Nota do autor: Essa é a minha primeira fic, portanto não me crucifiquem! Mandem uns comentários, por tudo o que é mais sagrado!
Alguns comentários bastante relevantes:
1- O Personagem original apresentado aqui não é uma Mary Sue, podem ficar tranquilos quanto a isso.
2- Casais ou interesses: 1X2, 3X4, 2XPersonagem Original
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O cavaleiro celestial
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Dois anos haviam se passado desde o fim da guerra: os pilotos agora estavam morando na Terra, atuando como uma defesa maior em caso de alguma emergência. Apesar de toda a propaganda a respeito do pacifismo total, os Gundams ainda estavam prontos para entrar em ação. Relena se viu obrigada a tomar tal atitude depois de todo o problema com a filha de Treize.
Os pilotos viviam numa casa nos arredores da Capital, próximos o suficiente de Relena para quaisquer emergências. Embora estourassem umas briguinhas (conflitos armados, dependendo do caso) de vez em quando, a vida corria razoavelmente pacífica.
Quatre dirigia os negócios de sua família, agora que seu pai havia morrido. Não era nada muito difícil, pois ele contava com todas as suas irmãs para auxiliá-lo (sem falar de um secretário muito, mas muito especial!). Wufei dava aulas numa academia de artes marciais e auxiliava Heero a projetar novos sistemas para os Gundams, bem como pequenas manutenções. Duo, meio atrasado nos estudos devido ao tempo que passou nas ruas, se conformava com a triste realidade de ter que ir a escola.
E foi numa triste manhã que tudo começou...
- Anda, Duo! Você vai se atrasar pra escola!
Duo, meio sonolento, abriu os olhos com infinita má-vontade.
- Ah, mãe... - disse com um sorriso sacana - Mais cinco minutos...
- Se me chamar de mãe de novo, - disse Wufei - vais ficar deitado por um bom tempo... Desmaiado, é claro.
- Saquei, saquei... - disse Duo, se levantando - Pode deixar que já tou de pé, viu? Peace, baby!
Wufei suspirou e saiu do quarto resmungando. Era impossível entender a maneira de pensar de Duo. O piloto do 02, agora sozinho, deixou que seu corpo caísse sobre a cama e já estava puxando seus cobertores de volta quando ouviu um estrondo. Saiu rapidamente do quarto e encontrou Wufei estatelado ao pé da escada.
-Baka! - disse Heero - Falei que esse tapete ainda ia matar alguém... Não prestam atenção...
"É, vai ser um dia daqueles... - pensou Duo".
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Quatre e Trowa, antes de saírem para o trabalho, se encarregavam de levar Duo até o colégio onde estava estudando. Estavam um pouco atrasados devido a pequena concussão de Wufei. Quando pararam na porta do colégio, Duo se despediu dos amigos e foi entrando rapidamente, pois já estava atrasado. "Aqueles dois... - pensou - Eles tão precisando de um empurrãozinho...".
- Ah, senhor Maxwell! - disse um homem alto, o professor de Duo - Finalmente nos honra com sua presença... Acho que seria melhor que o senhor entrasse logo, antes que eu tenha que reportar mais um atraso...
Duo foi até sua classe um pouquinho vermelho. Esse professor era OK, mas as ironias eram de matar. Suspirou resignado e tirou o caderno da mochila, quando a porta da sala se abriu de repente.
- Bah, desculpe professor! Sou novo aqui e não sabia onde ficava a sala, e perdi o ônibus, e não achava o meu horário das aulas, e minha casa ta uma bagunça da mudança, e...
- Tudo bem! Calma! - disse o professor de Duo - Sem problema ter chegado atrasado no primeiro dia, mas tome cuidado para que isso não volte a acontecer, ta bem? Mas deixe que eu te apresente para a turma: classe, gostaria que conhecessem Christopher Harrison, nosso mais novo colega. Ele chegou recentemente das colônias e espero que o recebam bem.
- Meu nome é Christopher Harrison, mas podem me chamar de Chris. Muito prazer em conhecê-los - disse, com uma pequena reverência, que despertou algumas risadinhas.
- Por favor, senhor Harrison, sente-se ao lado do senhor Maxwell, ali na terceira fila, obrigado.
- E aí, beleza? - Chris cumprimentou Duo com um aperto de mão.
- A gente dá conta...
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Na hora do intervalo, o cara novo chegou perto de Duo, que conversava animadamente com uma menina de sua classe. Ele sacudiu o cabelo loiro-escuro pro lado e disse com um sorriso de orelha a orelha.
- E aí? Como é que são as coisas por aqui: sabe, os professores e tudo o mais...
- Ah! - disse a garota (Asuka), visivelmente interessada no novo aluno - Seu nome é Christopher, né?
- Ahã. Mas pode me chamar de Chris. - disse, sorrindo. Duo notou como Chris tinha a facilidade de desarmar as pessoas com um único sorriso: a garota ficou vermelha como um pimentão e apenas pode balbuciar algumas coisas sem muito sentido.
Chris deu um risinho curto - de pena, notou Duo - e olhou para o piloto do DeathScythe. Ele ficou meio surpreso quando notou que seu olhar não afligia Duo (ao menos não da maneira que havia funcionado na garota!), mas soube disfarçar o fato com perfeição.
- Os professores? - disse Duo - Hah, eles são Ok, sabe? Têm uns que são uns perfeitos bakas, mas acho que sempre é assim.
- Tou impressionado... Não é todo mundo que consegue me olhar nos olhos... - Chris olhou de volta para a garota - Dá licença um minutinho, flor?
A garota, olhando abobada para o cara ao lado de Duo, sequer fez objeção ao pedido. Simplesmente - para assombro de Duo - foi sentar-se num banco a uma distância considerável e ficou lá olhando para Chris como se não pudesse ficar satisfeita.
- Como é que você fez isso? Praticamente hipnotizou a menina!
- Não tem nada a ver com hipnose. É só uma mania minha... As pessoas chamam de "It", algo como carisma ou um magnetismo, entende? Você também tem um pouco, sabia?
Duo notou que, por maior que fosse sua resistência, ele também começava a cair no truque de Chris. Deu uma medida com os olhos no rapaz que estava a sua frente e notou que ele era escandalosamente bonito. Ele era uma cabeça mais alto que Duo, e tinha olhos ridículos de tão verdes. O cabelo era bem mais curto que o de Duo e tinha um bonito tom de dourado.
- Acho que eu me esqueci de cobrar ingresso... Sabe, exposições e coisas do tipo...
Duo ficou um pouco vermelho. Por um instante estivera olhando praquele cara da mesma maneira do que a menina que continuava lá sentada. "Pois então que ele resiste por algum tempo apenas... - pensou Chris - Mais tarde isso pode me ser útil...".
- Desculpa ficar te encarando dessa maneira. - disse um Duo muito se jeito.
- Tou mais que acostumado. O piloto do 02 notou então, que Chris diminuía de propósito a força do seu "it", para deixar Duo menos desconfortável. Percebeu também que a garota com quem estivera conversando já não olhava mais para os dois. Antes que pudesse perguntar qualquer outra coisa, porém, o sinal tocou e tiveram que voltar para a sala.
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Na casa dos pilotos reinava um bem-vindo bom humor. A comida chinesa trazida por Quatre estava com um sabor ótimo. Esse último ralhava com Wufei por ser tão descuidado a ponto de levar um tombo tão feio como o que levara de manhã.
- Tá bom, tá bom! Não precisa ficar tão fulo! - berrou Wufei - Pode deixar que eu ponho umas tachinhas ou coisa que o valha e prendo o maldito tapete!
Trowa olhou meio contrariado para o chinês quando esse acabou de gritar. Heero, sem desviar os olhos da comida disse:
- Acho que já chega de gritar Wufei, ou você não vai nem saber o que te atingiu...
Duo sufocou um riso enquanto o piloto do ShenLong encarava o soldado perfeito com uma cara de fatal incompreensão. "E não é que o Heero - pensou Duo - também desconfia de alguma coisa? Quatre e Trowa, hem?".
O piloto do 02 levantou-se e se espreguiçou, indo para seu quarto ver se conseguia dormir um pouco. Jogou-se na cama de uniforme e tudo, sem cerimônia alguma e ficou lá por alguns instantes, deitado de bruços, os olhos fechados, quando ouviu que alguém batia de leve em sua porta.
- Entra! - disse um pouco contrafeito.
Heero entrou e Duo limitou-se a virar a cabeça para encará-lo. Estranhamente o soldado perfeito desviou o olhar.
- E aí? Como foi na escola hoje?
A pergunta era meio inesperada, afinal tratava-se de Heero, o todo-poderoso soldado perfeito. Duo balbuciou um "normal" e ficou lá olhando meio insistente para o piloto do Wing Zero.
- Que... Que bom. ("Que bom? - pensou Duo - Essa é nova!").
- Chegou um aluno novo também. Ele é meio estranho...
- Estranho como?
- Ah, sei lá. Ele olha pras pessoas e elas ficam meio sem ação, meio abobadas. Ele tem um sorriso que chega a assustar; se você visse o que ele fez com uma colega nossa! Deixou a mina completamente atordoada! Até eu, quando ele me olhou, fiquei meio sem ação...
Heero enrugou as sobrancelhas e deu um grunhido característico.
- Escuta, eu vou ter que levar o Chang até o hospital para tirar uma tomografia da cabeça. Você se importa de lavar a louça e de dar um jeito no tapete da escada?
Duo suspirou e se levantou da cama.
- Bom, - disse com um sorriso maroto, aproximando-se de Heero e colocando a mão em seu ombro. Estranhou quando o piloto do 01 estremeceu. - já que estás sendo tão bonzinho, acho que posso fazer esse favor.
- Duo, eu...
- Nah, deixa quieto. Depois a gente se fala.
Duo saiu do quarto e deixou Heero fitando o vazio.
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Após uma cansativa lavagem de louça (segundo Duo, era algo de sobre humano), o piloto do DeathScythe foi até a garagem e pegou um martelo e uma caixa de percevejos. Olhou bem para o tapete que se estendia por quinze longos degraus e não teve dúvidas quanto a colocar o martelo de lado e simplesmente enrolar o tapete e escondê-lo num canto do porão.
Cumpridas as tarefas, Duo trocou de roupa e preparou-se pra sair. Dirigir era um grande prazer que constantemente lhe era negado. Pegou seu carro (uma bela pick-up preta) na garagem e saiu zunindo pelas ruas. Foi quando percebeu o rapaz que subia a rua.
- E aí, Chris? Beleza? - disse, aproximando -se do meio fio.
- A gente dá conta... - disse com um enorme sorriso.
- Vem, entra aqui. Vou te mostrar a cidade.
- Valeu. Tava mesmo precisando que alguém fizesse isso. Não tenho nem certeza de onde estou...
Chris entrou no carro e os dois foram em busca dos lugares mais interessantes da cidade.
- De onde você vem? - Duo tentou puxar conversa.
- Colônia L-38. É longe pra danar daqui, é uma colônia de mineração nuns asteróides. Meu pai acha que eu preciso de companhias da minha idade, então ele me mandou pra cá, concluir meus estudos. E você?
Duo não podia revelar muito sobre si: esse era um dos problemas de ser um piloto Gundam.
- Nada de mais: nasci nos Eua e tô morando com uns amigos, pelo menos até concluir o segundo grau. Bah, tá vendo aquela lanchonete aí? Eles fazem o melhor hambúrguer da cidade, muito bom mesmo...
- Legal. Bom, - disse Chris - já que estás me fazendo o favor de me mostrar a cidade, que tal um hambúrguer? Por minha conta, claro.
Duo começou a dar a volta na quadra, procurando lugar pra estacionar.
- Deixa ver se eu entendi: você está se dispondo a me pagar um lanche? Olha que eu não como pouco...
- Que tal uma competição amistosa, então?
- Taí uma boa idéia: vamos nessa, baby!
Chris deu uma arqueada de sobrancelha que era digna de Heero. Quando Duo percebeu do que havia chamado Chris, ficou completamente envergonhado.
Seis hambúrgueres, três porções de fritas e dois milk-shakes mais tarde, Duo pensava que ia explodir. O pior de tudo era agüentar aquele sorriso cínico e vitorioso de Chris.
- Vais querer mais alguma coisa, Duo? - perguntou Chris, tentando conter o riso - Um salzinho de fruta, talvez...
- Não, - disse Duo com um gemido - valeu...
- Tudo bem. A conta!
Duo ficou meio surpreso quando o garçom chegou perto deles e Chris pagou a conta com um cartão de crédito.
- Ué, você não disse que vinha de uma colônia de mineiros? Como é que...
- A colônia L-38 serve como posto de mineração, mas eu não sou um mineiro. Meu pai detém os direitos de minerar o cinturão de asteróides e de fornecer mercadorias para as colônias, Duo.
- Ahn... - balbuciou Duo, impressionado.
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Cambaleante, Duo conseguiu de alguma maneira dirigir de volta a sua casa.
- Bah, tô maus... Comi demais...
Chris riu:
- Isso passa; amanhã já tás pronto pra outra.
- Me lembra de não aceitar mais convites teus...
Duo parou em frente a casa dos pilotos e Chris o ajudou a descer do carro. O piloto do 02 não ficou nada surpreso quando viu Heero indo em sua direção com uma cara de assassino.
- Que foi que aconteceu?
- Putz, baby...Comi demais...
- Hm, já desconfiava... - disse Heero, nem um pouquinho contente com o "baby". Ele virou-se para Chris - E você, quem é?
Chris estendeu a mão para cumprimentar Heero e por um instante esperou que mandíbulas ocultas a dilacerassem. Puxou a mão para perto do corpo e respondeu:
- Prazer, meu nome é Christopher e eu sou o novo colega de escola do Duo. Ele quis me mostrar a cidade e eu o convidei para um lanche, mas...
- Hm, que ótimo. - interrompeu Heero, absurdamente grosso - Bom, agora deixa eu levar esse baka pra dentro...
Heero literalmente tomou Duo dos braços de Chris, puxando o braço de Shinigami por sobre seu ombro. Deu meia volta e resmungando um "tchau", fechou a porta na cara de Chris. Decididamente, o soldado perfeito não havia gostado nadinha daquele rapaz loiro que agora arregalava os olhos para uma porta fechada. "Taí um cara totalmente a prova de "it" - pensou Chris."
O rapaz loiro saiu caminhando calmamente pela calçada em direção a sua casa e, quando percebeu que não havia ninguém capaz de ouvi-lo, puxou um celular do bolso. Teclou alguns números e deu um código de acesso.
- Nova prioridade: vou precisar do Musashi dentro em breve. Providencie o transporte. Fim da mensagem.
Jogou o celular num terreno baldio que havia nas proximidades e continuou seu caminho, assobiando uma música meio antiga.
