Olá pessoal, Calborghete aqui, como estão todos?

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Então agora sem mais enrolação, boa leitura.


"Diálogos"

- Pensamentos -

"Conversa via Rádio"

"Auto conversa."


Nota de Responsabilidade:

Evangelion, seus personagens e cenário são propriedade de Hideaki Anno. Qualquer marca, filmes e séries mencionados nesta Fanfic é propriedade de seus criadores.


Capítulo 35 – Sua escolha.

Quando esse dia chegou eu não sei por que, mas me senti triste, triste por saber que tinha que fazer esse trabalho com uma pessoa em especial que não queria, particularmente eu não queria.

Seus passos eram lentos, ele podia ver as pessoas andando de um lado para o outro, um dia ele iria visitar cada uma delas quando sua hora chegasse, mas esse dia não tinha chego para esses tripulantes, mas sim para um em especial, ele já tinha feito isso milhões de vezes, mas este em especial foi mais difícil que o normal.

Passando por uma pesada porta, Thanato não teve dificuldade em atravessar, logo seus olhos dourados caíram na pessoa na mesa hospitalar, ele podia ver todos tentando cuidar de seu corpo mortal, mas sua alma era outra coisa.

Lentamente seus olhos cariam em Shinji, podia ver o sangue escorrendo pelo seu olho ferido, um ferimento que somente uma lança Longinus conseguiria fazer, Lilith tinha lhe falado um pouco de como essas coisas funcionavam, mas ele nunca tinha visto na prática.

Com um suspiro ele olhou para Shinji, podendo ver os bipes que simbolizavam os batimentos de seu coração, era uma crueldade deixar um ser vivo assim, mas porque ele estava hesitando?

"Removam o plugue suit!" Sakura ordenou para seus ajudantes, não demorou para uma tesoura cortar o material leve que consistia a roupa dos pilotos, Thanato conseguiu ver os olhos focados dela quando os ferimentos das diversas lanças tinham feito no corpo de Shinji, rios de sangue percorriam seu corpo conforme as feridas ficavam visíveis.

Fechando os olhos com o que tinha visto, Thanato sentiu pena do homem na sua frente, lentamente ele olhou para o lado, podia ver a nova pessoa que tinha entrado na pequena sala hospitalar, franzindo o cenho ao reconhecer a comandante do grande navio de guerra, como todo o Deus, ele podia sentir o que as pessoas sentiam naquele momento.

Alguns sentiam medo, outros estavam felizes? Mas para Misato, ele podia sentir angustia, mesmo que sua postura não mostrasse isso, ele podia ver por trás de todas as mascaras dos mortais, mas esse não era o foco de seus pensamentos, mas sim na sua tarefa em questão.

Respirando profundamente, lentamente Thanato olhou para sua mão, com um pequeno toque ele iria acabar com todo esse sofrimento, mas porque ele estava hesitando? Porque essa dúvida? Essa era sua função, ele tinha feito isso muitas vezes, porque ele era especial?

Finalmente saindo de suas dúvidas, Thanato voltou ao sua atenção para Shinji, seus intensos olhos dourados focados no rosto do homem que a muito tempo acompanhou a vida, mas agora era a hora dele trabalhar, lentamente sua mão se aproximou de Shinji, centímetro por centímetro ele se aproximou.

"Porque eu tenho que fazer isso?" Falou Thanato ao pensar em levar Shinji, sua mão parada a poucos centímetros de seu objetivo, ele tinha que fazer isso, levar as almas era seu objetivo dado, ele tinha essa responsabilidade.

"Escolha por conta própria..." Uma voz masculina e fina falou atrás do ser, parando seu movimento e se virando, Thanato não estava habituado a conversar com as pessoas, somente um único ser conseguiu fazer isso, olhando para o lado novamente, o tempo parecia mais frio, mais lento, isso era novo.

Parado ao lado de Misato um homem sorria, ele tinha olhos vermelhos e pele pálida, assim como Lilith, mas era um homem, voltando sua mão para seu corpo, Thanato falou com desconfiança, mesmo que sua postura não mostrasse isso, lentamente seus olhos afiados puderam dar uma boa olhada na pessoa.

Sorrindo ao ver que pelo menos tinha conseguido a atenção do ser, o homem misterioso falou ao dar um passo para frente, colocando lentamente suas mãos dentro dos bolsos de sua calça preta.

"Pelo menos me escutou um pouco."

"Quem é você?" Perguntou Thanato ao se aproximar, ele não estava com medo, mas não estava tranquilo.

"Eu... eu tenho muitos nomes, mas Lilith uma vez me chamou de Adão... mas não estou aqui para falar de mim." Kaworu falou ao focar seus olhos em Shinji, perdendo o sorriso ao ver como a pessoa que assim como Lilith ele tanto se importava.

"Você se perguntou por que fazia esse trabalho... mas a resposta é incompleta, não tem uma resposta para essa pergunta, você está fazendo o que lhe foi ordenado, então..." Parou Kaworu ao olhar para Thanato novamente.

"Faça o que acha certo, o que você quer fazer."

Sentindo uma forte dúvida tomando conta de seu corpo, Thanato olhou para Shinji novamente, ele sabia que esses danos não eram recuperáveis, ele tinha que levar essa alma para o outro lado.

"O corpo dele está muito danificado para a cura, mesmo que ele viva, os ferimentos são irreversíveis, já vi muitos assim antes." Thanato respondeu ao voltar sua atenção para Shinji, podendo ver que seu corpo já muito machucado e debilitado.

Kaworu sorriu ao olhar para Shinji, sua mão passando lentamente pelo rosto de Shinji, lutando para mudar as lembranças de outras vidas que tinha vivido, piscando para limpar a mente do que conseguiu.

"Eu realmente não posso entender ela... como pode ficar reiniciando os ciclos assim? Parece que ela quer que ele sofra."

Kaworu lentamente mudou seu foco, sua postura ficando rígida com as lembranças de sua luta pela dominação com Lilith, seu forte orgulho ainda não entendendo como ele pode ter sido derrotado.

Thanato sentiu a mudança, Lilith nunca foi uma pessoa que falava seus planos, mas pelo menos com Shinji ele pode perceber que ela queria seu melhor.

"Ela quer que ele seja feliz." Respondeu o Deus ao olhar para Shinji, podendo ver o tempo passando lentamente com as pessoas a sua volta, pena que não poderiam ver sua conversa neste momento.

Kaworu riu ao escutar isso, Lilith nunca se mostrou ter algum sentimento por sua criação, ele não iria ser enganado novamente, lentamente seus olhos caíram em Thanato, lutando para conseguir as palavras certas para conseguir levar o Deus para o seu lado do tabuleiro.

"Se ela se importava tanto, onde ela estava quando ele foi traído pela sua própria espécie? Onde ela estava quando Shinji foi abandonado pelas pessoas que ele achava que o amavam?"

Thanato pensou nessas palavras, ele se perguntava muito isso, mas todos esses anos Lilith nunca tinha abandonado Shinji, ele usou todos os seus dons para manter a mente dele bem, agindo em seus sonhos para que ele pudesse ver a felicidade, mesmo que fosse falsa, ela mais desejava era a delicada vida real para ele.

Sentindo uma pequena ira tomando conta de seu corpo, Thanato não iria deixar essa coisa o fazer duvidar de sua fidelidade do ser que estava abrindo sua mente, deu uma rápida olhada para as roupas dessa pessoa, o símbolo do IPEA tinha se destacado.

"Você fala dela, mas onde você estava?"

Kaworu percebeu onde essa conversa estava indo, em todos os anos Shinji lutou para se afastar de todas as pessoas, inclusive dele, virando seu rosto para ver Misato parada logo perto da porta, ele falou com raiva.

"Eu estava tentando usar os Lilins para libertar ele."

"Já que você pode me ver e falar comigo, presumo que tenha os mesmos dons que Lilith, então onde estava? Se estava mais perto que todos poderia ter feito alguma coisa muito antes, mas esperou..." Thanato falou ao dar um passo para perto de Kaworu, seu rosto não mostrando nada além de confusão e raiva.

"Parece que você estava esperando o momento perfeito para falar comigo, esteve ao lado de Shinji durante muitos anos, mas somente agora resolveu aparecer de verdade, o que você quer com ele, na verdade?"

"Shinji vai ser feliz, mas não neste mundo Lilin... eu preciso da ajuda dele para levar a perfeição." Kaworu falou com determinação ao pensar em seu objetivo, ele precisava de Shinji vivo para finalizar o modelo Ayanami e permitir que SEELE pudesse fazer unificação.

"Eu posso lhe dar a felicidade, somente preciso de sua ajuda com isso."

"Isso não é felicidade, você não se importa com ele nem um pouco, somente quer ajudar seus mestres." Thanato falou ao olhar para Shinji novamente, sentindo um forte desejo de acabar com aquela vida, mas isso era realmente necessário, as palavras de Kaworu o deixaram intrigado.

"Não se aproxime dele." Outra voz se juntou na conversa, se virando Thanato sorriu ao ver a pessoa que começou a admirar.

"Impura..." Rosnou Kaworu ao olhar para sua maior rival, ele estava aborrecido com as palavras de Thanato, ele gostava de Shinji, mas o mundo pecaminoso feito por Lilith nunca lhe daria a felicidade, somente dor.

"Adão... o que você tenta fazer é uma mentira." Lilith falou ao encarar Kaworu.

"A instrumentalidade é real para quem acredita, Shinji pode ser feliz lá... eu posso fazê-lo feliz, você somente causa o oposto." Kaworu atacou Lilith sem dó, ele queria que o mundo dela morresse.

Não se deixando levar pelos insultos, Lilith olhou para Shinji, ela sentiu uma forte tristeza tomando conta de seu corpo, mas não iria deixar Adão ter sucesso em sua manipulação.

"Melhor um mundo de dor, onde a felicidade real pode ser alcançada... do que uma mentira." Lilith falou sem remover seus olhos de Shinji, lentamente ela olhou para Kaworu, sua aura mudando rapidamente.

"Você somente quer lhe dar uma fantasia falsa, apenas para alimentar seu forte orgulho, mas no fundo sabe que nunca vai poder conseguir o que já tem dono." Lilith falou com raiva ao dar um passo na direção de Kaworu, podendo ver que ele se intimidou com seu forte campo AT.

"O coração de Shinji-kun nunca será seu."

Kaworu queria fazer alguma coisa diante dessas duras palavras, mas ele sabia que nunca iria conseguir lutar contra Lilith sem que o ritual da instrumentalidade fosse feito com sucesso, ele tinha muito com o que evoluir.

"Nem seu... Lilith." Kaworu falou sorrindo ao desaparecer, deixando Lilith para trás na esperança que suas palavras pudessem afetar sua rival.

Olhando para onde seu rival e inimigo estava, Lilith se virou para onde Shinji estava, soltando um longo suspiro abatido ao ver o estado daquela criatura, passou seus dedos lentamente pelo rosto ferido.

"Isso eu já sabia, mas diferente de você, Shinji-kun não é um troféu para mim, eu somente quero que ele seja feliz."

Lilith se virou para sair, ela tinha muita coisa para lidar, seu coração sangrava com a visão de Shinji novamente machucado, Thanato ainda olhava para sua companheira, ele queria poder saber o que fazer numa hora como essas.

"Espere!" Gritou o Deus com dúvidas, mesmo Kaworu sendo uma pessoa estranha, suas palavras tinham um pouco de verdade, podendo ver que tinha um pouco da atenção de Lilith ele perguntou.

"O que eu faço?"

Lilith se virou e olhou para Thanato, seus olhos voltaram ao normal, nem uma emoção podia ser vista, mas ela sabia a resposta de sua pergunta.

"Isso é você quem decide, você tem a liberdade para decidir quem vive ou morre, se escolher a morte dele, somente lhe peço para me entregar sua alma para que eu possa lhe dar paz..." Lilith falou ao olhar para Thanato intensamente, ela podia ver que o Deus a escutava com determinação.

"Mas se escolher a vida, tem que estar preparado..." Dito isso, Lilith sumiu com uma forte luz, mas para Thanato isso lhe deixou ainda mais confuso, ele não podia ir contra seu objetivo, lentamente ele se virou para Shinji, com o tempo voltando ao normal, ele novamente se viu olhando para os médicos trabalhando em Shinji, mas ele tinha um trabalho a fazer.

Sua mão parou a poucos centímetros de Shinji, uma forte luta interna tomou conta de seu corpo, ele era o Deus da morte, nada diferente disso, mas as palavras de Lilith ficaram em sua mente, ele tinha aprendido muito com isso, rapidamente o Deus experimentou a ansiedade.

Respirando profundamente para se acalmar, ele sabia o que fazer, finalmente tomou sua decisão, com um movimento fino ele aproximou a mão para cabeça de Shinji, uma pequena hesitação tomou conta de seu corpo, mas ele com determinação o fez, um leve toque ele o fez, o Deus somente pensou se tinha feito a coisa certa.


Escuridão, era somente isso que Shinji podia ver e sentir quando abriu fracamente os olhos, ele ainda podia jurar que podia ver aquelas unidades Mark 12 parados ao seu redor, bestas prateadas, com somente olhos vermelhos vindo diretamente do inferno, mas isso não era o mais importante, mas sim ele saber que sido derrotado.

Flashs de memorias.

Lanças.

Dor.

Medo.

Desespero.

"Recue Shinji!" A voz de Misato invadiu seus pensamentos, ele realmente queria recuar, mas a batalha não tinha permitido isso, rapidamente seus olhos voltaram a realidade, ele se sentia fraco, machucado, com dor, mas parecia estar em outro mundo.

Virando a cabeça para o lado, Shinji tentou focalizar onde estava, mas somente via o nada, fechando os olhos ao começar a sentir o corpo novamente, ele estava com medo.

Flashs de memorias.

Lanças.

Dor.

Medo.

Desespero.

"Ah!" Rosnou o homem ao sentir novamente a dor de seu corpo sendo massacrado pelo inimigo, rapidamente ele levou suas mãos para o abdômen, seus olhos fechados com as lembranças que estavam voltando com força para seu sistema.

Flashs de memorias.

Lanças.

Dor.

Medo.

Desespero.

"Há!" Gritou novamente Shinji ao colocar a mão sobre os olhos, sentindo quando seu rosto foi rasgado quando a lança perfurou seu crânio, ele podia sentir a forte agonia de sua cabeça sendo atravessada pela arma inimiga.

"Maldição!" Rosnou o homem ao rolar para o lado em forte agonia, sua respiração começando a acelerar conforme ele mais se lembrava de como a luta tinha acontecido.

Flashs de memorias.

Lanças.

Dor.

Medo.

Desespero.

"HÁ!" Finalmente perdendo a luta contra a dor, Shinji não teve medo em gritar, ele não sentiu vergonha por isso, a dor era forte demais para suportar, ele podia sentir que alguma coisa estava errada, ele já tinha sido ferido antes, mas essa experiência tinha sido completamente nova.

"O que está acontecendo?" Perguntou o homem para o nada, finalmente conseguindo abrir um pouco seus olhos, estava difícil de poder visualizar alguma coisa no nada onde se encontrava.

Finalmente conseguindo focar alguma coisa, Shinji lutou contra a dor, ele lentamente se levantou e cambaleou, sentindo cada golpe que seu corpo recebeu na batalha.

"Droga!" Gritou o homem ao cair no chão novamente, levando a mão para o joelho e chorando de dor, como se sua perna tivesse sido arrancada de seu corpo.

"Droga..." Shinji olhou para os lados novamente, ele queria poder saber onde estava, que tipo de lugar era esse, mas nada vinha em mente.

"Olá." Uma voz falou com Shinji, lentamente o homem se virou procurando seu dono, mas somente via as trevas, como num passe de magica, o mundo a sua volta começou a ganhar força, um pequeno apartamento, vazio, mas familiar de alguma forma, Shinji olhou para tudo confuso.

"Finalmente estamos em casa!" Uma garota de óculos entrou alegremente na casa, Shinji rapidamente a reconheceu, Mari alegremente segurava algumas bagagens... ela parecia um pouco mais jovem, mas continuava Mari.

"Ainda não posso acreditar que ela conheceu mesmo minha mãe." Shinji falou nostálgico ao ver Mari entrando na casa, mas seus olhos se fixaram em uma pessoa.

Entrando no ambiente, Yui Ikari segurava um pequeno pacote em seus braços, um pequeno Shinji dormindo ao entrar pela primeira vez em sua casa, isso lhe deu um sorriso no rosto.

"Mãe."

Thanato olhou para a cena toda, ele tinha visto isso ao vivo no momento da história, isso deixou Lilith muito feliz, mas ele não se importou com nada, somente olhou para as lembranças de Shinji.

"O nosso filhote é lindo demais!" Mari falou quase gritando ao segurar a pequena mão de Shinji, ela nunca iria mudar.

"Calma Makinami-san, deixe Yui descansar um pouco, porque não volta amanhã?" Gendo falou naturalmente ao se preocupar com Yui, rapidamente o ambiente mudou na lembrança, Shinji olhou para seu pai com raiva, assim como olharia para fezes de cachorro no seu jardim.

"Ele fez parte de sua história, você querendo ou não." Thanato falou ao reconhecer a emoção, mas isso não pareceu importante para Shinji.

"Esse homem acabou com minha vida!" Rosnou Shinji ao olhar para Gendo, seu corpo querendo matar, mas ele sabia que isso era impossível.

Yui ao escutar isso, rapidamente lançou um olhar mortal para seu marido, se virando e falando para Mari que ainda estava sorridente com a chegada de Shinji.

"Pare com isso querido, ela tem o direito de conhecer seu afilhado."

"Mas..." Tentou Gendo, mas o olhar mortal que recebeu de sua esposa foi o suficiente para calar sua boca.

"Quem é o filhote mais lindo desse mundo?" Falou Mari com uma voz infantil, ela queria pega-lo no colo, mas sabia que esse era um momento entre mãe e filho.

"Não vejo a hora de ele conhecer a Kyoko e sua filha, aposto que Asuka vai amar ele logo de primeira."

Shinji olhou para Mari ao escutar o nome de sua amada, Thanato sorriu ao escutar isso, lembranças poderiam salvar a vida dele.

Rapidamente ao som de vento, Shinji sentiu uma onda de ar frio percorrendo seu corpo, se viu em um parquinho para crianças, ao seu lado um Shinji um pouco mais velho ao lado de sua mãe.

"Ele é idiota?" Uma garotinha ruiva falou com desdém ao olhar para ele, o homem mais velho riu ao saber que essa com certeza era Asuka, uma lagrima solitária escorreu pelo seu rosto ao ver toda a cena, ele tímido não querendo causar a ira de uma demônio ruivo.

"Ela sempre foi pavio curto."

"Ainda é pelo o que posso entender." Thanato falou divertido, mas nunca se deixando levar pelos momentos que tinha assistido, logo o som de duas crianças brincando ao fundo inundou o ambiente, Shinji olhou para as duas mulheres que discutiam alguma coisa, mas seus olhos nunca saindo de Yui, sua mãe.

Novamente o mundo começou a mudar novamente, não demorou para ele se ver novamente na casa de seus tios, a tristeza tomava conta de seu corpo todas as vezes em que pensou nisso, a tristeza de seu abandono, o momento em que seu pai tinha lhe largado como lixo.

"Ele nunca gostou de mim, meu pai sempre me odiou."

"Mas isso não é o resumo de sua vida, somente uma parte." Thanato respondeu ao se concentrar em outra lembrança, já sabendo que isso era uma realidade, nunca em seu mundo ele tinha visto uma emoção real.

Shinji não teve problemas em reconhecer o novo local, foi aqui que ele viu pela primeira vez a unidade 01, mas antes de poder fazer ou falar qualquer outra coisa, uma onda de dor atingiu seu corpo, sentindo como se estivesse a ponto de morrer Shinji lutou para conseguir respirar.

Rugindo de dor ao se levantar, ele reconheceu a enorme cabeça da unidade 01, já sabendo sobre seu passado, o menino abaixou os olhos ao saber que sua mãe tinha morrido para dar vida ao monstro.

"Mesmo sabendo seu real proposito, continua sendo impressionante." Thanato falou ao se aproximar de Shinji, finalmente deixando as coisas um pouco mais claras para o homem confuso ao seu lado.

Shinji colocou a mão no peito para conseguir se mover com mais liberdade, ele ainda podia sentir as fortes dores em seu corpo devido aos seus ferimentos, mas ele queria algumas respostas, pois já estava acostumado com a dor.

Finalmente perdendo a paciência com esse show todo, Shinji se virou para Thanato e falou com a voz irritada, ele não precisava saber como tinha sido sua vida pacata, ele queria algumas respostas.

"O que você quer!? Porque estou aqui!?" Perguntou o homem com raiva.

Thanato não se intimidou com isso, ele já tinha feito isso muitas vezes, mas nunca neste nível de interação, novamente seus olhos caíram na cabeça da unidade 01, com uma voz séria ele falou com calma.

"Aqui é sua jornada... estamos vendo sua vida."

Shinji perdeu qualquer expressão no rosto, ele se sentiu ainda mais confuso, essas memorias eram mais reais que simples sonhos, lentamente ele começou a se sentir com medo do que estava acontecendo.

"O que?" Perguntou o homem confuso, mas antes de poder falar ou fazer qualquer outra coisa, o som das portas se abrindo chamou sua atenção, seus olhos se arregalaram ao ver três pessoas entrando na grande piscina de LCL, assim como tinha sido a quatorze anos atrás, ele pode se ver andando ao lado de Misato, rapidamente ele sentiu uma forte tristeza tomando conta de seu corpo ao olhar para sua antiga guardiã, a pessoa que tinha lhe dado um lar.

Thanato pareceu perceber essa emoção, ele mesmo tinha visto em primeira mão como Shinji tinha sido consumido pela dor e sentimento de traição, pena que não poderia fazer muita coisa antes.

Num momento rápido, Shinji sentiu seus olhos ardendo quando o ambiente modificou, agora era o seu antigo lá, com somente o som de Misato tomando banho e ele limpando a bagunça, ele nunca reclamou disso, não demorou para ambos estarem conversando alguma coisa enquanto comiam o jantar, ele queria poder rever aquele sorriso jovial que ela tinha no passado, pena que somente deu valor para isso depois que tudo foi perdido.

"Porque está fazendo isso?" Perguntou Shinji abatido com as lembranças que o dilaceravam por dentro.

"Isso não sou eu, é somente sua alma me mostrando os pontos mais felizes de sua vida, parece que isso era o seu lugar seguro." Thanato respondeu sorrindo ao sentir a emoção do lugar, um apartamento simples, mas as pessoas que viviam ali eram felizes.

"Me desculpe Misato." Shinji falou abatido ao ver a mulher novamente em toda a sua gloria, lentamente sua cabeça se abaixou e ele se perdeu em outras melhorias.

"Ikari-kun, não se preocupe com a luta, eu vou te proteger." Uma memoria de Rei falou com Shinji quando ambos finalmente puderam conversar um pouco na NERV, Shinji olhou para cima ao saber que essa garota levava o rosto de sua mãe, a única família de sangue que tinha ficado neste mundo esquecido por Deus.

"Ayanami, esse nome é engraçado... era o nome de solteiro de sua mãe."

"Eu sei, por isso eu o adotei... Ikari é como uma maldição para mim." Shinji falou ao olhar para Rei, o que ele pensava dela? A muitos anos ele se condicionou a ver essa garota como sua irmã, ela realmente merece esse titulo, uma família tinha que se proteger, ele sabia que sempre tinha ficado de olho em como estava a saúde de Rei quando estava no IPEA, o comandante Albuquerque sempre lhe deu essas informações.

"Rei é uma boa pessoa, mesmo tendo vindo ao mundo para o proposito de meu pai, ela sempre mereceu ter uma própria vida, por saber quem ela é, saber o que é e procurar pela própria felicidade... mas meu pai a tratou como uma mera boneca."

Shinji novamente falou com raiva, Thanato olhou para o homem ao seu lado, assentindo com o que sabia sobre o mundo de Rei Ayanami.

"Mas você a ajudou... agora ela está evoluindo bem, tem pessoas ao seu lado que estão lhe danado apoio."

"Apoio?" Shinji falou com raiva, ele sabia dos casos de discriminação que a sua irmã tinha sofrido nestes anos em que passou servindo na Wunder, ele queria poder fazer alguma coisa, leva-la para o IPEA era uma opção.

"Eles a tratam como uma aberração! Como isso pode ser uma coisa boa!?"

"Algumas pessoas fazem isso." Thanato falou com calma e determinação. "Mas ela ainda tem pessoas que a ajudam, a protegem... isso tem que ser visto, Rei não está sozinha na Wunder, e nem você."

Shinji novamente sentiu seu mundo sendo destruído, seus olhos focando no chão ao começar a sentir que as lembranças começaram a se mover novamente.

Thanato olhou para Shinji novamente, sentindo um pouco de tristeza com o que se passava na cabeça do garoto naquele momento, ele queria que Shinji pudesse ver e aprender alguma coisa com essas lembranças.

"Olá filhote, me chamo Mana Kirishima, vamos ser colegas de EVA." Mari falou sorridente como sempre ao se aproximar de Shinji, isso rendeu um pequeno sorriso no rosto do garoto, ele nem imaginava naquela época que essa garota era a mesma Mari que cuidou dele no passado.

"É realmente estranho..." Thanato falou ao olhar para Mari, ele se lembrava quando Lilith pegou sua alma e a transportou para um novo corpo, essa foi a primeira vez que ele mudou o destino das pessoas, mesmo que não entendendo muito isso no passado.

"Olhar para um rosto que deveria estar morto, que não pertence a esse mundo, as coisas mudam, não é?"

"Sim... é realmente estranho, mas... sei lá." Shinji falou abatido ao pensar em sua vida, em como tinha sido o choque quando conheceu o passado de Rei, a pobre garota tinha sido fabricada para o proposito infernal de seu pai, mais uma pobre alma que ele iria descartar ao seu mero prazer.

Lentamente Shinji sentiu o clima mudando, sentindo um calor subindo em seu peito com as lembranças que o rondavam, era como se seu corpo estivesse reagindo com o que estava acontecendo ao seu redor, finalmente olhando para frente ao ver quando a imagem de Asuka se formou, no dia em que ele se reencontrou com ela.

Sorrindo levemente com essa imagem, ali estava Asuka em toda a sua gloria, uma garota que nasceu para liderar, uma garota que nasceu para brilhar diferente dele.

"Asuka..." Uma pequena palavra saiu da boca de Shinji, ele olhava para ela com tristeza e abatimento, Thanato sabia o que se passava na mente de Shinji neste momento, não demorou para que pequenas linhas de lagrimas escorressem pelo seu rosto.

"Posso beijar você de novo?" A voz de Shinji inundou as lembranças, ele observou quando os dois deram seu primeiro beijo, quando os dois finalmente se abriram um para o outro, quando os dois tiveram um pouco de paz.

"Eu não fiz nada."

Shinji não abriu os olhos, pois sabia o que estava sendo mostrado, foi o dia em que ele não conseguiu salvá-la, ele não conseguiu salvar a pessoa que tinha lhe dado mais valor neste mundo, mas para Thanato , ele podia ver claramente, assim como foi naquele dia fatídico.

"Não foi sua culpa."

Shinji ainda olhava para baixo, o som da luta entre a unidade 01 e a unidade 03 tomando sua mente com força, era como reviver aquele maldito momento.

"Eu deveria ter tentado mais."

Thanato olhou para Shinji, ele podia sentir a dor em seu coração, não demorou para ventos começarem a mudar a paisagem novamente, a cor vermelha começou a tomar mais forma até que os portões de Gulf estivessem visíveis.

Shinji olhou para cima ao ver o dia em que acabou com a vida de todos na terra, esse dia foi o fim de sua vida, nada poderia mudar isso, foi o dia em que ele perdeu tudo, mas somente seu corpo ficou para trás.

"Eu não queria nada disso... somente queria salvá-las."

"Eu sei que não." Thanato olhou para Shinji com calma e compaixão, ele tinha visto com o coração as piores pessoas no mundo, ele sabia como era o desejo real de destruir o mundo, causar a dor, Shinji não tinha isso.

"Mas eu estava lá, eu fui o gatilho para isso acontecer." Falou o garoto ao encarar a lembrança daquele dia em especial, fechando os olhos ao saber como foi sentir o desejo de desaparecer.

"Eu estava tão triste por ter perdido Asuka, eu somente queria que a dor fosse embora, somente isso, eu queria sumir."

"A morte nunca é a solução para a dor Shinji, queremos matar a dor, nunca nós mesmos." Falou Thanato ficando estranhamente abatido.

"Isso nunca vai mudar, minha dor nunca será vencida, eu somente tenho uma coisa para fazer... eu somente posso parar meu pai e impedir que ele consiga o que quer." Shinji falou ao se sentar no chão, olhando para os portões de Gulf em sua fase final, não demorou para tudo ficar negro, assim como o mundo.

Um longo silencio reinou no ambiente, Shinji ficou olhando para o chão agora sem vida.

"Eu ainda fico pensando no dia do julgamento, quando me condenaram a morte... eu gritei falando que não foi minha culpa, mas... no fundo eu não vejo como isso poderia ser diferente, eu mereço morrer pelo o que fiz."

Se sentando ao lado do garoto, Thanato pensou em suas palavras com cuidado, ele queria poder falar a melhor frase para um momento como esse, mas nada vinha em especial, ambos não perceberam, mas Lilith estava observando tudo com atenção.

"Você está somente fugindo." Finalmente o Deus falou, ele esperou uma reação de Shinji, mas nada tinha vindo.

Shinji escutou isso, tinha muito tempo para pensar a respeito.

"E dai se eu quiser fugir? Que mal tem isso?"

"Não podemos fugir para sempre, uma hora temos que enfrentar nossos demônios, aqui ou lá." Thanato falou ao encarar o horizonte.

"Não sei como." Shinji falou abatido ao pensar em tudo que tinha feito, nas brigar na cadeia, nas mortes dos simpatizantes, em tudo que reinava ao seu lado.

"Tem que dar uma chance ao seu coração, as pessoas que realmente se importam com você vão sempre estar ao seu lado." Thanato falou com um sorriso ao olhar para Shinji, usando seus dons para ver sua alma e sentir se tinha funcionado, mas ele não sentiu nada.

"Não sei, as pessoas agora me odeiam." Shinji falou abatido ao pensar em Asuka, Misato e todos dentro da Wunder, sempre podendo sentir os olhares que recebia, era por isso que ele nunca saia do seu quarto, enfrentar aqueles rostos era difícil.

"Nem todos garoto, nem todos." Thanato falou pensativo ao pensar em tudo que tinha visto, uma rápida olhada em seu relógio mostrou que o tempo estava se esgotando, rapidamente seu corpo se moveu, olhou para Shinji com um olhar sério.

"Agora é a hora."

"Que hora?" Perguntou Shinji confuso e abatido.

"Agora é hora da escolha." Falou o Deus ao se levantar, se virando e fazendo uma coisa que nunca tinha feita antes, dando uma escolha.

Shinji sabia o que isso representava, ele sabia que a luta deve ter sido bem ruim.

"Eu estou morto, não estou?"

"Infelizmente... mas isso pode mudar, mas a escolha é sua e somente sua." Thanato olhou para longe novamente, no fundo ele queria que Shinji fizesse a escolha certa.

"De que adianta voltar, se não se pode se sentir vivo." Shinji falou abatido ao ponderar tudo, ele rapidamente esperou por uma resposta filosófica de Thanato, mas ele somente recebeu os seus intensos olhos amarelos, claramente mostrando que estava esperando pela sua resposta.

"Pense bem garoto, isso não tem mais volta."

Shinji abaixou o olhar para o chão, mesmo não vendo nada ele pensou em sua vida, nas palavras que tinha escutado, no que tinha revisto em sua mente destruída, nos sentimentos que ele achou que estavam mortos, isso não era uma coisa fácil.

Flash de rosto.

Sorriso de Misato.

Palavras de Mari.

Determinação de Rei.

Beijo de Asuka.

Thanato sentiu isso quando olhou para Shinji, ele sabia o quando o menino sofria, mas tinha que ser feito alguma coisa para que ele mudasse, lentamente ele falou sua ultimas palavras para o homem, a hora estava chegando.

"Não posso lhe prometer que não terá dor, não posso prometer que será fácil, mas a vida nunca é uma coisa fácil... temos que enfrentar os males que aparecem com coragem para sabermos que quando finalmente morremos, morreremos sabendo que fizemos tudo que podíamos."

Shinji levantou a cabeça para cima, olhando para sua mão, sentindo que tinha encontrado a resposta para aquela primeira pergunta, com uma respirada final ele se levantou, lutando contra a dor que assolou seu corpo, mas ele tinha que falar.

Thanato o olhou com calma e atenção, somente na espera de sua resposta, seus olhos focaram em Shinji sem ao menos piscar, com atenção ele escutou.

"Eu tomei minha decisão."


Passos pesados ecoavam pelos longos corredores da Wunder, para pessoas comuns, esse era mais um dia de trabalho, muitas coisas para serem consertadas, fofocas para serem ditas, mas para duas mulheres, isso estava sendo um dia difícil.

"Sai da frente!" Asuka rosnou ao empurrar um dos tripulantes, ela ignorou os xingamentos, os olhares que estava recebendo, ela somente queria ir para o hospital.

O mesmo acontecia com Mari, seu rosto mostrando sua angustia com a imagem mental de Shinji sendo removido do que sobrou do plugue de entrada de seu EVA, ela queria saber se ele estava vivo, saber se estava bem, mas alguma coisa em sua mente dizia o contrario.

Finalmente depois de segundos de forte agonia, ambas puderam ver as portas brancas do setor hospitalar da Wunder, mas antes de entrarem, Asuka parou de correr. Mari olhou para o lado com um olhar confuso e ansioso no rosto, ela queria poder saber o motivo.

Olhando para suas mãos, Asuka pode ver a sua ansiedade, o tremor em seu corpo mostrava isso, ela odiava se sentir assim, ela odiava sentir essa angustia, o medo da perda, o medo da solidão, mas agora estava diferente.

Mari pode ver esse sentimento em Asuka, ela mesma sabia como era esse medo, parecia que realmente o mundo estava querendo a tristeza, querendo que as lagrimas reinassem num mundo sem felicidade, ela queria saber sobre Shinji, mas tinha que ajudar Asuka.

"Ele vai melhorar... ele vai superar essa."

Asuka levantou a cabeça e olhou para o rosto de Mari, podendo ver que a morena estava tentando lhe ajudar, mas mesmo aqueles olhos felizes e alegres o tempo todo, agora estava com medo, assim como ela.

"Eu... eu não sei Mari, ele estava muito machucado..." Asuka falou ao começar a sentir sua voz falhando, mais uma sensação que ela odiava, ela odiava chorar, odiava se sentir fraca, era por isso que ela se afastava das pessoas, a dor de perdê-las era forte demais.

Colocando as mãos nos ombros de Asuka, Mari falou com pressa, ela queria poder entrar no lugar onde Shinji estava, mas agora ela tinha que ajudar Asuka.

"Não vamos pensar nisso! Sakura vai salvar ele... ela vai." Mari falou com a voz distante e profunda, sua mente focada em seus próprios pecados, em seus próprios medos.

Assentindo com o pensamento, Asuka olhou para a porta agora fechada, ela sabia que o pesadelo iria continuar quando finalmente atravessasse aquela porta, uma coisa tão simples, mas porque seus pés não se moviam? Porque seu corpo estava travado no lugar? Ela era Asuka, a melhor piloto de EVA que o mundo já viu, a melhor em tudo que existe, porque ela estava com medo?

No fundo ela sabia a resposta, ela sabia que era Shinji o motivo, essa foi a mesma sensação que sentiu quando ela pensou que ele tinha morrido, a mesma sensação de medo e pavor, a sensação de impotência assolava seu corpo com o esse pensamento, porque estava pior? Ela sabia o motivo, ela podia ver e isso era o que mais a assustava.

Mari respirou profundamente, ela sabia o que Asuka estava sentindo, tendo sentido isso há muitos anos, a perda de Yui tinha machucado sua alma profundamente, mas agora era diferente.

"Ele vai sair dessa..." Falou a morena com tristeza ao pensar em sua amiga, fechando os olhos para tentar controlar a emoção que a muito tempo estava lutando pelo controle.

Ambas olharam para si mesmas, com cada uma delas em seu mundo pessoal, com seus medos, mas não poderiam ficar ali para sempre, ambas tinham mais uma luta para vencer, com um passo lento e hesitante, Mari tomou a iniciativa para abrir a porta branca.

Asuka finalmente saiu de seu mundo pessoal, podendo ver quando a realidade a acertou, assim como Mari ela entrou, ela podia ver as pessoas andando ajudando os feridos, mas tinha um em especial que estava recebendo mais atenção em especial, seu coração acelerou ao ver.

Assim como sua colega de quarto, Mari finalmente sentiu uma lagrima escorrendo pelo seu rosto, ela podia ver os diversos médicos trabalhando em Shinji, cada palavra que ela não conseguia repetir, cada sentimento que ela não conseguia controlar.

Assim como os outros, Misato estava parada na parede, seus olhos focados fortemente em Shinji deitado naquela cama, seu corpo tremendo por estar novamente vendo essas cenas, seu antigo protegido estava em uma cama de hospital, agora era a hora da verdade.

Mari olhou para o lado, podia ver Misato olhando para todos os médicos trabalhando em Shinji, o som dos apitos tocando mostrando seu coração batendo fracamente, rapidamente ela levou as mãos para o rosto ao ver o estado que Shinji se encontrava.

Lentamente Asuka parou a poucos metros de distancia, ela podia ver o sangue escorrendo de seu corpo, manchando o chão branco com um vermelho vivo, essa era um situação critica, seu corpo reagindo com essa emoção que nem sabia que poderia ser possível.

Lentamente os bipes começaram a diminuir de ritmo, Asuka podia sentir o momento, ela podia sentir que as coisas estavam ficando cada vez mais criticas para Shinji, ela era um soldado, ela tinha visto isso acontecer muitas vezes em campos de batalha, mas porque agora era diferente? O que ele tinha de tão especial que poderia mexer com seus sentimentos assim? No fundo ela sabia o motivo, ela podia sentir seu coração lhe dando essa resposta, não importa quantas vezes ela tentasse dizer contra, não importasse como, ela sabia a resposta.

"Estamos perdendo ele!" Sakura gritou ao pressionar a ferida em seu peito, rapidamente uma seringa foi colocada no local, ela arregalou os olhos ao ver que isso tinha ajudado um pouco, menos do que ela esperava.

"Apliquem mais sangue! Tragam mais unidades!" Uma outra pessoa falou apressadamente, rapidamente os demais médicos e enfermeiros começaram a trabalhar, mas as coisas estavam ficando cada vez mais criticas.

"Vamos Shinji!" Sakura olhava para os monitores, somente rezando para que as intervenções pudessem fazer os devidos efeitos, mas as coisas estavam graves.

Asuka olhava para tudo como uma estátua, sua mente gritando para sair correndo e se trancar em seu quarto, tentar fazer com que o medo fosse embora, tentar fazer com que o mundo voltasse a ser um local onde somente lutar era sua preocupação.

Mari estava com lagrimas escorrendo pelo seu rosto, a cada movimento dos médicos, a cada bip das maquinas, ela somente rezou, não importava para qual divindade, ela somente gritou por ajuda. Entrando lentamente no pequeno hospital, uma certa garota de olhos vermelhos se sentiu paralisada, ela não sabia como lidar com essa preocupação.

Andando com passos lentos e leves, Rei pode identificar as pessoas que estavam observando tudo, ela pode ver a mudança na postura de Misato, ela podia ver as mãos de Asuka tremendo, ela podia sentir a angustia de Mari.

"Temos que parar essa hemorragia!" Sakura falou ao pegar alguns instrumentos médicos, prontamente começando o trabalho mais difícil de sua vida.

Misato apertou as mãos com sentir o peso da culpa, ela olhava para Sakura tentando parar o sangue que fluía dos ferimentos de Shinji, ela sabia que isso era uma situação bem grave, mas porque isso tinha que ter acontecido com ele? Virando a cabeça para o lado, ela pode ver Rei se aproximando dela, um pouco mais longe tinha Mari e Asuka, quem ela era para colocar a vida dessas pessoas em perigo? Por que ela continua a fazer isso com todos ao seu redor? Porque ela aceitou que Shinji voltasse para a Wunder como piloto?

Levando a mão para o rosto e limpando o suor que escorria de seu rosto, Misato lutou para não desabar ali mesmo, ela queria desesperadamente o controle que sempre estava acostumada a ter, ela queria que Kaji estivesse ao seu lado para lhe dar as respostas, mas ele estava na vila.

Finalmente se aproximando do pequeno grupo e ainda com o pequeno episódio do beijo em seu quarto, Rei não sabia como se sentir com relação a tudo isso, ela tentou buscar mais informações sobre o que tinha acontecido, mas as pessoas que poderiam ajudar não estavam disponíveis, isso foi um pouco frustrante.

Mari tinha escutado isso tudo, mas seus olhos estavam focados nas pessoas na sua frente, perdendo completamente Rei se aproximando de Misato, rapidamente uma pequena mão pousou em seu ombro, virando o rosto para ver quem era, seus olhos se arregalaram quando percebeu.

Sentindo como se todos os seus pecados voltaram, Mari tentou se controlar, mas nada vinha em mente, rapidamente ela se lançou e pegou Rei em um forte abraço, falando em seu pescoço com a voz um mostrando todo o seu desespero.

"Azul! Azul! Por favor, me fala que ele vai ficar bem!... Por favor!?"

Rei olhou para toda a loucura médica na sua frente, ela podia sentir o fraco campo AT de Shinji, ela podia sentir tudo isso, mas não tinha as respostas que Mari tanto queria, não podia dar as pequenas palavras que poderia aliviar o clima de todas as pessoas naquela pequena sala.

Finalmente pensando a respeito, ela queria poder fazer alguma coisa, mas o que? Ela podia sentir Mari a segurando com força, finalmente ela pensou em uma coisa, uma coisa que somente acontecia nos livros que ela lia, não entendendo o conceito de mentira e como isso poderia ser uma coisa benéfica para mundo, ela simplesmente falou.

"Ele... ele vai ficar bem."

Mari sabia que isso era uma mentira, mas porque essas palavras vindas de Rei tinha o efeito desejado? Porque ela se sentiu mais calma? Isso realmente não parecia mais importante, ela somente fechou os olhos e deixou a pequena calma tomar conta de seu corpo.

Asuka virou a cabeça para o lado e pode ver Mari segurando Rei com força, ela não negou que se sentiu um pouco enciumada com isso, ter alguém para lhe dar conforto, ter alguém para escutá-la quando está triste ou irritada, essa solidão tomou conta de seu corpo.

Todas as meninas não sabiam quanto tempo ficaram na enfermaria, elas não se importaram com os olhares que receberam, Misato não se importou com a Wunder, ela sabia que Ritsuko poderia lidar muito bem com as coisas por um tempo, ela somente queria alguma noticia de Shinji.

Asuka estava parada na parede, seus olhos fechados na esperança de lhe dar algum conforto, mas isso se mostrou inútil, Mari estava ao lado de Rei, ela queria poder conversar, dizer sinto muito por tê-la beijado sem avisar, mas parecia que isso não era importante em momentos como esse.

Finalmente saindo da pequena sala, Sakura com um expressão extremamente cansada e pensativa sentiu um pouco de confusão ao ver todas as pessoas do alto escalão na enfermaria, mas estava cansada demais para falar ou fazer alguma coisa.

Lentamente ela se aproximou do pequeno grupo, ela pode ver que Mari foi a primeira a demonstrar interesse na condição de Shinji, seus olhos puderam ver quando Asuka olhou para ela com forte expectativa, mesmo que a mesma tentou esconder isso.

Misato lentamente olhou para sua subordinada, ela queria poder saber como tinha sido tudo, ter um pequeno conforto com o jovem que tinha dado um lar, nessas horas que tinham passado, ela pensou que tinha que conversar com Shinji, ela tinha que vê-lo e explicar porque tinha abandonado ele no momento mais critico.

"Então!?" Mari perguntou ansiosa, suas mãos tremiam com a tensão que pegou seu corpo.

Sakura lentamente removeu sua mascara médica, pensando em como poderia dar a noticia da forma mais calma possível, nem ela acreditou no que tinha acontecido.

"Ele está estável agora..." Dito isso, ela pode ver como todos na sala soltaram o ar, com cada uma das mulheres mostrando de sua força seu alivio, mas infelizmente as noticias ainda não terminaram.

"Mas sua situação é bem delicada, não temos os melhores equipamentos para tratar os seus ferimentos, conseguimos parar o sangramento, mas... ele vai precisar de mais sangue e nosso estoque para o seu tipo acabou, somente vamos poder recuperar assim que chegarmos na vila 03... o problema é que precisamos disso agora."

Sakura começou a explicar a situação de Shinji para todos, ela podia ver que pelo menos uma parte da luta tinha sido vencida, agora a recuperação era uma coisa mais delicada, somente iria depender de Shinji agora.

"O tipo sanguíneo dele é O negativo... não temos mais."

"Droga." Mari falou pensativa, ela estava pronta para dar seu sangue, mas a seu sangue não era compatível com Shinji, o mesmo acontecia com Misato e Rei e com certeza não teríamos tripulantes dispostos a aceitar ajudar Shinji.

Asuka fechou os olhos ao pensar nisso, ela sabia que o seu sangue era compatível, mas e sua contaminação angelical poderia causar algum problema para Shinji? Akagi tinha sido bem clara que isso era uma possibilidade, mas alguma coisa em seu corpo dizia para fazer isso.

"Eu faço, meu sangue é o mesmo do pirralho... eu faço!" Asuka falou ao olhar para Sakura, Mari prontamente teve uma pequena sombra de um sorriso em seu rosto.

Sakura sabia da condição de Asuka, ela tinha suas ordens, mas agora não era a hora para pensar muito, com uma assentida ela começou a se virar.

"Venha comigo capitã!"

Asuka prontamente seguiu a médica de perto, deixando o pequeno grupo para trás, não demorou para ela entrar numa pequena sala, seu corpo travou ao ver Shinji deitado na cama, com os pequeno e fracos bipes mostrando seu coração batendo, os tubos enfiados em sua boca lhe dando um pouco de oxigênio, a imagem a fez sentir seu estomago revirar, o que ele deve ter sentido quando aquelas bestas o dilaceraram? Será que as pessoas na ponte de comando poderiam ter evitado isso? Será que as pessoas não demoraram propositalmente somente para lhe causar dor?

Lentamente suas mãos se fecharam fortemente, com suas juntas doendo com a raiva que despertou em seu corpo, mas rapidamente isso foi bloqueado por Sakura.

"Pode se sentar aqui..." Sakura falou cansada ao preparar os equipamentos, ela somente queria o melhor para seu paciente. Sem pressa ela esperou pela Asuka, ela podia ver o olhar chocado que tinha no rosto da ruiva, não podendo culpa-la, Shinji estar vivo era um verdadeiro milagre.

Asuka nem se importou com a picada em seu braço, ela somente olhou para Shinji, vendo seu peito subindo e descendo lentamente, sentia os olhos ardendo com a visão, ela queria que ele melhorasse, muita coisa tinha acontecido entre eles para terminar assim.

"Essa maquina irá mostrar quanto de sangue seu corpo passou para ele, não podemos remover demais senão colocamos sua saúde em risco..." Começou a explicar Sakura ao configurar seu equipamento, mas Asuka a cortou rapidamente.

"Eu sei como funciona doutora!" Rosnou a ruiva com raiva, ela somente queria poder se vingar de Gendo e sua corja da SEELE, no fundo ela não queria ser assim, mas a raiva estava dominando seu corpo.

"Ok..." Sakura falou cansada ao apertar alguns botões, lentamente o pequeno tubo transparente mudou de cor, mostrando quando o sangue de Asuka passava pelo caminho até chegar em Shinji, ambas as mulheres olharam para o pequeno processo que poderia dar a vida a Shinji, elas somente esperam que não fosse tarde.

"Ela irá apitar quando terminar, eu volto para desconectar tudo." Sakura falou profissionalmente ao olhar para Asuka, mas a ruiva nem se importou em ouvir, ela somente encarou Shinji deitado na cama como se mais nada importasse, com uma assentida final ela se virou e saiu.

Asuka finalmente olhou para os lados, se vendo sozinha com somente o som das maquinas funcionando ao seu redor, fechou seus olhos e engoliu o conteúdo de sua boca, ela queria que tivesse chegado mais rápido no momento da luta, ela poderia ter impedido o que aconteceu com Shinji.

"Maldição." Sussurrou a ruiva ao se xingar mentalmente por ter falhado, finalmente se acalmando o suficiente, Asuka observou Shinji na cama, não sabendo o que mais poderia fazer para ajudar, ela olhou para o pequeno cano de plástico que levava o seu sangue para Shinji.

O silencio reinou na pequena sala, Asuka observou uma coisa, lentamente ela olhou para a mão de Shinji, lembranças inundando sua mente agitada e preocupada, dos bons tempos no apartamento de Misato, das caricias quando os dois estavam bem.

Agindo por instinto, Asuka lentamente segurou a mão de Shinji, sentindo o pequeno calor de seu corpo inundando sua palma, ela respirou profundamente ao pensar na sua vida, não se importando com mais nada, afinal de contas ela estava sozinha, sem ter que se preocupar com sua imagem, com mais nada.

Com uma pequena determinação, ela se abaixou e encostou a cabeça na cama de Shinji, com os olhos fechados ela sussurrou.

"Não ouse morrer agora... entendeu pirralho?"


Finalmente de volta em seus aposentos, Misato se sentou em sua cadeira, sua mente nublada com tudo que tinha acontecido, ela olhou para as toneladas de papeis que teria que analisar, eles tinham perdido um EVA nessa guerra e voltaram a ficar em desvantagem, mesmo nunca tendo ficado em vantagem.

CAMPAINHA

Com um suspiro cansado, Misato lentamente se aproximou de sua porta, ela queria ficar sozinha, mas tinha que atender, poderia ser uma emergência, finalmente se aproximou e a abriu.

Com o som de vento, ela observou com um olhar neutro para as pessoas que chamavam sua atenção, vendo Ritsuko para ao lado de Maya, ambas tinham um olhar cansado no rosto.

Vendo sua amiga, Ritsuko se virou para sua protegida e amante, em suas mãos tinha um tablet pessoal, com algumas de suas funções para serem cumpridas, mas ela tinha que checar algumas coisas com Misato antes de prosseguir.

"Maya, poderia cuidar da manutenção de Ayanami?"

Olhando para a mulher que amava e admirava, Maya sorriu antes de assentir para as duas antes de se virar e sair, deixando as duas sozinhas. Ritsuko sorriu um pouco ao ver sua protegida saindo, ela sabia que tinha dado muitas responsabilidades para a pequena mulher.

"Dia de merda, não é?" Falou a falsa loira ao entrar e se sentar na cadeira vazia, em suas mãos um pequeno cigarro parcialmente fumado e na outra uma pequena bolsa.

"Sim... Sakura falou que ele está estável... mas ainda critico." Misato respondeu abatida ao remover o quepe e os óculos de sol, deixando a mascara de lado um pouco.

"Eu estava lendo o relatório preliminar... ele teve sorte." Ritsuko falou com calma ao abrir seu tablet particular, na sua frente um pequeno alerta mostrando que a manutenção de Rei estava chegando, mas Maya iria cuidar disso.

"Sorte não foi... Sakura falou que foi um milagre, que seus ferimentos eram mais que fatais, os outros médicos falaram alguma coisa sobre presença de espíritos." Misato rebateu ao sentir um forte desejo de tomar uma bebida.

"Eu não acredito em fantasmas." Disse a médica ao abrir a bolsa, removendo dois copos de vidro e uma garrafa.

Misato não queria beber, mas ela tinha que acalmar de alguma forma, lentamente ela observou Ritsuko derramar o licor de arroz em um dos copos, com um movimento lento ela pegou um dos copos, dando um pequeno gole.

"Está fraco e diluído em água e um pouco de limão... então deve ser bem suave." Ritsuko falou rindo ao tomar um gole.

"Melhor que nada." Misato falou ao olhar para o corpo, ambos tomaram algumas doses antes de voltarem a conversar.

"Em poucos dias vamos estar na vila, vamos reabastecer e voltar à luta." Misato falou com a voz profunda, ela tinha seus próprios planos.

"Temos muita coisa para carregar, pode levar um dia inteiro." Respondeu a médica já pensando na papelada.

"Vamos... vamos esticar isso para uns quatro dias ou uma semana." Misato falou ao terminar de tomar o copo.

"O comando não vai gostar disso." Falou rindo a médica.

"Eles podem vir e lutar sozinhos, a tripulação precisa de um tempo, eu preciso de um tempo." Misato falou ao olhar para o chão, vendo seu casado jogado em um canto, com um suspiro abatido ela pensou.

"Estou pensando em deixar Shinji na vila."

"Porque pensa nisso? Não é porque ele não tem mais EVAS que não pode ser útil na Wunder, ele é um bom soldado e temos a cooperação com o IPEA." Explicou a médica ao fumar.

"Albuquerque não liga para isso, ele somente queria deixar Shinji em um lugar onde a NERV não poderia pega-lo, aquele homem poderia ter feito mais para impedir que Shinji viesse para a Wunder, mas deixou isso acontecer."

Misato explicou ao tomar outra dose da bebida, sua mente pensando no garoto que lutava na enfermaria.

"Albuquerque é um homem estranho." Akagi falou na tentativa de fazer humor.

Novamente um silêncio tomou conta do quarto, Misato lentamente olhou para Ritsuko ao pensar na sua vida e em Shinji.

"Eu quero que ele fique na vila pelo bem dele, dá para ver que estar na Wunder está matando Shinji, ele não quer saber de mais nada, não me escuta nas batalhas, a tripulação o quer morto... avida dele está em risco aqui, na vila seus antigos colegas de escola estão lá, eles podem ajuda-lo melhor que nós." Disse a mulher com forte tristeza, ela queria poder ajudar Shinji pelos velhos tempos, mas parecia que o dano entre eles eram irreversível.

Ritsuko pensou nessas palavras, não querendo mais ela concordava com Misato, Shinji na Wunder era um risco para ele e para todos, infelizmente não tinha como forçar uma situação que não podia ser feita, ela somente pensou se tinha como realizar o pedido de Misato com relação ao atracamento na vila 03 por tanto tempo, mas isso seria uma coisa que somente o tempo iria resolver.


Escotilha externa - Wunder

Mari soltou o ar de seus pulmões ao colocar a mão sobre o rosto, lentamente ela fechou os olhos e pensou em tudo que tinha acontecido, o medo e as preocupações tomando conta de seu corpo.

Sentindo o vento suave empurrando seus cabelos para longe, ela queria que isso tudo acabasse.

"Droga." Resmungou a garota com os olhos fechados, sua mente gritando que tinha decepcionado Yui, mais uma vez ela não conseguiu defender o seu afilhado.

Rei olhou para Mari, ela podia sentir pelo campo AT que as coisas estavam ruins, ela queria respostas pelo beijo que recebeu em seu quarto, mas sabia que não era o melhor momento para fazer essas perguntas, alguma coisa em seu corpo gritou para conseguir encontrar uma solução para as emoções de Mari, mas nada vinha em sua mente.

Finalmente pensando no que tinha aprendido nestes últimos dias, Rei se lembrou das últimas horas, onde tinha mentido para melhorar o ambiente ao seu redor.

"Sabe o que mais me machuca, azul?" Mari começou a falar ainda com os olhos fechados, ela lentamente olhou para Rei na sua frente, ela podia ver claramente os olhos de Yui naquele belo rosto, ela sabia que Rei era uma pessoa diferente, mas ambas carregavam o mesmo rosto.

Despertando o seu interesse, Rei prontamente focou seus olhos em Mari, somente a espera das palavras de sua amiga. A morena lentamente pensou no que falaria, ela sabia que tinha que colocar algumas coisas para fora, seu emocional necessitava disso.

"Saber que estou sendo incapaz de ajudar ele, saber que não consigo manter Shinji seguro... sabe que eu decepcionei ela." Mari falou com emoção em sua voz, fazendo todo o esforço para se manter firme.

Rei sabia quem era essa pessoa que Mari falava, ela se perguntava se poderia usar sua aparência para ajudar, mas ela não era Yui Ikari, ela era Rei Ayanami.

Mari finalmente se controlou o suficiente para falar com mais calma, lentamente ela olhou para frente e viu os olhos de Rei focados nela com determinação e calma, ela podia sentir que estava confundindo as coisas, que Rei nunca seria Yui.

"Me desculpe... eu... eu... sei lá."

Rei abaixou os olhos ao pensar nisso, ela sentia que tinha que falar alguma coisa para melhorar seu relacionamento com Mari, muita coisa tinha acontecido entre as duas.

"Não é sua culpa... eu posso sentir que você se culpa."

Mari olhou para Rei com calma, lutando para entender o que ela queria dizer com tudo isso, no fundo ela sabia que isso não iria ajudar muito, mas com calma ela escutou tudo atentamente.

Rei sentiu que deveria continuar, prontamente começou a falar o que vinha em sua mente, ela queria ajudar e tentou ao máximo fazer isso.

"Eu não tive a oportunidade de conhecer minha original, mas pelo o que eu aprendi nestes anos, é que você nunca teria deixado ela desapontada..."

Mari sentiu as emoções se agitando novamente, ela queria poder contrariar, dizer para Rei parar de se menosprezar por sua forma de criação, mas suas emoções estavam em forte conflito neste momento.

"Pare com isso azul, você é você."

Rei tinha um pequeno sorriso no rosto, um sorriso que nem ela pode perceber que nasceu, Mari sempre a valorizou por quem ela era, nunca e importando com sua origem, no fundo ela sentiu que deveria continuar.

"Nestes anos eu pude ver que você lutou para conseguir ajudar Shinji, que você realmente nunca desistiu dele... e isso é uma coisa louvável." Terminou de falar a garota de olhos vermelhos.

Mari virou a cabeça para Rei e a observou, nem uma sombra de raiva ou mentira em seu rosto pálido e angelical, ela podia ver que a mulher ao seu lado falava a verdade, isso aqueceu seu coração machucado.

"Acha isso mesmo? Que Yui iria sentir orgulho de mim?"

Rei pensou na sua resposta com cuidado, ela queria poder perguntar diretamente para essa mulher em especial, a mãe de Shinji, a sua original, ela nunca teve uma mãe para saber como elas agem, mas pelos livros que lia e conversas que escutava sabia que elas protegiam seus filhos e somente confiavam em pessoas próximas para fazer esse trabalho por elas.

No fundo ela percebeu uma força em sua mente, era como se uma pessoa falasse com ela, não tinha voz ou rosto, era somente uma energia que a Wunder soltava em tempos em tempos, mas parecia que as palavras se formavam em sua cabeça.

"Tenho certeza que sim."

Mari sentiu as lagrimas escorrendo pelo seu rosto, rapidamente ela as limpou e olhou para o horizonte ao fundo, o som dos motores da Wunder navegando pelos céus era a única coisa que inundava o ar.

Finalmente se controlando o suficiente para encarar Rei novamente, Mari falou sorrindo ao limpar o rosto.

"De onde vem todas essas palavras bonitas?"

Rei virou a cabeça de forma confusa, não entendendo a razão dessa pergunta de Mari.

"Não entendo. Somente leio e observo."

Mari riu da ingenuidade de Rei, ela sempre gostou dessa inocência que a aquela mulher tinha, isso somente a deixou com mais culpa pelo o que tinha feito dias anteriores, elas teriam que ter uma conversa logo, mas agora não era a hora.

"Vamos azul, estou com fome e tenho certeza que você também."

Mari falou sorrindo ao segurar a mão de Rei e a arrastar para dentro da Wunder novamente, ela não percebeu, mas esse pequeno contato físico despertou um sorriso no rosto de Rei, ambas correram para dentro.


Vila de refugiados 03

Sentado na pequena sala de rádio, Kensuke observava o horizonte vermelho ao ver a barreira que segurava os andarilhos e a contaminação angelical de destruir o seu pequeno pedaço do paraíso, em suas mãos tinha o comunicado da Wunder de sua chegada.

"Parece que teremos que pedir para Toji preparar uma cama no hospital."

"Como assim?" Falou Kaji ao se aproximar, em suas mãos tinha algumas frutas que tinham sido recém-cultivadas.

"Parece que um ferido será transferido para o nosso hospital, eles acreditam que podemos fazer melhor."

"Engraçado." Falou Kaji ao olhar o recado, mas ele sabia muito bem quem era esse paciente, Mari tinha lhe contado muita coisa desde a chegada de Shinji, ele sabia que tinha manter segredo para a segurança de todos.

"A Wunder tem os melhores equipamentos disponíveis, o que aqui faria diferente?"

"Sei lá... talvez queiram abrir espaço." Kensuke falou ao desligar o rádio velho, sorrindo ao ver que tinha conseguido concertar a coisa velha.

"Pelo menos poderei conversar um pouco com ele e com Misato, faz muito tempo." Pensou Kaji com calma ao olhar para o horizonte, uma pequena ansiedade tomando conta de seu corpo sabendo que agora iria ser com ele.

"Ken... Temos que nos preparar... mãos a obra."

"Você é o chefe da vila, se vira." Kensuke falou rindo ao pegar sua jaqueta.

"E você é o vice, cala a boca e vamos trabalhar." Kaji falou rindo passar pelo homem que era seu braço direito no comando da vila 3, mas sua mente começou a se preparar para o momento da chegada da Wunder, ele queria poder falar com Shinji, com Misato, poder ajudar de alguma forma, ele tinha ficado muito tempo no escuro, agora era sua vez de ajudar.


Notas do Autor: Olá pessoal Calborghete aqui, temos enfim o capítulo 35, espero que tenha sido de agrado de todos, como sempre não deixem de segui-la e salva-la em seus favoritos para não perderem mais nenhuma atualização futura.

Por favor revisem, suas críticas (Boas ou ruins) são muito importantes para mim, vocês sabem que eu levo muito em consideração o que é dito e também me dá forças para continuar.

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