Olá pessoal, Calborghete aqui, como estão todos?

Não esqueçam de curtir a página no Facebook, o link direto pode ser encontrado na página do meu perfil na Fanfiction, ou se vocês preferirem pesquise "Calborghete" e localizar uma imagem de Shinji e Asuka. Nesta página eu vou postar atualizações e também será mais fácil de entrarem em contato comigo.

Então agora sem mais enrolação, boa leitura.


"Diálogos"

- Pensamentos -

"Conversa via Rádio"

"Auto conversa."


Nota de Responsabilidade:

Evangelion, seus personagens e cenário são propriedade de Hideaki Anno. Qualquer marca, filmes e séries mencionados nesta Fanfic é propriedade de seus criadores.


Capítulo 27

"Profundidade de três mil metros, pressão e sistemas estáveis."

"Os sistemas parecem estar aguentando a pressão, EVAS unidades 02 e 08 com tudo dentro do esperado."

"Visibilidade zero, sistemas funcionando por sensores."

Asuka lentamente fechou os olhos, ela não podia ver nada além que os sensores de sua amada unidade 02 podia alcançar, vermelho era tudo que ela via, muitas vezes era a sua cor favorita, mostrava todo o seu poder e orgulho, era o símbolo de sua missão, como as pessoas iram se lembrar dela, mas agora parece que essa cor perdeu o brilho.

Abrindo os olhos e olhando para frente, ela se deparou com os sistemas, buscando com os olhos qualquer coisa que poderia lhe dar um vislumbre de seu objetivo, uma rápida olhada para sua mão a fez lembrar do motivo que isso era tão importante.

Fechando o punho com força, Asuka lentamente tentou levar aquelas lembranças para longe, já fazia muito tempo que aqueles tempos tinham passado, sete anos tinham se passado desde sua fracassada missão com a unidade 03, seu olho esquerdo era a prova disso.

Sentindo uma pequena ira tomando conta de seu corpo, Asuka se perguntou como iria conseguir seguir em frente, ser feliz neste mundo onde a vida tinha sido esquecida por Deus, era somente morte, sofrimento, nada mais.

"Porcaria." Resmungou a ruiva ao colocar a mão sobre o rosto, ela podia conseguir sentir o fluxo grosso das águas do atlântico batendo contra seu braço, isso tudo estava deixando ela louca.

"Princesa? Ansiosa para reencontrar o filhote depois de tanto tempo? Como vai ser? Um momento simples como nos filmes? Ou uma noite selvagem?" Mari falou pelo comunicador, ela estava feliz por eles terem finalmente localizado o sarcófago onde o mundo a tinha aprisionado.

Asuka balançou a cabeça ao escutar a voz de sua amiga mais próxima neste mundo perdido, rapidamente ela levantou a cabeça e olhou para o lado, jurava que podia ver o EVA de Mari descendo ao seu lado, ela sentiu seu rosto querendo corar, mas como sempre ela conseguiu controlar suas emoções, neste mundo não podia ser mostrado fraqueza.

Mas pensar em Shinji depois de tanto tempo machucava seu coração, ela mesma tinha jurado que nunca mais iria chorar ao pensar no seu amado, há muitos anos ela tinha conseguido finalmente seguir em frente, limpar a sua mente de momento que ela queria esquecer, mas Mari sempre estava lá para lembra-la.

"Quatro olhos, não é hora para isso." Asuka falou com a voz calma e tranquila, muito diferente de muitos anos quando ela era somente uma mera garotinha de quatorze anos, nestes tempos ela com certeza teria corado com força, gritado e esperneado para mostrar que isso não a incomodava.

Mas no fundo ela se sentiu triste, ela jurou que iria se controlar, as noites dentro de seu quarto faziam-na querer sair deste mundo, poder ficar na vila de refugiados e ter uma vida normal, mas quem iria pilotar o EVA? Ninguém queria ficar perto daquelas maquinas.

Fechando os olhos novamente, Asuka ainda podia escutar as pessoas falando como estava o mundo depois do que aconteceu com a unidade 01, ela ainda podia sentir seus dentes apertando com força ao sentir os velhos sentimentos voltando, os mesmos sentimentos que ela queria enterrar.

Rapidamente um pequeno holograma se abriu na sua frente, mostrando o rosto sorridente de Mari, ela podia ver como a morena tinha se desenvolvido neste tempo, ambas tinham crescido, ela agora tinha vinte anos de idade, Asuka se pegou pensando em como estaria Shinji agora, será que ele estaria parecido com seu pai? A ruiva amaldiçoou com a possibilidade, mas como ele estaria se não tivesse sido absorvido? Essa era a grande questão.

"Pirralho idiota." Resmungou a ruiva ao apertar o espaço entre os olhos, ela queria poder reencontrar com Shinji, poder perguntar os motivos que o fizeram ficar tanto tempo longe de casa, preferir ficar dentro de seu EVA ao invés do mundo real, ela queria poder ficar ao seu lado mais uma vez.

"Falando no filhote? Aposto que ele deve estar bem crescido agora." Mari falou sorrindo como sempre, ela estava muito feliz pelo dia ter finalmente chegado, ela podia sentir que Shinji iria voltar, era assim que Rei descreveu suas palavras, ela podia sentir sua luz retornando.

Asuka olhou para o rosto de Mari, ainda não podendo acreditar que tinha sido enganada por tanto tempo, balançou a cabeça para voltar ao mundo real, ela rapidamente tentou colocar um pouco de força na voz.

"Foque na missão Mari, não temos tempo para brincar, temos que ficar de olho em possíveis inimigos que tentaram resgatar a unidade 01." Asuka parou de falar ao pensar em Shinji novamente, ela queria que Mari estivesse certa, poder abrir o plugue de entrada e vê-lo, mas isso parecia ser somente uma mera fantasia.

Mari podia ver como Asuka estava deprimida, ela queria que a mesma pudesse ver como isso era uma boa notícia, com um suspiro abatido, Mari se ajustou em seus controles e falou com a voz mais calma.

"Asuka, ele vai voltar..."

Como uma cobra vendo uma presa, Asuka rapidamente levantou a cabeça, seu único olho bom mostrando sua opinião, muitos anos ela ficou pensando em Shinji, em como as pessoas falavam sobre ele, sobre o que ele tinha feito, sobre as coisas que o acusavam.

"Voltar..." Começou a falar a ruiva, sua voz carregava um veneno que somente Mari podia suportar, ela rapidamente sentiu o sangue fervendo ao pensar em Shinji, muitos anos com a ideia dele sendo massacrado pelas pessoas passavam pela sua mente neste momento.

Mari sabia que tinha cutucado a onça, mas ela tinha que conseguir mudar algumas coisas, ela tinha que fazer Asuka abrir os olhos e tomar algum partido, eles não poderiam ficar escondidos com o plano insano de Misato e Ritsuko, ela era uma guerreia.

"Sabe que nunca vai ser como antes Mari... Se... e esse é um grande se Shinji voltar..." Parou a ruiva ao se lembrar do menino que a tanto tempo amou, se recuperando e voltando a encarar sua amiga com o máximo de rancor que poderia num momento como esse.

"Acha que o mundo não vai querer seu sangue? Acha que Shinji vai ser um de nós?"

Mari abaixou os olhos ao escutar aquelas palavras, a muitos anos ela escutava isso de todos dentro da Wunder, vários métodos de morte e punições que a maioria almejava, escutar isso de Asuka machucava mais que ferro quente.

Com um suspiro abatido, Mari lentamente levantou a cabeça, podendo ver Asuka a espera de uma resposta, ela tinha muitas respostas para dar, mas seria útil?

"Vamos que ter essa conversa de novo?"

Asuka soltou uma risada amarga ao escutar isso, ela podia se lembrar de quantas noites ela e Mari tinham brigado quando o assunto era Shinji, ela queria seguir em frente, mas parecia que sua companheira não pensava da mesma forma, Shinji estava morto aos seus olhos, não fazia sentido em mexer mais nisso.

"Asuka, sabe que Shinji nunca faria uma coisa dessas, sabe que ele nunca gostou de seu pai, porque ele iria destruir o mundo?" Mari começou a falar com a voz mais séria.

Balançando a cabeça para os lados rapidamente, Asuka não queria pensar nisso, ela prontamente rebateu.

"Não importa o que você acha que ele tentou fazer, não importa a merda que ele tentou fazer, o que importa foi a merda que ele deixou para trás quando matou aquela coisa." Asuka falou com raiva e rancor, Mari abaixou o olhar ao pensar em Kyoko.

Se acalmando da pequena explosão que teve, Asuka pensou em suas palavras, no fundo ela sabia que Shinji não era o tipo de pessoa que estragaria a vida dos outros por momentos egoístas, ele nunca iria ajudar seu pai, ele nunca mataria o mundo.

Soltando outro grande suspiro, a ruiva falou com mais calma, ela queria poder ter a visão otimista que Mari tinha do mundo, mas o mundo real era uma coisa cruel e sem piedade, Shinji estava melhor morto.

"Mari... Eu, eu quero ele de volta mais que tudo, mas agora não é a melhor hora... o mundo está um caos depois do terceiro impacto, as pessoas vão querer a cabeça dele... Pelo bem dele é melhor ele não voltar."

Olhando para menina na sua frente, Mari sorriu minimamente ao ver que pelo menos tinha algum sentimento dentro da ruiva, mas ela mesmo sabia que Shinji estaria com sérios problemas quando voltasse.

Asuka se perdeu o momento, ela pensou em como seria a vida dela se ele estivesse ao seu lado novamente, mas parecia que isso tudo era somente uma fantasia de criança.

"Muito bem pilotos, objeto alvo se encontra a um quilometro de distancia." A voz de um dos técnicos na superfície chamou a atenção das garotas, com um movimento rápido e determinado, Asuka olhou para frente, vendo a imagem holográfica dos sensores mostrando a aproximação de alguma coisa, ela somente tentou limpar a mente para conseguir completar a sua missão.

"É agora..." Asuka falou ao se ajustar, respirando profundamente para conseguir voltar ao seu modo de soldado, mas as lembranças já tinham conseguido penetrar na sua consciência, ela somente teria que conseguir lidar com isso na missão que tinha se instalado na sua frente.


Quatro anos antes.

"Quer se juntar a mim?"

Lentamente Asuka foi voltando a realidade, seu corpo começou a sentir os efeitos de ter dormindo por tanto tempo, sentiu uma forte dor de cabeça latejando em sua mente, rapidamente sua visão foi tomando alguma forma.

Olhando para o teto de metal de alguma instalação, Asuka não estava conseguindo entender nada, sua última lembrança era o teste de ativação da unidade 03, sentindo a realidade tomando conta de seu corpo fez com que Asuka arregalasse seus olhos ao sentir flashes de momentos, flashes de dor quando ela se lembrava dos braços da unidade 01 desmembrando seu corpo.

Sentindo a sua respiração acelerando com o trauma que era recente em sua mente, ela rapidamente tentou se mover, mas parecia que seu corpo estava mais pesado que o normal, isso eram as drogas que tinham injetado nela.

"Ela está acordando." A voz de um homem pode ser escutada de longe, era como se todos falassem a uma distância dela, sua mente nublada tentou focar na conversa.

"Ainda é ela?" Uma voz feminina falou mais forte, mas não gritou, ou manteve o tom de desespero, era somente uma comandante falando com um subordinado, pronta para dar a ordem final para executar uma missão.

"Quem está ai?" Asuka perguntou fracamente, virando a cabeça para o lado ela lentamente foi recuperando os sentidos, finalmente focou a visão, ela sentiu uma estranheza ao sentir um pedaço de couro sobre seu rosto.

"Que merda é essa!?" Tentou perguntar a ruiva com raiva, mas seu corpo ainda estava se recuperando por ter ficado tanto tempo apagada, ela ainda queria entender tudo que estava acontecendo ao seu lado.

"Sinais vitais e ondas cerebrais batem com o espécime BM-02, tudo indica que o resultado é positivo." Outra voz feminina e conhecida encheu o ambiente ao lado de Asuka, finalmente recuperando as forças o suficiente para conseguir se mover, a ruiva em questão se sentou na sua cama, podendo ver que essas não eram as instalações da NERV.

"Ei! Que merda é essa!?"

Novamente ela não recebeu nada, isso tudo estava deixando a ruiva ainda mais irritada, virando o corpo cansado e tenso, Asuka tentou se levantar, mas o peso em suas pernas parecia demais.

"Que merda está acontecendo!? Misato!" Gritou a ruiva para uma das paredes sem vida do quarto onde tinha sido colocada, com o som de ar pressurizado, Asuka se virou para a fonte, podendo ver algumas pessoas entrando, seus olhos estranharam quando homens fortemente armados entraram, mas seus olhos não estavam preparados para o que ela estava para acontecer.

Com passos lentos e pesados, uma mulher com cabelos roxos entrou, um forte sentimento de felicidade bateu em Asuka, mas parecia que alguma coisa estava errada com a coisa toda, eles não pareciam estar felizes por ela estar viva.

Parando a poucos metros de Asuka, Misato a olhou por trás de seus pesados óculos escuros, a única forma de esconder a verdadeira eu neste caso.

"Shikinami? Piloto Asuka Shikinami?" Perguntou a mulher com uma voz firme e fria, Asuka a olhou como uma estranha, ela queria respostas.

Misato podia ver a sua antiga pupila na sua frente, ela queria poder largar tudo e poder voltar a sua antiga vida, mas depois da última batalha contra os anjos, a perda de Shinji tinha matado uma coisa dentro dela, tendo vivido muitos anos de uma guerra contra os insurgentes da SEELE, sua humanidade foi lentamente se perdendo com o tempo.

"Misato? Que merda está acontecendo?" Perguntou Asuka com medo da situação, ela nunca iria admitir, mas estar sendo encarada como um monstro por todos a deixou com medo.

"Onde está Shinji!? E a queridinha do comandante? A menina irritante de quatro olhos!?"

Olhando para menina na sua frente com frieza, ela rapidamente se lembrou dos velhos tempos, mas isso tudo parecia de outro mundo, ela agora tinha outra missão.

"Levem ela para o projeto Wunder, vamos precisar de tudo para vencer essa guerra."

Asuka observou quando Misato se virou e começou a caminhar para fora da sala de metal, ela queria respostas, mas a julgar pela forma que todos estavam a olhando, ela prontamente se calou, com um baque ao seu lado um conjunto de roupas foram jogados.

Rapidamente ela tocou seu rosto, sentindo uma dor no local onde estaria seu olho esquerdo, tentou remover o tapa-olho que a impedia de ter total visão, uma voz falou ao fundo.

"Não o remova, se fazer isso vamos ser forçado a terminar com sua vida."

Resmungou ao tocar o pescoço e sentindo uma espécie de gargantilha, a ruiva olhou para as novas roupas que tinha sido entregues.

"Se prepare, vamos sair em menos de cinco minutos." Disso um dos homens com força ao se virar e sair, lentamente os outros começaram a sair, não demorou para ela ficar sozinha para se trocar.


Não demorou muito para Asuka se ver sentada em uma sala, tendo sido levada para um navio no meio do nada, ela queria algumas respostas, seu pé batia rapido no chão com a ansiedade e raiva que tomavam conta de seu corpo, tudo isso foi quebrado quando a pesada porta de metal se abriu, duas pessoas entraram e eram duas pessoas conhecidas.

Se levantando da cadeira em que estava, Asuka rapidamente confrontou sua antiga guardiã, não tendo mais paciência para lidar com tanto suspense.

"Mas que porra Misato! Que merda está acontecendo!?"

"Senta." Misato respondeu com frieza ao cruzar os braços, isso somente deixou a ruiva ainda mais irritada.

"Onde está todo mundo? Onde está Shinji?" Perguntou com genuína preocupação a ruiva

Misato a olhou nos olhos, como se nada pudesse incomodar a mulher na sua frente, Asuka já estava ficando com mais raiva, fumando um cigarro ao seu lado, Ritsuko abriu o seu computador pessoal e virou para a ruiva irritada.

"Que merda é essa?" Resmungou Asuka ao olhar para tela com um documento escrito.

"O relatório, todas as respostas vão estar ai." Ritsuko respondeu com arrogância, uma arrogância que ela sempre teve.

Asuka olhou para as duas com raiva, querendo ainda mais respostas, mas cedendo por um minuto, ela rapidamente se sentou e começou a ler, seus olhos se arregalaram com o que ela lia.

"Entende agora o motivos do tapa olho?" Ritsuko falou ao soltar uma nuvem de fumaça, ela preferiu mostrar ao invés de contar.

"Tem um maldito anjo dentro da minha cabeça?" Asuka perguntou chocada ao ler o relatório, ela nem precisou ver a loira falsa assentindo, com um baque forte ela olhou para frente e viu as pessoas a olhando como uma aberração.

Soltando um longo suspiro, Ritsuko falou ainda mais, sua voz era fria e controlada como sempre.

"A gargantilha em seu pescoço está programada para terminar com sua vida se o invasor tomar o controle de seu corpo, espero que entenda."

Asuka balançava a cabeça com raiva, isso era muito para lidar.

"Colocaram uma arma na minha cabeça e pede para que eu entenda?" Falou com veneno a ruiva, ela somente queria seu porto seguro.

"Onde... onde está Shinji?"

Neste momento ela olhou para frente, podendo ver a mudança de clima que se instalou no ambiente, rapidamente uma grande preocupação tomou conta de seu corpo, Asuka temeu pela vida de Shinji.

Misato apertou seus braços para controlar as emoções, ela não queria falar sobre Shinji, era difícil demais, Ritsuko olhou para amiga, mas podia ver que nada iria sair disso tudo, com algumas digitadas a mais ela mostrou para Asuka.

"Shinji Ikari causou o terceiro impacto, ele tentou destruir a vida na terra."

Asuka arregalou os olhos ao escutar isso, ela prontamente se levantou e deu alguns passos para trás, sua mente se recusando a escutar isso.

"O que!? Aquele pirralho não faria isso!" Gritou a ruiva com raiva ao andar pela sala.

"Eu conhecia Shinji ele nunca faria isso!"

"Parece que não." Respondeu a loira com indiferença, ela rapidamente olhou para o lado ao ver Misato se movendo ligeiramente na cadeira, ela sabia que isso tudo não era certo, mas tinha que ser feito.

"Shinji Ikari se trancou dentro do núcleo da unidade 01, não pudemos traze-lo de volta para responder ao seus atos." Misato falou friamente, seus olhos nunca saindo de Asuka, ela podia ver que isso foi como uma bala no coração dela, o mesmo aconteceu com ela.

Asuka se sentiu morta, como se seu mundo tivesse sido destruído, ela nunca iria conseguir imaginar Shinji matando as pessoas por maldade, lentamente seus olhos caíram no computador, podia ver o intenso relatório que foi gerado com o que tinha acontecido no terceiro impacto, a luta contra o anjo, o enlouquecimento da unidade 01, até o momento em que a unidade EVA unificou as almas das pessoas, ninguém conseguiu entender porque nem todos foram pegos, somente um pequeno grupo ficou para trás.

Balançando a cabeça para os lados com alguma rapidez, a mente de Asuka não queria acreditar nas palavras impressas naquele relatório, Shinji nunca seria capaz de fazer uma coisa dessas, nunca.

"Isso é mentira... ele nunca faria uma coisa dessas."

Ritsuko soltou uma pequena nuvem de fumaça pelo nariz, lentamente ela pegou de volta o computador e o fechou, juntando todos os seus equipamentos ela falou com a sua voz fria e sem vida, assim como quase todos que estavam naquele mundo perdido.

"Acredite no que quiser, mas foi isso que aconteceu."

Asuka olhou para a falsa loira com adagas nos olhos, prontamente a espera para conseguir algum apoio de Misato, mas a mesma ficou simplesmente sentada na cadeira com braços cruzados.

"Misato? Você não acredita naquela merda, acredita?"

Assim ela esperou por uma resposta, mas somente o silencio reinou no ambiente a sua volta, nada mais que isso, essa era a resposta que Asuka tinha recebido de sua antiga guardiã, parecia que essa era a sua resposta oficial, lentamente seus olhos foram caindo na pequena mesa de metal que se encontrava no meio da sala vazia.

A ruiva ficou pensando em tudo que tinha aprendido, somente o som de Misato se levantando de sua cadeira quebrou o forte silencio que tinha reinado no ambiente, Asuka acompanhou a pessoa que antiga Misato tinha se tornado, não demorou muito para ela ficar sozinha na pequena sala, com somente seus pensamentos como companhia.


Algumas semanas depois.

Asuka ainda se sentia deprimida, ela tinha tentado descobrir o que tinha acontecido realmente naquele dia, mas parecia que todos tinham a mesma opinião, Shinji tinha despertado sua unidade, seus objetivos ainda nunca foram descobertos, mas todos queriam a sua cabeça como premio.

Apertando os braços contra o peito, Asuka ainda não tinha aceitado bem a ideia de ter perdido dois anos de sua vida, ver seu corpo mais desenvolvido tinha sido estranho ao se ver no espelho, antes ela teria algum certo orgulho com isso, mas agora nada mais parecia importar.

"Baka..." Sussurrou a ruiva deprimida em sua cama de metal, ela ainda se lembrava da sensação quando viu o mar pela primeira vez, aquele mundo vermelho e sem vida, era quase como se tivesse dentro de um pesadelo.

"Oiii..." Falou Mari com seu sorriso original, parecia que ela era a única pessoa que tinha mantido algum censo de humor, elas duas dividiam o quarto, Asuka fechou os olhos ao pensar que teria que aguentar mais das ladainhas de sua antiga colega de EVA.

Mari a olhou com pena, podendo sentir sua depressão, ela mesma tinha passado por isso, mas suas conversas com Rei sobre como ainda podia sentir a luz da alma de Shinji em algum lugar no mar, e sua própria experiência tinha lhe provado que de alguma forma era possível voltar, ela somente tinha que descobrir como.

Se aproximando da cama de Asuka, Mari lentamente cutucou as costas da ruiva a espera de alguma reação, ela queria poder contar tudo que sabia, mas tinha medo de que isso poderia causar algum problema para ela ou para Kaji.

"Princesa, conversa comigo." Falou a morena sorrindo ao cutucar ainda mais as costelas da ruiva, ela somente recebia gemidos de raiva, Mari queria que Asuka confiasse nela, isso a deixava ainda mais abalada.

Depois de alguns segundos de cutucadas, Asuka finalmente se virou e falou com a voz extremamente aborrecida, olhou para Mari com intensidade, mas parecia que nada poderia machucar aquela garota que adorava rosa.

"O que foi quatro olhos!?"

Mari colocou seu sorriso felino no rosto ao se aproximar ainda mais, ela podia ler as pessoas muito bem graças a Kaji e o IPEA, colocando algum controle na voz, ela falou com calma.

"Ainda pensando no filhote? Realmente acredita naquela merda toda?"

Asuka sentiu uma raiva dentro de seu corpo brotando, ela não queria que os outros sentissem pena dela, e isso somente a irritava ainda mais, se ajustando na pequena cama, ela falou ainda com forte intensidade.

"Isso não é problema seu!... me deixa em paz!."

Mari balançou a cabeça para os lados ao escutar isso, ela prontamente começou a falar na esperança que suas palavras alcançassem Asuka, ela tinha visto o que tinha acontecido naquele dia em especial, e com certeza não iria seguir o plano insano de Ritsuko.

"O relatório é uma mentira, Shinji nunca iria fazer isso... eu esperava que você de todas as pessoas poderiam saber melhor sobre ele."

Asuka novamente não se moveu, Mari pensou que pelo menos poderia falar mais sobre o assunto e ter alguma esperança no futuro.

"Eu espero que ele volte um dia, assim podemos conversar e acertar as coisas."

Uma risada sarcástica tomou conta do pequeno quarto, Mari olhou ao ver Asuka se movendo, novamente as duas estavam cara a cara, a morena usou todo o seu controle para conseguir se manter séria neste momento.

Ainda rindo falsamente, Asuka falou ao focar seu único olho bom em Mari, ela somente tinha os mais pesados comentários sobre Shinji em sua cabeça, martelando como um prego numa tábua de madeira.

"Acertar as coisas? Serio Mana? Acha que Shinji ou sei lá qual for seu nome voltar podemos ter alguma conversa decente? Eu não quero olhar para a cara nojenta dele mais! Olha onde ele nos deixou!"

Mari a escutou com tristeza, ela abaixou o olhar ao sentir pena de Asuka, ela queria que a verdade surgisse neste mundo, assim poderia limpar o nome de Shinji para que ele finalmente pudesse ser feliz.

Asuka vendo a falta de resposta da menina na sua frente e sentindo uma confiança em suas palavras, mesmo que seu coração sangrasse com cada silaba que saísse da sua boca, sua mente realmente não acreditava no que dizia.

"Ele me deixou para bancar o herói, aquele moleque nunca fez nada direito e olha onde deu! Deixaram um amador entrar numa das armas mais poderosas do mundo, deixaram um louco tomar conta disso tudo e o mundo se fodeu por isso... e..." Asuka parou ao sentir a emoção tomando conta de seu corpo, ela se lembrou de quando a unidade 01 destruiu seu corpo na ativação falha da unidade 03.

"Ele nem me ajudou quando eu mais precisei dele, somente destruiu meu corpo para seu mero prazer..."

Mari pensou em como poderia ajustar os pensamentos de Asuka, ela não tinha mais alternativas do que pegar pesado, lembranças de como ele ficou logo depois da traição de seu pai contra ele.

"Isso não é verdade..." Mari falou ao olhar para Asuka nos olhos, ela podia ver a confusão na ruiva crescendo com isso, prontamente ela começou a explicar antes que tudo acontecesse.

"Shinji ficou mal depois do acidente com você..." Asuka deu uma risada falsa ao escutar isso, mas Mari não parou de falar.

"Quando ele chegou em casa, Misato o encontrou bêbado na sala, ele tinha tomado quase todo o estoque de cerveja e estava destruído."

Asuka finalmente perdeu o sorriso falso e a olhou seriamente, achou estranho ver os olhos de Mari se enchendo de lagrimas ao falar sobre Shinji, isso até deixou um pequeno sentimento ruim no peito.

Sentindo que estava perdendo a batalha contra as lagrimas, lentamente Mari as deixou saírem, ela sabia que essa hora tinha chegado e pelo menos esperava não ser morta pelos outros.

"Shinji pensou que a tinha perdido, ele ficou assim por várias semanas, somente bebendo e chorando, nada mais importava, nem uma palavra de consolo nada..." Finalmente as lembranças de um certo bebê em seus braços tomaram conta de sua mente agitada, do sorriso de Yui ao lhe confiar essa tremenda responsabilidade.

Asuka vendo isso tinha acalmado um pouco seu coração, mas ver aquelas lagrimas a deixou intrigada, se ajustando na sua pequena cama, ela prontamente perguntou.

"Porque isso? Shinji não era nada para você!"

Mari começou a rir ao saber que agora não tinha mais volta, ela limpou o rosto ao olhar para Asuka nos olhos podendo finalmente se abrir de verdade.

"Meu nome não é Mana Kirishima, mas Sim Mari... Mari Makinami Ilustre... Eu sei que você provavelmente não vai acreditar, mas Shinji é meu afilhado, eu trabalhei com a mãe dele até o dia do meu acidente..." Mari começou a contar sua história sem ao menos virar os olhos, um forte peso saiu de suas costas.

"Eu trabalhei com a mãe de Shinji no projeto E, era para mim testar o núcleo da unidade 01, mas alguma coisa deu errado e eu acabei sem absorvida, não sei como ou quem foi, mas de alguma forma eu conseguiu sair..."

Asuka a olhou com calma e cautela, isso tudo estava ficando demais para ela conseguir entender, se levantou e foi na direção da morena que tinha mentido sua vida toda, ela lentamente começou a dar passos para trás, Mari a olhou como um falcão.

"Então eu tenho uma certa esperança de conseguir trazer Shinji de volta, assim como eu tinha prometido para sua mãe que iria proteger aquele menino, e se isso custar a minha vida, eu vou limpar o nome de Shinji."

"Você é louca..." Asuka sussurrou com medo no canto da sala, ela com certeza não tinha acreditado naquelas palavras, mas ao ver Mari sorrindo arrogantemente a deixou ainda mais intrigada.

"Eu sabia que não iria acreditar, você é igual a sua mãe... Kyoko sempre foi uma pessoa cética com o mundo."

Arregalando os olhos ao escutar o nome de sua mãe, Asuka claramente pegou uma caneta, qualquer coisa para usar como arma, correu em direção de Mari, ela queria arrancar aquele sorriso do rosto dessa impostora.

Se sentindo surpresa com a explosão da ruiva, Mari prontamente de um passo para trás, desviando com uma certa agilidade dos golpes.

"Asuka!" Gritou a morena ao desviar, ela podia ver a raiva nos olhos dela.

"Como sabe o nome dela!?" Gritou Asuka ao tentar acertar as laterais do corpo de Mari, mas ver os movimentos ágeis da morena a deixou ainda mais irritada, uma forte luz azul emanava de seu tapa-olho, sentindo o corpo cansado pelo esforço, Asuka lentamente foi perdendo ritmo.

Com certeza Mari não esperava por isso, ela rapidamente levantou as mãos em sinal de paz e falou com a voz mais seria possível.

"Calma! Eu posso provar para você!" Isso pareceu ser o suficiente para conseguir acalmar o tigre na sua frente.

"Você tem dez segundos..." Asuka falou ainda mantendo a caneta levantada, Mari com cautela foi indo até as suas coisas, pegando uma pequena caixa contendo uma coisa que para ela era seu bem mais precioso, lentamente ela entregou o papel para Asuka.

Olhando com cautela para o objeto, os olhos de Asuka se arregalaram com o que estava vendo, era uma foto antiga, todos pareciam ser estudantes de alguma universidade, mas não era o cenário, mas sim os rostos.

Olhando para três pessoas na foto, Asuka arregalou seus olhos ao ver Mari sorrindo ao lado de duas mulheres, uma delas pelo menos Asuka conhecia muito bem, encostando as costas na parede para não cair, ela lentamente virou o pedaço de papel, podendo ver a data e o local onde aquela foto foi tirada.

Soltando a caneta, Mari observou com choque quando Asuka encostou na parede para se recuperar, com passos lentos ela se aproximou.

"Eu não sei como, mas de alguma forma eu voltei... Então eu posso tentar fazer o mesmo com o filhote." Mari falou ao olhar para o rosto chocado de Asuka.

"Você... você conheceu minha mãe?" Asuka falou chocada ao não remover o olho da foto onde sua mãe aparecia, ela ainda queria poder entender tudo que estava acontecendo naquele lugar.

Mari sorriu ao ver que pelo menos Asuka estava considerando a ideia de ela estar falando a verdade, com um suspiro abatido ao pensar na sua falecida amiga, ela prontamente falou ao se sentar no chão.

"Sim... eu conheci a Dra. Kyoko Shikinami Langley... ela foi uma das mentes mais brilhantes que eu conheci, na faculdade ela e Yui deixavam todos os mais expertos cientistas na lixeira, eu dei sorte ao conhecer aquelas mulheres."

Asuka finalmente levantou a cabeça e encarou Mari, seus olhos ainda chocados com a revelação, tudo isso parecia real demais para ser uma mera invenção de uma garota louca, mas um nome tinha chamado sua atenção.

"Yui?"

Mari sorriu ao pensar nela, o sentimento forte voltou ao seu peito.

"Sim... a outra mulher, Yui Ikari... a mãe de Shinji."

Asuka olhou para a foto novamente, sentindo uma certa semelhança com uma certa menina de olhos vermelhos.

"Mas... é a Ayanami?"

Mari riu com isso, ela mesmo tinha suas dúvidas, quanto mais ela conhecia Rei, mas estranho isso tudo ficava, mas parecia que pelo menos uma coisa poderia sair de bem disso tudo.

"Elas são parecidas, não é? Poderia até dizer que são clones."

Asuka olhou para Mari com dúvidas, ainda querendo respostas sobre tudo isso, mas resolveu deixar isso tudo para trás.

"O que está fazendo aqui?"

Mari deu de ombros, ela prontamente começou a contar tudo, do seu despertar, do seu treinamento no IPEA, das ordens do comandante Albuquerque, dos seus momentos com Kaji e tudo mais.

"Então o comandante Albuquerque sempre desconfiou de Gendo? Pai de Shinji?" Perguntou Asuka ao se sentar na sua cama, Mari estava numa cadeira de metal na sua frente.

"Sim, mas eu nunca recebi os detalhes, somente me pediram para pegar algumas informações e ficar de olho nos pilotos, cooperar com o máximo que poderia e relatar qualquer ato suspeito de Gendo."

"Parece que falharam então." Asuka falou sarcasticamente ao olhar para a janela, ela não podia acreditar que o IPEA tinha uma estrutura assim tão grande, o suficiente para conseguir enganar o comitê da SEELE.

"Como Gendo não percebeu isso antes?"

"Sei lá, mas eu ainda tenho minha missão, agora com o IPEA e essa tal de WILLE tentando colocar ordem no mundo novamente, eu vou fazer o que eu puder para parar Gendo e trazer Shinji de volta, mas não vou conseguir fazer isso sem sua ajuda."

Mari falou com determinação ao esticar a mão para Asuka, tentando ao máximo mostrar como a coisa estava mais séria do que aparentava, com uma certa hesitação ela apertou a mão de Mari pela primeira vez.

Asuka ainda não estava se sentindo segura, mas alguma coisa na postura de Mari lhe dizia que isso tudo era verdade.

"Então... o IPEA está de alguma forma espionando a NERV, pois a ONU desconfia de Gendo?"

Mari assentiu ao ver que pelo menos a ruiva tinha escutado alguma coisa, ela se sentou novamente e falou tentando manter a voz o mais neutro possível.

"Isso não faz nenhum sentindo... Você está me dizendo que foi absorvida assim como o idiota foi?" A ruiva somente recebia os acenos de Mari confirmando a história.

"Então você é mais velha que Misato?"

Mari soltou uma risada ao escutar isso, ela tinha pensado muito sobre sua idade real, mas parecia que isso não tinha mais sentido no mundo atual.

"Não sei, assim, eu tinha dezesseis anos quando meu acidente aconteceu, acho que devo ter algo em torno de trinta e poucos anos, mas isso não me preocupa, o que importa está aqui." Terminou a morena ao apertar os seios.

Asuka balançou a cabeça ao ver isso, ela queria que o momento fosse mais sério, essas informações eram pesadas demais para serem assimiladas de forma coerente, ela rapidamente pensou em Misato e em todos, com um olhar mais aguçado, ela falou.

"Misato sabe?"

Mari rapidamente perdeu o sorriso, respirando fundo para tomar mais coragem para continuar sua conversa.

"Não, Kaji me mandou ficar em silencio, nem era para você saber."

Asuka balançou a cabeça ao escutar o nome do inspetor da NERV, mas Misato não saber iria colocar as duas em risco, isso parece ter levantando o interesse de Mari.

"Estamos no mesmo lado, somente espero que Katsuragi posso entender que nossos interesses sãos os mesmos. Temos que parar Gendo e a NERV agora."

Asuka solto um longo suspiro, ela ainda queria entender onde que a NERV tinha entrado nesta história, passando de heróis a bandidos.

"Que merda tá acontecendo? O mundo parece ter virado de cabeça para baixo."

Mari assentiu com isso, tento vivido tudo que tinha acontecido nestes dois anos que Asuka ficou fora, ela tinha muita coisa para contar.

"Sim, depois que o filhote infelizmente deu início ao terceiro impacto, a ONU e o IPEA tiveram que agir, mandaram unidades para tomar o controle da NERV, parar Gendo e todos que queriam acabar com o mundo, mas isso deu errado... muitas pessoas morreram e Gendo ficou ainda mais fortalecido."

Asuka olhou para Mari com atenção, imaginando tudo em sua cabeça, ela escutou atentamente a história, podendo ver pela mudança de postura da morena que a informação era verídica.

"A ONU queria os responsáveis pelo incidente que levou quase todas as almas do mundo, uma delas estava dentro do EVA, as outras estavam escondidas em locais onde não poderíamos ir."

"E o que tem o idiota com isso?" Asuka perguntou apreensiva ao pensar em Shinji, ela queria entender se ele tinha realmente ajudado seu pai.

"E porque não vamos lá e matamos o pai dele logo?"

Mari respirou fundo novamente.

"O filhote foi usado por seu pai, Gendo sabia que a unidade 01 iria despertar e causar seu cenário, de alguma forma ele conseguiu colocar toda a culpa em seu filho... com o tempo, a SEELE resolveu se armar com simpatizantes, pessoas de mente fraca que acreditam que podem se tornarem seres superiores, eles exploraram o fracasso das pessoas para conseguir soldados, assim como Gendo."

"A NERV é uma fortaleza agora, vigiada por soldados dele, não temos pessoal nem equipamentos para isso, a SEELE controla os poucos campos de combustíveis que sobraram, o IPEA luta em terra para conseguir livrar esses recursos, mas a coisa está meio devagar agora."

"O mundo regrediu." Asuka falou irritada ao colocar a mão no rosto.

"Sim, e agora com a NERV voltando a produzir EVAS, vamos precisar de pilotos, não podemos deixar eles controlarem tudo, sabemos que armas convencionais não podem contra um EVA."

Mari começou a explicar, ela podia ver que Asuka começou a entender o ponto dela.

"Foi aí que o IPEA ajudou a ONU a formar a WILLE, um iria lutar em terra, e outra contra os EVAS."

Asuka se sentiu abatida, saber que Misato não tinha resgatado ela porque gostava dela, mas sim porque era somente uma ferramenta.

"Misato então somente me buscou porque sou útil..."

Mari abaixou o olhar ao pensar na mulher de cabelos roxos, Misato tinha mudado muito depois do terceiro impacto, nem ela conseguiu entender.

"Depois do que aconteceu com você e Shinji, ela mudou muito, o mundo virou um lugar cruel, a ONU queria culpar todos pelo terceiro impacto, foi Misato quem conseguiu poupar a vida de alguns, mesmo com o plano insano de Ritsuko..."

"Isso não justifica... Virar um monstro nunca é opção." Asuka cortou a fala de Mari com veneno em sua voz, a morena assentia com isso.

"Por isso que estou lhe contando agora, daqui um tempo Ritsuko vai querer falar com você." Mari falou com o rosto sombrio, ela não iria cooperar com isso.

"O que aquela puta quer?" Rosnou a ruiva com raiva, ainda a ideia de ter sido resgatada para ser somente uma mera ferramenta machucou seu corpo.

"Ela vai explicar seu plano insano, ela vai vir com aquela ladainha que é a única coisa que podemos fazer para sobreviver, mas eu não concordo..." Mari falou aborrecida, logo seus olhos verdes caíram em Asuka, podendo ver a curiosidade dela crescendo com a expectativa.

"Que plano?" Perguntou a ruiva com medo da resposta, ela podia sentir que a coisa era mais séria que o normal, mesmo tendo descoberto sobre Mari e a verdade, a menina parece não ter mudado muito nestes anos, e ver essa mudança de personalidade e postura a deixou intrigada.

"Isso é entre vocês." Cortou a morena com raiva, o clima esfriou rapidamente no quarto. Com um sorriso felino no rosto, Mari falou com sua voz divertida, aproveitando o fato que agora o clima tinha esfriado no quarto.

"Sabe qual é a melhor parte de ter 'renascido' princesa?"

Asuka levantou uma sobrancelha ao escutar essas palavras, sabendo que provavelmente alguma besteira iria sair da boca de Mari.

Aproveitando o momento, a morena falou sorrindo ao abrir os braços.

"Sou virgem novamente!"

Asuka balançou a cabeça para os lados em sinal de descrença, parecia que Mari nunca iria crescer.


Tempos atuais.

Piscando para limpar a mente o melhor que podia, Asuka tinha perdido a fé nas palavras de Mari com o passar do tempo, lentamente sua mente foi se esquecendo de Shinji, de como ele poderia estar ao seu lado novamente, parecia que o mundo tinha conseguido colocar a culpa em uma pessoa e com o tempo ela foi acreditando nisso.

"Sistemas de defesa do sarcófago detectou os EVAS!"

"Não tem problema, os sistemas são antigos, serão tiros leves."

Asuka apertou ainda mais seu controle, rapidamente um sistema de alarmes acionou na sua frente, um pequeno contador de impacto se aproximava, ela se segurou quando a primeira onda de choque acertou seu corpo.

"Há!" Gritou a ruiva ao sentir a força, se virando para ficar novamente na frente do alvo, Asuka arregalou os olhos ao ver a imagem holográfica de um grande objeto indo na sua direção.

"Merda!" Gritou a ruiva ao tentar desviar, mas a densidade da água vermelha tinha atrapalhado a mobilidade de seu EVA.

Rasgando as águas numa velocidade incrível, um forte tentáculo de metal correu na direção dos invasores.

"Asuka cuidado!" Gritou Mari ao disparar sua metralhadora, ela sentiu medo quando viu quando as munições feitas para ambiente subaquático não fizeram nem um arranhão contra o pesado metal.

Sentindo um forte baque nas costas, Asuka xingou quando seu corpo começou a ser pressionado.

"QUATRO OLHOS!"

"Estou indo!" Gritou Mari ao se soltar dos cabos que a prendiam, usando toda a sua força para empurrar as pesadas aguas do caminho, lentamente ela conseguiu se aproximar, podendo ver pelos sensores que o sistema de defesa do sarcófago estava esmagando o corpo da unidade 02 como uma cobra.

Pegando sua faca, Mari rapidamente acertou a criatura, vendo ela soltar um grito agudo e soltar sua companheira de armas.

"Vocês tem aproximadamente mais três minutos de energia, sacrifiquem o EVA se for preciso, mas capturem o alvo!" A voz fria de Misato inundou o ambiente, isso somente deixou Asuka ainda mais irritada com sua antiga guardiã.

Se lançando para frente, Asuka e Mari tentaram se aproximar, mas nada parecia furar o forte bloqueio que se instalava na região.

"Quatro olhos! Vamos flanquear!" Asuka ordenou ao ver que tinha alguma bateria sobrando.

"Desculpe princesa, mas estou no final, tenho que guardar para conseguir embarcar!" Mari falou apressadamente ao acionar boias de emergência, ter usado seu campo AT para se aproximar de Asuka tinha consumido muita energia.

"Maldição!" Gritou a ruiva ao saber que estaria sozinha, ela prontamente se lançou na direção do inimigo, gritando com toda a força de seu corpo para furar a forte placa de metal.

Vendo que os golpes estavam dando danos mínimos, ela arregalou os olhos ao ver quando um dos tentáculos a segurou novamente, sentindo o desespero tomando conta de seu corpo, ela gritou ao sentir os músculos de seu EVA sendo destruídos pela grande pressão que se instalava.

"Droga! Faça alguma coisa!" Gritou a ruiva ao sentir que estaria perdida, ela somente tinha a imagem de Shinji em mente.

"BAKA-SHINJI!"

Assim como ela falou, rapidamente o chão da terra tremeu, sentindo isso pelos sensores, Asuka olhou para frente, vendo os aumentos de energia sendo liberados do sarcófago, ignorando a dor em seu corpo, uma grande rachadura se abriu no pesado metal.

Olhando com medo quando os tentáculos a soltarem e começaram desesperadamente fechar a fenda, Asuka somente observou quando a unidade 01 libertava um de seus braços e a atacar o invasor.

Esmagando seus núcleos com facilidade, Asuka somente observou quando grandes olhos vermelhos focaram nela, parecia que a morte em pessoa estava fazendo isso com os monstros que tentavam inutilmente prende-la.

Assim como tinha começado, lentamente a unidade 01 voltou ao seu estado de hibernação, com somente a unidade 02 ao seu lado, Asuka observou com os olhos arregalados o braço inerte da criatura.

"Asuka! Situação!?" A voz fria e rígida de Misato inundou o plugue de entrada, finalmente voltando ao mundo real, a ruiva sacudiu a cabeça para os lados e prontamente pegou seus controles.

"Alvos inativos e pacote seguro, acionando boias de localização." Asuka falou com a voz tremula, seus olhos nunca saindo da imagem onde estaria aqueles olhos vermelhos da morte, ela rapidamente sentiu o puxão dos fios a levando para a superfície, aquilo tudo tinha assustado muito ela, muito mais do que ela imaginava.


Vazio, um lugar onde não tinha vida, não tinha nada que era real, mas para a alma que tinha naquele lugar, isso poderia ser um paraíso. Ela não sabia quanto tempo tinha ficado ali, não sabia como tinha chegado ali, mas sabia que nunca mais poderia olhar para a realidade novamente.

Fechando os olhos ao sentir a brisa falsa batendo contra seu rosto, Yui se permitiu levar por essa pequena fantasia, pelo menos era algo real, foi assim que a realidade tinha lhe chegado, num belo dia ela acordou, sentindo novas sensações, novos movimentos, era como se alguém tivesse ativado um botão em seu corpo.

Uma confusão tomou seu rosto ao poder ver um rosto familiar, uma criança estava na sua frente, uma criança de olhos vermelhos e cabelos azuis, mas o que mais chocou a mulher mais velha foi a sua aparência, era como se um espelho tivesse sido colocado na sua frente, sentiu que tinha o controle sobre o EVA, Yui não ia permitir que fosse usado crianças numa guerra, pelo menos nisso ela teria algum controle, os velhos da SEELE não podiam tocar nela.

Assim ela deixou as coisas paradas, não permitindo que a conexão fosse feita, ela não iria permitir, sua criação não seria usada para que os planos deles desse certo, eles poderiam ter removido sua vida, mas não iriam remover sua vitória.

Depois de muito tempo ela observou, a construção da NERV, os técnicos tentando descobrir o que tinha dado errado, mas ela sabia, ela pode ver, foi assim que ela finalmente pode ver seu marido, uma coisa que ela iria se irritar todas as vezes em que visse aquele homem, o homem que tinha quebrado a promessa, o homem que tinha abandonado seu filho.

Yui ainda se lembrava da alegria de poder ver o rosto do filho depois de tanto tempo, ver o jovem crescido que ele se tornou, ela pode dar uma olhada em seus pensamentos nos momentos em que ele se conectou com a unidade 01, ela pode ver sua dor, ela pode ver seus desejos, ela pode sentir sua raiva.

Fechou os olhos ao sentir a tristeza tomando conta de seu corpo, Yui tinha sorrido um pouco ao ver que ele finalmente pode começar a ser feliz, ter encontrado uma família disfuncional para poder ser feliz, ela chegou a conhecer um pouco a família Katsuragi, Misato parecia ser uma boa mulher.

Sentiu confusão ao saber que a filha de Kyoko tinha entrado no mundo de seu filho, uma parte dela ficou orgulhosa ao saber que pelo menos um de seus sonhos tinham se concretizado, ela tinha sorrido de forma genuína ao poder sentir o beijo que Shinji deu naquela garota, ela tinha sentido o amor que fluiu pelas lembranças dele naquele dia.

Ela sentiu o seu desespero quando por um momento de fraqueza tinha deixado o controle nas mãos de seu marido, ela nunca iria se perdoar pelo que tinha feito ao seu filho, saber que tinha de alguma forma machucado seu amor e machucado a filha de sua melhor amiga foi demais para ela.

O mundo tinha perdido a cor naquele dia, ela podia sentir tudo que seu filho sentia, ela permitiu que ele tentasse pegar Gendo, Yui queria poder falar com ele para dizer o quanto estava com raiva, o quando estava decepcionada, ela sabia que Gendo sentia falta dela, mas ele cometeu um único erro, não foi nem quando ele tentou lhe clonar ao criar uma menina inocente para cumprir um terrível papel em seus planos, mas sim no dia em que abandou seu filho.

Mas pelo menos uma coisa pode sair de bom neste dia, ela finalmente pode ver Mari novamente, ela pode ver a menina parada na frente da unidade, a princípio ela sentiu estranheza, mas ela pode entender, estar dentro daquela entidade ajudou a ver o mundo com outros olhos, Mari era uma boa garota, ela iria conseguir ajudar Shinji.

Mas parecia que a felicidade não estava ao lado da família, ela pode ver quando Shinji lutou pela última vez, sua raiva, a bebida que tinha saído do controle, ele não estava bem, a ruiva e o rancor tomaram controle de seu corpo naquele dia, essa energia foi forte o suficiente para quebrar sua influência, o EVA tinha acordado, o monstro tinha acordado, nem ela poderia prever isso.

Parando o mundo dos sonhos, Yui lentamente se virou ao formalizar um mundo mais pessoal e tranquilo, sua antiga casa, o lugar onde poderia chamar de lar, era bom ter um local conhecido nesta prisão infernal, com passos lentos ela caminhou para um pequeno quarto, com olhos tristes ela observou o menino que dormia.

Se sentando no chão e removendo uma pequena mecha de cabelos do rosto de Shinji, Yui agradeceu por conseguir mantê-lo adormecido, ela não queria que ele a visse assim, ela não queria que soubesse das coisas que ela sabia.

"Tão pacifico, não é?" Uma voz masculina chamou a atenção da mulher, com um movimento rapido ela se virou e ficou de pé, sendo a primeira pessoa que ela teve contato neste mundo falso, com olhos arregalados ela o observou.

Thanato olhou para Shinji, com um sorriso triste ao poder saber o que tinha realmente acontecido do lado de fora do EVA, ele ignorou o olhar de Yui.

"Quem é você?" Perguntou a mulher mais velha.

"Eu sou a morte." Thanato respondeu com abatimento, ele rapidamente focou seus olhos na mulher que prontamente ficou impaciente, com um gesto de mão ele a tranquilizou.

"Não se preocupe senhora Ikari, não estou aqui para leva-lo, nem você, somente queria poder saber que ele estava bem..." Falou o homem ao caminhar para perto da cama, Yui ficou na sua frente protetoramente, ela sabia que os anjos poderiam ser persuasivos.

Thanato olhou para Shinji, lentamente Lilith apareceu na porta, Yui rapidamente reconheceu a menina que a tanto tempo tentou se conectar com a unidade 01.

"Eu não sou ela." Falou Lilith ao focar em Yui, poder ver sua contraparte nunca incomodou a deusa.

"O que vocês querem?" Perguntou Yui com medo da presença dos dois, ela podia sentir a presença angelical de Lilith.

"É a hora dele acordar, o mundo vai precisar dele." Thanato falou com seriedade, ele tinha pensado muito neste mundo, em como poderia ajudar, em como ele poderia voltar a ser como era.

Lilith não queria mais tentar, ela queria poder acabar com tudo, a humanidade nunca iria aprender, eles sempre iriam tentar usar seu poder para evoluírem ao divino, isso a deixava enojada.

Yui arregalou os olhos ao escutar isso, ela sabia o que iria acontecer com Shinji neste mundo, ela pode ver o que tinha acontecido no terceiro impacto, sabia que todos iriam culpar seu filho, o mundo era um lugar cruel e essa era a única forma de protege-lo.

"Não!" Falou a mulher com determinação, ela sentiu uma força tomando conta de seu corpo.

Lilith focou seus olhos na mulher, ela queria poder fazer as coisas do seu jeito, mas Thanato conseguiu lhe convencer que o mundo iria precisar desta chance, foi assim que ela impediu o terceiro impacto, permitindo que algumas almas pudessem viver no mundo vermelho, mesmo que poucos, eles teriam que provar que podiam ganhar uma chance, algo que nunca tinha acontecido antes.

Thanato olhou para Shinji novamente, com a voz mais seria que o normal, a morte falou na esperança de conseguir convencer a Lilin.

"Sra. Ikari, o mundo vai precisar de seu filho, mesmo que machuque e seja duro, somente ele pode fazer a diferença, nada pode mudar o destino que o segue."

Yui soltou uma risada amarga ao cruzar os braços.

"Dando meu filho para aqueles animais? Acha que eu não posso sentir o que eles querem? Eu não ligo para o que você acha ou para a merda de ser que você é, mas não vou permitir que meu filho sofra só para que é um Deus posso sentir seu poder."

Lilith podia entender o ponto de Yui, ela mesmo podia ver o que poderia acontecer com Shinji, mas Thanato tinha uma razão, somente Shinji poderia conseguir deter Gendo, somente ele poderia conseguir levar a paz pelo mundo, não seria reiniciando, não seria um mundo falso, mas sim pelo julgamento de um injusto, de uma pessoa que poderia conhecer a dor de perto.

"Senhora, eu posso entender seu ponto, eu sempre vi minha criação nascendo e morrendo, eu mesma pude ver essa alma em todas as linhas de tempo que tentei criar..." Lilith começou a falar ao se aproximar de Shinji, Yui a acompanhou com os olhos a todo o momento, mas sabia que não poderia fazer nada.

Lentamente a deusa tocou o rosto adormecido de Shinji, com um suspiro abatido ela falou ao se levantar novamente.

"Eu quero que ele seja feliz..."

Yui abaixou o olhar ao escutar isso, ela lentamente soltou um longo suspiro, ela podia sentir que seu filho tinha um grande futuro pela frente, mas mesmo assim, como qualquer outra mãe, ela não queria que ele sofresse.

"Mas ele será um excluído, um monstro, ninguém vai querer estar ao seu lado pelo o que aconteceu com o mundo, eu não quero que ele perca a vida..."

Completou a mulher com lagrimas nos olhos, Thanato inspirou profundamente, ele tinha visto muitas mães perderem seus filhos em seus anos de vida, mas o mundo precisava de Shinji, era a única forma.

"Eu entendo, mas ele é um menino forte... mesmo que a maioria esteja contra ele, ainda vai ter algumas pessoas que se importam, vai ter pessoas que vão estar ao seu lado nos piores momento, as pessoas que irão levantar sua cabeça... O mundo é um lugar cruel, mas pelo menos lá ele teria a chance real de ser uma pessoa feliz, não num mundo falso."

Yui escutou com atenção aquelas palavras, no fundo ela sabia que era verdade, ele não poderia dormir para sempre, um dia ele iria acordar, um dia o certo teria que ser feito.

Lilith se aproximou e falou com sua voz delicada e fina, seus olhos nunca saindo de Shinji, um sorriso abatido ao saber que a dor e sofrimento sempre iriam estar ao seu lado, mas no fim, ele iria sorrir.

"Escute o que seu coração diz senhora Ikari..."

Yui lentamente abaixou a cabeça ao ser deixada sozinha novamente, uma olhada final em seu filho confirmou sua opinião, ela queria que ele parasse de sofrer, mas não poderia ser num lugar como esse, ela não poderia deixar ele sofrer num mundo falso, num mundo longe das pessoas que ele gostava.

Sentindo uma lagrimas escorrendo pelo seu rosto, lentamente ela se aproximou de Shinji, um beijo suave e simples em sua cabeça, ela teria que confiar em seu lema de vida, qualquer lugar poderia ser o paraíso, é só ter a vontade de viver.


Shinji lentamente foi abrindo os olhos, sentindo o corpo cansado, mais cansado do que ele nunca sentiu na vida, era como se tivesse colocado uma pedra em seu peito, virando a cabeça para os lados, ele pode ver longos corredores de metal.

"Parece que ele está acordando." Uma foz feminina falou ao seu lado, ele tentou mover seus braços, mas sentiu que ambos estavam fortemente fixados na desconfortável maca de metal.

Virando os olhos cansados para cima, Shinji foi recebido pelas armas de quatro soldados, todos somente esperando a chance de por fim a sua existência.

"O que está acontecendo?" Perguntou o menino cansado.

"Pode se reconhecer?" Novamente a menina misteriosa olhou para Shinji, com um som fino ele se viu, arregalando os olhos ao se ver diferente, seu rosto parecia mais velho, mas ainda podia ser vista a semelhança.

"O que?" Perguntou o menino chocado, ele tinha a aparência de um homem de vinte anos, pouca barba em seu rosto mostrava os sinais da nova idade física dele.

"Ele pode se reconhecer, seu sistema nervoso parece em ordem..." Falou novamente a menina com indiferença.

"O que aconteceu?" Perguntou o menino ao tentar se mover novamente, ele estava ficando assustado ao saber que não poderia se mover, ele perguntou ao conseguir retomar o controle de sua voz.

"Onde está Misato!? Asuka!? Onde estão todos!?"

A menina misteriosa o olhou com nojo e apatia, ela rapidamente se virou e falou com alguém no rádio, baixo o suficiente para que ele não escutasse, tudo que ele poderia fazer era esperar.

Finalmente depois de alguns minutos ele estava livre, seus pés tocaram o chão de metal, o frio percorreu seu corpo, mas não era isso que ele olhava, mas sim os olhares de todos sobre ele.

Percorrendo cada rosto, ele podia reconhecer alguns velhos conhecidos, mas parecia que a coisa tinha mudado, todos o lançava as piores vibrações.

"O que está acontecendo?" Perguntou baixo o menino assustado, rapidamente ele sentiu uma coisa em seu pescoço, com o toque suave ele sentiu uma tira de metal apertada.

"Não mexa nisso." A menina falou novamente, se virou e olhou para o rosto da garota com dúvidas, ele queria respostas, mas parecia que nada iria conseguir isso.

Se cansando disso tudo, rapidamente ele foi perdendo a paciência.

"Onde está Misato!? Que merda é esse lugar!?"

"Ikari Shinji-kun..." Uma voz mais velha, uma foz feminina, controlada e fria, Shinji olhou para cima com um pequeno sorriso, ele iria reconhecer aquele cabelo roxo, mas tinha uma coisa errada, e novamente era no rosto.

"Senhorita Misato..." Sussurrou Shinji ao olhar para aquele rosto sem vida, mas antes dele poder falar ou fazer qualquer outra coisa, um pequeno solavanco tomou conta da sala.

"O que é isso!?" Perguntou Shinji apreensivo, rapidamente todos os olhares foram para frente, o grande placar neon vermelho mostrando alarmes de aproximação, sentindo o corpo agindo no modo automático, Shinji rapidamente se virou para Misato.

"Iniciem os sistemas! Temos que combater o mais rápido possível!" Ordenou a mulher ao ignorar completamente seu antigo protegido.

"Os sistemas ainda não foram testados, não podemos..." Hyuga começou a falar junto com outros membros.

"Ainda tem muita coisa para revisar senhora... podemos fugir como sempre fazemos." Argumentou Midori.

"Temos que conter o avanço inimigo! Preparem o sistema de voo agora!" Gritou a mulher com força, não deixando espaço para qualquer outra pessoa dizer o contrário, Shinji observou tudo com raiva, ele não estava gostando de ser ignorado.

"Misato! Não testamos o programa ainda!" Ritsuko tentou argumentar, mas Misato se mostrou impassível, ela sabia que não iria adiantar argumentar.

Olhando para frente, ele pode ver quando as imagens do lado de fora ganharam vida, ele ainda tinha muita coisa para perguntar, e ignorar o mar vermelho ficou ainda mais fácil assim.

"É um anjo do lado de fora!? Me mande!"

Assim todas as pessoas pararam de falar, todos olharam para Shinji com raiva, a menina logo atrás dele apertou as mãos ao escutar isso, mas Misato agiu de forma mais rápida, se inclinando para frente, ela prontamente removeu seus óculos escuros.

Olhando para tudo ao redor, Shinji ainda não entendeu o que estava acontecendo, ele somente sabia que tinha um inimigo do lado de fora e seu trabalho era lutar, poder se vingar de seu pai e dos anjos.

"O que estão esperando!? Onde está a unidade 01!?"

"Shinji Ikari, entenda uma coisa..." Shinji olhou para ela com medo, ela nunca tinha falado com tanta frieza antes, parecia que ele era um criminoso, mesmo que isso fosse doloroso para ela falar, seu corpo estava no modo batalha, ela infelizmente tinha perdido o controle de sua voz a muitos anos.

"Você nunca mais fará nada."

Shinji sentiu como se tivessem acertado seu peito com um soco poderoso, a forma como ela falou, o tom de sua voz, o frio de seus olhos, rapidamente o menino olhou para baixo ao sentir a tristeza tomando conta de seu corpo.

Viu a mulher que ele considerou sua família, algo em seu corpo morreu naquele dia, lentamente o ambiente a sua volta foi mudando, ele sentiu uma mão em seu braço, um leve toque de força mostrando claramente que ele não era bem-vindo ali.

"Mas que merda!" Shinji gritou ao se cansar, ele pode ver quando Misato o olhou brevemente, vendo alguns homens lhe contendo e forçando sua saída, Shinji lutou para tentar se soltar.

"O que está acontecendo!?" Tentou o menino, mas suas palavras morreram quando algo pesado acertou sua cabeça, a última coisa que ele se lembrava de ver era o olhar frio e sem vida de Misato, ela não se importou.


Acordando numa cela pequena, Shinji tocou o local onde tinha sido atingido, sentindo outra dor ainda mais forte em seu corpo, mas ela não era física, mas sim ao relembrar dos olhares que tinha recebido por todos, principalmente de Misato.

Ele pode sentir os solavancos da Wunder, a batalha do lado de fora pode ser sentida pelo menino, com um suspiro abatido ele encarou a parede de sua cela, conforme o tempo passava, tudo parou, até que ficou somente o completo silencio ao seu redor.

Não demorou para outras pessoas entrarem, todos com o mesmo olhar que antes, com um aceno para porta, o garoto se levantou, passos lentos ao sentir as armas apontadas para ele, parecia que ele tinha morrido e ido para o inferno.

"O que está acontecendo?" Sussurrou o menino ao tentar entender, a última coisa que ele sabia era a luta contra um anjo, se todos estavam vivos, eles tinham ganhado, então porque isso tudo? Essa era sua grande dúvida.

"Anda!" Ordenou o homem com força, Shinji lentamente se levantou, andando com cautela para fora, ele podia sentir os olhares que recebia das pessoas a sua volta, a maioria querendo seu fim, olhavam para ele como um conspirador, nada mais que isso.

Com o som de ar pressurizado, Shinji se viu dentro de uma grande sala, na sua frente um espelho mostrando seu próprio reflexo, uma única cadeira solitária a sua espera, o tempo sozinho parecia uma grande eternidade. Depois de alguns minutos na solidão, Shinji foi agraciado com o som vindo de trás, uma rápida espiada mostrou aquela pequena garota entrando novamente, seus olhos se encontraram, ele podia ver a pequena semelhança com seu antigo amigo, mas isso era impossível aos seus olhos.

Com um pequeno susto ele olhou para frente, o grande vidro revelando as pessoas do outro lado, eram pessoas conhecidas, Ritsuko Akagi estava sentada perto da parede, com um computador, mas ao fundo, a pessoa que mais tinha chocado Shinji, lá estava ela, parada como uma pedra, fria e sem vida, Misato estava com os braços cruzados, ele queria algumas respostas, mas resolveu ficar calado.

Com um suspiro, o som de um cigarro sendo acesso chamou a sua atenção, Ritsuko digitou alguns comandos na sua frente.

"Muito bem BM-03..." Começou a mulher a falar com indiferença, isso deixou ainda mais incomodado o menino.

"BM-03? Sou eu!" Resmungou o menino, ele pode ver que Ritsuko balançou a cabeça.

"O que está acontecendo?"

"O que você se lembra?" Perguntou a médica com indiferença, Shinji queria poder se levantar, socar a parede de vidro e gritar, mas isso não ajudaria nada, lentamente ele pensou.

"Eu me lembro de estar lutando contra o anjo, mas a bateria acabou e eu me senti leve... como se nada mais existisse, depois disso mais nada."

Ritsuko digitou algumas coisas em seu computador, o menino olhava para sua antiga guardiã e família mais próxima parada como uma pedra, sem ao menos olhar para ele.

"Alguém pode me dizer o que está acontecendo? Que negócio é esse no meu pescoço?"

"Isso é a nossa garantia..." Começou a loira a falar sem ao menos se mover, seus olhos nunca saindo do computador.

"Garantia?" Perguntou Shinji confuso, ele podia sentir que isso não era uma coisa boa.

"Sim, ela é símbolo de sua punição e desconfiança sobre você, caso suas emoções saiam do controle novamente vamos ter que terminar com sua vida, como a nova resolução mundial assinada em vinte de agosto..." Começou a falar a mulher profissionalmente, isso tudo já estava deixando Shinji ainda mais irritado.

Arregalou os olhos ao escutar essas palavras, isso foi o estopim da sua raiva, ele queria respostas, e ninguém queria revelar, se levantando e dando um pequeno soco contra a parede de vidro, Shinji gritou em busca de respostas.

"Punição! O que eu fiz!? Alguém pode me dizer que merda está acontecendo!?"

"O terceiro impacto, foi isso que você fez..." Outra voz feminina falou ao fundo, virando a cabeça e arregalando os olhos, Shinji não podia acreditar, na sua frente a pessoa que ele mais amou neste mundo, a única pessoa que pode entender como era a vida de piloto.

Asuka Shikinami estava ao lado de Misato em toda a sua gloria, ela estava mais velha, mas Shinji poderia reconhecer aquela bela mulher de longe, ela sempre foi linda aos seus olhos, e ela continuava assim.

Com um sorriso no rosto, ele falou quase à beira de lagrimas, logo mais atrás de Asuka estava Mari, ela estava genuinamente feliz por finalmente poder rever seu afilhado depois de seis anos, mas escutar Asuka falando como outros membros da tripulação foi o suficiente para matar seu humor, ela somente a olhou com raiva quando Asuka começou a caminhar para o vidro.

"Asuka!? Graças a Deus você está viva!"

Tirando as mãos do bolso e caminhando, Shinji queria poder estar do outro lado, dizer o quanto a amava, mas tinha alguma coisa no olhar dela que o incomodou, não foi o tapa-olho, mas sim a forte carranca que ela tinha.

Sentindo toda a ira tomando conta de seu corpo, Asuka olhou para os olhos de Shinji, mas tudo que ela viu foi o seu momento de inanição, o momento em que ele não fez nada para salvar sua vida, não fez nada para impedir que seu pai ativasse o sistema automático e permitisse que ele destruísse seu corpo.

Mas o que mais incomodou a ruiva, foi o fato dele ter abandonado ela nestes seis anos, ter escolhido ficar adormecido e a deixou no inferno, mas infelizmente anos de doutrinação tomaram o controle, sua visão somente via o inimigo, somente via a pessoa que colocou todos num inferno.

Fechando o punho e puxando o braço para trás, Shinji arregalou os olhos ao ver Asuka socando a pesada placa de vidro na sua frente, o golpe foi forte o suficiente para conseguir trincar o vidro blindado.

"Asuka?" Perguntou o menino chocado ao se sentar, parecia que ele era realmente odiado por todos, rapidamente a pequena explicação sobre o terceiro impacto voltou em sua mente.

"Você! Eu me descontrolei..." Resmungou a ruiva ao dar um passo para trás, ela até ignorou o olhar desaprovador de Mari lhe dava, mas agora as emoções estavam a flor da pele.

"O terceiro impacto acabou com dois terços da vida na terra, contaminou outros noventa por cento do solo e fauna animal, as consequências desse evento colocaram o mundo numa guerra novamente, agora somente nos resta lutar."

"Você será levado para a instalação da ONU, lá você será julgado pelas suas ações e receberá uma punição." Ritsuko falou com indiferença, mesmo que no fundo ela soubesse a verdade.

"Punição?" Shinji falou chocado, ele tinha perdido a paciência e começou a falar com mais força.

"Eu não causei o terceiro impacto! Eu somente estava lutando contra um maldito anjo!" Shinji falou apressadamente, ele ainda se lembrava da luta, ele nunca teria matado om mundo por egoísmo.

"Misato! Dra. Akagi! Vocês viram o que aconteceu naquele dia! Sabem que eu nunca faria algo assim!" Shinji falou desesperado, ele não queria isso, ele sabia que as pessoas iriam culpa-lo, mas tinha pessoas na Wunder que sabiam a verdade.

Misato tinha escutado isso com atenção, seu coração doendo com cada palavra que Shinji dizia, ela sabia a verdade, uma rápida olhada mostrou Ritsuko lhe advertindo com os olhos, sentiu sua mão tremendo em ansiedade, rapidamente a mulher se virou e começou a sair.

"Não tenho tempo para isso."

Assistindo a mulher saindo da sala, Mari olhou para Misato com raiva, ela queria que ela abrisse os olhos e visse o erro que cometeu, o mesmo aconteceu com Ritsuko, que parou para lhe dar um aviso.

"Na minha sala depois que isso tudo terminar, tenente Suzuhara, leve o prisioneiro de volta."

Mari somente balançou a cabeça cética com isso tudo, ela tinha ganhado uma fama de louca com as defesas que fazia a Shinji, mas ela nunca se incomodou com fofocas, ela queria a verdade, assim como Kaji.

Shinji se sentiu chocado, sentindo como se seu mundo tivesse sido destruído por uma mera fração de segundos, ele até queria poder falar com essa pessoa que tinha o nome de Toji, mas seu mundo estava destruído.

"Prisioneiro..." Sussurrou o chocado menino, rapidamente uma mão tocou seu braço.

"Tenente espere..." Mari falou ao ficar sozinha na sala, indo com passos apressados para a janela de vidro.

"Capitã Makinami, tenho ordens..." Sakura tentou argumentar, mas Mari a lançou um olhar duro para a jovem médica.

"Eu mandei esperar!" Falou Mari com mais força, forte o suficiente para conseguir parar a menina.

"Shinji? Olhe para mim..."

Se virando e olhando para sua antiga amiga, ele podia ver que ela tinha pelo menos olhos mais amigáveis, mas a dor em seu coração era forte demais. Mari percebeu isso e prontamente tentou ir direto ao ponto.

"Eu vou te ajudar, não importa o que eles falem, eu vou ajudar a trazer a verdade à tona, isso é uma promessa."

Shinji se virou e começou a caminhar, Mari ignorou o olhar de dúvida que recebeu de Sakura, lentamente a morena ficou sozinha na sala, com fortes preocupações em seu corpo, mas agora ela tinha que ter uma pequena conversa com Asuka, uma pessoa que a tinha decepcionado muito hoje.


Caminhando com passos pesados pelos longos corredores, Mari não queria saber de conversa com os olhos integrantes, de suas bajulações baratas para somente conseguir seu corpo, ela não se importava com isso, já tinha uma pessoa que conseguiu roubar seu coração.

Finalmente chegando na sala onde estava Asuka, Mari pode ver a ruiva se preparando para ir ao seu EVA, com um movimento rápido e preciso ela prontamente a puxou pelo ombro, sabendo que ela tinha poucos aliados neste mundo infernal.

Asuka não queria conversar, ela somente queria ir para seu EVA onde e sentia bem, se reencontrar com Shinji tinha sido difícil para ela, e sua reação tinha ajudado muito, sentindo uma mão em seu ombro, rapidamente ela se pegou com uma forte carranca, sabendo que isso iria acontecer eventualmente.

"Que merda você fez!?" Rosnou Mari ao confrontar Asuka, ela podia ver que a ruiva estava fugindo do assunto.

"Sabe que ele será massacrado em qualquer julgamento!" Asuka somente escutou calada a pequena explosão de Mari.

"Ei! Aqui não é uma escola! Briguem na hora de folga!" Maya reclamou ao ver a confusão, ela estava configurando o computador com o novo sistema que recebeu da Dra. Akagi, tendo mudado muito depois que o terceiro impacto aconteceu, ela mesma não era mais tão fechada e tímida, tinha ganhado um pouco de coragem para enfrentar os seus subordinados, mas ela nunca tinha esquecido o que tinha acontecido com Shinji, principalmente o plano insano de Ritsuko.

"Cuida da sua vida Ibuki!" Gritou Mari ao apontar o dedo, ela não estava com paciência para lidar com todos a sua volta, sentindo o estresse matando seu corpo por dentro.

Maya e todos os outros olharam para Mari chocados, poucos tinham visto esse outro lado de Mari, era raro ver a mulher sem um sorriso no rosto, sem uma piada fora de hora, parecia que nada poderia incomodar a morena, escutar ela explodindo assim era algo novo.

"Eu pensei que poderia esperar mais de você! Mas posso ver que você não é diferente de outras pessoas aqui! Sua mãe iria ficar decepcionada!" Terminou Mari ao se virar e sair, ignorando os olhares dos outros integrantes da Wunder.

Asuka olhou para frente ao escutar, sentiu muita raiva ao ser comparada com sua mãe, ela sabia que Mari a tinha conhecido, mas isso era demais.

"Não mencione o nome dela!" Rosnou Asuka na espera.

Parando e se virando, Mari estava irritada, ela não se incomodava com as explosões de Asuka, ela tinha que começar a mudar um pouco as coisas pela nave, as pessoas teriam que aceitar como ela tinha se tornado, uma mulher que iria defender seus pontos de vista.

"Ou o que?" Desafiou a morena ao voltar a caminhar, ela tinha muita coisa na cabeça e sabia muito bem como poderia relaxar, com uma velha amiga. Asuka foi deixada para trás com somente seus pensamentos, ela olhou em volta ao ver as pessoas cochichando sobre o que tinham visto, mas ela podia ver o olhar de Maya, ambas sabiam qual era o assunto.

"Estão olhando o que!?" Rosnou a ruiva ao partir para o vestiário improvisado para se trocar, mas sua mente não iria descansar, ela sabia muito bem disso.

"MALDIÇÃO!"


Notas do Autor: Olá pessoal Calborghete aqui, temos enfim o capítulo 27, espero que tenha sido de agrado de todos, como sempre não deixem de segui-la e salva-la em seus favoritos para não perderem mais nenhuma atualização futura.

Como podem ter visto, Mari está um pouco diferente do que eu coloquei, ela não será somente um rosto bonito que faz piadas pervertidas e comentários idiotas, espero conseguir fazer ela mais madura, é como eu imagino ela nesta história hahahah.

Por favor revisem, suas críticas (Boas ou ruins) são muito importantes para mim, vocês sabem que eu levo muito em consideração o que é dito e também me dá forças para continuar.

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