Capitulo 4 – Wrong Words

Sawyer a Kate estavam andando durante mais ou menos três horas pela floresta, passaram esse tempo conversando e flertando, mas nenhum dos dois tomava alguma iniciativa.

Kate: "Já estamos chegando?"

Sawyer: "Droga, Freckles, você é muito impaciente, quando chegar você vai saber."

Kate: "Sawyer, porque estou com um mau pressentimento quanto a isso?"

Sawyer: "Não confia em mim?"

Kate(sorrindo): "Sinceramente? Não."

Sawyer: "Hmm.. meio suspeito falar isso, já que você está no meio do nada comigo..."

Kate: "O que posso dizer? Gosto de correr riscos..."

Sawyer: "Está com calor, Freckles? Sinta-se à vontade para tirar a roupa, como disse, não tem mais ninguém aqui..."

Kate: "Cala a boca, Sawyer."

Sawyer iria soltar mais uma de suas piadinhas quando foi interrompido pela Kate.

Kate: "Shhh. Você não ouviu isso?"

Sawyer: "Isso o que?"

Kate: "Parecia alguém pedindo socorro... O barulho veio... dali."

Falando isso ela virou para o lado direito, totalmente oposto ao caminho que eles iriam tomar. A mata de lá era totalmente obscura, mesmo com a luz do dia ainda parecia mais cenário de filme de terror. A voz não era estranha para a Kate, ao ouvir ela sentiu um calafrio, não poderia ser ele, afinal, ele havia morrido, ou melhor, ela havia o matado. Não tinha jeito, por mais que ela estivesse apreensiva quanto a entrar naquele lugar, ela tinha que ir.

Sawyer: "Deve ser sua imaginação."

Kate(ainda agitada): "Eu ouvi. Vamos lá olhar, pode ser alguém perdido..."

Sawyer: "Acorda, Freckles. Nós somos os perdidos aqui nessa maldita ilha"

Sawyer segurou a mão dela a fim de fazê-la andar com ele de volta, mas ela resistiu.

Sawyer: "Vamos, isso é coisa de sua cabeça, esquece isso... você sabe que essa ilha nos prega peças, e que não é nem um pouco agradável ao anoitecer."

Kate: "Deixa de ser medroso, Sawyer, ainda falta muito para anoitecer, e eu não vou sair daqui até ver se não tem realmente ninguém pedindo ajuda."

Sawyer: "Não é med-"

Um grito de socorro assustou os dois. Sawyer instintivamente abraçou a Kate o mais rápido que ele pôde..

Kate: "Okay... E isso não é medo..."

Sawyer quebrou o abraço.

Sawyer: "Não. Se chama proteção, eu estava te protegendo, a propósito, de nada. E está bem... eu ouvi dessa vez, mas não tem ninguém que me faça entrar aí, não vou entrar, não sou o tipo de cara que salva os outros..."

Kate: "Nem por mim?"

Sawyer: "Olha, querida, você é um doce mas não vale todo esse esforço. Como já disse antes, existem outras mulheres aqui nesta ilha, e eu posso consegui-las por muito menos..."

Kate havia ficado magoada com o comentário. Se ele tivesse falado isso antes, talvez ela levasse na esportiva, pois ela conhecia muito bem o Sawyer e sabia que ele não era muito bom em expressar os sentimentos, às vezes era impossível decifrar o que realmente se passava dentro dele, mas agora ele não tinha mais motivos para fazer isso, ela havia se aberto com ele, porque ele continuava sendo tão pé-no-saco? Ela estava se sentindo muito irritada, até agora não tinha demonstrado sentir nada por ela, a não ser o pesadelo que ele teve, mas ela não poderia se agarrar a isso, já que não tinha certeza se era dela que ele estava falando no sonho.

Kate: "Quer saber? Deixa pra lá, não sei por que ainda perco o meu tempo, esqueci que você não passa de um porco egoísta, a única coisa que te importa é você mesmo. Pode continuar seguindo o seu caminho sozinho, eu vou ir lá ajudar, ao contrário de você tenho um pingo de sentimento, e, além do mais, acho que estarei em melhor companhia lá do que aqui... com você."

Kate enfatizou bem o "com você", agora foi a vez do Sawyer se sentir ofendido, está certo que ele não se importava com os outros do grupo, por ele todos podiam morrer, mas ela não podia dizer que ele não se importava com ninguém a não ser ele mesmo, pois isso era uma mentira, ele se importava com mais alguém sim, com ela, por mais que ele tentasse esconder.

Sawyer: "Sou um porco egoísta? Está bem... Vá, entre aí, se meta nessa droga dessa mata, não vou mais te impedir, vá e acabe se matando, não ligo. E tem outra coisa, a mochila vai ficar comigo, você vai ter que se virar..."

Kate saiu em silêncio e entrou naquele cenário estranho. Sawyer ainda ficou um tempo parado no mesmo lugar, achando que ela voltaria, mas ela não voltou atrás.

Sawyer: "Droga, Freckles, porque você tem que ser tão teimosa?"

Ele não podia deixá-la ir sozinha, com certeza ela seria morta antes de encontrar quem quer que fosse que estava pedindo ajuda, ela iria acabar virando almoço "monstro" misterioso, ou de até coisa pior, sabem-se lá quais criaturas essa ilha abriga, e mesmo que não fosse isso, ela iria acabar morrendo de fome e de sede, já que a mochila havia ficado com ele, e como ela não conhecia aquela parte da floresta, iria acabar se perdendo, e lá não parecia ser um bom lugar para dar frutos, pelo menos até onde tinha visto, não havia se quer uma árvore "saudável", só em pensar nisso Sawyer já sentia um frio na espinha.

Sawyer(resmungando): "O que eu não faço por você?"

Sawyer seguiu o caminho tomado pela Kate há alguns minutos atrás.

Algumas horas já haviam se passado e Kate já se encontrava um pouco mais calma quanto ao Sawyer, mas ainda assim estava muito chateada, sentimento que ficou em segundo plano quando ela percebeu que já estava escurecendo e ela ainda não tinha achado ninguém e nem o menor sinal que alguém havia passado por ali. Ela estava começando a ficar com medo, tentou voltar, mas não conseguia achar o caminho, e quanto mais andava mais não sabia para onde ir, tentou permanecer calma, mas isso estava sendo muito difícil. O vento começou a soprar, coisa que não tinha acontecido até então, e o barulho das folhas balançando estava dando a ela uma sensação ruim, como se houvesse mais alguém, o medo já estava tanto que o menor ruído que fosse, até o de uma folha caindo, estava a assustando. Mais um som de galho se quebrando foi o suficiente para ela se desesperar.

Kate: "Sawyer!"

Nada respondia a não ser o eco.

Kate: "Sawyer!"

Quando ela estava se preparando para gritar pela terceira vez, sentiu algo tocando suas costas e virou-se rapidamente com o susto.

Sawyer: "Sabia que você chamaria por mim, Freckles."

Kate abraçou o Sawyer, feliz por tê-lo encontrado, então quando o sentimento de felicidade desapareceu, ela lembrou que estava brava, e ainda nos braços dele começou a tentar batê-lo, ele a pressionou mais contra si, afim de com isso fazê-la parar.

Kate: "Esse barulho que eu tenho escutado... foi você. Você esteve me seguindo o tempo todo? Seu filho da mãe, além de quase me matar de susto você ainda ficou aqui só assistindo ao meu desespero?"

Kate agora estava batendo mais forte, tentando se soltar, apesar dela gostar de estar tão próxima a ele, estava muito chateada para admitir.

Sawyer: "Aí, Droga... Você é mais forte do que parece, Freckles... (com um sorriso sem-vergonha) Você fica linda quando está assustada."

Kate: "Isso não tem graça, Sawyer."

Sawyer: "Acho que eu já fui castigado o suficiente, não? De onde diabos você tira tanta força? Devo estar cheio de marcas roxas..."

Falando isso ele a soltou.

Kate(sorrindo): "Bem feito! E u pensei que não valesse esforço algum..."

Sawyer: "Eu não falei que você não valia esforço algum, querida. Eu falei que você não valia todo esse esforço..."

Kate: "Grande diferença..."

Sawyer: "Eu vim atrás de você, não vim?"

Kate sorriu, mas ele não pôde ver, pois estava agora de costas para ela, abaixado, retirando algo de dentro da mochila, pareciam dois lençóis, só com o fato de que eram um pouco menores do que um de solteiro. Kate ficou o observando intrigada.

Kate: "O que você está fazendo?"

Sawyer: "Acampando. Já é noite, Freckles."

Kate: "Você está querendo dizer que vamos dormir aqui?"

Sawyer(com um sorriso maroto): "Não necessariamente dormir, se você estiver disposta a fazer outra coisa, tenho uma lista..."

Kate revirou os olhos. Sawyer então continuou tirando da mochila o que eles precisariam para passar a noite. Dentre essas coisas estavam uma garrafa de água, algumas frutas, uma lanterna e uma arma. Sawyer carregou-a e prendeu atrás da calça.

Kate: "Você sabe que essa arma não mata aquele monstro, não é?"

Sawyer: "Sim, mas pode ser muito útil com os ursos polares."

Kate balançou a cabeça positivamente.

Sawyer: "...e javalis"

Kate: "Não acredito que você ainda não esqueceu aquilo..."

Sawyer: "Aquele filho da mãe acabou comigo..."

Kate se divertia ao presenciar certas atitudes dele que o fazia tão infantil, por pouco ela não conseguiu segurar o riso, ela tentou ao máximo, pôs sabia que isso o enfureceria mais ainda. Ela não podia deixar de admitir o quão lindo ele ficava quando fazia essa cara de criança emburrada.

Kate: "Sawyer, foi só um javali."

Sawyer: "Que seja..."

Ambos se sentaram, cada um em seu lençol, porém, próximos e um de frente para o outro.

Sawyer: "Está com fome?"

Kate: "Não, só sede."

Sawyer entregou-lhe uma garrafa e guardou as frutas de volta na mochila. Ambos ficaram em silêncio, sentados, em lados opostos, um de frente para o outro. O que permitiu a Kate se perder nos seus pensamentos, ela ainda estava com o pesadelo do Sawyer na cabeça, será que ele estava falando mesmo dela? Ela tinha que ter certeza. Foi aí que uma idéia correu em sua mente, ela olhou para o Sawyer.

Kate: "Ainda quer jogar?"

Sawyer: "De que inferno você está falando, Freckles?"

Kate: "Verdade ou Desafio. Você ainda quer jogar?"

Sawyer que estava com uma expressão cansada, logo mudou para uma de empolgação.

Sawyer: "Vamos, você começa."

Kate: "Verdade ou desafio?"

Continua...