrumou coragem para contar-lhe que pretendia viajar no meio do passeio.
- Você vai voltar?
- Claro! É só um tempo, estou precisando descansar.
- Mamãe foi para Hogwarts, tio Harry, a madrinha, o Lupin e você vão pra França, o Logan vai pra Austrália... vou ficar sozinha!
- Tem a sua avó, e voltarei para o casamento dos seus tios Fred e Jorge.
- Mas falta dois meses pro casamento!
- Você está muito chateada comigo?
- Um pouco.
- Tente me entender, Kim. Preciso deste tempo... prometo que volto e não viajo mais.
- Sério?
- Sério. Dou minha palavra. Confia em mim?
- Confio - disse, com ares de seriedade.
Hermione voltara no final de semana junto com Neville. Rony tratou-a secamente, pois mandara uma coruja e não obteve resposta.
- Rony, eu só não respondi porque preferi falar com você pessoalmente.
- Não precisa, eu errei querendo me meter nos seus problemas.
- Fui insensata, arrependi-me depois por não ter falado com você. Primeiro vamos falar de Kim, ok? Gina viajará com Harry e eu preferi deixá-la com Molly, fiquei sabendo que sua esposa vai embora...
- Espera, acho que alguém está nos ouvindo.
Rony vira Hilary e saiu correndo atrás dela. Hermione tentava alcançar os dois, receosa do que ele poderia fazer com ela.
- Quem você acha que é pra ficar me vigiando? Escuta aqui, sua vadia, não lhe devo mais satisfações!
- Me solta!
- Rony, pare - disse Hermione, num tom perigoso.
- Para que você veio aqui? Hein? – gritava ele.
- Não grite comigo!
- Não fuja do assunto! Fale logo ou se mande! - ele começava a perder o juízo.
- Rony, vá embora – disse Hermione.
- Como?
- Eu quero falar com ela.
- Hermione...
- Vá - ordenou.
Mesmo contrariado, obedeceu-a.
- O que quer comigo?
- Saber o que pretende nos seguindo.
- É difícil aceitar a idolatria dele por você! Fiz de tudo por ele, dei a minha vida! E quando venho para cá, vejo os pombinhos entretidos em conversas secretinhas...
- Você está nos entendendo mal.
- Entendendo mal? Odeio você e isto já faz muito tempo! Conheço aquele homem mais do que você imagina. Você era a minha sombra, ele nunca me amou por sua causa!
- Isto não é verdade...
- Claro que é! Tive que suportar ser chamada de Mione na minha lua-de-mel. Tem idéia do quanto foi horrível?
- Não tenho culpa do fracasso do seu casamento.
- Tem sim. E não pára de dar em cima dele com esta pose de santa e dona da razão! Ainda por cima, tem um caso com o padrinho da própria filha...
- Não fale do que não sabe!
- Para Rony, você é o máximo! E no fundo ele só não está com você porque sabe o quanto é falsa!
- Quem é você pra falar de falsidade? Enganou-o por egoísmo o tempo todo!
- Por amor! Não sou egoísta! Sou apaixonada! Por isso não suporto ouvi-lo dizer que você é uma mulher para ser amada e eu não! Ninguém neste mundo ama ele como eu! Nunca o trairia com homem algum! Muito menos com um dos amigos dele, ou pensa que engoli aquela história de que nunca levou aquele gordo pra cama?
- Não sou como você! Se tivesse mesmo um caso com Neville, eu tinha falado! E acho que estou perdendo tempo.
- Vai embora por quê? Sabe que falo a verdade, né? E se depender de mim, Rony não fica com você!
- Pode até não ficar, mas para você ele não volta.
- Quem garante? Você já experimentou se olhar no espelho? E ele gosta de mim. Pode negar, mas gosta. Ou não teria se casado comigo.
- Ele tem pena de você!
- De mim? Você acha que ele te idolatra por quê? É remorso por não te amar. Isso sim é deprimente.
- Ele só se casou porque você não tem muito tempo de vida! É amaldiçoada!
- Tolice! Está falando isto para não admitir que ele nunca te enxergará de verdade!
- Não quer acreditar? Então pense: por que Logan está cego se você é saudável?
- Não ouse meter meu filho nesta mentira idiota! E guarde minhas palavras: se Rony não é meu, não será de mais ninguém.
Hilary emudeceu quando viu Sibila atrás de Hermione e lembrou-se das palavras dela em relação à moça, no último dia em que encontraram-se. A bruxa levou o dedo indicador próximo aos lábios, pedindo silêncio. Um grande conflito interno começara dentro da ex-mulher de Rony...
Harry conversava com Gina enquanto Rony esbravejava com os irmãos:
- Sei que a Anna é um doce, mas acho que Augustus precisa mais de uma família.
- Harry, tem certeza que conseguiremos? Ela não conhece os pais, ele sim! E o pai dele?
- Vou conversar com ele, prometo.
- Suportará esta conversa?
- Sim. É preciso.
- Não sei se poderemos dar todo o amor e atenção que ele precisa...
- Nunca saberemos se não tentarmos.
- Isto não é um jogo, Harry! Precisamos ter certeza de nossa escolha!
- Eu já fiz a minha, Gina.
- Você diz que prefere Gu por pura vontade de dar lições de moral e sair como o bom!
- É isso que você acha?
- É.
- E eu acho que você não quer cuidar dele justamente por ser filho daquele que te salvou uma vez. Aliás, se incomoda-se tanto que deve haver algum motivo. Talvez Cho tinha razão quando falou que você adorava a companhia dos Comensais... Ou será que a aluna molestada não tinha cabelos ruivos e predisposição para contrariar-me?
Gina deu-lhe um tapa ruidoso.
- Você sabe ser idiota! E não esquece nenhuma palavra daquela galinha! - os olhos dela estavam marejados de raiva e dor.
Harry não demorou para notar a grande besteira que disse.
- Gina, desculpe!
- Não! Não fale mais nada! O que você pensa de mim já está claro! E Voldemort tinha razão...
- Razão?
- Sim. Eu nunca teria o seu amor, somente sua compaixão!
- Me ouça, por favor! Alterei-me pelas suas insinuações, mas não queria machucá-la, nem sei porque disse tudo aquilo. Não te usei este tempo todo, eu te amo!
- Em todas as nossas brigas você sempre diz isso. Mas no fundo desconfia da minha fidelidade, do meu caráter! Isto não é amor, Harry.
- Harry, por que a Gina está chorando? - Fred não parecia nada amigável.
- Estamos discutindo algo delicado...
- Ah, que vocês estavam discutindo eu percebi, aliás, todos na sala perceberam e ouviram. Não admito que você chame a minha irmã de indecente!
- Fred, deixe-nos.
- Nem a pau. Você vem comigo, Gina.
- O que pensa em fazer?
- Não sei. Mas perto dele você não fica.
Fred a levou e ela nem insistiu para que ele fizesse o contrário. Harry não achou conveniente segui-los, pois conhecia o gênio dos Weasleys. Sentiu-se um idiota completo por lembrar-se das acusações que Cho fez à Gina, e não entendia como uma mulher tinha tanto poder sobre ele. Amava Gina, porém Cho o assombrava em pensamentos às vezes. E naquele instante, não sabia como apagaria aquele episódio da mente da ruivinha e o remorso que sentia.
- Pensou que eu estava satisfeita? Fracassei com Rony. Com você é diferente, não posso. Preciso acabar com essa sua vida medíocre!
Sibila fez uma árvore ganhar vida e seus galhos enrolaram Hermione por inteiro. Hilary não sabia o que fazer, mantinha-se como espectadora da cena.
- Está apreciando, querida? Ela não roubará o teu ruivinho, poupei-o para você.
- Quer mesmo matá-la?
- E você não? Vou ouvir cada osso desta intrometida quebrar-se como gelo. O que há? Parece acuada... Afinal, de que lado você está? Ela lhe rouba o marido, acaba com a vida e ainda tem dúvidas sobre o que ela merece?
- Não - disse, convicta.
Pegou sua varinha e apontou para Hermione, que implorava por piedade com o olhar, pois não tinha forças para falar. Pensava somente em Kimberly...
- Avada Kedavra!
- O que foi, Kim? - a menina grudara nele.
- Ouvi um grito... Rony, o que é Avada Keda...
- Não diga isso! Onde aprende essas coisas?
- Eu ouvi agora alguém gritando isso! Cadê a mamãe?
- Kim, fica aqui que eu já volto, ok? - Rony começou a desesperar-se.
- Por quê?
- Vou procurar a sua mãe.
Ele saiu dali desesperado e Molly não entendeu nada, pois prestava atenção na conversa de Gina, Fred e Angelina. Neville viu Rony e interpelou-o:
- O que aconteceu?
- Espero que nada! Vem comigo.
Chegando onde Hilary e Hermione conversavam, eles nada entenderam. Neville vira Hermione caída e correu até ela, desnorteado:
- Mione! Acorde, por favor! Fale comigo! Por Merlin, como está fria!
- O que você fez, Hilary? O quê? - Rony a pegou nos braços brutalmente.
- Nada mais que minha obrigação! Você está entendendo tudo errado...
- Você matou a Mione! Como você pôde?
- Rony, me escuta...
- Se você não estivesse a beira da morte, eu faria o serviço agora mesmo!
Definitivamente, caíra a ficha dela: Hermione não mentira quanto a maldição. Não houve tempo para explicações: Rony começou a enforcá-la e xingá-la de tudo o que se pode imaginar. Neville tentava fazê-lo parar mas não tinha força, tamanha era a raiva de Rony.
- Largue ela, Rony!
- Eu não suporto mais esta praga! Você não tinha o direito de fazer isto, Hilary. Mexeu com quem não devia, com a pessoa que eu...
- Rony...
Ele parou subitamente e olhou para trás, os olhos lacrimejantes. Constatou que a dona da voz era Mione. Largou Hilary devagar e não tirou os olhos dela, para certificar-se da veracidade do momento. Correu até ela e a abraçou forte, afagou seus cabelos, tocou desesperadamente seu rosto, colo e mãos. Sorria e chorava sem vergonha alguma, uma felicidade imensa o invadira. Hermione também sorria aliviada e percebia que a distância entre eles era menor a cada segundo, as respirações eram identicamente aceleradas, os olhares profundos e brilhantes. Os lábios uniram-se delicadamente, como se selassem uma promessa. Rony tomara a iniciativa e beijou-a devagar, para ver se ela lhe correspondia. Hermione, totalmente apaixonada, não hesitou mais e o correspondeu com um ardente beijo.
Neville preferiu sair dali carregando Hilary desmaiada do que continuar vendo os dois juntos. Não era fácil aceitar ainda.
Ficavam sem fôlego e nem assim cessavam os beijos. Caíram na grama e desataram a rir, Rony brincava com os cabelos de Mione enquanto voltava a respirar normalmente. O vestido dela já estava semi-aberto e ele delicadamente começou a tirá-lo, porém, ela interveio:
- Não, ainda não...
- Você não quer?
- Muito, mas quero você por inteiro, compreende?
- Entendo. Desculpe-me pelo atrevimento, mas não pude conter-me. Só de pensar por um momento que você... - ele não quis dizer a palavra e fechou os olhos em sinal de que aquilo lhe doía - me senti perdido, louco! Afinal, o que aconteceu aqui?
- Sibila queria se vingar e Hilary parecia em dúvida sobre de que lado ficava. Ela enfeitiçou aquela árvore e me prendeu, quase perdi o ar mesmo! Hilary pegou sua varinha, apontou para mim e depois lançou um Avada Kedavra em Sibila. Depois disso, só lembro-me das súplicas de Neville...
- Então foi aquela maníaca que te salvou? Por quê?
- Não sei, mas preciso agradecê-la.
- Enlouqueceu? Ela se sentirá a dona do pedaço e vai achar que tem poder sobre mim. Vai jogar isso na nossa cara enquanto estiver viva.
- Sua raiva é grande, mas está sendo injusto.
- Não foi você a enganada!
- Existe perdão para quê?
- Hermione, não vou perdoá-la e desejo sinceramente que ela morra devorada por aranhas.
- Que horror! Você sempre foi rancoroso e teimoso mesmo!
- E você uma falsa. Vai dizer que não tinha raiva dela também?
- Ela não me deu tanto motivo.
- O que vocês ficaram falando aqui?
- Nada de importante.
- Você deve ter falado alguma coisa pra ela. Hilary não lhe salvaria a troco de nada.
- Até Voldemort tinha um coração.
- Sim, e amor próprio de sobra, pelo que sei! Hermione, aprenda a não ver somente o lado bom das pessoas.
- Está admitindo então que ela tem um lado bom.
- Não me confunda, tá? - ele irritou-se, mas sua voz saiu engraçada.
Hermione riu da reação dele, porém logo assumiu um semblante sério. Então, fez uma pergunta que era familiar para Rony:
- Por que você me beijou? Aliás, não entendo sua preocupação comigo.
- Você me assombrou e perturbou durante cinco anos nas horas mais importunas e estranhas. Confiou em mim, me ajudou. Se antes eu já... é, antes eu queria conhecer você, e quando tive a oportunidade descobri que você era muito melhor do que nos meus sonhos... O que eu estou falando? - ele enrubesceu e virou-se.
- Rony, você não está sendo ridículo.
- Ah não? Posso não estar, mas me sinto. Nem era isso que eu pretendia dizer, não sei o que me deu! Esquece.
- Entendi que me quer bem e que me beijou por desejo, atração. Simplesmente.
Ele hesitou, contudo concordou com ela apenas com a cabeça, pensativo.
- Vamos?
- Tá. - ele olhou para o lado onde estava Sibila - Deixaremos ela aqui?
- Não, vou levá-la...
Rony e Hermione nem notaram que Hilary, de longe, os observara por alguns instantes.
Chegando na casa, o clima era estranho. Todos pareciam divididos entre a alegria e a decepção. Angelina tratou de reduzir o corpo de Sibila e guardá-lo.
- Roniquinho, Hilary e Logan foram agora há pouco.
- Ela nem teve a dignidade de deixar eu me despedir dele?
- E você acha que ela ficaria aqui pra ver a hora em que os pombinhos voltariam?
- Fred, não é nada disso que vo... - tentou dizer Hermione, envergonhada.
- Ah, não? A gente nem contava com vocês para o jantar! - disse Harry, entre risos.
- Você é a pessoa mais discreta que já vi, sabia? – brincou Hermione.
- Negue que vocês se beijaram! – Harry não desistiu de provocá-los.
Eles olharam-se timidamente e deram um sorriso tímido.
- Bem, deu pra entender o suficiente! Vamos jantar porque Kim está morrendo de sono...
- E onde ela está, Molly?
- Lá em cima, lendo para variar! Ficou assustada com toda aquela confusão.
- Peraí, que história é essa?
- Rony, conversaremos depois. Ainda temos outro assunto para resolver - Molly ainda estava decepcionada com Harry.
Depois do jantar, Hermione quis levar Kimberly para casa. Rony foi despedir-se dela.
- Eu vou viajar com Harry amanhã, então...
- Bem, boa viagem - ela não escondeu a decepção.
- Não sei quando volto, mas provavelmente será para o casamento.
- Tudo bem - agora ela sentia as lágrimas virem.
- Você... responderia cartas minhas?
Ela assustou-se e respondeu, perplexa:
- Sim... quer dizer, de acordo com o meu tempo vago, eu respondo.
Olharam-se demoradamente e Hermione lembrou-se daquele dia de inverno onde ele separou-se dela quase que definitivamente. Rony foi em direção a Kimberly, a abraçou e disse:
- Sentirei falta de você, baixinha...
- Eu também, Rony! E não esquece: você prometeu que voltava pro casamento! Mas, se der... volta antes...
- Só se você escrever pra mim.
- Escrevo todo dia!
- E me dá algum beijo?
- Só se você me trazer algum presente. - disse, com carinha de cínica.
- Quantos eu puder carregar!
Ela o encheu de beijos e abraços carinhosos. Ele somente ficou infeliz quando teve de entregá-la para Neville, que iria para a casa de Hermione.
Foi a partir daí que uma séria conversa iniciara-se...
- Afinal, o que aquela moça lhe fez? - perguntou Arthur.
- Ela sabia que eu era Ronald Weasley. Escondeu-me isto durante todos estes anos por puro egoísmo, e ainda tem a coragem de dizer que foi por amor. Como posso perdoar ou casar novamente com um traste deste?
- Ela parecia dócil...
- Mãe, ela disse que isto aqui era um brejo! Ela não presta.
- Mas salvou a vida de Hermione, ao que me consta - afirmou Arthur.
- Isto eu não entendi mesmo.
- Ela nos contou os motivos e tudo o que aconteceu, querido – disse Molly.
- Admitiu que errou, e a única coisa que disse sobre Hermione foi que "ela tinha um coração, e também era mãe".
- E vocês estão com este olhar de repreensão porque ela convenceu vocês de que eu sou o vilão?
- Rony, você quase a matou hoje, e já a espancou.
- Harry, eu não acredito! Será que ninguém me entende?
- Entenderíamos, caso ela não estivesse grávida - disse Gina.
- Hilary quase acabou com a minha vida, não posso ter compaixão nem consideração com uma pessoa dessas!
- Não quer perdoá-la, tudo bem. Mas lembre-se de que é um ser humano e erra também.
- Mãe...
- Escute, Ronald - Arthur tomou seu lugar de patriarca para "meter bronca" - você não se lembra da educação que demos para nossos filhos, porém posso tentar corrigir alguns erros agora. Nunca se deve bater em alguém indefeso, principalmente uma mulher grávida. E não se esqueça: quem lhe estendeu a mão no início foi ela. Perdoar é uma questão que cabe a você decidir. Mas respeito, todos merecem, não importando o caráter. Sempre fui honesto, humilde. Já pisaram em mim, mas a minha honra é intacta e nenhum homem a cobrou! Estou desapontado com este seu comportamento vil, que nega as suas origens! Não é pela pureza do nosso sangue, mas da nossa alma e essência, passada em todas as gerações. Faça com que eu morra pensando que meus filhos passarão esta tradição através dos tempos, para que haja pessoas de boa índole neste mundo.
O silêncio tomou conta da sala. Arthur encarou Rony, sério, e subiu para seu quarto. Molly foi atrás do marido e Gina disse:
- Papai é muito correto com essas coisas e acho que ele tem razão.
- Que bronca... Não achei que tivesse idade pra isso...
- Mesmo adultos, precisamos de alguma bronca. Os erros crescem junto conosco!
- Ainda bem que você reconhece! - disse Gina, ainda magoada com Harry.
- Bem, eu vou deitar. Até amanhã.
- Passe lá em casa às sete - disse Harry.
- Tudo bem.
Rony beijou Gina e deu uns tapinhas nas costas de Harry. O casal ficou só na sala e o clima começou a pesar novamente.
- Eu não vou mais para a França.
- Por favor, esqueça o que eu disse. Você me deixou irritado e eu acabei...
- Dizendo o que sentia.
- Muito pelo contrário. Disse coisas desconexas, perdi a consciência. Nunca tive dúvidas da sua integridade e do que sinto por você.
- Não tenho mais certeza disto.
Ela levantou-se e ele temeu que fosse para aparatar.
- Não gosto de brigar com você, nem de te machucar.
- Mas me feriu demais! Não vou esquecer do que me disse hoje.
- Eu respeito sua mágoa. Se não quer me perdoar nem viajar comigo, não insistirei. Só preciso que não esqueça do juramento que fiz a você há quase seis anos. Não o quebrarei a não ser que você queira e caso isto aconteça, terei os piores dias da minha vida.
Ela respirou fundo e disse antes de aparatar:
- Vou dormir na casa da Mione. Pode ir para casa, se quiser.
Gina não foi despedir-se de Harry. Hermione levou Kim para a casa dele antes que ela tivesse um ataque, pois queria ver o pai, Lupin e Harry. Depois, quando conversavam sozinhas, Gina disse para a amiga:
- Mione, eu tenho medo de adotar o Augustus.
- Entendo, mas não aceito. Devia conversar com o pai dele.
- E se Harry estiver errado?
- Faça o seguinte: peça para Frida deixar ele passar um dia com você, aí tire conclusões se quer ele mesmo ou não. Daí em diante, é só encarar a fera.
- Sinto que ele precisa de nós. E vou fazer isto mesmo. Você me ajuda um bocado!
- Amigas servem para que, afinal? E quanto ao Harry?
- Não posso voltar com ele assim, do nada. Ele me disse coisas horríveis.
- Francamente, não sei o que deu nele. Mas todos erram, não é?
- Pode ser, mas doeu muito escutar aquilo. Tenho meu orgulho!
- É assim que se fala!
- E por falar em orgulho, você e Rony não...?
- Não.
- Ele não te quis?
- Não, eu o ponderei.
- Que loucura!
- Gi, eu tenho meu pudor. Por mais apaixonada que esteja, não transaria com ele sabendo que ele podia estar pensando na outra...
- Eu lhe entendo. Você quer o amor dele e não somente o desejo.
- Não sei se algum dia terei este amor, francamente...
- Se ele ficou preocupado como você disse quando pensou que você morreu, só amizade ele não sente! Acho que esta viagem fará bem pra ele...
- Por quê?
- É só um pressentimento. Quando chegar o casamento, entenderá de que bem falo!
Enquanto isso, em Back Sunset...
- Minha filha, o que aconteceu para você voltar de repente e... sem Michael?
- Nos separamos. Ele nunca me amou, chega de ficar me rastejando e sofrendo. Agora dedicarei minha vida e meu amor somente a ele, - olhou para o filho com ternura e completou silenciosamente – até chegarem meus últimos dias.
