Uma estranha dica

Elizabeth tentou abrir os olhos, mas não conseguiu. Eles estavam terrivelmente pesados. Ela sentiu a cabeça pesada e um calor terrível. Aos poucos ela começava a despertar, ainda com os olhos fechados. Ouvia vozes ao seu redor. Cochichos, vozes que gritavam, conversas. Sentia sua cabeça rodar com tantas informações.

Ela ficou mais um tempo deitada, e finalmente conseguiu abrir seus olhos. A luz forte a cegava, mas aos poucos conseguia enxergar as pessoas que passavam por ela. Estava deitada no meio do mercado municipal, próximo ao porto. Mas o que fazia lá?

As idéias começaram a se organizar e então ela se lembrou! O sonho, Will em perigo, um cheiro forte e aquele navio. Tinham drogado ela.

"Malditos piratas!"- ela pensou irritada.

Agora, o que importava era achar um jeito de salvar o Will. Ela sentia que ele ainda estava vivo, mas onde? Ela não fazia idéia.

Levantou-se, limpou rapidamente as vestes e voltou para casa. Não queria dar bandeira do que planejava, então tomou seu pequeno-almoço normalmente. Ao chegar em seu quarto, pegou uma pequena bolsa de couro e jogou dentro a pistola, um cantil de água, o resto da refeição e algumas moedas de ouro. Vestiu as calças e uma camisa. Ela os guardava num canto do armário. Desejava sempre poder vesti-las novamente, mas não numa ocasião como essa. Colocou um vestido dos mais simples por cima. Olhou a volta se esquecera algo. Achou um pequeno punhal. Pensou por uns instantes e por fim, amarrou-o com um tecido à perna.

-Estou pronta. - ela disse decidida.

O problema agora era como ela ia encontrá-lo. Fazendo-se de inocente dama, Elizabeth passeou por entre os barcos procurando alguma dica, mas não conseguiu nada. Parou num bar próximo, o mesmo que Will costumava freqüentar. Quem sabe alguém lá soubesse algo... Mas nada. Só o que ela conseguiu foram homens perguntando o preço de seus serviços (e esses levaram um tapa na cara de resposta).

Sentou-se numa mesa desolada e pediu uma dose de rum. Virou a dose de uma só vez.

-Você devia ir devagar, menina...

Elizabeth virou-se pra responder e uma senhora sentou-se do seu lado.

-Problemas?- ela perguntou amavelmente.

-Nada que te interesse!- respondeu Elizabeth, surpresa com a rispidez de suas palavras-Me desculpe... – Ela encarou os olhos profundos da senhora e de repente, desatou falar-Meu noivo foi seqüestrado noite passada. Eu tentei protege-lo, mas me drogaram. Acordei hoje no meio do mercado municipal. Me arrumei e saí procurando por qualquer pista de onde ele está, mas não consegui nada. E aqui estou eu bebendo rum e contando minha vida para você.

A senhora sorriu.

-Não se preocupe. Você vai achá-lo. - e vendo que ela não disse mais nada, completou-Talvez você esteja procurando da forma errada... Ele lhe contou algo?

-Não.

-Então não há dúvida que foi seqüestrado... Vamos repassar...

Elizabeth revirou os olhos, mas a senhora pareceu não se importar.

-Seu noivo pode estar em qualquer canto do mundo (o que não é pouco) e você não tem idéia de onde seja. Você está disposta a largar tudo para procurá-lo. Isso é o que você mais deseja...

Aquelas palavras pareceram acordar algo dentro de Elizabeth. O que mais deseja... O que ela mais desejava era encontrar o Will. Claro. O que mais poderia auxiliá-la? Algo que mostra o que você mais deseja...

-A bússola... –ela sussurrou, mais pra si que pra qualquer outra pessoa.

-Muito bem. Está vendo como é simples?- disse a senhora sorrindo-Agora só tem que achar a bússola...

-E cria-se mais um problema... A bússola é de Jack e ele não daria (nem emprestaria) a ninguém.

-Talvez... Se você pedisse com jeito... –a senhora disse marotamente.

Elizabeth fixou o olhar na garrafa de rum, pensativa. Sparrow não emprestaria a bússola... Mas aquela era a única saída. A não ser que ela roubasse... Mas bem, ele era o maior pirata daqueles mares. Sem contar que ela não fazia idéia de onde ele estava...

-Mas como...

Ela disse levantando o olhar, mas a senhora não estava mais lá.

-Ótimo! - ela disse irritada.

Ela arrumaria um jeito de encontrar Sparrow e salvar Will.

Pagou pela dose e saiu andando, levando a garrafa com o resto do rum na mão.

Sim, definitivamente, ela era uma pirata...

Bem, agradeço a todos os comentários. O próximo capítulo já ta pronto, e deve vir logo logo. Não vou falar muito pois to sem tempo.

Bjinhus,

Rose B. Sparrow

15.08.06