Feliz, Hermione assistia a uma peça. Estava no meio de uma colônia africana de elfos-domésticos excluídos da sociedade bruxa. Era uma colônia enorme, e muito pobre. Mais de 5 mil elfos-domésticos viviam ali, seja por terem sido expulsos de casa por mau comportamento (muitas vezes injustamente), ou por causa de doenças. A África não era um bom lugar para elfos domésticos, que vindos da Europa, não tinham um sistema imunológico eficiente para doenças africanas. Era triste ver tantos elfos domésticos abandonados a própria sorte, vivendo precariamente, na pior situação possível, sem casa, esgoto, comida, nada.

A colônia sobrevivia de plantações próprias e doações arranjadas pela F.A.L.E.. O lugar em si não era muito bom, perto de uma cidade bruxa, longe dos olhares dos trouxas, por isso muito isolada. Nos últimos anos, Hermione lutava todos os dias por melhorias, novas leis e até cuidava de uma escola para elfos aprenderem a ler. A maior resistência, porém, no início, vinha dos próprios elfos, mas todo o tempo e a convivência os acostumara com a presença de Hermione e os bruxos membros da ONG. Afinal, eles iam a colônia diariamente.

A peça era sobre uma doença altamente contagiosa, muito comum, que matava os elfos em questões de meses, se não fossem tratados corretamente. O problema era que o tratamento não era sempre eficaz, além de ser muito caro.

-Hermione!- a voz de Arnald a chamou, e ela se virou sorrindo para ele. Não notando os olhares desconfiados e de desprezo de alguns elfos. Ela andava muito com aquele homem que sabiam não ser seu marido.

-Arnald!- respondeu feliz, o abraçando.- Você veio!

-É. E você não devia estar aqui, neste estado.- ele retrucou, olhando a barriga dela. O bebê nasceria em poucas semanas, e ele nunca a vira fazer uma semana de repouso.

-Estou me sentindo ótima.- ela respondeu, acaricando a barriga, e começando a bater palmas com os elfos, ao termino da peça.- Eles estão cada vez melhores, essa foi linda! Pena que você perdeu, Arnald.

-Eu assisto a próxima. Vamos, você precisa descançar.

Nesse momento um pequeno elfo criança se aproximou dela, falando em africando anunciou o presente para o bebê. Hermione pegou o fio que ele estendia, era um relicario para pendurar no teto em cima do berço, todo emaranhado e feito de barbante, folhas e barro. Ela sorriu, agradecendo, fazendo cafuné no pequeno elfo, que saiu correndo feliz.

-Não é lindo, Arnald?

-Um pouco emaranhado.

-Oh, mas ele foi tão atencioso! - Hermione respondeu encantada, erguendo o relicario alto, para não estraga-lo, a outra mão apoiada nas costas.

Começaram a caminha de volta para a cidade bruxa, onde moravam. Era perigoso para Hermione, naquele estado, aparatarem. Ela gostava de andar por ali, apesar da pobreza, sujeira e mal cheiro. Os elfos sempre sorriam, acenavam ou faziam revencias quando ela passava. Eram sua forma de comprimentar, e ela gostava de saber que fazia parte de algo para melhorar a vida de todos eles, mesmo que fosse muito pouco. Mas, ela fazia seu máximo. A verdade é que a colônia progredira mais naqueles anos com ela do que em 3 séculos. "Mas, não vamos falar de estatísticas." ela respondia, quando a parabenizavam pelas suas conquistas "Só vou ficar satisfeita quando todos eles estiverem bem, saudáveis e felizes, e isso ainda não aconteceu.". E teria muito caminho pela frente ainda.

-O que aqueles bruxos estão fazendo?- Hermione perguntou, ao dobrarem em um canto, e verem uma fila de elfos em frente a duas mesas armadas, com bruxos de aspecto profissional.

-Uma nova empresa de remédios bruxa está fazendo doações de remédios aos elfos.- Richard deu de ombros.

-Estranho. Nesse mundo ninguém faz nada de graça.- ela sussurrou mais para si, do que para o outro.

Hermione estava em uma banheira cheia de espuma, apenas a cabeça e a enorme barriga de fora. Rony a filmava em uma fita trouxa, adquirira este hábito de seu pai, gostava de rever alguns momentos de sua vida, e as imagens tinam mais movimentos que fotos. Algumas invenções trouxas eram realmente muito boas.

-E aqui está Hermione.- ele falava para a câmera, filmando e acariciando a barriga da esposa, que sorria feliz.- E aqui dentro está você. Bem redondinho. E mais ao sul, o que temos?- ele fez cara de dúvida, escorregando a mão.

-Rony, esta é uma fita para o bebê!-Hermione replicou, rindo.

-Está bem.- ele tirou a mão.- Vou me comportar.

Eles então ouviram alguém batendo na janela. Se levantando, e desligando a câmera, Rony se dirigiu para a janela do quarto, deixando a coruja entrar. Ela lhe estendeu a pata, e saiu voando. Curioso, abriu a carta que continha uma letra que ele nunca tinha visto antes.

"Sua mulher foi vista entrando esta tarde, no hotel Winston, com Arnald. Eles se demoraram lá três horas, em um quarto com uma terceira pessoa não identificada. Fique de olho.
Um amigo"

Rony sentiu seu coração pesar. O que era aquilo. Havia entendido direito? Estariam mesmo querendo dizer que Hermione estava fazendo algo que não devia? Um amante talvez? Ele nunca encarara Arnald como uma ameaça, mas agora...

-De quem é?- a voz de Hermione soou no quarto.

Rony escondeu a carta no bolso, e se virando a viu olhando-o curiosa, de roupão e penteando os cabelos. "Será mesmo que você está se encontrando com outro, Hermione?" pensou amargo.

-Nada. -respondeu- Apenas uma propaganda.

-Venha, ela o puxou pela mão, apanhando o relicário na cômoda.- Quero que você pendure isso no quarto do bebê, eu não alcanço, mas você é alto por nós dois.

O quarto era todo branco pois ainda não sabiam se seria menino ou menino. Mas, já havia um berço, com um véu, um trocador, e estantes lotadas de brinquedos e de bichinhos de pelúcia.

-Ali, bem em cima do berço.- ela respondeu, apontando, a mão apoiada nas costas.

Rony se debruçou, e com a varinha pôs um gancho no teto, e ficando na ponta dos pés, tentou enganchar o relicário, mas estava muito difícil

-A propaganda era do hotel Winston. Já ouviu falar?- Ele perguntou tentando parecer desinteressado.

-Já. Mais para adireita, Rony. Eu e o Arnald fomos lá hoje de tarde, nos encontrarmos com uma pessoa. Trabalho, sabe? Aí, perfeito! Obrigada, querido.- ela sorriu, o beijando na bochecha.

-De nada.- ele respondeu mais feliz. Se ela tivesse mentido, aí sem teria algo a esconder. Mas, ela lhe contara sobre o encontro, sem exitar. Estava certo, nada para se preocupar. Mas então, por que a carta?

-Estava pensando no nome do bebê.- ela continuou.- Mas, estou em dúvida entre Aaron ou David.

-Já sei, então. Nenhum dos dois.- ele sorriu.- Além, do mais, quem disse que vai ser um menino?

-Eu sinto que vai ser. E que tal Arnald? Parece apropriado.

-Não.- Rony se apressou a dizer.- E eu nem acho qeu vai ser menino. Acho que vai ser menina.

-Estou quase certa que vai ser menino. E por que não Arnald?

-Eu não gosto.

-Mas, ele é nosso amigo.

-Seu amigo.

-O que houve com você?

-Nada.

-Por que está emburrado?

-Não estou emburrado.

-Então, por que esta cara?

-Porque não gosto do nome Arnald.

-Então, tá bom. Não vai ser Arnald. Satisfeito?

-Um pouco.- ele respondeu, abaixando a cabeça.

-Você é um teimoso, sabia?- ela o abraçou.- Ainda bem que eu te amo muito.

NA- Será que a Hermione tem mesmo um amante? E os remédios de graça? Se você já assistiu ao filme já sabe o final, mesmo assim continue lendo a fic, e se não viu o filme, tem um motivo para ler bem mais forte. Comentem, beijos.