Capítulo 25 - Gênio Weasley

- Querida, você tem certeza que está bem?

- Sim, mãe... é que estou em jejum há horas.

- Não é a primeira vez que tem estas tonturas.

- Mãe, pare de sonhar. Não estou grávida.

- Não mesmo? Gina, enganar uma mulher que já teve sete filhos é uma tarefa difícil.

- Já tenho o Gu, ele ficaria enciumado e não é a hora ainda.

- Desejou tanto e agora não quer? Ninguém irá desprezar o Gu por causa disto!

- Tenho medo mesmo assim. E não estou grávida!

- Veremos até quando você consegue esconder isso do Harry.

- Por que está dizendo isso?

- Ele já veio me perguntar se eu não achava você um pouco cheinha e enjoada demais.

- Deve ser outra coisa.

- Filha, não acontecerá de novo. Fique tranqüila.

- Farei como da outra vez: Harry não saberá de nada. Quando eu tiver certeza, conto.

- Mãe! Mãe!

Augustus parecia desesperado, e não era para menos: uma marca negra surgiu em seu braço esquerdo. Gina ficou sem reação diante daquilo, assim como Molly.


- Rony, acalme-se...

- Seu traidor!

- Não estávamos fazendo o que você está pensando, Rony! - gritou Hermione.

- Claro que não, eu interrompi, né? Quando estudávamos aqui era assim também? Esse rodízio?

- Rony, sei que você não vai me ouvir agora, mas se quer saber o que está acontecendo, pergunte ao Sirius!

- Até ele sabe que você trai a minha irmã? Você me paga! Aliás, vocês dois! Me fizeram de idiota este tempo todo! Todos adoram me enganar, é impressionante! Só que desta vez não vou deixar barato...

Ele partiu para cima de Harry e começou a socá-lo. Hermione fechou a blusa e colocou suas vestes negras; não sabia o que fazer para separar os dois. Então, em um ato rápido, pegou sua varinha e gritou um Expelliarmus que os jogou contra a parede.

- Vocês dois ficam aí feito duas crianças enquanto alguém se prejudica? Ora, francamente!

- Você se prejudicará e muito, profa. Granger. - disse Snape.

- Por favor, Severo, sem ironias. Eu posso saber o motivo de toda esta confusão?

- Rony se descontrolou, foi só - disse Hermione, muito envergonhada.

- Deixe de ser mentirosa! Você e esse aí estavam nas preliminares quando cheguei!

- Poupe-me dos detalhes sem importância, sr. Weasley - disse Minerva.

- Minerva, juro que tudo foi um grande engano. Eu estava falando com a Hermione e Rony nos interpretou mal.

- Tal interpretação fez com que se ferissem desta forma? Quantos anos vocês acham que têm? Severo, leve a profa. Granger para a sala de Dumbledore. Quanto a vocês dois, acompanhem-me.

Hermione não gostara nem um pouco de aturar Snape:

- Foi tudo armação, não é?

- Não sei do que fala.

- Sabe e muito bem, Snape! Você sabia que eu e Harry estávamos lá!

- Acha agradável fazer este quadrilátero amoroso aqui dentro?

- Dissimulado! Neville está com Ana, Harry casou-se com Gina e Rony é meu amigo!

- Para quem reclamava da insuportável srta. Chang, a senhorita está me saindo um perfeita destruidora de relacionamentos.

- Quanto mais velho, pior você fica! Sirius tem toda a razão: você vai morrer virgem e encalhado!

Ela andou a passos largos e deixou-o para trás, pois tinha idade realmente avançada ao ponto de usar uma bengala. Disse a senha da sala e subiu.

- Gina e Harry estão loucos, Snape é um idiota e mulher nenhuma merece aquilo! – resmungava Hermione.

- Há sempre um chinelo velho para um pé doente, já dizem os trouxas - disse calmamente Dumbledore, a fim de não assustá-la.

- Dumbledore, eu não suporto o Snape! Intrometido demais.

- Concordo que conviver com ele não é muito fácil, porém suponho que este não é o assunto que lhe trouxe aqui.

- Aconteceu um grande mal entendido...

Depois de deixá-la explicar o ocorrido, Dumbledore, que manteve-se silencioso até aquele momento, acrescentou:

- Não vou dar-lhe uma advertência, pois ela não faz-se necessária. Porém, com tudo isto, você ainda quer sair?

- Preciso...

- Ok.

- E os dois?

- Deixe-os comigo. E por falar neles, acho que esta confusão teve seu lado positivo.

- Impossível!

- Aprenda a esquecer esta palavra e perceba as coisas que estão acontecendo sem que você note.

- Como assim?

- Hermione, você me entendeu - o sorriso dele concluiu os pensamentos dela.

Enquanto isso, na sala de Minerva...

- É a última vez que peço para se calarem!

- Não precisa tratar-nos como crianças. E de qualquer forma, este teimoso não vai lhe ouvir.

- Sr. Potter, por favor: fique quieto. - ela enfatizou as duas últimas palavras - Creio que entendi os motivos da confusão, e posso lhe assegurar, sr. Weasley: tudo não passou de um grande engano da sua parte.

- Engano? Como engano? Eles estavam juntos!

- Juntos fazendo algo necessário – disse Harry, irritado.

- Eu imagino a necessidade de vocês...

- Sr. Weasley, o sr. Black está com problemas e ele, juntamente com o sr. Potter, acham que a srta. Granger pode ajudar. Contudo, para descobrir isso, era preciso uma análise que somente alguém ofidioglota poderia fazer...

- Conversa! Sirius está ótimo!

- É, as aparências enganam.

Ignorando o comentário de Harry, Rony disse à Minerva:

- Tudo bem, me desculpe pela bagunça aqui. Posso ir?

- Pode. Mas espero não encontrá-los brigando novamente.

Rony saiu e nem olhou para o amigo, que concluiu:

- Ele não acreditou em nada...

Enquanto andava para o lugar desprotegido que servia para desaparatar, pensava alto:

- Se fosse com Neville, até entenderia que era caso antigo e me sentiria menos enganado. Mas justo com o Harry? Ela teve coragem de me trocar por ele? Como a Gina vai suportar isso? Sim, eu preciso contar a ela, ninguém merece ser traído desta forma. - parou subitamente de andar e lembrou-se das risadinhas de Hermione, da cena que viu e ajoelhou-se derrotado - Por que Hermione mentiu pra mim? Podia ter feito isso antes, quando eu não estava completamente apaixonado por ela! Bem que aquele traidor me falou que isto podia ser desastroso! Mas agora não tem volta, terei que esquecê-la de qualquer maneira...


- Rony, por que tá com essa cara?

- Cansaço, só isso. E você, como está?

- Bem. Só com saudade da mamãe, mas isso passa quando chega o sábado!

- Kim, o Harry sempre vinha na sua casa?

- Ele e a madrinha nos visitavam muito...

- Mas ele não vinha sozinho?

- Sim, mas sempre era pra me trazer ou me levar pra algum lugar. Por quê?

- Por nada, esquece. Onde está todo mundo nesta casa?

- A madrinha levou o Gu no médico, não sei porquê. E a vovó tá lá fora, cuidando das árvores.

- Hum... O que você quer fazer?

- Brincar de pique-esconde!

- Tudo bem, vamos lá! Eu conto primeiro.

Para ele, não havia terapia melhor do que brincar com a filha. Horas depois, Gina voltou com os olhos inchados e Gu estava muito abatido.

- Gu, você melhorou?

- Estou um pouco tonto, Kim. Mãe, eu vou dormir, tá?

- Tudo bem, querido. Quer ajuda?

- Pode deixar, madrinha. Eu levo ele.

- Mas... - Gina tentou impedir, pois queria ampará-lo.

- Faça isso mesmo, Kim. Bom descanso, meu amor.

- Obrigado, vó - ele parecia realmente cansado.

Depois de certificar-se do barulho da porta do quarto se fechando, Gina começou a chorar no colo da mãe. Rony conjurou um copo d'água e deu para a irmã, que tremia incessantemente.

- Gina, não precisa dizer-nos o que aconteceu agora...

- Mas eu preciso. - ela respirou fundo e começou - Augustus tinha a marca negra, mas ela somente apareceu agora porque há algum Comensal vivo e querendo convocar os demais. Lupin disse que não há perigo, pois Sibila era a única chefe restante e ela não tinha filhos.

- Não entendo o motivo de ele estar tão cansado.

- Rony, como ele nunca fez nenhuma ação como Comensal, não é um deles ainda. Então quando é chamado, suas forças debilitam-se. O único jeito de livrá-lo disso é todos os Comensais desistirem de atuar ou... todos morrerem.

- Eu sinto, Gina.

Rony a abraçou e percebeu que suas aflições não eram nada perto das dela. Desistiu de falar sobre Harry e Hermione, concentrou-se em confortá-la. Quando Harry chegou, Molly e Rony deixou-os sozinhos e ela explicou-lhe tudo aos prantos.

- Gina, desculpe por não estar aqui...

- Eu sei que não podia. E agora?

- Vamos com ele até o fim - concluiu.

Harry, ao subir no quarto de Molly, viu Kimberly e Augustus adormecidos juntos. Endireitou a menina na cama e a cobriu, para depois pegar seu filho no colo e levá-lo para casa. Ele e Gina não trocaram nenhuma palavra durante a noite, apenas ficaram abraçados e às vezes chorando com muita tristeza. Não por amarem o filho de um Comensal, mas por saberem o quanto ele sofreria.

Rony dormiu com Kimberly n'A Toca. Quando começava a sentir pena de Harry, lembrava-se da odiosa cena em que o amigo estava em cima de Hermione, que tirara as vestes e abrira quase toda a blusa. Olhou para filha e acariciou de leve seus longos cabelos ruivos. Dormia como Hermione, parecia muito com ela. Isto o perturbava um pouco naquele momento, pois não sabia em que acreditar.

Rapidamente, os familiares souberam da situação de Augustus. Hermione, a fim de não provocar Rony, não voltou antes do previsto nem escreveu-lhe... e isto o deixou mais certo de que ela o enganara.

Rony viu-se sozinho com Gina e encontrou uma brecha para falar sobre Harry...

- Você sabia que o Harry foi visitar a Mione há alguns dias atrás?

- Claro que sim, por quê?

- Eu não posso deixar ele te enganar: eu o vi com a Mione... na cama. Se eu não chego a tempo, poderiam...

Gina teve um ataque de riso. Rony sentiu-se um tolo e disse, sério:

- Eu já estava me sentindo idiota, não precisava melhorar essa condição!

- Rony, por Merlin! Era por isso que ficou de cara feia com Harry?

- Ele lhe trai e você ri de mim? – alterou-se.

- Era uma análise! Ele precisava tocar no coração da Mione para ver se ela tinha a alma branca de bruxa renascida.

- Ela é uma renascida?

- Certos bruxos que são filhos de trouxas têm este tipo de poder que lhes concede o dom da cura através dos bons sentimentos, iguais a de um grande bruxo do passado. Harry é ofidioglota, dom dos bruxos ambiciosos e sem o poder vindo da luz. Portanto, como são opostos, ele pode analisá-la.

- E o que Sirius tem a ver com tudo isso?

- Está doente, muito doente. Mas é daquelas doenças típicas de bruxos: os sintomas vêm fortes e nas horas inesperadas, o poder mágico vai sumindo com cada ataque...

- Quem foi o desgraçado que fez isso com ele?

- Foi ainda na prisão, segundo ele. Nunca contou para não preocupar-nos e ele mesmo não ligava para isso.

- Se Mione o ajudar, ele pode realmente recuperar-se? Quer dizer, eu já vi Luigi falando sobre bruxos que perdiam poderes...

- Sim, ela pode salvá-lo. Mas será difícil considerando o estágio em que ele está.

- E eu atrapalhei tudo! Será que não presto pra nada? – ele levou às mãos a cabeça, vermelho e inconformado.

- Pare de se torturar – resmungou. – E obrigada pela preocupação...

- Você é minha única irmã e acha mesmo que eu deixaria um mané te magoar?

- O mané te adora, sabia?

- Eu acho que tenho que pedir desculpas. Não só para ele, aliás.

- Creio que será mais fácil falar com Harry!

Eles se abraçaram e ela o chamou carinhosamente de teimoso, o que rendeu uma típica careta. Nem imaginava a outra surpresa que teria ao encontrar Harry:

- Eu fui infantil, não devia desconfiar justamente de você.

- Mas desconfiou.

- Me descontrolei, des... desculpe-me - ele não gostava de se desculpar.

- Adianta? Tem idéia do que senti ao ver que você realmente acreditou que eu tinha um caso com minha melhor amiga? Nunca consegui enxergar a Mione como mulher, ela pra mim é como a irmã que não tive! Igual a você, seu ingrato!

- Entenda que não consegui me controlar diante daquela situação, eu não sabia sobre o Sirius! Você conhece o meu temperamento... Esqueça...

- Esquecer? Rony, por mais cabeça dura que você seja, pôde esquecer numa fração de segundo a confiança que dizia ter por mim e por Mione.

- O cabeça dura não sou eu agora!

- Tenho meu orgulho! Ainda não digeri essa sua atitude idiota!

Desaparatou, nervoso. Kim, que escutava a conversa, disse ao pai:

- Ele vai te perdoar.

- O que você ouviu?

- Tudo. E entendi porque você perguntou do tio Harry outro dia.

- Sozinha você não chegou a essa conclusão. O que você está sabendo?

- Que você achou que a mamãe estava beijando o tio Harry. Por que achou isso?

- Não importa, besteira. O importante é que estou me sentindo um imbecil.

- Rony, posso te fazer uma pergunta?

- Faz - ele voltou a sorrir.

- Você tá gostando da mamãe?

Imediatamente ele tornou-se da cor de seus cabelos e emudeceu.

- Ah! Gosta sim! O meu pai gosta da minha mãe! - cantarolava ela, para deixá-lo mais envergonhado.

- O que você disse? - ele arregalou os olhos.

- Eu disse que você gosta da minha mãe.

- Não, não é isso... disse... meu pai? - a voz era vacilante.

- Acho que sim...

Ela desviou o olhar e ficou pensativa. Quando teve coragem para encará-lo, notou que Rony tinha os olhos marejados e fixava-a constantemente.

- Eu também fiquei te esperando. A mamãe chorava quando via coisas suas e dizia baixinho pra você voltar, ela ia esperar o tempo que fosse. E escondida, sempre pedia nas orações que mamãe me ensinou pra eu ver meu pai uma vez. E... agora eu sei que você não vai deixar a gente de novo - ela o abraçou, sentindo-se aliviada.

- Não vou te deixar nunca, prometo! Minha filha querida... Tão pequena e com uma força tão grande...

- Sou uma baixinha que te ama muito, pai!

- E eu também te amo muito, Kim. Muito mesmo.

Hermione não voltou naquele fim de semana e Molly explicou que foi por causa de Sirius. Se Harry estava bravo com Rony, que dirá Hermione... E isto o fez não procurá-la. Por falar no ex-prisioneiro, a esperança (ou a busca dela) era necessária naquele momento crucial e decisivo para todos...

- Pode dizer, Madame Pomfrey. Não me importo.

- Já cuidei de tantas feridas suas e de seus amigos, sr. Black! Vaso ruim não quebra fácil...

- A diferença são suas lágrimas. Não tente enganar justo a mim.

- Por que nunca deixa de ser irônico?

- E para quê perderia uma das minhas melhores qualidades na hora da morte?

- O senhor não irá morrer. Logo voltará a aprontar e paquerar qualquer uma que encontrar!

- Como não irei? Estou há tempos tentando ver o que tem debaixo de suas vestes e não consigo!

- Nem se fosse muito poderoso conseguiria tal peripécia!

- Ah, não? Quem você acha que espalhou a história da calçola vermelha?

Ela irritou-se e começou a resmungar:

- Só podia ser você! E pensar que fiquei procurando o culpado e você fazia carinha de inocente! Ainda vinha com a desculpa de estar na detenção no dia da fofoca. Até lembro que tinha uma namoradinha e quando deu o fora nela, levou uma chuva de tapas e veio aqui para tirar o inchaço. O sr. Malfoy ria como um louco, o que fez vocês brigarem como sempre... - ela divertia-se com as lembranças.

Virou-se e notara uma grande calcinha com os escritos em verde: "Madame Pomfrey come Malfoys à noite, e por isso tem um bafo de trasgo e uma bunda igual a um monte de bombas de bosta". Sozinha, a calcinha virou e ainda deu para ler: "Além de ter um gosto muito brega pra cores..."

Depois de um tempo, a calcinha caiu em cima de Sirus, que disse:

- Eu judiei de você, mas saiba que te admirava bastante.

- Interrompo?

- Aluado! O que faz por aqui há essa hora? - disse, malicioso.

- Vim lhe fazer companhia...

Surpreendeu-se com a calcinha e ao olhar Madame Pomfrey, não conteu as gargalhadas. Sirius tentava disfarçar a dor que sentia acompanhando-o nas risadas. Ela envergonhou-se, porém percebeu que chegou a hora de deixar os dois amigos sozinhos.

- Finalmente você vai desencalhar!

- Pois é, quero que seja meu padrinho.

- Levar defunto pra um casamento não é uma boa idéia...

- Pare de falar que vai morrer! Que saco!

- Tudo bem, estou normal: forte, másculo e gostoso. Pega uma vassoura pra mim.

- Enlouqueceu?

- Não disse que eu estava bom? Agora receberá a prova! E faremos o de sempre.

- Se já me saía mal nisso quando era jovem, imagina agora...

- Medrou?

- Não! Dessa vez eu ganho de você!

- Vai nessa...

O espírito maroto falou alto naquela noite. Fizeram a competição habitual: voaram até o corujal e atormentavam as pobres corujas com um gás fétido; elas saíam desesperadas e eles tinham que pegar o maior número de penas diferentes possíveis para ganhar. E, lógico, jogá-las todas na sala dos professores ou no salão comunal da Sonserina.

- Você é uma franga! - Sirius gritava isso a plenos pulmões.

Lupin mostrava-lhe o dedo médio e dizia:

- Franga é a tua mãe!

Quando desceram, Sirius percebeu que...

- Como sempre, eu ganhei!

- Vai te catar! Nem com a carcaça velha deixa de ser ágil! Fazia tempo que não aprontávamos por aqui. Olha o desespero das corujas lá em cima! E o Snape, dá uma olhada! Tá sendo bicado naquele nariz de gancho horroroso! - ele esforçava-se para enxergar o que acontecia lá em cima e mantinha-se de costas para o amigo.

- Não existe homem mais feio que ele! Nem pessoa amiga como o Tiago, doce como a Lily, engraçada como a Bella, ridícula como o Malfoy, corajoso como o Harry, sábio como Dumbledore... E leal como você.

- O que você queria? Afinal, somos os marotos ou não, Almofadinhas?

Lupin virou-se e ajoelhou ao constatar que Sirius virou um cão. Só que aquele cão era diferente: parecia maior, sereno e vivaz. Como se acabasse de nascer e tivesse todo o vigor do início da vida. Lupin o mirava atentamente, nada o distrairia. Se ao menos o corpo lhe obedecesse!

Sentiu que fecharam seus olhos por magia. Ouvira a voz de Sirius: "Sou uma estrela, e durante este tempo brilhei, marquei minha inesquecível presença no mundo mágico, que não seria nada sem meu charme. E se dizer que não concorda, espero que procure um espelho ou uns óculos. Não gosto de fraqueza e nem de tristeza, por isso não permitiria que me visse derrotado e velho no meu último minuto. Lembre-se do teu amigo assim: grande, forte e vivo. É desta forma que quero ser lembrado por todos. Porque desta maneira me lembro dos melhores momentos da minha vida, a morte nunca me meteu medo. Virei puxar teu pé se não parar de chorar e fazer eu chorar também, meu amigo..."

Lupin ouviu o estrondo do corpo do amigo, que encontrou o chão bruscamente. As lágrimas o tomavam, a dor o corrompia com tamanha impiedade que era impossível controlar-se. Agora, ele era o único dos marotos... e sentia-se imensamente só, mais uma parte boa de si morrera. Bradou com estrondosa intensidade o nome dos amigos tão queridos, tentando chamá-los de volta. Apenas sua solitária amiga prateada lhe servia de companhia... nada tinha, nada seria dali para a frente. A vida lhe passara a perna novamente, mas daquela vez, ele não queria lutar. Entregara-se.