Capítulo 3
Quinta feira amanheceu nublada e com uma fina garoa. Fui obrigada a senti-la encharcar minhas roupas quando caminhava até à aula de Herbologia, acompanhada de perto por Lavander e Parvati. Procurei o grupo sonserino com o olhar, e a encontrei no meio deles. Fitei seu rosto pálido e suavemente úmido, e logo, senti seus olhos nos meus. Pisquei uma ou duas vezes, lentamente. Ouvi a voz distante de Lavander, e desviei o olhar relutantemente.
"Oi? Desculpe, não ouvi o que você disse, Lavander", falei, enquanto nos abrigávamos debaixo do teto de vidro das estufas.
"Eu perguntei se você já sabe do boato que anda correndo pelo castelo!", repetiu animada, abraçando os livros mais fortemente. Fitei seu rosto, e sorrindo fracamente, neguei com cabeça. "Eu soube por uma lufa que a Parkinson foi encontrada com outra garota", falou, diminuindo o tom quando a última palavra foi pronunciada.
"Outra garota?", repeti, sentindo aquela estranha ansiedade percorrer meu corpo. Sentia meu coração bater num ritmo diferente e gostosamente rápido.
"Sim, era outra sonserina", disse Lavander, aproximando-se de mim, e murmurando os detalhes. "Me disseram que elas estavam no corredor que dá acesso à Runas Antigas, sabe? A menina bem que tentou resistir à Parkinson, mas ela foi emparedada, aí... já era tarde demais", e então, a crise de riso nervosa que as duas compartilharam. Engoli em seco, e voltei a fitar o rosto de Parkinson de longe. Ela estava sorrindo para uma menina loira, que gentilmente, afastou uma mecha de seus cabelos. "Olha, se você quer saber, eu acredito", permaneci observando a cena, e quando tive meu olhar correspondido, desviei-o amedrontada. "Ela sempre me pareceu um tanto... estranha".
"Mas, foi ela que... bem... forçou a menina?", perguntei, tentando controlar meu tom de voz.
"Não, acho que ela também queria", respondeu indiferente. "Parvati, me passa o adubo vegetal?"
Respirei fundo, e senti o cheiro de terra adentrar minhas narinas. Abaixei os olhos, sentindo uma certa raiva. Peguei a terra com certa brutalidade, e a espremi com as minhas mãos. Evitei o olhar de Parkinson durante a aula, temendo o que poderia sentir caso aquelas íris castanhas voltassem a me analisar. Quando fomos dispensados, agradeci interiormente. Retirei as luvas com estupidez, e joguei-as no lixo próximo. Deixei sozinha as estufas, e pude ter certeza, apesar de não ter nada para confirmar minhas suspeitas, que Parkinson seguiu-me com os olhos.
Adentrei o castelo e conferi o horário em meu relógio. Eram três e meia, e como não tinha nada para ocupar meu tempo, caminhei até a biblioteca. Vazia novamente, o que era esperado. Segui até a mesma mesa, e estranhei o fato da bibliotecária não estar presente. O que significava que as estantes estavam lacradas com algum feitiço de segurança. Bufei alto com a suspeita, e ouvi o barulho da porta, em seguida. Pansy adentrou o cômodo ainda usando as luvas sujas de terra, com os cabelos encharcados e com a roupa um tanto úmida. Mantivemos o olhar por um tempo, até que abaixei minha cabeça, e busquei o livro de Transfiguração na mala. Senti seu corpo próximo, e então, o barulho da cadeira. Depositei o livro em cima da mesa, e observei-a retirar as luvas lentamente, tendo os olhos fixos no livro.
"Você quer praticar hoje ou amanhã?", perguntei, com uma voz estranhamente falha, o que a fez olhar-me fundo, e responder delicadamente:
"Amanhã", e jogou as luvas em cima da mesa, pegando o livro em seguida. Começou a ler os textos com uma velocidade incrível, sem questionar nada.
O que me restou foi analisar-lhe o rosto bem desenhando, enquanto respirava fundo e tentava conter aquela sensação quente que havia se aprisionado em meu peito. Pansy Parkinson tinha o rosto pálido, e uma pele estranhamente macia. Como a casca de um pêssego. Seus cabelos eram pretos¹ e caiam-lhe até o alto dos ombros, enquanto a franja ameaçava esconder suas sobrancelhas perfeitamente desenhadas no rosto escultural. As maçãs do rosto eram saltadas, e sempre, sempre, rosadas. Tinha os lábios em um perfeito formato coração, de modo que se os pintasse de vermelho, poderia passar-se por uma francesa. Pansy Parkinson poderia se passar por uma francesa até na própria França, que ninguém iria questionar sua nacionalidade. Porém, o batom vermelho, tão presente nas bocas das mulheres daquele fascinante país, não se fazia presente nos lábios de Parkinson. Ela nunca usava maquiagem. Poucos sabiam que os Parkinson eram ingleses até o último fio de cabelo. A linhagem nasceu na mesma época que as lendas de Rei Arthur, o que tornava sua família, uma nobre e antiga linhagem de bruxos, altamente refinados, e sem nenhum aborto conhecido pela mídia.
"Não vai estudar Poções?", perguntou-me, levantando os olhos castanhos, que se destacavam naquela face pálida devido aos cabelos puramente pretos.
"É, é melhor", falei, meio sonsa com o ar, subitamente, quente que se fazia presente na biblioteca. Peguei o livro e comecei a lê-lo, porém, não gravei nenhuma palavra sequer em minha mente. Estava meio perdida, e aquela pulsação estranha em meu peito somente dificultava meu raciocínio.
Passamos duas horas seguidas, em silêncio, naquela biblioteca. Parkinson não me perguntou nada, e eu, mantive-me calada, uma vez ou outra, afrouxando a gravata vermelha em meu pescoço. Cinco foram as vezes que nossas pernas acidentalmente colidiram debaixo daquela mesa empoeirada. Até que na última, ela manteve a perna estendida, o que fez do contato acidental, algo fixo e escolhido. Sua pele de seda ardia contra a minha, e aquela ansiedade refletiu-se permanentemente em meus joelhos, naquele momento, trêmulos. Enquanto eu sofria com cada contato e olhar, Parkinson parecia indiferente. Gostava de ver minha reação, porém isso só descobri mais tarde, quando ela mesmo me confessou que era interessante ver aquelas finas gotas de suor, e meus lábios entreabertos buscando algum ar.
Sexta feira chegou rapidamente, e logo, completara uma semana que dava aulas à sonserina. Sentia um estranho desconforto em meu baixo ventre, como uma cólica permanente, mas logo descobri que era só reflexo da minha constante ansiedade. Era algo intenso, mas ignorado por mim no resto do dia. Servi-me de algumas torradas, e levei-as aos lábios, quando senti Ron abraçar-me e beijar-me a curva do pescoço.
"Eu soube dos boatos que correm sobre aquela Parkinson", disse, e senti meus músculos atrofiarem quando a informação finalmente entrou em minha mente. "Não acho seguro você ficar com ela sozinha, sabe?"
"Ron, eu sei me cuidar, e pode ter certeza, ela me odeia", falei tudo isso muito rápido, e livrei-me de seu abraço. "E, pelo amor de Deus, Ronald, ela não é uma maníaca que ataca pobre e indefesas grifinórias", observei-o franzir o cenho e com um resmungo, me deixar sozinha na cozinha repleta de elfos. Sorri para cada um deles, e segui atrás dele. "Ron, Ron... me desculpe, é que eu acho que essa sua preocupação não tem fundamento", falei, consultando o relógio de pulso. Somente mais meia hora.
"Está bem, Mione.", respondeu em tom estúpido, enquanto subia as escadas de propósito, pois sabia que eu teria que me dirigir à biblioteca. "Agora, vai, você não quer chegar atrasada".
Lancei um olhar furioso para suas costas, e prossegui pelo caminho que dava acesso à biblioteca. Surpreendi-me quando encontrei Pansy já sentada, com o tronco debruçado sobre a mesa e lendo fervorosamente um capítulo já estudado. Aproximei-me e me sentei à sua frente. Observei-a quando levantou a face lentamente, e lançou-me um olhar intrigante. Virei meu rosto algumas vezes, tentando me manter confortável, e falhando miseravelmente.
"Boa noite", ela murmurou, e virou uma página do livro velho que estava lendo momentos antes.
"Boa noite", falei com a voz um tanto trêmula. Ansiedade e medo, talvez os dois. Decida por si mesmo. "Hoje seria a aula prática, não é?", perguntei, quebrando o silêncio que durou alguns segundos incômodos.
"Eu estava pensando...", falou, encostando as costas na cadeira rústica. Fitei sua face, e permaneci mais tempo que o recomendável em seus lábios úmidos. "Aqui na biblioteca não tem espaço para praticarmos, fora que é contra as regras", e baixou o rosto, olhando-me por trás daquela franja negra.
"Agora que você mencionou, sou obrigada a concordar...", falei relembrando um pouco da estupidez anterior, que parecia anos distantes da minha atual realidade. Em apenas uma semana de observação insistente, descobri uma pequena atração por Pansy Parkinson. Não se engane em pensar que aquela atração era física. O que me fascinava eram suas atitudes. Sua postura ao andar, e o modo como sua boca abria ao retrucar uma ofensa. Sua saia excepcionalmente curta em comparação às outras veteranas do colégio. Foi em apenas uma semana que eu descobri outra realidade. Aquela, onde Parkinson e suas delicadas piscadelas existiam. "O que sugere?", falei, recobrando-me dos devaneios.
"Teoria, novamente", falou, e ergueu o queixo, para depois, espiar o céu alaranjado pela janela. E, uma imensa curiosidade despertou dentro de mim. Interesse louco de saber o que passava pela sua mente quando seus olhos brilhavam daquele modo. "Você pode estudar se quiser, vou ler esses capítulos...", disse, lançou-me um olhar furtivo, e voltou a mergulhar naquelas palavras e teoremas.
Fitei seu rosto por um momento, e concentrei-me nas linhas suaves em sua testa, que denunciavam sua concentração. Seus lábios, ausentes de batom (o sonhado e desejado batom vermelho), ligeiramente contraídos. Então, aquela sonserina realmente se importava em melhorar naquela matéria. Mas, por quê? Qual seria o motivo...?
Peguei um pequeno frasco em minha bolsa. Analisei a mistura feita na última aula de Poções, e não pude deixar de sentir aquele ódio tão bem conhecido. Familiar. Revirando minhas entranhas, e sufocando alguma parte dedicada de meu ser. Minha dificuldade em Poções havia aumentado naquele ano, e diferentemente dos alunos privilegiados da Sonserina, eu não tinha a quem recorrer. Depositei o vidro na mesa em um baque surto, despertando a curiosidade de Parkinson. Abaixei minha cabeça, até meu queixo encostar-se à mesa de madeira empoeirada. Fitei demoradamente o líquido que, não seguindo o esperado, se dividia em duas camadas. Uma de um amarelo ouro quente. E então, a outra camada, azul cristal, que somente de olhar, gelava-me por dentro. Totalmente diferente do líquido verde claro que Snape havia proposto no início daquela aula. Suspirei desanimada, e vi que Parkinson me observava atentamente.
"Sim...?", perguntei, evitando seus olhos curiosos.
"Problemas com Poções?", disse, com os lábios levemente repuxados na esquerda, como um meio sorriso.
"Não exatamente um problema", deixei claro, recobrando minha postura, e balançando a cabeça de modo orgulhoso. Até que fitei seus olhos, e suspirando, admiti: "Sim, um problema", o que veio a seguir, surpreendeu-me totalmente. Analisei, com um olhar nervoso, Pansy Parkinson se levantar de sua cadeira, e contornar a larga mesa. Gaguejando, comecei: "Não que eu tenha dúvidas sobre o meu erro. Acho que esqueci um ingrediente, só pode ter sido isso...", então, levei minha mão direita ao vidrinho, tentando achar alguma distração para conter meu nervoso aparente.
"Não, não é nada disso...", ouvi sua voz baixa em um sussurro perto de meu corpo. Observei-a posicionar-se atrás de minha cadeira, e debruçar o gracioso corpo em direção à mesa, envolvendo a cadeira e, conseqüentemente, meu corpo em um abraço. Senti quando seus dedos gélidos roçaram nos meus, antes do toque se tornar mais rígido e seguro. "Não é o que você mistura com as camadas...", sussurrou junto ao meu ouvido, os olhos castanhos fixos no vidro envolto por nossas mãos. "É como você mistura as duas...", inspirei fortemente quando senti seu hálito quente em um lugar perdido entre minha orelha e pescoço. Fechei os olhos quando tive impressão de ter sentido seus lábios úmidos roçarem em minha bochecha. Senti sua mão forçar a minha num movimento circular, e quando tornei a abrir meus olhos, a poção adquirira uma tonalidade verde clara.
Foi num desses momentos, que seu perfume se camuflou em meu ar, e contra a minha vontade, adentrou minhas narinas. Ferrou com meus instintos, conceitos, e tudo que era constante e seguro na minha vida. Permanecemos unidas por aquele toque por uma eternidade, ofegantes e sonsas. Até que virei meu rosto, encontrando seus olhos mais escuros que o normal. Pude ver alguns reflexos âmbar no meio do castanho, e sem ter controle algum de meus atos, aproximei meu rosto do seu. Ela não recuou, só fitou meus lábios com uma intensidade aterrorizante. Foi quando me lembrei de Ron, da parte sensata e real da minha vida. Porque, na verdade, você pode ceder ou resistir. É você mesmo que dita as regras, caro leitor, é você que dita o tom.
Puxei minha mão de volta, quebrando o contato físico e visual. Acho que murmurei um obrigado, não sei. Minha mente estava muito entorpecida para lembrar-me dos detalhes. Levantei-me, arrastando a cadeira nervosamente, e peguei o livro que Pansy havia lido por instrução minha. Dei alguns passos fracos agarrando aquele livro como se fosse um porto seguro. Uma lembrança física do real.
"Granger...", ela me chamou em voz alta. Virei meu rosto, fitando o chão. Ergui meus olhos, e mantive o olhar intenso. "Vem cá...", murmurou, piscando de maneira lenta. Fitei a biblioteca, e vi que estávamos sozinhas. O céu já era negro lá fora, e as tochas haviam se acendido, como foram programadas para fazer. Caminhei até Pansy, e parei quando um passo nos separava. Um passo que ela quebrou.
Envolveu minha cintura grosseiramente, e puxou-me para junto de seu corpo. O livro grosso separava nossos troncos, e o mantive assim, quando senti meus olhos pesados. Uma de suas mãos manteve-se fixa em minha cintura, enquanto a outra subiu por minhas costas, nuca, até que seus dedos mergulharam em meu cabelo. Senti minha cabeça ser puxada para o lado, e apenas obedeci ao toque. E, então, aquele roçar úmido em meus lábios. Uma, duas, três vezes. Isso eu gravei na memória. Até que ela tomou meus lábios, em um desespero genuíno. Produzi um gemido sentido, quando fechei meus olhos com força, e permiti o toque. Depois, o baque surdo do livro ao encontrar o chão. Acordei, e a empurrei para longe. Abaixei e peguei o livro, num movimento automático. Fitei seus olhos, e levantei rapidamente.
Corri por entre as infinitas estantes da biblioteca, perdida. Ouvi seus passos mornos em algum lugar próximo de mim. Alcancei o lugar desejado e guardei o livro com carinho desnecessário. Então, sua mão em meu braço, e aquele toque estúpido e grosseiro. Desesperado. Levei minha mão a sua face, num tapa sonoro, até que voltei a sentir seus lábios. Gemi alto, e afundei minhas unhas em seus ombros delicados. Virei meu rosto, expondo meu pescoço, que logo foi tomado por dentes afiados. Transferi alguns tapas fracos em seu corpo, até que meus pulsos foram atados e levados à estante. E, assim, sua voz:
"Quer que eu pare?", o silêncio incômodo, meu suspiro. Olhos pesados. "Peça pra eu parar, que eu paro..."
Eu não pedi. Cedi à terra. E me senti amada, pelo menos uma vez naquela fantasia toda.
Os atos acontecidos na biblioteca vagavam por minha mente como flashs. Lembranças de outra pessoa, não minhas. Não eram minhas. Mas o pulsar de meus lábios, as lágrimas derramadas depois eram de meu corpo. Minha dor, e fraqueza. Não necessariamente nessa ordem.
E o que doeu mais foi a vontade por mais. Aquela fome que nunca tem fim. Contei os dias até a próxima quinta feira, intercalados por olhares e sorrisos cúmplices. Mas antes de continuar a relatar meus pecados e deslizes, vamos às perguntas que martelam a cabeça do leitor, no momento.
E quanto a Ron? Comecei fugindo de seus abraços, e de suas carícias masculinas. Sentia vergonha quando seus braços me envolviam, e quando seu olhar buscava algo, talvez inexistente, em minha face rubra. Evitava perguntas juntando nossos lábios, e tentando (devo destacar esse ato, sim) buscar algo dentro de mim que ainda lhe pertencia.
Quanto aos sentimentos que eu sentia por Pansy. Algo idealizado, que encontrei em braços femininos. Aquela sensação de ser especial, e pertencer ao mundo diferente. Seus toques ainda queimavam em minha pele. Uma sensação de estar fazendo algo certo, apesar dos braços serem femininos e tão errôneos. Mas não a amava. Não permitiria isso, de modo algum. Uma estima fora do comum, e uma sensação de felicidade única e genuína, mas não amor.
Passaram-se os dias ordinários, e outra sexta feira chegara. A maldita quinta não fora disponível para ela, e não nos encontramos. Por isso, aquela excitação em dobro ao sentar na cadeira familiar. Fixei meus olhos à porta rústica, e permaneci assim durante alguns ansiosos minutos. Quanto minha vista se fez cansada da imagem, abri um livro e comecei a ler, procurando distração numa história qualquer. Lancei alguns olhares furtivos à porta, entretanto.
E com os minutos, vieram as horas. Espiei através da janela e vi o céu negro brindar-me com estrelas. Senti um incômodo corroer minhas entranhas, e verifiquei meu relógio de pulso. Três horas eu esperei, em vão. Mordi meu lábio inferior com força, e joguei o livro em minha mala. Levantei-me com um impulso feroz, e finalmente, a porta foi aberta. Pansy correu até mim, e sorrindo, tentou me abraçar. Empurrei-a em um só movimento.
"Você pensa que pode me fazer de boba, é isso?", falei em voz alta, não controlando meu tom no meio daquelas estantes. Transferi um tapa ardido em braço esquerdo, e pensei em dar-lhe um soco. "É isso? Vai me fazer de boba, Parkinson?", senti meus olhos úmidos, e então, fui puxada por uma mão exigente até as estantes. Senti minhas costas doerem com a pressão feita pelo corpo feminino, e tentei resistir aos seus lábios. Em vão. Quando o contato teve fim, ouvi sua voz em um murmuro rouco:
"Sua idiota, eu fui falar com a McGonagall para nos ceder uma sala", mergulhou seu rosto em meu pescoço e continuou: "Essa biblioteca não é nada confortável, sabe?", ri baixinho, levando uma mão aos lábios úmidos. Fitei seus olhos divertidos, e concordei com a cabeça. "Vem comigo!"
"Agora? São oito da noite, Pansy", falei, quando sua mão agarrou a minha, e logo, estávamos caminhando para fora da biblioteca.
"É sexta feira, querida, e é com isso que você tem que se preocupar", falou. Então, no minuto seguinte, parou e fitou meus olhos com uma expressão suave.
"O que foi?", perguntei, lançando olhares desconfiados à biblioteca.
"Você me chamou de Pansy", e riu graciosamente, com os olhos fechados. Sorri, inicialmente, e logo, acompanhei sua risada. No momento seguinte, estávamos seguindo por corredores e degraus que nos levaram até nosso pequeno abrigo.
Ela abriu a porta, e com um único passo, adentrei a sala. Era ampla, e pintada numa cor de âmbar quente com motivos florais espalhados numa faixa grossa pela parede. Um sofá aparentemente confortável no centro da sala, próximo à lareira acessa, que dava ao ambiente uma temperatura morna. Uma pequena mesa de centro, entre os dois anteriores. E, então, aquela cama. Enorme, colossal, que fez meu rosto corar violentamente. Virei-me para Pansy, e olhei para a porta com mil devaneios na mente. Despertei seu riso, e como se lesse minha mente, ela se aproximou, retirando meu sobretudo, e respondeu minhas questões:
"Esse dormitório deveria pertencer à Trelawney, mas como aquela velha nunca sai da Torre e fez sua própria cama lá mesmo, esse lugar ficou vago", explicou, enquanto pendurava meu casaco. "Eu gostei daqui..."
"Aqui tem uma cama, Pansy", falei, enquanto apoiava meu quadril nas costas do sofá. "Uma cama enorme!"
"Acho que McGonagall não iria suspeitar de duas estudantes", respondeu, maliciosa, lançando-me um olhar cúmplice. Senti meu rosto arder, e baixei o rosto. Ouvi seus passos no piso de madeira, em um barulho apreciável. Tive meu rosto entre suas mãos, e meus lábios se tornaram seus.
Ela me beijou carinhosamente, apesar daquela ânsia que nutria algo em nossos íntimos. Correu seus braços pelas minhas costas magras, o que me encorajou a levar minhas mãos à sua nuca. Timidamente, mas ainda uma carícia. Subitamente, tudo mudou, e pareceu ficar mais intenso. Perdi-me em algum momento, e senti minha camisa sendo aberta lentamente. Fechei os olhos, sentindo meu corpo sendo levado para algum lugar. Sentei-me num colchão macio, o que me fez abrir os olhos e analisar a situação. De repente, encontrava-me sem camisa, em cima de uma cama, e na companhia de outra garota. Inspirei fundo, e Pansy notou meu olhar nervoso. Sorriu gentilmente, e beijou meus lábios de maneira suave. Senti suas mãos em meus ombros, obrigando-me a me deitar. Obedeci-a submissa e fitei seus olhos, antes de perdê-la do meu campo de visão. Ouvi o barulho de seus sapatos no chão morno, e então, suas mãos correndo lentamente pelas minhas coxas. Fixei os olhos no teto escuro, e lembro de ter mordido meu lábio inferior numa tentativa de conter algo que ameaçava tomar vida e sair por minha boca. Seus dedos na renda de minha calcinha, e as minhas entranhas contraídas. Livrou-se das peças, e senti minha boca dormente tamanha a pressão de meus dentes. Algo quente, algo úmido. Beijos demorados em partes erradas. E quando algo sensível foi tocado, arqueei as costas, e não tendo mais forças para conter aquilo que ameaçava me sufocar, abri os lábios, abrindo espaço para um soluço alto. Senti meus olhos úmidos, e os fechei com força, encorajando as lágrimas a escorrerem livremente por meu rosto. Tornei a encostar minhas costas no colchão liso, e levei minhas mãos ao meu rosto, tentando conter o choro. Então, aquelas contrações em minha barriga, que moviam todo meu corpo. Outros soluços altos vieram em seguida, e senti mãos quentes acariciarem meu cabelos, espalhado por todo o lençol branco.
Pansy me abraçou ternamente, e sussurrou em meu ouvido algo parecido como "pode chorar, se quiser". Tranqüilizou-me, e sendo minha única confidente, abracei-a fortemente. Uma força que não era de meu conhecimento. Beijou meu rosto, e lambeu minhas lágrimas de arrependimento. Lágrimas que deixaram cicatrizes eternas em meu peito, isso é certo.
Disseram-me uma vez que se você fechar os olhos com força, e pedir três vezes com fé, suas lembranças vão embora. Doce criança, doce mentira. Quantas foram as vezes que solucei sozinha em minha cama, pedindo que tudo vá embora. Nada foi embora.
E no meu íntimo, algo me lembrou. Faltou-lhe fé, Hermione.
¹Sobre a cor dos cabelos da Pansy: Eu não fazia idéia que a Pansy tinha cabelos loiros nos livros, eu realmente gosto de imaginá-la com os cabelos bem escuros, quase pretos. É uma opção que eu fiz quando comecei a escrever a fic, aqui ela é descrita com os cabelos pretos, mas nada os impede de imaginá-la com eles loiros, oka XD?
Nota da Nika: Opa, mais nomes apareceram nas reviews! Por isso, você, anônimo que tem a impressão que seus dedos vão cair, mande sua crítica. Eu garanto que seus dedos vão permanecer firmes e fortes, hahahahaha XD Brincadeira, gente, só pra descontrair o ambiente.
Srta. Kinomoto: Então, linda, não é impressão da sua mente, eu quis insinuar um possível Harry/Draco, hahaha. E, infelizmente, eu não escrevi nenhuma parte do ponto de vista da Pansy, mas realmente, seria beeem bacana saber o que se passa na mente dela. Muito obrigado pela review, linda.
Ferfinha-da-minha-vida: HAHAHA XD Eu me divirto com as suas reviews, Fer. Sim, sim, tem pinhão, porque nós, draquetes pride, sempre temos que deixar algum rastro disso nas fics, nem que seja como plano de fundo, hahahaha XD Brigadão pela review, Fer.
Loony Black: Oi, linda! Não é que eu te vi lá no fórum? Então, moça, muito obrigado por estar acompanhando a fic, viu? E quanto ao cabelo da Pansy, eu já expliquei numa notinha, hahaha. Não fique brava, se você prefere ela loira, ignore as minhas frases do tipo "então, os cabelos pretos de Pansy", HAHAHA XD Ah, e eu também gosto muito do título da fic. Notou do por que dele nesse capítulo XD? E, sim, tem Harry/Draco! Amo o shipper e aproveitei a oportunidade para colocá-lo de fundo. Muito obrigado pela review, linda o/
Giulia Lovegood Lupin: Mas é claro que me interessa, linda. Que bom que você está gostando da fic! Muito obrigada pela review.
MiSMi: HAHAHAH XD Brigadão, MSM. E eu vi que você já fez propaganda de Quarenta tons de verde, né? Muito obrigada pelo apoio, mesmo! E obrigada por continuar mandando reviews, hahahaha XD
Gente, agora, cá entre nós, eu sei que é arriscado, eu sei que um de vocês podem voltar morto dessa arriscada aventura, mas, eu irei lhes ensinar o caminho das reviews! Primeiro, olhe atentamente para seu monitor. Desça a barra da direita até o final de sua tela, e fixe seu olhar 180º a esquerda. Se tudo correr bem, você terá avistado uma caixinha roxa (se você não conseguiu até aqui, sinto muito... eu mando seus restos ao seu parente mais próximo). Pressione o primeiro botão do seu mouse sobre a caixinha, e clique em 'submit review'. Pronto, o resto é com você, soldado!
Disclaimer: Harry Potter, e suas personagens pertecem somente a J.K Rowling. (entendeu essa parte? ótimo! siga para a outra)
PORÉM, essa fic me pertence. é minha em toda sua essência, excelência e existência, ok? plágio é crime, além de ser algo abominante e muito, muito feio. por isso, lembrem-se do que sua mamãe dizia na sua infância sobre 'não furtarás' e não roube a minha fanfic!
