Olá pessoal, Calborghete aqui, como estão todos?

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Então agora sem mais enrolação, boa leitura.


"Diálogos"

- Pensamentos -

"Conversa via Rádio"

"Auto conversa."


Nota de Responsabilidade:

Evangelion, seus personagens e cenário são propriedade de Hideaki Anno. Qualquer marca, filmes e séries mencionado nesta Fanfic é propriedade de seus criadores.


(*)


Capítulo 16.

IPEA

Albuquerque olhava para algumas páginas em sua mesa, olhando para todas aquelas linhas mostrando alguns dados sobre a restauração da vida marinha e a geração de novos recursos para conseguir reverter um pouco os estragos do segundo impacto.

Soltando uma das folhas, o homem lentamente soltou um longo suspiro ao tentar pensar em seus novos projetos que estavam na sua frente.

BATIDA NA PORTA.

"Entre." Falou o homem sem emoção na voz, seus olhos nunca saindo das páginas, ele não estava realmente interessado no que a pessoa estava querendo com ele, mas sim em conseguir uma forma de não depender da NERV para proteger o mundo contra os anjos e na restauração.

Respirando profundamente, Albuquerque pensou em Gendo, ele não gostava daquele homem, nunca confiando em nada que ele mencionava tudo parecia suspeito, não era natural como as coisas estavam indo na NERV, os EVAS, os anjos, a SEELE controlando e financiando tudo sobre a desculpa de estar sob a tutela da ONU.

Ele teria que ter uma garantia para que o IPEA tivesse alguma forma de autonomia contra o maior inimigo da humanidade, o próprio ser humano, logo o som da sua porta se abrindo quebrou sua linha de pensamento, levantando o olhar e vendo uma pessoa entrando, mantendo a postura folgada e aparentando estar tranquila.

"Agente Kaji... O que você precisa?" Perguntou o homem ao abaixar as folhas e encarar o espião com olhos sem vida e cansado, pelo menos ele esperava alguma boa noticia vindo do homem.

Kaji sorriu ao se aproximar da mesa de Albuquerque, ele tinha acabado de falar com Mari em suas novas acomodações, ironicamente ele levou a menina para morar com ele para poder aprender mais sobre ela e descobrir informações.

"Olá Albuquerque." Kaji falou sorrindo ao pegar um cigarro do bolso, ele rapidamente entregou alguns documentos ao comandante, sabendo que pelo menos ele ficaria satisfeito com o que tinha, dando uma longa tragada em seu cigarro.

"Os esquemas de construção dos plugues de entrada, assim podemos ter nosso próprio sistema de treinamento."

Albuquerque deu uma olhada rápida nos esquemas, sorrindo ao saber que pelo menos as coisas estavam indo bem, rapidamente ele olhou para Kaji e perguntou, sua voz não mostrando emoção, Kaji já estava acostumado com isso.

"Isso é bom, assim podemos ter alguma linha de defesa entre Gendo e a NERV."

Kaji franziu o cenho ao escutar isso, Albuquerque nunca escondeu seu desgosto por Gendo e pela NERV, ele parecia saber mais do que aparentava neste momento, Kaji sabia que teria que pesquisar mais fundo para conseguir entender.

"Como vai Dra. Makinami?" Perguntou o comandante ao folhear algumas páginas, sua voz carregando algum interesse, Mari parecia ser a chave para os seus planos, pelo menos ele poderia saber mais sobre os EVAS.

Kaji pensou na menina, sorrindo ao ver como ela estava evoluindo bem ao novo mundo, ela parecia estar mais do que determinada em se vingar de Gendo, saber que o homem tinha abandonado seu afilhado ajudou isso, ele poderia usar esse sentimento a seu favor.

"Está indo bem, Mari está se acostumando a nova vida."

Albuquerque olhou para Kaji vendo que o homem tinha escondido algumas coisas a respeito, mas resolveu deixar isso para outra hora, pelo menos ele tinha conseguido algumas informações importantes.

Kaji soltou uma nuvem de fumaça, rapidamente ele começou a pensar no tempo que passou com Mari, a garota era diferente, mas pelo menos ela era divertida.


Flashback.

Sentada em seu quarto no IPEA, Mari estava olhando para uma janela, vendo como a grande instituição tinha uma vista para o mar, mas antes era um belo azul, agora era manchado de um vermelho, um suspiro triste escapou de seus lábios, ela constantemente pensava em Yui.

Fechando os olhos e impedindo as lagrimas de caírem, Mari respirou fundo, ela estava pensando em tudo que tinha acontecido na sua vida, agora ela estava em um mundo desconhecido, com pessoas que ela não conhecia.

Uma batida na porta chamou sua atenção, lentamente ela levantou a cabeça, vendo Kaji entrando com uma bandeja de comida, ela não comia a um tempo, seu corpo queria isso, mas ela estava deprimida demais para sair do quarto.

Kaji viu a garota abatida na janela, seu coração se apertou com a visão, ele rapidamente se lembrou de Misato, em como a mulher tinha perdido a vontade de viver logo após o segundo impacto, Mari e Misato tinha o mesmo olhar.

"Agente Kaji." Falou Mari com formalidade, ela sabia que o homem estava tentando lhe ajudar, o IPEA tinha lhe dado permissão para sair, mas ela não se sentia em casa, nada tinha mais o mesmo brilho de antes.

"Somente me chame de Kaji." Disse o homem com seu sorriso original, ele rapidamente se aproximou da pequena mesa que tinha no quarto da garota, ele tinha que fazer ela se abrir mais, não somente pela sua missão, mas sim para ela ter alguma vida neste mundo esquecido por Deus.

"Eu trouxe comida para você, não se importa de eu almoçar com você?" Tentou Kaji com seu melhor sorriso, ele podia ver as marcas de lagrimas secas no rosto de Mari.

Olhando para o esforço que o homem estava tentando fazer, Mari tentou negar, mas ao ver a comida a sua espera, seu corpo queria aquele alimento, ela falou com a voz desanimada ao voltar a olhar para fora.

"Não... espero que pelo menos tenha um gosto bom." Falou a menina ao sair da janela, dando passos pesados em direção da cadeira que Kaji estava oferecendo, lentamente ela se sentou, acompanhando com os olhos o homem indo para o outro lado da mesa.

Pegando os talheres, Mari olhou para a comida, se lembrando dos tempos em que almoçou com Yui e cuidou de Shinji, lentamente ela levou uma pequena porção a boca.

Kaji a observou com cautela, comendo lentamente, ele sabia que a conversa iria ser difícil, que Mari estava deprimida, mas ele tinha que colocar ela nos eixos novamente, o IPEA precisava de sua mente, o mundo precisava de uma pessoa como Mari.

"Como você está?" Kaji perguntou com inocência em sua voz, usando uma pergunta simples para quebrar o gelo que estava naquele quarto sem vida.

Mari soltou um pequeno bufo, ela rapidamente comeu mais um pouco, olhando para Kaji e vendo seu sorriso simpático, de alguma forma ela sabia que podia confiar nele.

"Vou levando, não está sendo fácil..." Falou Mari ao olhar para a comida, mas seus pensamentos sempre estavam em Yui e Shinji, ela queria poder se juntar ao menino novamente.

"Não é fácil saber que sua vida mudou."

Kaji assentiu, ele sabia como era essa sensação, tendo vivido o segundo impacto e toda a sua luta para sobreviver ao novo mundo, ele perdeu muita coisa nesta batalha intensa que foi pela sobrevivência.

"Eu sei como é a sensação Mari." Kaji falou com a voz calma e sabia, ele olhou para sua comida e pensou em Misato, podendo sentir os olhos de Mari nele a espera de palavras.

"Somente temos que seguir em frente, lutar contra o que nos faz mal e tentar ajudar o mundo da melhor forma possível."

Mari escutou essas palavras, ela sabia que Kaji tinha uma certa razão, ela não poderia ficar trancada em um quarto para sempre, teria que enfrentar esse novo mundo, saber que ela poderia ajudar de alguma forma com sua formação profissional, mas esse caminho parecia ser uma viagem quase impossível.

"Como posso seguir em frente? Eu perdi tudo na minha vida."

Kaji olhou para Mari, usando sua melhor expressão no rosto, ele buscou suas próximas palavras com extremo cuidado.

"Mari, não tem uma resposta certa para isso... eu sei como dói perder as pessoas mais queridas na sua vida, mas temos que honrar suas memorias lutando para completar o que elas mais desejavam..." Podendo ver Mari o olhando com extrema atenção, Kaji sabia que tinha o ponto da conversa.

"O que mais as pessoas que nos amavam iriam querer? Eles iriam querer que buscássemos a felicidade."

Mari olhou para Kaji, sentindo o peso das palavras do homem afundarem em sua mente, o que Yui iria querer dela? O que Shinji iria querer numa hora dessas?

"Por favor, Mari, nunca mude quem você é..." A voz de Yui ecoou na mente de Mari, sentindo os olhos ardendo com a lembrança, Mari rapidamente respirou fundo com isso.

Kaji podia ver que a mente da garota estava funcionando a toda a velocidade, podendo ver um pequeno lampejo de vida voltando aos olhos dela, isso lhe agradou.

"Eu vou tentar..." Mari falou ao sentir um sorriso nascendo em seu rosto, ela pode ver Kaji sorrindo de volta para ela, mas uma coisa chamou sua atenção, ela sabia que toda essa ajuda que recebia do homem não era uma coisa gratuita, essa organização queria alguma coisa em troca, assim como a oferta do comandante Albuquerque.

"O que eu tenho que fazer para ajudar?"

Kaji sorriu internamente com isso, ele rapidamente limpou a boca ao se preparar para falar.

"Nos ajude a entender melhor como funciona essa coisa toda com os EVAS, de uma forma eu acredito que não podemos confiar em Gendo ou em qualquer coisa relacionada a NERV."

Mari franziu o cenho ao escutar o nome de Gendo, ela rapidamente apertou suas mãos ao escutar isso, mas o pedido não era algo que soava impossível aos seus ouvidos.

"Gendo nunca foi confiável, mas eu nunca iria esperar que ele iria abandonar seu filho assim, depois que Yui o fez prometer..." Lentamente a menina foi sentindo a calma evaporando

"Eu vou poder me aproximar de Shinji e Asuka?" Mari perguntou com apreensão, ela queria poder ajudar seu afilhado de alguma forma, sabendo que provavelmente ele teria mudado um pouco, mas não era nada que ela não poderia lidar.

Kaji pensou a respeito, tinha muito caminho para chegar a este ponto ainda, mas não era algo impossível para que o futuro não respondesse.

"Vamos resolver algumas coisas primeiro."

Mari assentiu levemente, mas seu corpo mostrou um pouco de decepção com isso, mas podia entender os motivos de Kaji, realmente eles tinham muita coisa para resolver com isso, ela iria esperar por um momento.

Kaji rapidamente pensou em como poderia quebrar o gelo que se instalou no quarto, uma ideia passou por sua cabeça, uma que não era muito original, mas poderia funcionar para conhecer a menina melhor.

"Bem... quando terminarmos de comer, arrume suas coisas, você vai se mudar."

Mari olhou para o rosto de Kaji levemente chocada, não entendendo seus motivos.

"Para... para onde eu vou?" Perguntou a menina com um leve tom de medo, mas o sorriso de Kaji a fez pensar que não era nada grande ao ponto dela se preocupar.


Suas bagagens eram poucas, somente algumas roupas que ela ganhou ao voltar para o novo mundo, ela podia ver a casa simples no interior de Tóquio 03, tinha uma vaga para um carro, aparentava ter um terreno extenso, a vizinhança era calma.

Kaji caminhou pela entrada, usando sua chave para abrir a porta, com um movimento de mão ele convidou Mari para entrar, lentamente a garota olhou para os lados, viu a sala e com certeza a pessoa que morava nessa casa não entendia nada de moda.

"Bem vinda a minha casa." Kaji falou sorrindo, sua casa era simples, mas boa para os padrões do momento, ele pode ver Mari o olhando levemente chocada, novamente ele a lançou seu melhor sorriso.

"Nossa, até que é jeitosa." Mari falou ao olhar para os lados, lentamente colocando as suas coisas na mesa, ela se virou para o homem que estava olhando para uma pequena correspondência.

"Porque isso Kaji?"

Levantou a cabeça e olhou para Mari, Kaji podia entender a confusão da garota, ele rapidamente colocou as cartas em algum lugar perto da porta e falou da forma mais tranquila que conseguiu numa hora como essa, a realidade é que Kaji sentiu pena de Mari, queria que ela voltasse a ser uma pessoa feliz, poder conhecer pessoas.

"Olha Mari, eu sei que é estranho, mas eu quero que você se sinta em casa... Acredito que poderemos trabalhar melhor assim, não acha?"

Mari assentiu com isso, essa casa era melhor que seu quarto no IPEA, ela sabia que isso tudo era para ficarem de olho nela o tempo todo, mas um pouco de conforto não matava ninguém.

"Ok, onde eu vou dormir? Não vou dividir uma cama com um pervertido." Terminou Mari ao sorrir como um gato, ela pode ver Kaji balançando a cabeça ao escutar isso, ela sabia que um homem como ele podia ser confiável.

Kaji sorriu ao escutar isso, podia ver que ela estava começando a ficar mais à vontade em sua casa, seria bom ter alguma companhia para variar.

"Na frente do banheiro tem um quarto, tem um bom espaço para uma dama... E eu prometo tentar não espiar."

Mari deu uma pequena risada ao escutar isso, ela rapidamente sabia que seria bom ter um amigo como Kaji, lentamente ela pegou suas coisas e foi em direção as escadas, localizou o quarto extra e prontamente abriu a porta, viu uma cama já a espera ao lado de um armário simples.

"Melhor que nada." Falou a mulher ao entrar em colocar suas coisas na pequena mesa, ela fechou os olhos ao saber que tinha um pouco de privacidade, pensando em tudo que teria que fazer, uma longa jornada iria começar daqui para frente.

Fim do flash back


Albuquerque assentiu com isso, ele rapidamente olhou para os projetos do sistema de entrada dos EVAS, podendo ver a caligrafia de Mari rabiscando novas linhas de códigos.

"Parece que ela entrou de cabeça no projeto."

Kaji sorriu ao escutar isso, ele rapidamente se lembrou da menina lendo os esquemas e escrevendo novas linhas de comando, ela realmente era um grande cientista.

"Parece que ela odeia Gendo, então foi mais fácil de convence-la a ajudar nos projetos."

"Isso é muito bom." Albuquerque falou ao se sentar novamente em sua mesa, um pequeno sorriso nasceu em seu rosto ao olhar novamente para todos os projetos na sua mesa, ele poderia começar a treinar um piloto agora mesmo.

"Vou mandar construir um similar agora mesmo, temos que começar o mais rapidamente possível."

Kaji apagou seu cigarro e olhou para o homem que era seu chefe, ele já tinha um pressentimento de quem seria esse novo piloto que eles iriam treinar escondido.

"Será que ela vai aceitar?"

Albuquerque sorriu com isso, ele rapidamente falou ao se esticar em sua cadeira.

"Sim, podemos usar o sentimento a nosso favor... aposto que ela não vai se importar."

Kaji somente assentiu ao escutar isso, ele sabia que seria altamente arriscado, mas alguém tinha que ter alguma garantia sobre a NERV, eles tinham que tentar, ele pegou seu celular e rapidamente discou um número, não demorou para a voz de Mari inundar a linha.

O tempo que ele morou com Mari tinha mudado o homem, muitas noites ele pegou Mari chorando ao pensar em suas antigas amigas, quantas vezes ele somente escutou ela falando sobre Shinji, um sentimento paterno nasceu dentro dele, não queria o mal para uma pessoa como ela.

Mas infelizmente ele tinha um objetivo, Mari entendia sobre isso, o mundo dependia de uma pessoa com seu conhecimento, ele somente esperava que isso nunca tivesse que chegar em um ponto que seria perigoso.

"Mari, temos que conversar a noite, pode vir para o instituto?... Claro, estarei esperando." Kaji desligou a linha, olhando para o sorriso satisfeito de Albuquerque.

"Espero que saiba o que está fazendo."

Albuquerque olhou para Kaji, ele sabia que seria muito pedir isso para Mari, mas ela era a pessoa com mais experiência no ramo dos EVAS e o IPEA não podia perder tempo.


Lentamente Shinji caminhava de volta para sua casa, tendo seu mundo focado na música que tocava em seu tocador S-DATA, ele somente queria poder chegar em casa e descansar, o dia na escola tinha sido cansativo.

Principalmente por uma certa ruiva que invadiu sua vida novamente, ele ainda tinha muitas coisas para pensar, depois da última batalha, ele ainda não tinha visto ela, nem na escola ou na NERV.

Sentia que sua mente iria explodir, ele não parava de pensar nela, sua cabeça doía sempre que ela surgia, era como se cérebro não quisesse se lembrar, isso já estava se tornando frustrante.

Lentamente ele entrou em sua casa, completamente alheio as caixas ao seu lado, seus passos lentos e leves foram direto para a cozinha, sentindo o calor do dia quente que era o de Tóquio 03.

Abrindo a geladeira, sua mão parou sobre algumas latas de refrigerante, mas seus olhos caíram nas latas geladas da cerveja de Misato, sentindo um desejo tomando conta de seu corpo, sua mão tremia lentamente com o desejo.

Finalmente se decidindo, lentamente ele pegou uma lata e a abriu, tomou um gole do liquido amargo, ele deixou o álcool acalmar seus nervos, sentindo a tranquilidade tomando conta de seu corpo depois dos outros goles, lentamente o menino foi em direção de seu quarto, querendo pegar algumas mudas de roupas para tomar um banho e dormir, mas a visão o fez paralisar no lugar.

"O QUE!?" Gritou o menino ao ver um monte de caixas dentro de seu quarto, rapidamente ele olhou para a cerveja em sua mão, buscando tentar entender o que era tudo aquilo.

"Que gritaria é essa?" Uma voz feminina ecoou de um dos quartos, saindo do pequeno armário de frente para o quarto que era o seu, Shinji encarou aqueles incríveis olhos azuis, seu belo cabelo cor de cobre caindo como uma cascata de fogo.

Parada estava ela, Asuka olhou para Shinji com naturalidade, um pequeno sorriso arrogante nasceu em seu rosto.

"O que foi? Achou que você não seria trocado pelo modelo mais eficiente?"

Ainda segurando a sua lata, Shinji falou com os olhos arregalados.

"Vai sonhando que eu vou sair do apartamento de Misato!"

Asuka colocou as mãos na cintura, ficando com uma postura arrogante e de comando, não gostando de como ele tinha falado com ela, sua lembrança não era assim dele.

"Escuta uma coisa Baka-Shinji, primeiro de tudo, um menino e uma menina não podem morar juntos depois dos sete anos e outra coisa, segundo, Misato me convidou para morar com ela e terceiro e mais importante... ISSO É FORMA DE TRATAR UMA AMIGA?"

Shinji fechou os olhos lentamente ao ver isso, ele não iria sair do apartamento, tomou o resto da cerveja e deu um passo em direção de Asuka, lentamente os dois se encararam sem piscar os olhos, a ruiva podia sentir a cerveja no hálito do menino.

"Eu não vou sair até Misato me ordenar isso... e porque você não vai tomar no..."

"Muito bem chega vocês dois..." Misato falou ao aparecer no apartamento, sua presença rendendo um susto em seus dois protegidos, ambos olharam para ela com olhos arregalados.

"Misato-san!" Ambos gritaram juntos.

Misato olhou para eles, podendo ver a lata de cerveja amassada no chão de sua casa, mas isso iria ser uma conversa para outra hora, ela teria que explicar algumas coisas antes.

"Primeiro de tudo, os dois vão morar juntos aqui..." Misato levantou a mão para calar Asuka.

"Outra, eu li o histórico dos dois, como foram amigos de infância, acredito que isso iria ser uma boa forma de treinar a camaradagem entre os pilotos."

"O QUE!?" Asuka gritou novamente, seu orgulho de piloto gritando nesta hora, ela rapidamente falou com a voz apressada a primeira coisa que veio em sua mente, apontando o dedo para Shinji.

"E se esse pervertido ficar com tesão a noite e me atacar?"

Shinji a lançou um olhar aborrecido, sua cabeça doía por ficar ao lado dela, ele rapidamente falou para se defender.

"Como se eu fosse atacar uma pessoa como você!"

"O que!?" Asuka falou chocada, mais uma vez ele tinha se mostrado diferente de sua lembrança, mas seu orgulho ardeu com a possibilidade dele não se sentir atraído por sua beleza.

Misato rapidamente levantou a mão e calou os dois, ela falou com a sua voz de comando.

"Muito bem os dois, de agora em diante quero todos se dando bem e isso é uma ordem."

Asuka arregalou os olhos, ela rapidamente soltou um pequeno. "Humpy." Ao sair e ir em direção de seu novo quarto, Shinji lançou um pequeno rosnado ao ver a cena, olhando feito para o armário que foi convertido em seu quarto.

Misato rapidamente falou ao passar pelo menino e pegar a lata no chão, ela falou com o rosto levemente sério, não era para um menino da idade dele beber tanto, ela ainda se fazia de esquecida para as latas que desapareciam de sua geladeira.

"Shinji, hoje eu convidei Ritsuko para jantar, quero que faça algo bem gostoso para nós."

Shinji a olhou com dúvidas, falando com calma ao se apoiar na porta.

"E quem disse que eu sou sua empregada particular?"

Misato lançou um sorriso perigoso para o menino, levantando a lata vazia para que ele pudesse ver.

"Não acha que eu não sei que você anda tomando minha cerveja rapazinho... e veja isso como uma punição por tomar minha preciosa cerveja sem permissão, agora para a cozinha." Misato apontou para a cozinha, Shinji lentamente foi em direção fazer alguma coisa, ele não podia negar que tinha sido descuidado.

"Ok..." Falou o menino ao começar a caminhar, mas um braço o segurou, rapidamente ele percebeu Misato lhe dando um olhar preocupado.

"Depois vamos conversar sobre a cerveja."

Ele somente assentiu, sentindo um pouco de medo por ter sido pego, ele teria que ser mais cuidadoso no futuro, mas agora ele teria que cozinhar alguma coisa, pelo menos ele gostava de cozinhar.

Misato acompanhou seu protegido indo para a cozinha, lentamente seus olhos caíram na lata em suas mãos, uma onda de preocupação tomou conta de seu corpo.

Lentamente o som da porta de Asuka se abrindo, Misato olhou para sua nova protegida, vendo ela com algumas roupas sobre o braço, rapidamente falou para Shinji que estava preparando alguma coisa.

"Eu vou tomar um banho e eu juro terceiro que se você espiar, eu vou arrancar suas bolas!"

Shinji somente se virou e olhou para a nova colega de quarto, ele rapidamente falou com o rosto corado, Asuka tinha um corpo bonito e isso não ajudou sua imaginação.

"Eu não vou espiar! Eu não sou assim!"


Entrando no banheiro, Asuka rapidamente olhou para cima, vendo algumas calcinhas de Misato secando, ela rapidamente fez uma cara de nojo ao saber como essa mulher vivia, se despiu e foi para a banheira, mas uma coisa já estava lá dentro.

Asuka viu aqueles olhos negros a encarando enquanto boiava na água e rapidamente gritou ao saber que isso não era normal.

"HÁ!"

"Wark." Foi o único som que Pen-Pen emitiu, seu rosto mostrava a sua falta de interesse, ele observou Asuka sair correndo do banheiro.


Escutando tudo do outro lado, Misato se esqueceu de falar sobre Pen-pen, rapidamente ela observou a porta do banheiro se abrindo e revelando uma ruiva assustada.

"Misato! QUE COISA ERA AQUELA!?"

Shinji rapidamente se virou, falando com a voz tranquila.

"Ele se chama Pen-Pen, não se preocupe com ele..." Lentamente um forte rubor nasceu em seu rosto, vendo todo o corpo nu de Asuka, Shinji congelou no lugar.

Vendo o olhar do menino, Asuka rapidamente olhou para baixo ao finalmente perceber sua nudez, ela rapidamente se cobriu e gritou ao avançar em direção de Shinji.

Sentindo o seu mundo ficando negro, Shinji rapidamente caiu no chão ao sentir um chute forte na virilha, Misato observava tudo com naturalidade, ela lentamente tomou sua cerveja.

Asuka olhou para o menino caído no chão, se orgulhou ao saber que tinha conseguido se vingar do comportamento dele na sua chegada, cobrindo seus seios o melhor que podia, ela falou ao se virar e correr para o banheiro novamente.

"Seu pervertido! Da próxima vez pode dizer adeus a suas bolas!"


Asuka estava deitada em sua cama, tinha arrumado um pouco das coisas para que ficasse levemente confortável, ela ainda estava aborrecida com a ideia de Shinji ir morar com ela, mas tinha seu lado bom, pelo menos ela não estaria sozinha neste novo mundo, pelo menos seu amigo distante estaria ao seu lado, um pequeno sorriso nasceu em seu rosto.

Lentamente ela corou ao saber que ele tinha visto seu corpo nu, mesmo isso a deixou envergonhada com a ideia, mas saber que ele tinha reagido tinha sido bom para seu forte orgulho.

O resto da noite finalmente chegou, ao som da campainha tocando, Misato rapidamente convidou Ritsuko para entrar, essa iria ser a primeira vez que ela iria ver o apartamento de Misato arrumado.

Entrando no lugar, Ritsuko lançou um olhar para Misato.

"Posso ver que Shinji tem decência de arrumar esse lugar."

Olhando para a sua amiga com olhos traídos, Misato falou ao balançar sua lata de cerveja.

"Ei! Eu ainda não tinha arrumado tudo."

"Sei." Falou a mulher com dúvidas ao começar a preparar seu estomago para as típicas comidas de Misato, uma arma química proibida pela ONU, quem sabe poderia ser usada para matar os anjos?

Entrando na cozinha, Ritsuko rapidamente teve seu olfato inundado pelo cheiro delicioso de uma comida caseira, isso foi rapidamente respondido com o seu estomago roncando, pelo menos o cheiro era bom.

Se sentando na mesa, a mulher olhou para Shinji trabalhando no fogão, ele rapidamente se virou e lhe deu um sorriso amigável.

"Olá Dra. Akagi, boa noite."

"Shinji, me chame de Ritsuko, estou fora de serviço."

"OK... desculpa não ser nada refinado, Misato não me avisou antes que teríamos visita." Shinji falou envergonhado ao coçar a nuca.

Colocando um sorriso no rosto, Ritsuko agradeceu mentalmente por isso, ela não iria querer enfrentar a comida de Misato.

"Não se preocupe com isso Shinji, pelo menos não vou ter que beber um pote de antiácido."

Misato rapidamente fez uma careta para a mulher, ela soltou uma risada falsa e amarga com isso.

"Minha comida não é tão ruim assim."

"Fale até que vire verdade." Disse a mulher ao tomar um gole de suco.

Lentamente o grupo estava pronto para comer, Shinji foi até o quarto de Asuka para anunciar que a comida estava na mesa, lentamente ele olhou para a porta que antes era sua, sentiu sua mão tremendo com medo de incomodar a ruiva ardendo do outro lado.

Apertando suas mãos em sinal de ansiedade, o menino rapidamente tomou coragem ao dar duas pequenas batidas na porta.

"O que foi?!" Asuka fala agressivamente do outro lado.

Shinji fala com a voz controlada e calma, mas no fundo ele estava com medo de morrer, principalmente depois do que tinha acontecido.

"O... o jantar está na mesa."

"Estou indo pervertido!." Gritou Asuka do outro lado.

"Me desculpa, eu não sabia." Shinji falou ao sentir sua virilha ainda doendo.

"Cala a boca!" Gritou novamente a menina corada do outro lado da porta.

Lentamente a menina saiu do quarto, tentando ao máximo não olhar para o rosto de Shinji, sabia que provavelmente ele tinha visto tudo de seu corpo, com passos lentos ela se aproximou da mesa de jantar, ganhando um olhar engraçado de Misato.

Asuka logo tratou de lançar um olhar ameaçador para Misato, dizendo claramente para ficar quieta, que sabiamente decidiu seguir, Shinji calmamente colocou as coisas sobre a mesa, com um sorriso tímido no rosto.

Despois que todos comeram em paz, Asuka não pode negar que Shinji sabia cozinhar, mas ela com certeza não iria falar isso, seu forte orgulho não permitia que ela falasse isso para o menino.

"Pelo menos alguém sabe o que significa comida." Ritsuko falou ao limpar a boca, ela somente comia a comida ruim dos refeitórios da NERV e nas raras ocasiões onde ela ia para algum restaurante caro.

"Eu estava com medo de ter que comer a comida de Misato."

"Ei!" Falou uma Misato levemente alcoolizada, mas isso não incomodou nem um pouco a médica, ela sabia como era sua comida e tudo o que ela significava, muitas dores de estomago e cólicas.

Shinji tentou se manter neutro, mas ele teve que concordar com ela, Misato não sabia cozinhar nada, sua comida podia matar uma pessoa, Asuka como sempre resolveu mostrar sua opinião superior.

"Ainda é um desastre na cozinha? Não me admira que está solteira até hoje."

Misato lentamente se virou e olhou para sua nova protegida, ela rapidamente olhou para baixo ao pensar na sua vida amorosa, lentamente a imagem de Kaji apareceu na sua frente, um homem que fazia tempo que ele não via.

Se recuperando rapidamente, ela falou com falsa modéstia, já sabendo exatamente como retrucar.

"Olha, falou a senhora perfeitinha, a menina que deu um show particular para Shinji na sua primeira noite aqui em casa."

Corando fortemente, Asuka rapidamente olhou para Shinji ao ver o menino tendo uma reação similar a sua, ela se levantou e bateu com as mãos na mesa, tentando se mostrar intimidadora.

"Foi um acidente! Esse pervertido não tinha que ter se virado!"

Ritsuko somente balançou a cabeça ao tomar um gole de sua lata de cerveja, ela não tinha mais paciência para isso, rapidamente ela se lembrou de uma coisa, pegou sua bolsa e pegou três cartões de identificação.

"Isso me lembra de uma coisa, aqui estão os seus cartões de identificação, nunca os percam, entenderam? " Completou a mulher seriamente, ambos os pilotos assentiram rapidamente, agradecendo pelo assunto anterior morrer.

"Eca, eu sai horrível nesta foto... passar vergonha sim é o trabalho dele." Falou a ruiva ao apontar para o menino ao seu lado.

Shinji estava pronto para responder, mas uma mão o impediu, ele pode ver Misato balançando a cabeça, mostrando para ele não cair na provocação da ruiva.

"Shinji? Pode me fazer um favor? Amanhã pode levar o cartão de identificação de Ayanami?" Perguntou a médica ao entregar o cartão para Shinji, sem ao menos esperar por sua resposta.

Pegando o cartão com dúvida nos olhos, Shinji rapidamente olhou para a foto, Rei como sempre tinha seu olhar sem vida, mas novamente uma coisa chamou a atenção de Shinji, uma leve coceira em sua mente, ele já tinha visto aquele rosto em algum lugar, uma sensação em seu peito gritava sempre que Rei aparecia.

Misato riu ao ver isso, ela rapidamente falou com sua voz brincalhona.

"Acho que alguém está apaixonado."

"O que!?" Asuka gritou, ela rapidamente olhou para Shinji, uma coisa dentro dela se agitou ao escutar isso, mas nem ela entendia seus sentimentos, rapidamente limpou a mente ao se aproximar.

"E porque você não leva?"

Ritsuko acendeu um cigarro e falou com total desdém.

"Não é minha função, eu tenho mais o que fazer."

Asuka somente fumegou, ela olhou para Shinji novamente, vendo a postura do menino ficar estranha, ver o rosto de Rei sempre mexeu com ele, isso a deixou desconfortável.

"Tanto faz." Disse ela como se isso não fosse nada demais, lentamente ela se sentou no sofá, tentando ignorar o sentimento ruim que se instalou no seu corpo.

Shinji olhou para a mesa, sentiu sua cabeça latejando com o pensamento de ter que encontrar com Rei, ele rapidamente tomou um gole de seu refrigerante ao tentar relaxar um pouco.


Asuka estava deitada em seu novo quarto, lentamente ela olhou para a porta, parte de seu corpo ainda resmungando sobre a falta de privacidade dos japoneses, mas não era esse o foco que ela tinha, mas sim na pessoa que era o antigo dono dele, a pessoa que estava agora dormindo do outro lado do corredor.

"Baka-Shinji?" Pensou Asuka, ela lentamente olhou para o teto, pensando na criança que tinha conhecido muitos anos atrás, na criança tímida que ela tinha se aproximado, o seu primeiro amigo de verdade, seu primeiro amigo verdadeiro em vida.

Ela ainda podia se lembrar do olhar que recebeu dele, o olhar perdido, como se ele não soubesse quem era ela, mas no fundo ele ainda tinha seu olhar de baka.

Rolando para o lado, Asuka lentamente pensou na sua chegada ao apartamento, ela não podia negar que ainda pensava em Shinji, em como ele tinha mudado, passando de uma criança tímida para um moleque que respondia e retrucava.

Ela sabia da perda da mãe de Shinji, sabia na pele o que isso tinha feito com ela, mesmo sua mente ainda podia se lembrar de como era a saudade de perder a única pessoa na sua vida que lhe dava algum valor real, sua heroína.

Sentindo as lagrimas querendo sair de seus olhos, Asuka rapidamente se sentou, ela tinha jurado que nunca mais iria chorar na vida, principalmente depois daquele dia, o dia em que sua mãe partiu, o dia em que seu corpo finalmente perdeu a luta contra a doença que os médicos não conseguiram descobrir.

"Não." Asuka falou com força, ela não iria chorar, ela era um piloto de elite, a melhor piloto que o mundo podia ter, e chorar era para os fracos e perdedores.

Finalmente sentindo o seu corpo voltando ao normal, ainda sentada na cama, voltou a olhar para o lado, querendo saber mais sobre esse novo Shinji que tinha voltado para a sua vida, seu amigo perdido de infância.

Sentindo a ira tomando conta de seu corpo, Asuka olhou com raiva para a porta, jurando que podia ver o menino parado do outro lado, ela queria poder ir até lá e dizer como era que se tratava uma garota.

Apertando suas mãos em sinal de ira, a menina se lembrou de como foram os pequenos xingamentos que Shinji estava pronto para lhe dar, seu olhar de raiva reprimida, o cheiro de cerveja que sua respiração emanava.

"Shinji idiota!" Rosnou a menina ao se deitar na cama novamente, ela rapidamente se virou e pegou sua boneca, a mesma que ele tinha lhe dado, a mesma que ela guardou como um bem precioso, nem ela sabia ao certo o motivo de ter guardado essa boneca barata e simples, mas alguma coisa em seu peito nunca permitiu que ela a jogasse fora.

Colocando a mão dentro dela, Asuka a encarou com seus intensos olhos azuis, falando com a voz infantil, fazendo de conta que era a boneca que falava.

"Então? Não foi assim que você esperava que iria se encontrar com ele novamente, não é Asuka?"

Franzindo a testa com a pergunta que veio em mente, Asuka rapidamente respondeu com a voz mais irritada, como se falasse com uma criança.

"Cala a boca boneca, ele é somente um idiota, assim como todos os meninos."

Balançando seus dedos, Asuka abriu e fechava os braços de sua boneca, agindo por puro instinto.

"Será? Aposto que ele não se parece como você se lembra? Será que sua personalidade agressiva não está te incomodando?"

Franzindo o cenho novamente, Asuka sentiu seu sangue fervendo com os pensamentos que viam em sua mente, a realidade era essa, ela não gostou desse novo Shinji, ela queria que ele fosse o mesmo menino tímido que ela conheceu a alguns anos.

Abaixando a boneca e a colocando sobre o peito, Asuka solto um longo suspiro ao pensar nesse seu novo amigo, ela inspirou profundamente com o pensamento.

"Shinji? O que aconteceu com você?"


Abrindo os olhos, Shinji olhou para a escuridão de seu novo quarto, somente a pequena luz de neon de seu despertador iluminava, vendo o relógio marcando seis horas da manhã, somente teria mais dez minutos de sono.

Rolando para o lado, o menino sentiu seu braço batendo contra a parede, isso não o incomodou, mas sim saber que uma certa pessoa ruiva estava dormindo do outro lado.

Se sentando na cama, o menino pensou nela, logo uma pequena pontada de dor em sua cabeça reinou, limpando qualquer vestígio de sono que tinha restado, o menino já estava se cansando disso.

Sabendo que hoje era dia de escola, ele logo se levantou, não perdendo tempo em ir para o banheiro, sabendo que morar agora com duas mulheres iria cobrar o preço, finalmente ele entrou na cozinha e abriu a geladeira, sorrindo ao saber que poderia fazer uma boa refeição para a escola.

A preparação do café da manhã foi tranquila, Shinji tinha preparado tudo para seus colegas de quarto, trabalhando no automático, o menino não percebeu uma certa pessoa acordando e indo em direção da mesa do café.

Se virando e dando um pequeno pulo, Shinji percebeu Asuka sentada com um olhar sonado no rosto, ele rapidamente se recuperou e se aproximou, colocando uma pequena porção no centro da mesa.

"Bom dia Shikinami."

Asuka olhou para o rosto dele e fez uma careta, ainda tentando entender o seu novo comportamento, mas pelo menos ele tinha sorrido para ela, um sorriso bonito por final de contas.

Corando levemente ao saber que estava encarando o rosto do menino, Asuka rapidamente piscou ao se recuperar, olhando para o típico café da manhã japonês, fazendo um som de nojo.

"Eca, onde está a proteína?"

Shinji piscou ao ver isso, ele rapidamente se culpou por saber que ela estava acostumada com a dieta alemã, mas isso não o impediu de responder.

"Bem... a proteína está no peixe?"

Olhando com uma pequena carranca no rosto, Asuka falou com falsa ironia ao pegar uma pequena porção, ela não gostava disso, mas era melhor que passar fome.

"Eu sei idiota, como vocês sobrevivem com isso?"

Shinji se sentou e deu com os ombros, ele sabia que Asuka iria ser uma pessoa difícil, mas ele não podia deixar ela insultar seu pais natal, Shinji não se considerava um patriota, mas não iria deixar um estrangeiro falar sobre o seu pais.

"É só não comer, o fogão é ali." Terminou o menino ao apontar para o local de trabalho, onde cuidadosamente tinha três bentos a espera de seus donos.

Rosnando em frustração, Asuka rapidamente começou a comer, o peixe tinha um gosto bom, pelo menos isso era uma vitória.

"Dia pessoal..." Misato falou completamente sonada, ela não era uma criatura da manhã, lentamente ela se sentou e colocou uma bolsa de gelo na cabeça, parecia que seu cérebro iria explodir com a ressaca de ter dormido bêbada.

"Bom dia Misato." Shinji falou sorrindo, pelo menos eles estavam de bom humor, lentamente ele esticou uma caneca de café para a mulher, ele mesmo sabia como era a sensação de uma ressaca forte.

Misato olhou para baixo, vendo o liquido preto diante de seus olhos, isso era diferente da sua matinal cerveja.

"O que é isso?"

Shinji falou sorrindo.

"Café."

Misato lentamente tomou um longo gole, sentindo o liquido amargo descendo pela sua garganta, ela fez uma careta ao saber que não tinha açúcar, rapidamente ela se tentou se levantar, mas uma mão a impediu.

"Nossa, preciso de minha cerveja."

Shinji rapidamente impediu ela de se levantar, isso fez com que todos o olhasse, o menino sabia que isso era ruim, Misato tinha que se controlar, pelo menos no inicio do dia.

"Não é muito cedo para uma cerveja Misato?"

Misato piscou ao ver isso, seu cérebro querendo o precioso líquido, ela rapidamente se lembrou de Shinji roubando suas latas no dia anterior.

"Ela ainda faz isso?" Asuka perguntou ao ver a cena, ela tinha se lembrado de como era o comportamento de Misato quando ela passou um tempo na Alemanha.

Ignorando complemente a menina, Misato se afastou, ela falou com um sorriso irônico no rosto.

"Nunca é cedo para uma cervejinha, mas isso me lembra uma coisa rapazinho." Falou a mulher ao se sentar novamente, uma nova prioridade surgiu em sua mente.

"Não acha que eu não ia perceber que você andava tomando minha cerveja?"

Shinji neste momento congelou no lugar, todos olharam para ele, Misato o olhava com seu rosto sério, ele rapidamente pensou em uma resposta.

"É que estava quente, eu achava que não iria ser problema."

Misato podia ver que tinha mais coisa no fundo que um simples refresco no calor, ela queria poder se aprofundar mais, explorar os motivos que levavam por trás desse comportamento, ela podia tolerar muitas coisas, mas antes de poder agir, ela teria que ter mais informações.

Shinji pode ver o olhar de Misato, engolindo a seco com a visão, ele rapidamente trocou um olhar rápido para o lado, vendo Asuka querendo ver o desfecho disso tudo, a verdade era que a cerveja estava ajudando a manter os pesadelos longes, ele sabia que era uma forma errada de atacar seus problemas, mas ele tinha que conseguir dormir em paz.

"OK, mas você não pode beber, lembre-se que é um piloto de EVA, tem que estar sempre em ordem para o dever e outra, nunca tome minha cerveja sem minha permissão, isso é uma ordem."

Shinji assentiu rapidamente, não querendo ficar na linha de fogo da sua superior, ele sabia como ela era quando ficava aborrecida, todos sabiam do lado negro de Misato.

"Bom... chegamos a um acordo então." Falou a mulher ao sorrir, ela rapidamente percebeu o menino começar a comer, mas seus olhos nunca saindo dele, analisando cada movimento de seu corpo, a cerveja era uma preocupação, não pela segurança do mundo, mas sim pela idade do menino.

O resto do café da manhã passou em silencio, com cada um em seu mundo, Shinji rapidamente entregou o bento de Misato, lhe desejando um bom dia na NERV.

"Não esqueçam que tem teste de sincronização hoje, então direto para a NERV."


O caminho para a escola foi normal, com Shinji andando em seu ritmo normal e Asuka tagarelando sobre alguma coisa que ele particularmente não se interessava, a escola foi um tédio, Shinji lentamente olhava para o local onde Rei ficava, como sempre ainda vazio, ele se perguntou onde ela estava.

Asuka se sentou ao lado de Shinji, ela ignorou os olhares dos meninos sobre ela, sabendo que eles provavelmente olhavam para seu corpo, isso a deixava enojada.

Finalmente a hora do almoço chegou, Asuka lentamente se lembrou que não tinha levado nada para comer, ela soltou um rosnado ao saber que também não tinha levado dinheiro.

"Ótimo... maravilha!" Resmungou ela para o nada ao se sentar na mesa e cobrindo o rosto com as mãos, mas o som de um par de pernas se aproximando dela chamou sua atenção, pronta para expulsar algum menino que achava que tinha alguma chance, mas ao saber que um certo menino estava segurando uma pequena sacola de bento na sua frente, Asuka somente arregalou os olhos.

"Asuka? Eu trouxe o seu almoço."

"Já era hora Shinji-idiota." Asuka falou ao tentar cobrir o rubor que nasceu em seu rosto, ela rapidamente pegou o pequeno pacote, Shinji piscou ao ver isso, ele não entendeu o comportamento de Asuka, mas antes de poder falar qualquer outra coisa, Toji falou na porta, junto com Kensuke que fez um som de chicote com a boca.

"Parece que sabemos quem veste a calça na relação deles."

Shinji e Asuka coraram profundamente, tudo que eles puderam falar foi.

"Não é assim!"

Toji e Kensuke riram alto ao começar a sair da sala, Hikari corou ao ver isso, mas sabia que tinha que controlar a situação, ela rapidamente se aproximou da mesa de Asuka.

"Suzuhara!" Gritou a menina ao se aproximar, mas sabia que isso era uma coisa sem motivo real, ela pode ver a ruiva resmungando em seu lugar, com Shinji indo para fora com seus amigos.

"Shikinami? Posso me sentar com você?" Perguntou a menina, ela queria ser legal com a nova aluna, não gostava de ver as pessoas sentadas sozinhas para comer, ela queria ser amiga de todas na sala.

Asuka olhou para a intromissão, pegando rapidamente sua comida e falando com desconfiança.

"Pode, mas esquece que eu não vou dividir nada."

Hikari deu um sorriso alegre ao escutar isso, ela rapidamente levantou seu próprio bento, Asuka se acalmou ao ver isso, lentamente as duas foram comendo seus almoços e conversavam de coisas aleatórias, Asuka não pode negar que tinha gostado dela, pelo menos tinha algumas pessoas que tinham algum valor na escola.


"Ainda não entendo o que estou fazendo aqui..." Asuka resmungou ao olhar para o depredado apartamento de Rei, ela sentiu nojo com o estado do lugar.

Shinji olhou para o lado e falou com a voz em desaprovação.

"Ela não apareceu na escola hoje, então temos que levar o cartão para a casa dela, e não custa nada."

Asuka resmungou ao escutar isso, ela rapidamente cruzou os braços e falou com ligeira raiva.

"Tanto faz, vamos acabar logo com essa merda."

Lentamente o pequeno grupo se aproximou da porta de Rei, Shinji lentamente tocou a campainha, mas nada aconteceu, isso somente causou mais ira na ruiva ao seu lado.

"Tem certeza que estamos no lugar certo!?"

Shinji a olhou e falou com calma e tranquilidade, sua cabeça latejava ao estar neste lugar.

"Sim, esse é o endereço que a Dra. Akagi nos deu... e por favor, pare de reclamar."

"Como é?" Retrucou a ruiva ao olhar para Shinji, mas tudo que ela viu foi o menino indo para dentro do apartamento, Asuka queria reclamar, mas a curiosidade falou mais alto, rapidamente ela entrou na sala.

"Eca, isso é pior que uma favela."

Shinji sentiu sua cabeça doendo com isso, mas ele teve que concordar, o pequeno apartamento tinha muitas rachaduras, cheirava a mofo e com certeza não era limpo ao um bom tempo.

"Nossa, ela vive nisso?" Asuka falou ao apontar para tudo que poderia, de uma forma o apartamento de Misato não era tão ruim como ela pensava.

"Nossa, isso é inesperado." Shinji falou ao olhar para o lado, seu extinto de limpeza gritando para fazer alguma coisa, rapidamente o menino foi em direção da pequena cozinha a procurar de um saco de lixo, mas nem seu corpo estava preparado para o que seus olhos veriam.

Saindo do banheiro, seus olhos somente viram o corpo nu de Rei vindo na sua direção, não tendo tempo para se virar, ele somente fechou os olhos ao esperar o inevitável.

Asuka ainda olhava para tudo que podia, mas o som de dois corpos batendo chamaram sua atenção, se virando para reclamar, mas seu rosto corou fortemente ao ver Rei nua caída em cima de Shinji, ela somente conseguiu gritar a única palavra que se encaixava nesta ocasião.

"PERVERTIDO!"


Notas do Autor: Olá pessoal Calborghete aqui, temos enfim o capítulo 16, espero que tenha sido de agrado de todos, como sempre não deixem de segui-la e salva-la em seus favoritos para não perderem mais nenhuma atualização futura.

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