Capítulo 1

A Chave de Portal

Gina acordou ofegante, tivera mais um sonho com Tom Riddle. Demorou alguns minutos para recompor-se, levantou-se e afastou as cortinas da cama de dossel, observando o dormitório do sexto ano. As garotas dormiam profundamente e ela, mais uma vez, não voltaria a dormir tão cedo. Aproximou-se da enorme janela e ficou a observar os campos de Hogwarts, que nesta época do ano estavam mais verdes, mas pela pouca claridade Gina não podia notar. Acordara de madrugada novamente e como em todas desceria para um pequeno passeio por Hogwarts, já que Argus Filch, o antigo zelador, estava agora muito velho para trabalhos noturnos e não tendo mais Madame Nor-r-ra para guiá-lo era muito fácil passar despercebida.

Saiu do peitoril da janela e desceu silenciosamente as escadas em caracol, tomando o devido cuidado de observar se não havia ninguém no Salão Comunal. Constatando que nenhuma pessoa estaria acordada as três da manhã, passou pelo buraco da Mulher Gorda que ainda insistia em perguntar aonde a pequena Weasley (que já possuía 16 anos) ia toda a manhã. Como não obteve resposta a Mulher emburrou-se prometendo que não abriria a passagem novamente. Gina caminhou livremente pelo o castelo tendo, escondida cuidadosamente em seu roupão, sua varinha.

Ocorreu-lhe a idéia de procurar a cozinha, que era um local restrito, pois estava com sede. Depois de perder-se em algumas escadas, desceu em direção ao Salão Principal, mas, por instinto, virou-se e entrou em um dos armários de vassouras que existiam ali. Prendeu a respiração e procurou fazer o menor ruído possível, ou, com certeza, seria pega. Ouviu o barulho de passos e se encolheu mais ainda no fundo do armário. Quem quer que fosse a pessoa, pareceu-lhe ter a mesma idéia e adentrou o armário, Gina sufocou um grito, enquanto o garoto loiro apenas levantou uma sobrancelha e deu-lhe um olhar de reprovação. Permaneceram em completo silêncio por mais alguns segundos. O rapaz, parecendo não ter noção do perigo, ia abrir a porta para sair, mas Gina segurou-lhe pelo pulso. O loiro fez um movimento brusco, fazendo com que ambos caíssem, em uma posição constrangedora. Gina ruborizou ferozmente e o jovem sorriu com malícia, ajoelharam-se e sem querem apoiaram-se em uma das vassouras.

Rapidamente o chão sumiu, e Gina pôde sentir uma pressão no umbigo, como se estivesse sendo sugada por lá, e realmente estava. Demoraram alguns minutos para que um chão voltasse a existir, mas Gina notou que não estava em Hogwarts, num armário de vassouras com um jovem loiro, e sim em uma floresta, em uma enorme clareira. O garoto também pareceu notar, mas não mudou de expressão. Gina soltou um gritinho nervoso, tomando coragem para falar com o estranho.

"Olá? Parece que fomos sugados por uma chave de portal" Disse a ruiva tentando puxar conversa.

"Oh, sim, como se eu não tivesse notado" Respondeu o rapaz friamente, mostrando falsa surpresa.

"Bem, então? Onde será que estamos?" Falou Gina tolamente.

"Oh, Weasley, que era pobre eu sabia, mas não que era burra. Não está óbvio que não sei?".

"Como sabe meu nome? Ah, claro, cabelos vermelhos, vestes de segunda mão, e pobre. Muito óbvio. Agora me lembro de você, Draco Malfoy, não?".

"Sim". Disse ele com a voz arrastada.

"Meu irmão e Harry realmente odeiam você". Falou sabendo que soara infantil "Mas eu não digo o mesmo".

"Está sonhando que poderá ter algo comigo, Weasley?".

"Não, claro que não". Completou rapidamente, e adicionou: "Apenas achei que, já que estamos em um lugar estranho e sozinhos, poderíamos conversar civilizadadamente." Propôs ela.

Draco Malfoy não respondeu. Estava a analisar o local minuciosamente. O céu começava a clarear, já que deviam ser entre quatro e meia e cinco da manhã. Se quisessem sair dali logo, teriam que se mexer. Disse a Weasley que o seguisse, o que ela fez sem protestar. Draco notou o olhar vago da garota e pensou se realmente ela não era louca ou algo do tipo. Vaguearam até chegarem a algo parecido com uma estrada trouxa, que Gina concluiu que era, após uma pequena discussão. Era uma estrada de terra, e o local possuía muitos morros. Foram andando pela beira da estradinha ate chegarem ao que parecia ser uma aldeia. Um ser, provavelmente uma garota, puxava um cavalo pelas rédeas, Gina ia pedir alguma informação, mas notara que ela possuía orelhas levemente pontudas. A garota morena, de no máximo um metro e meio, estava tão absorta em seu trabalho que só notou estrangeiros algum tempo depois. Draco levantou uma sobrancelha, fazendo uma careta. Usava roupas de camponesa e falou algo que eles não compreenderam para o cavalo.

"O que fazem aqui forasteiros?". Perguntou a mulherzinha morena, com um leve sotaque, com certeza não era inglesa, nem americana.

"Er.. nos perdemos". Disse Gina sem muita certeza de que ela acreditaria.

"Mas os únicos meios de entrarem aqui são de avião, aparatando, ou, através de uma chave de portal. Por qual deles vocês vieram?". Disse a garota naturalmente.

"Com sabe tudo isso trouxa? Terei que apagar sua memória depois que nos ajudar". Falou Draco em tom de autoridade.

"Bruxos". Falou zombando. "Sempre pensam que são os mais poderosos. Pois fique sabendo, meu jovem, que se eu não vos ajudar, não sobreviveram muito".

"Como se chama?". Perguntou Gina, o mais doce possível.

"Nimue, menina. Mas vocês ainda não me responderam com qual transporte chegaram a este país".

"Chave de Portal". Falou Gina ignorando o olhar acusador de Malfoy.

"Oh, sim, agora me recordo. São os escolhidos". Notando a grande interrogação na face dos dois, explicou rapidamente. "Quando as duas guerras forem travadas apenas alguns restarão para repovoar o mundo, e vocês são dois dos escolhidos".

"Oh, não, você não está me dizendo que terei filhos com Draco Malfoy, não? Impossível!".

"Nunca encostarei um dedo em ti Weasley. E se depender de mim, o mundo que se dane".

"Não pensarão assim depois de todas as provações, meus queridos. Não deixem de usar". Entregou-lhes dois amuletos, subiu no cavalo e sumiu velozmente.

Draco e Gina nem sequer tiveram tempo de respirar, sendo sugados novamente pelo umbigo. O chão desapareceu e tornou a aparecer o chão do armário de vassouras. Gina chegou a pensar que sonhara, mas olhou para o medalhão, suspirando. "O que a mulher quisera dizer com a tal profecia?" Pensava Gina. Quando deu por si, Draco Malfoy já tinha saído e ela ainda estava sentada no armário. Apressou-se em levantar e conduziu-se ao corredor que levava para a Grinfinória automaticamente. Discutiu com a Mulher Gorda, pois esta não queria deixá-la entrar, mas acabou cedendo. Após passar pelo retrato e certificar-se de que não havia ninguém, subiu as escadas em caracol e entrou no dormitório do 6º ano. Andou sorrateiramente até sua cama de dossel, puxou as cortinas e deitou-se. Ao encostar a cabeça no travesseiro dormiu, logo após deixar escapar um "Que noite".