Capitulo 11- A historia do lobo

Andressa perdeu o sono naquela noite, por isso antes do amanhecer já estava de pé, na verdade quando o sol começou a raiar, ela já havia trocado de roupa e esta olhando pela janela em direção ao salgueiro, afinal se alguém realmente entrou ali, logo teria que sair...

Um pouco antes das seis da manhã daquela manhã levemente enevoada, uma mulher vestida de enfermeira saiu do castelo em direção ao salgueiro, entrou e após um tempo saiu acompanhada de um garoto. Está era a chance de Andressa, saiu correndo, e foi em direção à enfermaria, teria que chegar antes da mulher... Por sorte no meio do caminho encontrou o fantasma da Lufa-lufa, que ficou feliz em lhe indicar o caminho, desatando a correr, seguindo as indicações, e sim, por algum milagre divino, ou seria pelo horário, não encontrou nenhum monitor, professor, para por fim chegar à enfermaria existia uma cadeira ali, sentou-se e esperou, poucos segundos depois chega à mulher acompanhada pelo garoto...Cabelos lisos, castanho claros, olhos cor-de-mel...Traduzindo Remo Lupin, com uma expressão cansada que foi substituída por uma de medo, aflição, receio, tudo junto e misturado...

- Andressa? O que você está fazendo aqui?

- Não seria...

- Com licença querida, mas agora o menino precisa se deitar...

- Eu poderia acompanhílo senhora, só gostaria de trocar umas palavras com ele, eu prometo fazer tudo para ir o mais rápido possível...Sim- perguntou voltando a usar a tática da boa menina com cara de anjo.

- Acho que não haverá problemas... Senhor Lupin?

- Tudo bem...

- Obrigada – YES! Essa sempre dá certo-completou em pensamento - madame...

- Pomfrey, agora acompanhem-me – disse a mulher seguindo em direção a sala de estocagem de ingredientes e poções, ali ela abriu uma passagem, que dava para um quarto bastante confortável, com um biombo, onde Remo foi para vestir um pijama. Após mais alguns instantes – Vou deixílos, assim que terminar você poderia dar a ele esta poção?

- Claro –respondeu sorrindo, a mulher se retirou fechando a porta.- Remo...

- Er...Andressa o que você veio fazer aqui na enfermaria a esta hora - perguntou se deitando na cama

- Digamos, que ontem quando eu estava na biblioteca eu ajudei o irmão mais velho da Isabelly com uma redação, na realidade eu só passei a limpo, o tema era sobre lobisomens – o menino ficou mais pálido ainda, prestando mais atenção Andressa percebeu o quanto ele estava pálido, e parecia um tanto machucado – foi um trabalho bastante detalhista, e quando eu estava olhando pela janela mais tarde, eu vi aquela enfermeira indo junto de um garoto para o salgueiro doido...

- Lutador

- Dá na mesma, então eu fiquei curiosa, quando eu vi o garoto entrando, e como eu perdi o sono fiquei olhando pela janela, e novamente vi a enfermeira indo para a arvore, e um garoto saindo...Fora que durante a noite, como eu tenho costume de sempre estar olhando o céu, notei a lua cheia...

- E somando dois mais dois...

- Então, Remo, você é realmente um lobisomem? – nisto o garoto abaixa a cabeça e murmura.

- Sou...

- Por que você falou que iria viajar então?

- Bem...A sociedade bruxa não aceita bem os lobisomens, imagine a reação dos outros, você não teve a mesma provavelmente por ter vindo de família trouxa...

- Entendo, o medo, o medo da rejeição, o de ficar sozinho falou mais alto não? Ele sempre fala mais alto...

- Sim...-Andressa senta-se ao lado de Remo na cama e fala.

- Pode parecer estranho, mas eu te entendo, mais do que você pode imaginar...

- Como?

- Você tem seus segredos e eu tenho os meus, talvez, apenas talvez, a Isabelly e a Bruna desconfiem, mas não o conhecem pela totalidade, o que se passa comigo... Da minha parte Remo, eu prometo que nada sairá da minha boca e nem deixarei de ser sua amiga...

- Obrigado, mas por que faz isso?

- Como eu disse eu entendo os seus medos, eles são tão parecidos com os meus... Eu poderia lhe fazer uma pergunta?

- Fale, acho que você tem esse direito, mas saiba que talvez eu faça uma pra você também, ou talvez não te responda...

- Claro, pode perguntar o que quiser, mas como nas suas palavras, talvez eu não responda, tudo bem? – o garoto faz um aceno com a cabeça – como você se tornou um lobisomem?

- É uma longa historia...

- Longas histórias foram feitas para serem contadas.

- Certo você já ouviu falar sobre a lenda da fundação de Roma?

- Claro, a lenda dos gêmeos Rômulo e Remo...

- Então, como na lenda eu tinha um irmão gêmeo, foi o motivo do meu nome, apesar de minha família ter uma ascendência francesa...

- Continue...- reparando que Remo falou tinha em vez de tenho.

- Minha família pode ser considerada de classe média alta, sabe? Temos alguns bens, entre eles um chalé, próximo a uma floresta, no alto de uma montanha, onde costumamos passar as férias...Meu pai tem um bom emprego e minha mãe também... – o menino parecia emocionado, sentado na cama olhava para as suas pernas – Quando eu e meu irmão tínhamos sete anos, estávamos como em todas as férias, no chalé, meus pais proibiam que entrássemos na floresta desacompanhados, ainda mais naquela noite, era a ultima noite de lua cheia, se tivéssemos esperado mais um dia...

- Eu sei que é difícil falar sobre esse tipo de coisa, mas pode desabafar comigo sempre Remo, sempre mesmo...

- Rômulo não era como eu, eu sempre fui o mais calmo, e não ligava em ficar dentro do chalé, mas ele, era agitado, me convenceu a sair quando estávamos no nosso quarto e nossos pais já estavam dormindo, eu no momento concordei, mas na hora quase recuei, mas o segui, disse que era errado, que era melhor voltarmos, mas ele continuou firme, como sempre fomos muito unidos eu o acompanhei, não iria ficar para trás, Rômulo costumava tentar me proteger, e bem...Caminhamos muito, e um determinado momento nós ouvimos uivos, ficamos com medo, mas estávamos no meio da floresta, e falei que era melhor voltarmos, mas novamente ele não me ouviu, e continuamos, numa hora avistamos algo se mexendo, eu disse que já era hora de voltarmos, e ele não, então algo apareceu, um lobisomem...-Remo nesse instante parou - estava longe, mas parecia nos farejar, só olhamos uma para o outro e saímos correndo na direção em que tínhamos vindo... – Remo parecia que ia chorar com a força das lembranças.

- Remo...Se quiser pode parar, eu vou entender...

- Não... É melhor continuar, então o lobisomem começou a nos seguir, corríamos como doidos, estávamos até a uma distancia, quase segura, quando eu tropecei e cai, Rômulo voltou e me ajudou a levantar, mas então quando foi dar mais um passo caiu num buraco, eu queria ter ficado para ajudílo como ele sempre fazia comigo, como ele sempre me protegia eu deveria tê-lo protegido, mas ele falou que eu devia continuar e chamar nossos pais, que era melhor e ele sairia dali sozinho...Quando eu fui abrir a boca para descordar, ele gritou vai logo, eu corri, mas cheguei a ouvir gritos, eles me pareceram no momento à voz do meu irmão, quase voltei, mas senti que devia continuar, quando eu deveria estar próximo a saída da floresta, pois dava para ver o chalé, as luzes estavam acesas, e pareciam estar chamando por mim e por meu irmão, algo pulou na minha frente, era aquele monstro, no susto eu devo ter gritado, tentei recuar, mas ele avançou e me atacou, então não lembro bem...Eu lembro de ter gritado e sentido dor, muita dor, pois ele me mordeu... Então um tiro ecoou e uma bala passou, provavelmente deve ter atingido o animal, já que ele fugiu...

- Pode parar Remo, eu já entendi...-Ao perceber que ele já estava quase chorando.

-Nã-não e-eu prefiro continuar...

- Tem certeza? – o garoto confirmou com a cabeça – pode falar então, eu juro que vou tentar não interromper...

- Pensei que fosse morrer – sua voz estava firme novamente – mas quando o lobo sumiu, eu vi a imagem do meu pai segurando uma arma... E atrás dele mamãe, eles me socorreram o mais rápido que puderam, eu tentava falar, mas minha voz não saia, eu queria dizer pra eles irem atrás do Rômulo...Eles me levaram para a cabana, eu devia estar todo esfolado, além, claro, da mordida, e devem ter conseguido me curar, mas ainda hoje eu tenho a cicatriz da mordida no meu ombro, ela parece ser recente, mesmo depois de já ter passado alguns anos...Eu só fui acordar depois de dias, não sei quantos exatamente, e meus pais não sabiam qual dos filhos tinham salvado... Ao acordar me veio à mente o incidente, e comecei a me culpar, eu não deveria ter concordado tão facilmente, era meu dever ter impedido aquela loucura, ainda mais por que sabíamos que na floresta tinham lobisomens e que ainda era noite de lua cheia, sendo ainda mais perigosa do que em qualquer outra noite... Eles só conseguiram saber qual dos dois eu era, quando comecei a falar isso, afinal quem sempre inventava as brincadeiras era o Rômulo... Quem deveria ter morrido naquela noite sou eu e não meu irmão, eu preferiria ter morrido a ter me tornado o monstro que sou...

- E você já imaginou se você tivesse morrido? Como os seus pais ficariam? Ou se tivesse sido ao contrario como o seu irmão ficaria, ele costumava te proteger, só que foi ele que teve a idéia...Já imaginou como seria?

- Você prometeu que não iria me interromper Andressa... –falou Remo tentando mudar de assunto.

- Eu jurei tentar, mas Remo, você já imaginou ou não?

- Não...Mas Andressa...

- Melhor você continuar Remo Lupin – o rosto da menina era tão serio, chegava a ser estranho vê-la daquela maneira.

- Bem meus pais pediram para que eu contasse como tudo aconteceu, e nunca me culparam por nada, e quando eu recebi a carta de Hogwarts, você nem pode imaginar o quanto eles ficaram felizes, antes eu tive de ir ao ministério sabe? Não é comum uma criança mordida por um lobisomem sobreviver até a idade escolar, apesar de tudo eles ficaram muito felizes no dia, pois nele seria decidido se eu continuaria vivo ou morreria, já que é comum a execução de lobisomens, foi graças ao prof° Dumbledore que eu ainda estou vivo, ele intercedeu por mim no ministério e ao mandar a carta do colégio, mostrou que eu poderia estudar sem oferecer riscos, tendo apenas que tomar alguns cuidados...Por isso a carta foi tão importante...E desde que eu me tornei esse...Esse monstro, quando chega às noites de lua ceia, eu me tranco no porão de casa, apenas o meu cachorro me faz companhia...

- Fico feliz por isso, e por você não ter morrido Remo, se não, eu teria perdido um futuro amigo, não? Seus pais devem te amar muito...Eu sempre quis ter um cachorro...

- É... Agora é a minha vez de perguntar...

- Fale...-disse Andressa já imaginando a pergunta.

- Por que você diz me entender?

- Bem, eu sei o que você sente, só que de uma forma diferente...

- Você poderia me explicar?

-Claro, bem pelo que você falou está lógico que seus pais de amam muito, não?

- É claro que meus pais me amam, assim como os seus, mas você não costuma falar muito neles né?

- Bem eu acho que você se enganou Remo, minha mãe pode me amar, aonde quer que ela esteja, mas meu pai me ignora, a única pessoa que eu tenho, com o mesmo sangue que eu, é meu irmão André, lógico eu tenho meus amigos, que são praticamente meus irmãos, meus padrinhos, mas pai eu não tenho...

- Onde está sua mãe?

- Morta, morreu no dia cinco de janeiro, eu não me lembro dela, alias se eu me lembra-se ia ser algo inédito, afinal eu tinha quase 2 meses...

- Entendo, e você sabe como foi?

- Bem, ela tinha o costume de sair todas as manhãs, ou fim de tarde para caminhar, e bem, no fim daquela tarde ela seguiu a mesma rotina e foi caminhar, só que quando ela atravessando uma rua, um carro a atropelou, o motorista estava bêbado...Bem, foi isso que a minha madrinha me contou, e mais tarde ela me mostrou os jornais que ela havia guardado, noticiando o que ocorrera...Eu ainda guardo os jornais...

- Sinto muito...

- Não tem que sentir Remo – a garota estava estranha, os olhos vazios, como se não sentisse a perda da mãe, como se não se importasse com aquilo, ela era estranha...- eu já me acostumei com minha vida...Bem eu acho que já fiquei muito aqui, e a enfermeira não quer que eu demore, outra hora eu te conto o resto...Olha é pra você tomar isso – disse entregando um frasco a ele – eu apareço outra hora...Até!

-Até – respondeu pegando o frasco, essa garota sem duvida era estranha, mas cada um tem seu jeito pensou...

Andressa se retirou do quarto, não que ligasse em falar de sua vida, mas detestava quando olhavam para ela com pena, a muito já tinha aprendido que por mais que se tentasse nunca para seu pai seria melhor que seu irmão...Pelo menos ele não me considera uma aberração como a irmã da Lílian faz...Ignorada não era bem o que definiria a maneira com que se sentia em relação a seu pai...Mas isso é outra coisa...

Passando pela enfermaria viu que a mulher estava se aproximando dela, talvez quisesse ter certeza que dera o conteúdo do frasco a Remo, pensando bem, ela podia entender o que ele passava, mas nunca ele conseguiria entender o que se passava com ela, pelo menos aqueles malditos e estranhos sonhos não estavam atormentando-a ali também, um pequeno consolo sem duvida, desde que recebera a carta do colégio eles tinham desaparecido, e seria bom que continuasse assim...

- Senhorita?

-Sim, Madame Pomfrey?

- Lembrou-se do que lhe pedi?

- Sim, entreguei-lhe o frasco para que tomasse.

- Obrigada senhorita?

- Willer, Madame. Eu poderia vir visitar o meu amigo mais tarde?

- Claro.

Saindo dali, foi tomar seu café. Os amigos perguntaram onde ela estava, respondeu que estivera andando por aí, sem rumo. Logo depois se afastou novamente, foi para os jardins, precisava relaxar e a melhor maneira seria estar só, e talvez desenhar um pouco, escondida do resto do mundo. Imagine se alguém descobrisse que ela desenhava? Estava certo que seus amigos "trouxas" sabiam, mas era diferente...E além de tudo, tinha...Tinha...Tinha uma imagem a preservar, a imagem de alguém mais forte, afinal, desenhistas são pessoas com maior sensibilidade, era puro orgulho, e daí?

N/A: Cap mais depre.. non? Mas é o meu amorzinho, foi difícil escrever, insegurança em altos níveis e tudo mais.. mas aí esta ele.. um capitulo dedicado ao lobo mais fofo do mundo HP XD.. perdoem os erros de grafia e concordância..o cap não est

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Fernando miaise: fico feliz que você esteja acompanhando e gostando... Eu adoro escrever nela... e eu tbm gostei da parte da biblioteca... foi divertido imaginar a cena... bjzinhus...