----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O Cavaleiro Celestial

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

O táxi continuou percorrendo a estrada sinuosa até que Chris pedisse ao motorista que parasse. Já haviam se passado uns trinta minutos, e estavam relativamente longe das áreas mais populosas da capital. A bem da verdade, estavam numa área muito arborizada, com poucas pessoas nas proximidades. O loiro pagou o motorista e desceu do táxi.

- Hm, senhor...? - perguntou o motorista - O senhor tem certeza de que quer ficar aqui? É uma área meio isolada e meio perigosa...

- Não precisa se preocupar - respondeu Chris com o sorriso mais falso que já ousara até aquele dia - Uns amigos... Vão vir me buscar. Pode ir tranqüilo.

O motorista deu de ombros e foi embora. Chris esperou alguns instantes e pegou o cilindro que havia trazido consigo. "Um lugar plano, sem vegetação alta, distância mínima de qualquer edifício em aproximadamente seis metros" - Chris lembrou das instruções que recebera há alguns meses atrás, quando seu Gundam fora adaptado para transporte dentro do cilindro.

Um terreno baldio com uma relva alta serviu muito bem. Pôs o cilindro no chão e pressionou o botão que liberaria seu Móbile Suit. Afastou-se correndo e um estouro característico, juntamente com muita fumaça revelou o poderoso Musashi. "É estranho como algo tão grande pode caber dentro de um cilindro tão pequeno... - refletiu".

O móbile suit azul-marinho e prateado brilhava a luz do sol. A máquina que Chris recebera de seu pai era o arsenal mais poderoso existente no universo e apenas duas pessoas conseguiriam pilotá-lo de maneira satisfatória. Chris usou seu "it" para entrar no Gundam, elevando-se no ar até que chegasse próximo à porta.

Sentou-se no assento do piloto e fechou os olhos, esperando pelo sinal de alerta que Musashi emitiria quando Zechs e seu novo Tal-Giesse se aproximassem. Pressionou um pequeno botão ao lado de um dos monitores e a música inundou a cabine do Gundam.

- Se eu tiver que morrer hoje - disse, sorrindo, para ninguém em especial - será ao som da sua música, Duo...

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A vários quilômetros do local onde Chris ativou o cilindro que continha o Musashi, Zechs sorriu. Finalmente havia encontrado sua presa. Não..., não era mais Zechs Marquise quem pilotava aquele Móbile Suit... Miliardo Peacecraft estava de volta para vingar sua irmã.

O primeiro-ministro da Terra e sua escolta de vinte Áries voaram a toda a velocidade que podiam desenvolver em direção ao sinal do radar. Chris esperava pacientemente, ouvindo "Good Luck, Goodbye!".

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Enquanto isso, no palácio da Capital, o soldado perfeito acordava do desmaio provocado pelo "it" de Chris. Ele sentou-se na cama da ala hospitalar do palácio, visivelmente contrariado. Sua cabeça latejava devido a pancada que recebeu quando bateu na parede. Notou com raiva crescente o curativo que tinha na nuca, bem como o sangue coagulado que havia se espalhado pelo seu pescoço.

Levantou-se e se apoiou na cama para não cair. Ainda estava um pouco fraco devido ao tempo que passara desmaiado. Um soldado com um fuzil bateu de leve com a ponta da arma no vidro da janela interna, fazendo sinal para que voltasse para a cama.

- Ordens do primeiro-ministro...- disse Heero em voz alta, carregada de sarcasmo.

Andou rapidamente até a porta e, com uma cadeira, a bloqueou. Não estava com vontade de aturar um soldadinho resmungando qualquer coisa sobre "ordens do senhor Miliardo...". Calçou as botas que estavam próximas a sua cama.

- Essa gente não aprende... - disse Heero, enquanto o soldado tentava, sem sucesso, derrubar a porta - Pôr um soldado raso sozinho pra vigiar alguém, francamente!

Foi até a janela sem se importar com os berros irados do soldado que ameaçava atirar. "O hangar dos gundams fica naquele galpão ali. - pensou Heero - Só o Zechs mesmo pra deixar cinco Gundams tão perto do palácio...".

Pegou o criado mudo do lado da cama e quebrou a janela, lançando cacos de vidro e lascas de madeira pra todo lado. "Dois metros até o chão com um parapeito muito largo... - Heero sacudiu a cabeça, era muito fácil escapar de um local assim - Vou ter que dizer umas verdades pra Umi depois dessa...".

Dependurou-se no parapeito de janela e saltou despreocupado, mas alerta. O soldado poderia ter informado a um superior mais competente sobre o que ele estava fazendo. Correu rapidamente até o galpão e, sacando de um cartão de identificação, destrancou a porta do hangar.

Dentro de seu Gundam, checou rapidamente o radar, notando que alguns Móbiles Suits batalhavam a alguns quilômetros dali. Após acionar os outros sistemas de seu Gundam, decolou indo para aquela direção.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Zechs estava chocado. Melhor ainda, apavorado. O Gundam 06 (como Zechs se referia ao Gundam de Chris) era ainda mais rápido do que o novo Tal-Giesse. Em questão de segundos, Chris circulava os Áries e os derrubava com um golpe da maça do Musashi. As asas desse Gundam, com seu design leve e veloz conferiam uma versatilidade inédita aos movimentos ofensivos. E não importava quantos disparos fizessem, o escudo e a blindagem prateada do 06 pareciam impenetráveis.

Quando o último Áries foi derrubado, Musashi e Tal-Giesse se encararam. Pousaram no espaço aberto que aquela parte da cidade havia se tornado, entre algumas ruínas de casas e os fragmentos calcinados dos Áries.

- Miliardo, Miliardo... - disse Chris - Achei que eras mais capaz como comandante militar... Será que o Conde do Trovão perdeu algo de suas capacidades com o passar dos anos?

- Quem você pensa que é para insultar minhas habilidades como piloto? - disse Zechs, perdendo a pouca calma que ainda possuía.

- Estou magoado... Não lembras mais de um de seus amigos de infância...

Zechs emudeceu com que Chris disse.

- Eu, - continuou Chris, aproveitando o silêncio do outro piloto - por outro lado, me lembro muito bem daquelas tardes (foram poucas, é verdade) em que Treize, Dorothy, você e eu brincamos nos jardins da mansão do avô dela.

- Christopher...?

- Hm... Pelo visto as investigações do soldado perfeito não foram tão bem sucedidas assim... Ele nem conseguiu meu sobrenome, não é? Terias me reconhecido no mesmo instante em que o sobrenome se uma das famílias mais influentes do universo te fosse revelado.

- Por que você fez aquilo com a minha irmã? Por que matá-la?

- Sua irmã - disse Chris, alterando a voz um pouco - era uma víbora nojenta. Ela fez algo que não tem precedentes, cometeu um crime tão terrível que não...

- Chega! - berrou Zechs - Não podes falar da minha irmã dessa maneira!

O Conde do Trovão partiu para o ataque, ao mesmo tempo em que o Musashi prendia a maça na coxa direita e sacava as duas espadas enormes que levava presas nas costas.