Capítulo 10 – De bebidas e descobertas.
- Eu pensei que você tivesse companhia pra essa noite, Blaise... - Draco comentou, apertando a mão do amigo. - O que te fez mudar de idéia?
- Vamos entrar e conversar, Draco. - ele respondeu, sério. Draco estranhou: Blaise sério não era um bom sinal.
Entraram no The Westbourne, um pub localizado em West London, onde as pessoas iam para beber, relaxar e namorar. De fato, o lugar era conhecido pelas pessoas bonitas que o freqüentavam e pelo clima de azaração presente ali. Era um lugar badalado, onde apenas as pessoas descoladas iam. A cara de Blaise... Mas certamente um dos lugares que Draco evitaria pelo som alto e por ser um tanto impessoal, informal demais.
As paredes brancas tinham alguns detalhes em verde escuro. Era repleta de quadros em estilo retrô e contemporâneo... Também haviam vários quadros negros onde estavam escritos os nomes de cervejas e vinhos que o estabelecimento possuía. Era para dar um toque mais "bar" ao ambiente, mas Draco achou que só servira para estragar a decoração.
- Você realmente me tirou de casa pra me trazer num lugar desses? - Draco perguntou gritando. - Preferia continuar dormindo!
- Você é um velho mesmo, hein, Draco Malfoy? - Blaise resmungou alto o suficiente para o loiro escutar. - Vamos pro fundo do pub... Lá tem um espaço mais tranqüilo.
Draco não respondeu. Resolveu que não iria mais cansar a sua garganta ali.
Blaise foi abrindo espaço entre as várias pessoas, seguindo o caminho até os fundos do pub. Obviamente passava por onde tinha mais mulheres e lançava olhares desejosos para grande parte delas, que soltavam sorrisinhos quando viam. O loiro, por sua vez, apenas seguia o que o outro fazia, não parando pra reparar as mulheres no caminho.
Chegaram até a parte mais afastada do pub, onde tinha sofás de couro vermelho para aqueles que estavam mais a fim de conversa do que badalação. Acomodaram-se e rapidamente estavam sendo atendidos por uma garçonete:
- Olá, Blaise. Como vai?
- Tudo certo, Anne. E com você? Pelo visto, continua linda...
A garçonete sorriu.
- Não ouse começar novamente, Blaise.
- Tudo bem, tudo bem... Então, Anne, por favor, traga o mesmo de sempre pra mim. - Blaise olhou para Draco. - Vai me acompanhar?
- Depende o que você quer dizer com 'o mesmo de sempre'.
Blaise revirou os olhos.
- Duas garrafas de cerveja, por favor.
Anne ameaçou anotar num bloquinho, mas Draco a interrompeu.
- Cerveja? Não... Uma dose de Whisky, por favor.
Anne o olhou de um modo estranho, quase reprimindo um sorriso. - Nós só servimos cervejas e vinhos, senhor.
Draco lançou um olhar para Blaise que dizia claramente 'Não acredito que você me trouxe pra essa espelunca', mas não disse nada. Virou-se pra garçonete e respondeu:
- Duas cervejas, então.
Anne anotou o pedido no bloquinho e se retirou.
- Você me traz pra um local onde só tem cerveja e vinho? O que você estava pensando?
- Quer deixar de frescura? Temos coisas mais importantes pra discutir do que quais bebidas o pub serve.
- Hum... Então finalmente eu vou descobrir o por quê que você me trouxe aqui?
- Sim... Vai. - Blaise respondeu sério. - Mas vamos esperar a Anne trazer a nossa cerveja.
- Quanto mistério. - Draco se mostrou desconfiado. - Enfim... De onde você conhece essa Anne? Você andou apelando até para a garçonete, Blaise?
- Bem... Eu sou um antigo freguês do pub e ela é gatinha. Então, você já pode imaginar no que deu. - Blaise deu uma risadinha que Draco acompanhou. - Agora pare de falar nela que ela está vindo.
A garçonete voltou com as duas garrafas de cerveja.
- Aqui estão as cervejas, rapazes. Qualquer coisa é só chamar.
- Qualquer coisa, Anne? - Blaise deu um sorriso safado.
- Qualquer coisa que não tenha passado pelo lado pervertido do seu cérebro, Blaise.
- Droga... Então você já tem menos 70 de chances de ser chamada por mim...
A garçonete sorriu e disse algo parecido com 'cara de pau' enquanto voltava ao trabalho. Draco e Blaise sorriram.
- E então... O que você quer tanto me falar?
- Draco, o que eu tenho pra te falar é muito sério. Você confia em mim?
- Claro que confio, Blaise. Agora, anda logo e desembucha, antes que eu perca a minha paciência e comece a achar que você me chamou aqui pra me fazer de idiota. - Draco falou calmamente, mas deixando uma ameaça no ar.
- Vou direto ao assunto então, meu caro. - Blaise disse e Draco resmungou 'Até que enfim'. – A sua mulher está te escondendo alguma coisa. - ele disse de uma vez, olhando pro amigo.
- Como? - Draco perguntou, meio abobado.
- Sophie está te enganando, Draco. Ela não te disse que ia sair pra jantar hoje com a Louise?
Draco concordou com a cabeça.
– Foi isso que ela me disse... Que a Louise estava triste por sua causa, que você não queria nada com ela...
- As duas coisas são mentiras, Draco. Eu ainda quero a Louise, tanto que ela estava dormindo na minha cama quando você me chamou na lareira. E eu posso te garantir que ela não estava nada triste...
Draco pareceu confuso. Balançava a cabeça algumas vezes, tentando assimilar a situação. Pegou então a garrafa de cerveja e virou tudo de uma vez.
- Eu não entendo... Não entendo mesmo!
- O que você não entende? Está tudo claro demais, Draco.
- Não! Não está! Ou então a Sophie é burra demais. Porque ela e Louise são amigas. Então, se a Louise estivesse bem com você, ela teria contado para Sophie. Sendo assim, a Sophie não seria estúpida o suficiente de dizer isso para mim, sabendo que eu poderia descobrir a verdade por você muito facilmente. – Draco falou muito rápido e em seguida começou a agitar os braços, chamando a garçonete para pedir mais cerveja.
- Eu até acreditaria no seu lado, se nós não tivéssemos voltado hoje. Eu encontrei a Louise hoje à tarde, enquanto eu estava andando pelo SoHo. Conversa vai, conversa vem e acabamos na minha cama.
- Então pode ser que o jantar já estava marcado e a Louise esqueceu, não é? - Draco abriu a cerveja e deu um longo gole.
- É improvável, mas não impossível. Se isso ocorreu, Louise é displicente demais. Cerca das sete horas da noite, eu perguntei a ela se ela queria passar a noite no meu apartamento. Ela aceitou. Ainda perguntei umas três vezes se ela não tinha algum compromisso ou se tinha algum problema dela ficar lá e ela me garantiu que não. Inclusive, ela aparatou em casa para pegar algumas coisas e voltou pro meu apartamento. Ou ela esqueceu completamente do jantar com a melhor amiga ou não havia jantar nenhum.
Draco ficou calado, apenas bebendo a cerveja. Porém, deu um olhar de esguelha para Blaise, que estava com um sorriso torto no rosto.
- O que foi, Blaise? Tá passando mal?
- Sabe... Acho que eu prefiro pensar que eu sou tão bom, mas tão bom, que faço as mulheres esquecerem até das coisas mais importantes...
O loiro apenas revirou os olhos e virou o resto de cerveja que ainda tinha na garrafa.
- Vai ficar bebum hoje, é? Já está indo pra terceira garrafa. – Blaise comentou, enquanto Draco chamava a garçonete novamente.
- Não interessa.
- Uhhh.. Tá nervoso. - O moreno caçoou.
- Você acha que eu ia ficar como? Blaise, a minha mulher pode estar me traindo..! - Draco falou, mas parou em seguida. Pensou durante uns dois segundos e depois arregalou os olhos. - BLAISE! SOPHIE PODE ESTAR ME TRAINDO! - ele gritou, feliz.
- Nossa... É a primeira vez que eu vejo um corno feliz. Obviamente, me refiro aos cornos que sabem que são cornos.
- Não é isso, engraçadinho! Você não sabe o que isso significa, Blaise? Se a Sophie estiver me traindo, eu posso pedir o divórcio sem gastar um galeão!
- Verdade... - Blaise ficou pasmo. - Nem tinha pensado nisso ainda! E eu achando que a história era apenas de um casinho sem importância... Eu estou salvando a sua vida, Draco Malfoy! Isso precisa de outra cerveja! ANNE!
A garçonete veio novamente.
- Queridos... Sem querer reclamar nem nada, mas é a terceira vez que vocês me chamam em dez minutos. Vocês estão com tanta sede assim ou isso é tudo vontade de me ver andando pra lá e pra cá?
Blaise se esticou um pouco mais pro lado, claramente olhando pras pernas da garçonete.
- Não vou mentir e dizer que eu não quero ver esse par de pernas passeando pela minha frente. - ele voltou a se sentar normal no banco. - Mas é que nós descobrimos algo muito interessante e que merece um brinde com a melhor e mais gelada cerveja que você tiver.
- Tudo bem. Mas do jeito que vocês estão indo, acho que eu vou ganhar mais se eu trouxer um barril de uma vez.
- Você pode fazer isso por nós, Anne? - Blaise perguntou, dando um sorriso debochado. - Você poderia vir junto com o barril, não é?
- Estou morrendo de rir, Blaise. - Anne respondeu, irônica, indo pegar as cervejas.
- O que você vai fazer? - Blaise perguntou ao ver a garçonete se afastar.
- Ainda não sei... Nós não sabemos se é verdade, não é? – Draco ponderou.
- É... Mas eu sei que você está feliz!
- Óbvio! Só a perspectiva já me anima... Só de pensar que eu vou poder consertar todos os meus erros sem danos...
- Danos financeiros, você quer dizer.
Os dois riram.
- Sim! Financeiros! Porque a Sophie vai enlouquecer! - Draco comentou rindo muito.
- Nossa... Ela vai pirar! - Blaise pareceu pensar por um momento. - Não queria estar na sua pele, amigão.
- É. Não faço idéia como ela vai reagir quando eu pedir a separação. - Draco deu mais um gole na sua cerveja. - Provavelmente fará um escândalo.
- E quando você pretende fazer isso? Me avisa logo que eu quero estar presente! Não perco a Sophie dando PP por nada desse mundo!
Draco o olhou intrigado.
- PP? O que é isso, Blaise?
O moreno deu um sorriso enviesado.
- Piti de perua.
Draco, que estava dando um gole na sua cerveja no momento em que Blaise falou, teve que se segurar para não cuspir tudo em cima do amigo. Depois, engasgou com o líquido e ficou um bom tempo dando pequenos socos no peito até passar. No fim, caiu na gargalhada.
- Blaise... Só... Você... - ele falou, rindo entre as palavras. - Da onde que você tirou isso?
- Ah... Inventei. - ele comentou com um ar displicente, que Draco não acreditou, mas preferiu deixar pra lá.
- Agora temos que pensar em como nós vamos fazer para pegar a Sophie. Porque... Bem, mais cedo ou mais tarde, ela e Louise conversarão e ela irá saber que eu posso estar sabendo de alguma coisa.
- Claro. - Blaise respondeu, enquanto Anne entregava mais cervejas pra ele. Dessa vez, não soltou nenhuma gracinha. - Temos que armar o plano. Primeiro de tudo, acho que você deve segurar seu temperamento Malfoy e ficar na sua. Sei que é complicado guardar todo esse sarcasmo e ironia dentro de você, mas é preciso.
- Sim, eu sei. Pode ficar tranqüilo, não vou dar nenhuma indicação que estou sabendo de alguma coisa. Para qualquer efeito, nós não entramos em contato essa noite, ok?
- Uh... Um encontro secreto. Isso é excitante.
- Eu não tenho o que você gosta, Blaise...
- Quer dizer que esse é o único impedimento pra você se render ao gostosão aqui? - Blaise piscou os olhos.
Draco ficou calado por um momento, olhando incrédulo pro amigo.
- Acho que você já bebeu demais. Sério.
Blaise sorriu:
- Estava brincando, idiota! Você nem faz meu tipo!
- Seu... Tipo..? - Draco murmurou.- Blaise...
- Vamos voltar a discutir o plano? Ótimo! Eu acho que nós devemos fazer o seguinte...
2:30 AM
- A DONA ARANHAAA SUBIU PELA PAREDEEEEEEE... - Blaise estava andando cambaleante pela calçada do The Westbourne, segurando uma garrafa de vodka (que estava pela metade) em uma mão e simulando a subida na parede da dona aranha com a outra. Estava completamente bêbado.
- VEIO A CHUVA FORTE E A MATOUUUUUUUUU! – Draco completou enquanto também tentava se manter em pé. Segurava uma garrafa de um whisky 12 anos.
- HAHAHAHAHAHA. Não é matouuuuu... É derrubouuu... De derrubar! Veio a chuva e pá! Derrubou a aranha... Bem feito. – Blaise consertou.
- Ah... É verdade. - Draco parou de andar e todo mundo podia ver que ele balançava pra frente e pra trás.- VEIO A CHUVA FORTE E A DERRUBOUUUUUUUU. - cantou de novo.
- JÁ PASSOU A CHUVAAAAA E O SOLLLL VEM SURGINDOOOOOOO... - Blaise cantou.
- E A DONA ARANHA CONTINUA A SUBIRRRRRRRRR - Draco abriu os braços e quase derrubou a garrafa de whisky. - Opa... Fica quietinha aí, bebidinha...
- Sabe... - Blaise veio, sorrindo e o abraçou. - Eu tenho medo de aranhas.
- Quê?
- Medo. De aranhas.
- Por quê? - Draco perguntou, incrédulo. Mesmo estando bêbado, aquilo era uma surpresa pra ele.
- São peludas. Odeio coisas peludas.
- Nem tudo que é peludo é ruim... - Draco riu da própria piada.
Blaise parou pra poder dar um gole na sua vodka.
- Odeio coisas peludas. Fujo de tudo o que é. Só eu sei o que eu já perdi por causa disso, meu amigo...
- Huuum... - Draco murmurou e depois bebeu mais whisky. - Não sabia que você não gostava de aranhas. Se fosse assim, eu teria avisado que tem uma tarântula no seu ombro, Blaise.
Blaise deu um berro e começou a correr em círculos pela rua, enquanto Draco gargalhava.
- Você é tão estúpidooo! Não tem ta... tã... tarân... tarântula nenhuma. - o loiro gaguejou. - E PARA DE CORRER! VAI DESPERDIÇAR A VODKA!
- Tá... A vodka... Não tem aranha nenhuma, tem? - ele perguntou com medo.
- Não tem não... E mesmo se tivesse, acho que eu não ia enxergar.
Os dois começaram a rir freneticamente.
- Estamos bêbabos! - Blaise ria, encostado na parede.
- Demais! Estou vendo tudo em três... Tem três Blaises... - Draco apontou pro amigo e depois olhou pra própria mão. - Olha! Três mãos! Eu nunca vi em três.
Blaise enxugou uma lágrima que escorria de tanto rir. - Eu também não. Se eu fosse você ia correndo fazer sexo. Imagina... Uma mulher com três peitos. - ele apontou pra si mesmo na altura do tórax, imitando seios, com a mão.
- Seriam seis peitos! – Draco corrigiu, contando nos dedos.
- Poxa... Aí seria uma vaca, não uma mulher.
Um olhou pra cara do outro e caíram na gargalhada novamente. Riram tanto que terminaram sentados no chão.
- Ai... - murmurou Blaise, parando de rir e enxugando uma lágrima no canto do olho. - Cansei.
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! Não. - Draco deu uma longa pausa. - A gente tem que fazer alguma coisa...
- E o que nós vamos fazer?
Todas as noites eram calmas em Ottery St. Catchpole. O silêncio imperava no local, sendo interrompido somente pelo som do vento arrastando as folhas caídas no chão ou por alguns animais que rondavam o lugar.
Essa noite não estava sendo diferente... Até aquele momento.
Escutou-se um estalido no ar e um grito abafado logo em seguida. Draco havia acabado de aparatar, mas se desequilibrou e caiu, de cara no chão.
Depois, outro estalido no ar, acompanhados de dois gritos.
- BLAISE! Você tinha que aparatar justo em cima de mim?
- Você tem que entender que meu senso de direção não está muito bom depois de tudo que a gente bebeu. E o que você está fazendo deitado no chão?
- A mesma coisa que você está fazendo em cima de mim. SAI DE CIMA DE MIM, BLAISE! Estou comendo formiga!
- É gostoso?
- SAI! - Draco gritou.
- Tá... Tá... Calma... – Blaise apoiou as mãos no chão e fez força pra cima. Cambaleou, pisou em cima do Draco (que soltou o pior palavrão que ele conhecia), cambaleou mais uma vez e enfim conseguiu parar em pé.
- Até que enfim. - Murmurou o loiro, que se levantou com a mesma dificuldade que o amigo. - Olha lá a casa da Virginiazinha!
- Ohh... Eu estou bêbado ou a casa está torta? - Blaise perguntou, se entortando, pra ver melhor.
- As duas coisas.
- Será que não cai? Acho que se eu assoprar, a casa vem abaixo. Que nem o lobo mau. - E deu um sorrisinho que Draco (se estivesse sóbrio) qualificaria como idiota.
- É ruim... Se agüenta a mãe dela, agüenta qualquer coisa.
- Shhhhh! - Blaise pediu silêncio, mas não conseguia parar de rir. - Imagina se Ginéca escuta você falando essas coisas? Ela mata vocêêê!
- Mas não é mentira! - Draco se fez de indignado. Depois olhou pra baixo, pegou a garrafa do chão e deu um gole. - Eca! Mais formiga!
- Assim você vai acabar com todas as formiguinhas do mundo! Seu... Seu... Formigomaníaco!
- Cala a boca e bebe, Blaise. Cadê a tua garrafa?
- Tá aqui. – Blaise abaixou e pegou a garrafa, que também estava caída. Havia derramado mais da metade do pouco líquido que ainda tinha.
- Então tá tudo certo... Vamos andando! - Draco apontou pra frente e iniciou uma caminhada, tentando andar em linha reta e falhando miseravelmente na missão.
- Vamos! Mas devagar e sempre! Avante! - Blaise apontou pra frente e passou a marchar. Draco achou graça e o seguiu.
- UM, DOIS, TRÊS, QUATRO! - Draco iniciou.
- QUATRO, TRÊS, DOIS, UMMMMMM!
- Sabia que isso é babaca até pra quem está bêbado? - Draco riu. - Olha! Uma florzinha! Vou levar pra minha ruivinhaaaa. - Depois, foi até a flor e arrancou.
- É... Ela vai gostar... – Blaise parou e olhou pra cima.- E então, chegamos. O que vamos fazer?
- Já te disse... Serenata. Pra Virginiazinha! Só que eu não sei cantar... Então você canta e eu fico ajoelhado.. Fazendo segunda voz, táááá?
- TÁ!
Draco, então, caminhou até a frente da janela do quarto da ruiva. Bebeu todo o resto do whisky de uma vez só e se colocou de joelhos, se preparando pra serenata. Blaise continuou em pé, com uma mão no peito e a outra esticada, imitando os grandes cantores de ópera que ele já tinha visto. Limpou a garganta e iniciou uma cantoria, com uma voz nada afinada:
Blaise: VOLTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Draco: Oh, volta, meu amor! Volta pra mim!
Blaise: VOLTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
Draco: Sim... Volta! Eu te quero..!
Blaise: VOLTA PRO MARRRRRRRRRRRRRR! Ô BALEIA!
Draco: Sim, baleiazi--- QUÊ? BLAISE!
- Você pediu uma música! Aí está... Criação própria!
- VOCÊ ME PAGA! – Draco levantou e literalmente voou pra cima do Blaise, derrubando-o no chão.
- SOCORRO! SOCOOOOOO... - Blaise gritava, enquanto foi acertado por um soco torto do loiro. - AIIIII! DOEU!
- E ERA PRA DOER!
- TÁ BOM! TÁ BOM! AI! AI! AI! - Draco levou a mão ao pescoço do amigo - AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!
- Peça desculpas. - Draco apertou um pouco o pescoço.
- DESCULPAS! SOCORROOOOOOO! DESCULPA A TODO MUNDO! AI, CÉUS!
- Diga que a minha ruiva não é gorda.
- A minha ruiva não é gorda! - Blaise ainda conseguiu sorrir da própria brincadeira, antes que Draco forçasse mais o pescoço. - VOCÊ TÁ ME MACHUCANDO!
- MAS O QUÊ QUE É ISSO? - Uma voz feminina interrompeu a briga dos dois. Gina havia acabado de aparecer na janela do seu quarto, com uma cara nada amigável. - Posso saber o que está acontecendo aqui?
- Virginiazinha! - Draco se levantou, saindo de cima do Blaise e ficando novamente de joelhos, de frente pra janela. - Fique paradinha aí, ó meu docinho de leite, e escute o que eu tenho pra te dizer!
Antes de começar a cantar, o loiro se virou pro amigo (que ainda tentava se sentar) e sussurrou:
- Levanta e começa a cantar junto comigo!
- O que você está fazendo aqui, Draco Malfoy? - Gina perguntou, já irritada.
- Calma, meu xuxuzinho. Calma que você vai ver.
- Escutar. - Blaise consertou, se levantando.
- Dá no mesmo... - Draco, então, limpou a garganta, antes de começar a cantar:
You're just too good to be true
(Você é linda demais para ser verdade)
can't take my eyes off of you
(Não consigo tirar meus olhos de você.)
Gina arregalou os olhos. Simplesmente não acreditava na cena que estava vendo. Draco Malfoy estava do lado de fora da sua casa, ajoelhado, cantando uma música brega que seu pai costumava cantarolar há algum tempo atrás. Do lado dele, tinha uma garrafa de whisky vazia. Isso demonstrava que ele estava bêbado, o que explicava um pouco das coisas. Mas, não deixava a cena menos bizarra.
Atrás dele, Blaise fazia umas coreografias esdrúxulas, como se fosse o fundo do cenário de uma peça de teatro. Ele estava totalmente sujo, com as roupas rasgadas e o cabelo bagunçado. Estava deplorável, mas ainda assim bonito.
- Draco... - ela tentou chamar a atenção dele, mas foi em vão. O loiro prosseguiu com sua cantoria.
You'd be like heaven to touch
(Você seria como o céu para tocar)
I wanna hold you so much
(Eu quero tanto te abraçar.)
At long last love has arrived
(Finalmente o amor chegou)
and I thank God I'm alive
(E agradeço a Deus que estou vivo.)
Nessa hora, Draco deu um agudo que fez Blaise saltar de susto e Gina levar as mãos aos ouvidos. Isso não daria certo. Ele ia acordar A Toca inteira.
- Draco... Por favor... Me escuta!
You're just too good to be true
(Você é linda demais para ser verdade)
can't take my eyes off of you
(Não consigo tirar meus olhos de você...)
Ele apontou pra ela, enquanto se levantava. Nesse momento, Blaise conjurou um tamborim. Aquilo realmente não ia dar nada certo.
I love you baby and if it's quite all right,
(Eu te amo, baby, e se é completamente, tudo bem.)
I need you baby to warm the lonely nights
(Eu preciso de você, baby, para aquecer as noites solitárias.)
I love you baby trust in me when I say
(Eu te amo, baby, acredite em mim quando eu digo...)
Draco dançava de um modo totalmente desengonçado enquanto Blaise achava estar dando ritmo a música. Na verdade, ele apenas batia no tamborim de forma descoordenada, estragando mais ainda aquela apresentação.
No mesmo instante, ouviu-se uma agitação dentro d'A Toca. Todos os seus irmãos e familiares pareceram acordar ao mesmo tempo.
E Draco e Blaise agora estavam gritando.
Gina levou as mãos à cabeça e apenas murmurou:
- Oh, céus.
Oh pretty baby don't bring me down I pray
(Oh, coisinha linda, não me deixe deprimido, eu imploro.)
Oh pretty baby now that I found you, stay
(Oh, coisinha linda; agora que eu te encontrei, fique)
And let me love you baby, let me love you
(E deixe-me amar você, deixe-me amar você).
Draco iniciou um agudo maior que o anterior. Blaise, achando que fazia o papel de um solista de uma banda, bateu nos tamborins com mais força. Draco continuou com o seu agudo, aumentando a intensidade, e sem perceber, foi pendendo lentamente pra trás, até que caiu de braços e pernas abertos em cima da grama.
Blaise continuou com seu solo no tamborim, sem parecer se importar com o amigo. Provavelmente, nem havia percebido que o loiro havia acabado de cair.
- AH, MEU DEUS! ELE DESMAIOU! – Foi o que Gina berrou antes de sair correndo desenfreada pela casa, até a sala, onde todos os seus irmãos (já muito irritados) se encontravam.
- O QUÊ ESSE CARA ESTÁ FAZENDO AQUI, GINA? - um deles, que Gina não se preocupou em identificar, perguntou, em meio às várias vozes que falavam ao mesmo tempo na sala.
Ela não respondeu, apenas abriu a porta e saiu correndo na direção dos dois.
- PÁRA COM ISSO, BLAISE! JÁ CHEGA! – Ela gritou do lado do moreno, que parou na mesma hora. Ele a fitou por alguns instantes e em seguida a abraçou.
- Ginééééééca... Como é bom te verrr! Nós precisamos colocar nosso papo em dia! Já te contei que eu descobri que ele não me quer mais? - Blaise começou a chorar no ombro da ruiva, que tentava a todo custo se desvencilhar do abraço dele. - Gina! Eu não consigo admitir isso! Tá... Eu não sou apaixonado por ele, mas ele é tão gostoso... Já te contei como tudo dá tão certo entre nós, não é? E como assim ele não me quer? EU SOU IRRESISTÍVEL! E eu... Eu também... Eu já disse que... Que eu... Eu... E...
E, de repente, ele ficou calado, enquanto estava abraçado a ela. Gina se afastou por um instante e constatou o que ela temia: Blaise havia caído no sono, enquanto estava abraçado nela.
- Não... Eu realmente não mereço isso. - foi o que ela disse, unicamente, antes de levar Blaise para dentro de casa.
Ele se remexeu na cama por um instante. Não havia acordado por inteiro, mas mesmo assim, sentia que havia algo de errado com seu corpo. Tudo doía, em especial a sua cabeça, que, ele descobriria depois, foi o que o fez acordar.
Levou a mão até a testa, na tentativa vã de parar com a dor. Em seguida, abriu o olho lentamente, a fim de não ser afetado pela forte luz que invadia o quarto.
Então, sentiu o gosto horrível que estava na boca e o seu estômago embrulhou mais ainda. Não tinha dúvidas: Iria vomitar.
Tentou se levantar correndo da cama, mas ficou tonto, quase caindo. Alguém veio e o segurou: era Sophie.
- Vem que eu te ajudo.
Ele não disse nada. Apenas aceitou à ajuda dela e foi até a porta do banheiro. 'Não precisa... Daqui eu me viro', ele disse, antes de fechar a porta do banheiro. O que se seguiu, foi uma seqüência de sons nada agradáveis de serem ouvidos, sendo intercalados com palavrões e resmungos. Depois de alguns minutos, tudo ficou no maior silêncio.
- Draco, querido, você está bem?
Silêncio.
- Draco..?
Ainda silêncio. Sophie começou a ficar preocupada com ele e ameaçou abrir a porta do banheiro com um feitiço, mas não foi preciso. Logo depois, Draco abrira a porta, com uma aparência deplorável.
- Que dor de cabeça infernal...
- Tome... - ela foi até a mesinha de cabeceira e pegou uma xícara fumegante que estava em uma bandeja. - Uma poção pra melhorar a sua dor de cabeça... Vai ajudar a curar a sua ressaca também. Eu mesma que preparei.
Ele pensou em retrucar dizendo que não estava com ressaca alguma, mas depois se tocou que não estava em uma situação favorável pra si mesmo. Então, apenas aceitou a xícara e começou a beber. Deu dois goles e depois tornou a olhar pra Sophie:
- O quê aconteceu?
Ela suspirou e se sentou na cadeira da penteadeira.
- Bem... Eu já estava aqui em casa, preparada pra dormir, quando um elfo irrompeu pelo quarto, parecendo nervoso e dizendo algo totalmente incoerente. Então, percebi que estava acontecendo algo de grave e desci as escadas pra ver. Foi quando eu me deparei com a última cena que eu acharia que viveria pra ver: Harry Potter e o irmão da procriadora ruiva estavam parados na minha sala de estar. Do outro lado, completamente jogado em um sofá estava você e no outro, Blaise.
Draco quase cuspiu todo o seu chá.
- O QUÊ? QUEM ME TROUXE PRA CASA FORAM AQUELES DOIS? - ele gritou e em seguida levou uma mão livre à cabeça.
- Não faça esforços... Vai ser pior, você sabe.
- Eu sei... – ele murmurou. - Não acredito que eu passei essa vergonha.
- Pois é... Mas passou.
Houve uma pausa na conversa. Sophie se manteve olhando para o marido com um olhar terno, mas que se via uma ponta de preocupação nele. Draco tentou até pensar sobre o que deveria significar aquela preocupação toda nos olhos dela, mas seu estômago tornou a revirar com a última notícia. Embora ele tivesse tomado um dos maiores porres de sua vida (ele achava que o porre perdia apenas pro do dia da formatura deles e o da sua despedida de solteiro), ele ainda se lembrava exatamente do que tinha feito. Havia passado a maior vergonha da sua vida, na frente dos seus maiores desafetos. Realmente, bebida e Draco Malfoy não combinavam.
- E o que eles disseram? - ele perguntou baixo, enquanto tomava mais um gole do seu chá.
- Bom... Eles disseram que estavam passando por Londres, quando viram vocês dois, completamente bêbados, saindo de um pub. Eles viram que vocês não tinham condições alguma de voltarem pra casa sozinhos e vieram trazer vocês em casa. Você conhece... Sempre se trata sobre a eterna mania de ajudar o próximo.
- Ah, sim... - ele murmurou, um pouco mais aliviado. Tinha certeza que eles sabiam o que ele tinha feito em frente à Toca, mas, pelo menos, foram discretos ao tratar do assunto com Sophie. E ela parecia ter acreditado.
- Uma tremenda vergonha, Draco Malfoy--
- Eu sei. – ele tentou interrompê-la, mas ela continuou falando.
- Tudo bem pro Blaise, que é um boêmio inveterado e todo mundo conhece a sua fama. Mas você é um Malfoy. Precisa manter a ordem e--
- Onde está o Blaise? - ele a interrompeu novamente.
- Provavelmente ainda está dormindo. Está no quarto de hóspedes. Louise está tomando conta dele.
- Ah... Verdade. Vocês estavam juntas ontem à noite, não estavam? - ele perguntou, olhando fixamente pra ela e tomando o último gole do seu chá.
Ele viu quando o rosto dela ficou mais pálido que o normal. Os lábios tremeram muito de leve e os olhos se estreitaram. Aquelas mudanças teriam sido, muito provavelmente, ignorada por qualquer outra pessoa. Mas não seria ignorada por alguém que conviveu anos sob o mesmo teto que Lucius e Narcissa Malfoy. Pior, nunca passaria despercebido por alguém que era filho do casal mestre na arte de esconder emoções.
- Você sabe muito bem que não, Draco Malfoy. Eu não estava com Louise. - ela deu uma pausa e por um momento, Draco achou que ela ia assumir tudo. – Como você deve ter ficado sabendo na noite passada, Blaise e Louise voltaram. Então, ela deve ter ficado muito extasiada com toda essa novidade na vida dela e simplesmente esqueceu de mim. Fiquei mais de duas horas esperando-a no restaurante, afinal, você conhece como Louise é. Porém, mesmo que ela se atrase, ela nunca me deixaria esperando por tanto tempo. Foi quando percebi que ela não iria ao meu encontro. Voltei pra casa e não te encontrei mais. Satisfeito? Acabou com as insinuações?
Draco começou a pensar rapidamente. Então havia sido somente isso? Não havia traição? Não havia nada? Tudo havia sido totalmente devaneado por eles dois? Era óbvio que a história de Sophie era convincente... Porém, eles ficaram dormindo por um bom tempo e as duas devem ter tido algum contato. Louise poderia ter contado o acontecido para Sophie, que havia inventado uma história coerente sobre os fatos. E isso também explicaria a mudança nas feições.
Porém, como não tinha certeza de nada, apenas disse:
- Eu não quis insinuar nada, Sophie. - ele bocejou. - Agora me deixe dormir.
Ele se dirigiu à cama e se enfiou debaixo das cobertas, cobrindo-se até a cabeça. Em minutos, já tinha caído no sono.
Sophie apenas murmurou "Preciso tomar mais cuidado" e em seguida, saiu do quarto.
- Então não deu em nada? - Blaise se jogou no sofá da sala. Eles estavam no apartamento de Draco e Gina.
- Em nada. Quer dizer... Não confiei muito no que a Sophie me disse, porque me atentei às feições dela. Porém, eu não sei se foi um ato natural ou ela realmente estava me escondendo algo.
Blaise pareceu pensar.
- A Louise me confirmou essa história. Disse que havia se esquecido completamente do encontro e tal. Porém, é como você disse... Elas podem ter armado tudo isso. Portanto, vamos ficar de olho... Vamos tentar fazer uns flagrantes e tudo do tipo... Mas com muita cautela. Você, principalmente.
- Sem problema algum quanto a mim. Eu sou o maior interessado, não é?
- É sim... - Blaise olhou no relógio. - Bem, já está no meu horário. Virgínia já deve estar para chegar e eu realmente não quero estar aqui quando isso acontecer. Até mais, meu caro.
Draco nem respondeu. Apenas acenou e Blaise desaparatou.
- O QUÊ VOCÊ PENSOU QUE ESTAVA FAZENDO? - ela berrou, fazendo com que toda a dor de cabeça dele (que havia passado a muito custo) voltasse.
- Já te disse. Eu estava bêbado. Você viu.
- POIS DA PRÓXIMA VEZ, CONTROLE-SE! OU TODA VEZ QUE VOCÊ RESOLVER TOMAR UM PORRE VAI APARECER NA MINHA JANELA PRA FAZER UMA CANTORIA DE GÊNERO DUVIDOSO? - ela continua gritando, andando de um lado pro outro na sala do apartamento. O famoso fogo Weasley estava em atividade.
- Você só consegue pensar na humilhação! Você poderia se focar mais na intenção...
- Como? - ela perguntou a ele, incrédula.
- Ah, Virgínia... Que saco! Você só sabe reclamar! Fiz besteira? Fiz sim. Mas eu já sou bem grandinho pra não precisar ficar escutando você reclamar no meu ouvido!
- Pois não parece ser tão "grandinho" assim! Você faz idéia que agora todo mundo lá em casa está desconfiado de nós dois?
- Que se dane. Que desconfiem. Que coloquem nos jornais. Não me importo. - ele deu de ombros. - Aliás, se eles realmente colocarem nos jornais, só vão fazer um favor pra mim.
- E VOCÊ PERDE QUARENTA MILHÕES DE GALEÕES? - ela berrou. Parecia não acreditar na irresponsabilidade do homem que estava sentado à sua frente.
Pairou um silêncio entre eles, até que Draco murmurou mais pra si:
- E fico com você de uma vez.
Ela cruzou os braços e se remexeu inquieta. O que ele havia dito parecia ter incomodado a ela:
- E você acha que vale a pena?
Draco levantou o olhar e a encarou.
- Eu não sou homem de perder tempo com coisas que não valem a pena, Virgínia. Pensei que você já estivesse cansada de saber que quando eu quero uma coisa, eu consigo. E com você não vai ser diferente. Nem que eu precise perder milhões de galeões pra isso.
- Toda vez que você fala desse modo faz com que eu me sinta apenas um objeto... Uma brincadeirinha da sua parte.
- Você sabe muito bem o que eu quis dizer. - ele deu uma pausa, procurando um cigarro no bolso do seu paletó esportivo. - Agora, se você não estiver satisfeita... Se você não conseguir superar os meus "ataques", "porres" ou "cantorias de gênero duvidoso", fale logo... Porque aí eu vou saber que estou perdendo o meu tempo.
Ele acendeu o cigarro enquanto esperava que ela tomasse alguma iniciativa.
- Eu não quis dizer isso. - ela disse, se acalmando.
- Então o que você quis dizer? - ele deu uma tragada no cigarro.
- Desde quando você fuma? - ela perguntou, de repente.
- Mudando de assunto, Virgínia Weasley?
- Não... É que eu nunca vi você fumando...
- Não costumo fumar mesmo. - ele olhou para o cigarro na sua mão. - Mas acho que a situação pede um cigarro.
- Então se a situação pedisse um suicídio...
- Eu mataria alguém e faria parecer um suicídio. - ele deu outra tragada - Ou você acha que eu me mataria?
Ela sorriu pela primeira vez desde o início daquela conversa.
- Você não existe, Draco Malfoy.
Draco não respondeu. Apenas sorriu de lado e continuou a fumar seu cigarro. Passaram-se alguns instantes em silêncio, onde Gina se encontrava balançando os pés lentamente para frente e para trás.
- O que você quer me dizer, Virgínia? - ele perguntou, soando entediado.
- Eu não quero te dizer nada! - ela respondeu rapidamente.
- Lógico que quer. Quando você fica se sacudindo desse modo irritante é porque você quer dizer algo e está tomando coragem. Ou está se perguntando se deve ou não dizer.
Ela suspirou.
- Odeio o modo como você me conhece.
O loiro sorriu novamente de canto de boca e apagou o cigarro. Em seguida, recostou-se novamente na cadeira e tornou a olhar pra ela:
- Agora que você já admitiu que eu estava certo, comece a falar.
- Bem... É que toda essa situação me deixa incomodada. Eu sei que nós mal começamos a nos entender, que seu processo de separação é complicado e que envolve muita coisa... Mas é tão ruim te ver aqui por alguns instantes e depois ter que ir embora sozinha, dormir sozinha... Pior é ter que encarar meus pais, meus irmãos e principalmente minha filha sabendo que eu estou fazendo algo totalmente errado... - ela falou rápido demais e somente no fim, respirou.
Draco permaneceu sentado, sem encará-la. Parecia estar pensando no que ela estava lhe dizendo e embora concordasse, sabia que não havia outra saída para eles. A única salvação seria Sophie... E ele já não tinha mais tanta certeza de que ela era culpada.
- Eu não sei o que dizer. - ele disse por fim.
- Certa vez você me disse que um Malfoy sempre tem resposta para tudo. - ela comentou, com um sorriso fraco.
- E eu realmente tenho uma resposta pronta para esse assunto. Só não sei se você vai concordar com ela.
- E qual é?
Ele a encarou.
- Nós não temos alternativas. Ou você se acostuma com essa situação. - ele deu uma pausa. - Ou a gente pára por aqui.
Draco estava convicto que ela iria negar a segunda opção com veemência. Porém, o que veio a seguir não estava nos seus planos.
- Eu... Eu não sei... - ela murmurou.
- Como assim 'não sabe'? - ele levantou da cadeira e deu alguns passos na direção dela.
- Eu não sei se eu agüento essa vida, Draco! Eu quero você para mim, realmente quero. Mas não quero te dividir com ninguém! - ela suspirou. - E eu ainda fico pensando na Sophie... Tudo bem, eu a odeio e tudo o mais, mas nenhuma mulher merece ser traída. Eu não mereço. Ela não merece. Mas, eu estou contribuindo com tudo isso, e não me sinto bem...
- Olha a maldita honra grifinória vindo à tona novamente... - ele bufou, irritado.
- Não tem nada a ver com isso! - ela retrucou.
- Óbvio que tem! Você está querendo abdicar de tudo por causa dos outros? Faça-me o favor!
- Não é só pelos outros... Eu tenho mil razões para largar tudo, Draco.
- Me diga quais são?
- Já te disse várias.
- Não concordo com nenhuma delas.
- Então me dê você uma razão para continuar com tudo isso.
- Eu amo você. - Ele disse, bruscamente, e até fez Gina se assustar. Era difícil escutá-lo dizendo essas palavras. Ficaram apenas se encarando por um instante, até que ele retornou a falar. - É o suficiente para você?
Ela permaneceu calada e ele então virou de costas.
- Estou vendo que não é o suficiente para você. Então, eu estou realmente perdendo meu tempo.
Draco caminhou até a poltrona e pegou o seu paletó esportivo que estava jogado lá. Em seguida, colocou-a no corpo, por cima da camisa preta que estava usando, e foi em direção à porta do apartamento, sem nem ao menos olhar para a ruiva. Mesmo ele estando com uma aparência desleixada (talvez fosse pela calça jeans rasgada, mas que provavelmente, tinha custado mil galeões por cada rombo, ou ainda pela camisa preta aparecendo por debaixo do paletó), Gina o achou adorável. Ele colocou a mão na maçaneta, mas ao invés de girá-la, parou. Ficou por um tempo considerável olhando para a porta, até que se virou.
- Sabe, Virgínia... Eu posso ter feito muitas besteiras, e sei que eu continuo fazendo... Mas em toda a minha vida, eu sempre tive uma única certeza... – ele deu uma pausa, ponderando o que ia dizer a seguir. - E pela segunda vez, você está jogando essa certeza no lixo. Só que da primeira vez, eu ainda superei... Fingi que esqueci para poder nos dar uma nova chance. Mas, agora...
Gina engoliu em seco ao ouvir essas palavras. Sabia exatamente o que ele queria dizer. Sabia que, se ele saísse por aquela porta, ele não voltaria mais.
- Você nunca me deu uma chance de explicar o que realmente aconteceu naquela noite... - ela disse, chorosa.
- Eu vi. Não precisava de explicação.
- Óbvio que precisava! - ela deu passos apressados na direção dele, parando de frente. E então, começou a falar sem perguntar a opinião dele. - Eu cheguei na casa dos meus pais... Para te esperar lá... E eu estava tão excitada com a idéia de estar grávida, que eu não resisti... E acabei contando pros meus familiares antes de você chegar. Harry estava lá e ele ficou desolado. Me chamou para conversar e disse que sabia que tinha me perdido para sempre. Porque a partir daquele momento, eu e você nos tornaríamos uma família... E que se eu não tinha me separado de você antes... Com um filho, eu nunca me separaria de você. E, pela primeira vez, eu disse para o Harry, com todas as palavras, que eu te amava mais do que tudo e que mesmo que eu não estivesse grávida, não existiria a mínima chance de deixar você... Por quê era com você que eu sempre quis estar, Draco... Sempre. Desde o nosso primeiro beijo, o único homem em que eu penso, que me faz suspirar, que me faz devanear sobre o futuro... É você.
Ela deu uma pausa para respirar enquanto ele continuou calado, apenas a olhando. Ao recuperar o fôlego, Gina continuou:
- E então, ele percebeu que havia perdido. Que não adiantaria o que ele fizesse, eu não deixaria você. Não por vontade própria. E foi quando ele disse que nunca mais iria me importunar com esse assunto... Que me esqueceria para sempre e que seguiria com a vida dele. E só queria algo de despedida. Eu cometi o erro de perguntar o quê ele queria. Foi quando ele me beijou. E quando você chegou e viu apenas a pior parte. Justo a única parte que você não deveria ter visto.
Draco pareceu incomodado com o que ela havia dito, mas não demonstrou qualquer indicação de que ia falar alguma coisa. Gina suspirou.
- Por favor, Draco... Pense... Todos esses anos que nós ficamos separados, eu só fui ter algo com outra pessoa que não fosse você depois de te ver casado... Depois de perder todas as minhas esperanças... Então, você acha realmente que eu seria capaz de te trair quando nós ainda estávamos juntos?
Ele não respondeu. Ela insistiu.
- Responda, Draco.
- Eu não sei, ok? Eu prefiro desconfiar das pessoas antes de confiar.
- Você desconfia de mim? - ela o olhou irritada.
- Você vive me dando motivos para que eu possa desconfiar.
- Não seja estúpido! Que motivos que eu estou te dando para que você possa desconfiar de mim?
- O fato de que você está me dizendo na maior cara de pau que não quer mais ficar comigo? - ele respondeu, demonstrando maiores sinais de impaciência. Parecia querer ir embora dali o mais rápido possível.
- Eu não disse que não quero ficar com você! Eu disse exatamente o contrário!
- Ah, é? Então você tem dificuldades de expressão... Já que você pensa algo e diz outra completamente diferente! - ele disse, com sarcasmo.
- Eu disse que não quero ficar com você porque eu não suporto a idéia de ter que te dividir com alguém. Porque o meu maior desejo é ter você somente para mim, como você já foi um dia. É isso que eu quis dizer, seu idiota! - ela gritou.
Gina estava muito vermelha e bufando de tanta raiva. Porém, não teve tempo de recuperar o fôlego. No instante seguinte, Draco já havia passado a mão pelas costas dela e puxado-a para perto de si, iniciando um beijo caloroso.
As línguas se tocavam avidamente, num movimento quase brusco. Ele enfiou a mão nos cabelos vermelhos, embaralhando-os e puxando-os de leve, enquanto a outra mão, que estava posicionada na cintura, apertava cada vez mais os corpos, até quando não podia mais. Ela se sentia desequilibrar e se apoiava no corpo dele, mas não dava nenhum indício que queria parar.
Em seguida, ele foi dando passos errôneos, onde as pernas se embaralhavam, mas conseguiu atingir o seu intuito logo que as costas da ruiva tocaram a parede.
Draco a pressionou o quanto pôde na parede, roçando o seu corpo contra o dela e fazendo-a soltar um gemido baixo. Passou a dar mordiscadas leves no lábio inferior dela e em seguida, desceu para o pescoço, onde fazia movimentos circulares com a língua, que a deixavam louca... A mão dele já passeava por debaixo do vestido, tocando a parte inferior da coxa dela, enquanto ela retirava o paletó dele de um modo afobado.
- Isso é porque você quer ficar longe de mim... - ele comentou, sorrindo, e com a voz um pouco falhada.
- Eu não consigo resistir a você. - ela respondeu baixinho, enquanto desabotoava os botões da blusa preta dele.
O loiro pareceu se empolgar com o que ela havia dito e deu um impulso para o alto, enquanto a segurava pela cintura, pegando-a no colo. Gina enroscou as pernas pela cintura dele; Draco a empurrou novamente contra a parede e voltou a beijar o pescoço dela. Ela, por sua vez, passava a mão em movimentos descoordenados pelos cabelos platinados do homem a sua frente e dava beijos ávidos pelo rosto dele.
Em instantes, já estavam no quarto, aos beijos. Ele a levou em direção à cama, já livre da camiseta e com a calça jeans entreaberta e com apenas um movimento, o vestido da ruiva já estava caído no chão, ao lado da cama.
Começou a beijá-la novamente... Rosto... Pescoço... Ombro... Colo... Seios... Barriga... Coxas... E tornou a fazer o caminho inverso, até alcançar os lábios dela, que, a esse instante, já tinha a respiração ofegante e murmurava palavras desconexas.
- Eu... Eu não... Eu não quero te perder, Draco... - ela gemeu baixinho, mordendo o lábio inferior ao sentir um toque mais ousado dele.
Ele parou o que estava fazendo e a olhou. Gina estava muito vermelha (e dessa vez não era de raiva) e os cabelos estavam bagunçados. As sardas dela pareciam que tinham tomado vida e ela estava tentando acertar a sua respiração, enquanto ainda mordia o lábio inferior. Nos enormes olhos castanhos, ele via todo o amor que ela dizia sentir por ele. Não tinha mais dúvida: aquela era a visão mais linda que ele poderia ter.
- Você nunca irá me perder. - e a beijou, carinhosamente, nos lábios.
UM MÊS DEPOIS
- Nada deu certo... - Draco suspirou irritado ao descer de seu Porsche preto conversível na porta de sua casa. - Nada.
- Isso não é possível, Draco. - Blaise saiu do banco do carona, batendo a porta, enquanto o loiro ativava as travas automáticas.
- Como não é possível? Nós já tentamos de tudo! Seguimos a Sophie em todos os locais que ela ia nesse último mês e ela só ia a três lugares: na casa dos pais, ao shopping com a sua amada Louise ou para o apartamento da própria Louise, de onde elas saíam serelepes para irem, adivinha pra onde? Para o shopping! - Draco comentou irritado. - Não tem nada. Ela não estava me traindo.
- Eu achava que, no início, ela estava escondendo o jogo. Mas se fosse isso, ela já deveria ter dado uma falha, não é?
- Exatamente. - ele suspirou, abrindo a porta da casa. Um elfo apareceu diante dele, em instantes. - Terry, Sophie está em casa?
- Não, não, meu senhor... Senhora Sophie saiu junto com a moça loira, senhor...
Draco olhou para Blaise.
- Está vendo? É sempre assim. Sophie sai com Louise... Louise sai com Sophie. Nada de diferente. - falou, enquanto ia em direção a sala de estar se jogou em um dos sofás. Blaise fez o mesmo no outro.
- Tem algo de errado aí... - Blaise falou mais pra si do que para Draco.
- Só você vê algo de errado nisso tudo. Para mim está bem óbvio.
- Não está não. Eu tive uma idéia... Vem comigo. - Blaise se levantou e foi em direção a saída.
- Mas nós acabamos de chegar!
- VEM! - Blaise apenas gritou.
- O quê está passando pela sua cabeça oca, Blaise? - Draco perguntou dentro do carro. Estavam parados em frente ao apartamento de Louise, aparentemente fazendo vigilância. A capota do Porsche estava levantada, para que não fossem reconhecidos.
- Eu me toquei de algo... Louise e eu não nos encontramos nenhuma vez no apartamento dela nesse mês. Cada vez que eu queria vir até aqui, ela dava uma desculpa esfarrapada diferente. Mas, enfim... Eu pensava que era porque ela preferia ir até o meu apartamento...
- E não é? Você já tinha comentado isso comigo e da outra vez você havia me dito que Louise não gosta de trazer homens para a casa dela.
- Exatamente... Mas e se não for por isso? - Blaise comentou, com um ar astuto.
- Por quê não seria?
- Presta a atenção, Draco... E ligue os fatos. Nós fomos até a sua casa e o elfo disse que Sophie havia saído com o Louise, certo? - ele, recebendo a afirmação do loiro, continuou. - Pois então, nós estávamos aqui antes e vimos que a Louise havia saído com Sophie. Então note a discrepância dos fatos nesse caso... Se Louise já havia ido até a sua casa para buscar Sophie, por quê ter que passar novamente aqui, no apartamento de Louise, ao invés de ir direto da sua casa para o shopping? Elas devem estar usando o apartamento da Louise!
Draco ficou parado por um momento pensando. Realmente não fazia sentido algum.
- Mas, Blaise... Todas as vezes que nós seguimos a Sophie até aqui, ela sempre entrou e saiu somente com a Louise. E ninguém de suspeito saiu logo após dela... Então, como ela está utilizando o apartamento da Louise para ter alguma coisa? Nós pensamos nessa possibilidade, se lembra?
- Sim, eu me lembro, mas... - Blaise ficou calado e Draco sabia que ela estava pensando em várias coisas ao mesmo tempo e estava confuso, porque era o que ele sempre estava fazendo quando enfiava a mão no próprio cabelo e ficava bagunçando-o. De repente, ele parou. E olhou para o loiro, com os olhos brilhando. - E se não for no apartamento da Louise?
- Como? - Draco perguntou, incrédulo. - Você acha que a Sophie vai sair por aí entrando no apartamento de qualquer um para dormir com um cara qualquer?
- Não! Vem comigo, antes que elas cheguem. - Blaise pegou uma caixa que estava em cima do painel do carro e retirou um óculos escuros Ray-Ban. Ajeitou a jaqueta jeans e saiu do carro. Draco não pensou duas vezes: foi atrás.
- Boa tarde... - Blaise ajeitou o óculos. - Muito bons esses apartamentos, não é? - ele comentou com o porteiro do prédio.
- Sim... Esse prédio é um dos melhores de West London. - o porteiro respondeu com orgulho.
- E tem algum apartamento para locação ou para venda? - Blaise perguntou, sério. - Eu moro no SoHo e não estou muito satisfeito com a localização... O senhor sabe como é... Badalação demais enjoa.
- Oh, sim... Obviamente. O bairro aqui é bem tranqüilo, nada parecido com o SoHo, mas tem diversão para aqueles que sabem procurar!
- Eu entendo. E então? Algum apartamento disponível? - Blaise perguntou novamente.
- O senhor não deu sorte... Cerca de três semanas atrás o apartamento 510 estava disponível, mas já foi alugado.
- Sério? - Blaise perguntou, demonstrando interesse. E, obviamente, deu uma olhada significativa para Draco, que estava calado atrás dele. - Apartamento 510, é?
- Sim, senhor. O senhor que alugou estava com bastante pressa de se mudar, tanto que nem fez reformas no apartamento. Se mudou imediatamente. Mas, sabe como é, um apartamento desses é irrecusável, não é? Boa localização, boa vizinhança, boas instalações... E ainda bom preço. Não tem como não querer comprar.
- Hum... Entendo. E esse senhor... Ele se adaptou bem ao apartamento?
- Ahhh.. Lógico que sim. Bem, eu não converso muito com ele, porque ele é bastante reservado, mas acho que é porque ele é estrangeiro e isso deve...
- Estrangeiro? - Draco comentou pela primeira vez.
- Sim... Vindo da Itália, se eu não me engano. Talvez tenha sido isso o motivo da pressa, não é?
Blaise olhou para Draco e viu que ele estava mais pálido que o normal. Era a hora de encerrar o assunto.
- Muito bem, senhor... - Blaise olhou para a plaquinha de metal com o nome do porteiro. - senhor Graham. Muito obrigado pelas informações. Foram valiosas. Mas, infelizmente, não vou poder tirar proveito delas... – Blaise já tinha dado as costas para o porteiro, mas no meio caminho desistiu e voltou.- No entanto, acho que o senhor pode me fazer um último favor, não é?
- Um favor? Qual? - o porteiro o olhou, desconfiado.
- Bem... Na realidade, eu até gosto muito do SoHo, mas meu maior interesse em me mudar para esse prédio tem nome: senhorita Louise DeLancré. O senhor sabe quem é?
- Claro que sim. - o porteiro permanecia desconfiado.
- Então... Ela é minha namorada. Sei que ela mora no apartamento 307 e gostaria de fazer uma surpresa para ela, e...
- A senhorita DeLancré não está e infelizmente eu não posso deixar o senhor entrar... Não adianta insistir. - ele disse, intransigente.
- Eu não quero entrar. Eu apenas quero comprar um buquê de flores e entregar pessoalmente para Louise assim que ela chegar. Sabe, ser romântico algumas vezes sempre ajuda. O senhor é romântico com a sua esposa? - Blaise já havia visto a aliança na mão esquerda do porteiro e por isso sabia q ele era casado.
- Sim...
- E sua esposa adora quando o senhor é, não estou certo? Ela fica muito boazinha com você... Não é?
- Sim... Ela fica.
- Então... Eu apenas quero fazer uma surpresa para a minha futura esposa. Pretendo pedi-la em casamento ainda essa semana. - e ao ouvir Blaise dizer isso, Draco teve que se segurar para não cair na gargalhada. - O senhor pode me ajudar com isso? Tenho certeza que o senhor será bem recompensado... - Blaise deixou amostrar algumas moedas de galeões no seu bolso.
O porteiro pigarreou.
- O senhor tem razão. Eu entendo o seu ponto. - respondeu, ainda olhando para as moedas. - Mas, eu só posso permitir a sua entrada quando a senhorita DeLancré estiver no apartamento.
- Está ótimo para mim. - deu dois tapinhas no ombro do porteiro e em seguida foi em direção à calçada. - Vou comprar as rosas. Até mais.
Antes de começar a caminhar, Blaise ajeitou novamente seus óculos, virou para Draco e disse:
- Pode me agradecer eternamente depois, meu caro...
- Olha! Olha! Elas estão vindo! - Draco comentou, baixando os óculos para ver melhor. Sophie e Louise carregavam várias bolsas e riam alegremente. Passaram pelo porteiro (o qual Louise cumprimentou) e entraram no prédio.
- Vamos esperar uns dez minutos e vamos atrás. - Blaise ponderou.
- Tudo bem. E não se esqueça de pegar a máquina fotográfica, Blaise.
Passados os dez minutos, ambos saíram do carro e seguiram em direção ao prédio.
- E então, senhor Graham... Nosso acordo ainda está de pé? - Blaise esticou a mão para cumprimentar o porteiro, deixando-o sentir as cinco moedas de galeões que estavam na sua mão.
Primeiro o porteiro olhou para o buquê de rosas vermelhas que estavam na mão do moreno e em seguida olhou para as moedas. Ponderando sobre o quê deveria fazer, acabou aceitando.
Blaise sorriu e já ia caminhando para dentro do prédio junto com Draco quando o porteiro falou:
- Só o senhor pode entrar. O seu amigo não.
Blaise ia interceder, mas Draco fora mais rápido.
- E o senhor vai deixar um Malfoy plantado na calçada do seu prédio? Mas que falta de educação... - ele fez questão de frisar o seu sobrenome. - Eu posso ficar entediado... E o senhor já ouviu dizer o que os Malfoys costumam fazer quando estão sem nada para se divertir, não é?
- O senhor é um Malfoy? - perguntou, demonstrando medo.
- Draco Malfoy em pessoa. Filho de Lucius Malfoy... Neto de Edward Malfoy... Bisne---
- Já entendi, senhor... Me perdoe. Obviamente que o senhor deve entrar e...
Draco não esperou ele dizer duas vezes. Deu meia-volta e entrou no prédio.
Pararam em frente a uma enorme porta de mogno, que possuía uma pequena e delicada placa dourada indicando que aquele era o apartamento 510. Tinha uma lixeira do lado da porta, na qual Blaise jogou o buquê de flores, enquanto Draco pegava a sua varinha.
O loiro apontou a varinha para a porta e disse 'Alorromora' e ouviu-se um clique. Depois, ele tentou abri-la e... Nada.
- Merda! - Draco xingou baixinho.
- Sai daí. - Blaise o empurrou e em seguida meteu a mão na carteira. Tirou um cartão de crédito de dentro e tentou abrir, mas não conseguiu. Depois, se empertigou e começou a procurar algo pelo corredor... Até que teve a idéia: pegou novamente o buquê de rosas no lixo e retirou um pequeno arame que arrumava o buquê. Torceu-o e enfiou no buraco da chave na maçaneta.
- O que você está fazendo? - Draco perguntou e Blaise não respondeu. Continuou compenetrado no que estava fazendo até que se ouviu um clique.
Blaise tentou abrir a maçaneta e esta girou. A porta estava aberta. Depois, se virou para o loiro:
- Lembra quando eu dizia que havia coisas interessantes no mundo dos trouxas e você me chamava de pseudo-Weasley? Pois então... - e deu um sorrisinho sarcástico.
Entraram sorrateiramente no apartamento, sem fazer o mínimo barulho. Era um apartamento bonito e espaçoso, mas não estava muito decorado. Tinha apenas o necessário. Era claramente um apartamento usado para fins específicos que não fosse uma moradia regular.
E então, eles começaram a escutar vozes abafadas vindo no final de um corredor. Era para lá que deveriam ir.
Seguiram sorrateiramente até chegarem na última porta, onde já se podia escutar as vozes mais altas e... gemidos.
- É a voz dela... Tenho certeza. - Draco sussurrou. Não estava animado com a situação. Na realidade, estava bastante irritado, querendo entrar naquele quarto e lançar um Avada Kedavra nos dois.
- Está pronto? - Blaise perguntou, enquanto preparava a máquina fotográfica, e Draco apenas concordou com a cabeça. - Então vamos lá! Um... Dois... Três!
E entraram no quarto.
O que veio a seguir foi uma seqüência de ações.
- SOPHIE!GIOVANNI! PEGUEI VOCÊS! - Draco gritou.
- DRACO! AH, NÃO! - Sophie berrou, se cobrindo com o lençol.
- Malfoy... Eu posso explicar! - Giovanni tentou ajudar.
- Nossa! Essas fotos vão ficar ótimas! - Blaise comentou enquanto tirava várias fotos da cena. Depois, virou para os dois na cama e perguntou - Olha, eu nunca tentei essa posição que vocês estavam fazendo... É legal?
- BLAISE! - Draco e Sophie gritaram ao mesmo tempo.
- Está bem! Está bem! Eu descubro sozinho... - ele fez cara de emburrado, mas em seguida continuou a tirar fotos.
- Draco, meu amor... Não é isso que você está pensando, querido... Vamos conversar... - Sophie se levantou da cama, enrolada no lençol e foi em direção ao loiro.
- Eu sei exatamente o que eu vi e tenho provas disso, Sophie. E nós realmente vamos conversar, embora você já deva saber qual é o assunto.
- O quê? - ela perguntou, com a voz trêmula.
- Eu quero o divórcio, Sophie.
Foge das pedradas e se esconde
Eu não tenho nada a dizer além de pedir milhões de desculpas pelos seis meses de demora para postar esse capítulo. Mas ele chegou! xD
Nesse aí nós tivemos várias explicações. O que havia realmente acontecido no dia que Draco viu Harry beijando a Gina... Com quem a Sophie estava traindo o Draco e como ela estava fazendo... E o segredo do Blaise! xD Gostaram?
Uma vez, eu recebi uma review dizendo que achava que o segredo do Blaise era que ele era gay. Ele não é gay exatamente... No próximo capítulo vcs vão entender o que eu quis dizer com esse 'exatamente'.
Espero que vocês tenham gostado.
E o próximo capítulo será o último e eu espero realmente que ele não demore mais seis meses para ser postado...
Muito obrigada por todas as reviews que me elogiaram, que me criticaram, que me xingaram... Enfim, que disseram qualquer coisa pra mim... Pq vcs mostraram que se importam com a fic e que não queriam que ela fosse abandonada..! Obrigada mesmo.
E não fiquem preocupados... Não importa quanto tempo eu fique sem atualizar... Eu não vou abandonar a fic, ok?
E até o próximo e ultimo capítulo, que eu espero que venha em breve! o/
