"Eu só vou te deixar em casa e depois parar na delegacia, antes de voltar para a reserva", a voz de Charlie era urgente e ele dirigia no limite de velocidade, pela estrada que levava à Forks.

Meu coração não havia parado de bater rápido nem por um instante, um milhão de coisas passaram pela minha cabeça ao mesmo tempo. Eu me perguntava se aquele uivo significava que Victoria estava por perto ou pior, que tivesse acontecido com um dos lobos. Além de tudo aquilo, Charlie não ajudou de nada, entrando em modo policial e querendo ir caçar os lobos que estavam 'ameaçando a paz da reserva'.

"Pai, você não precisa ir. Você ouviu Jacob, Sam e os outros irão lidar com isso", eu tentei convencê-lo, mas ele apenas balançou a cabeça, me dispensando.

"Eu sei que o pessoal da reserva considera eles os protetores de La Push, mas isso não é coisa para se deixar nas mãos de alguns garotos sem qualquer tipo de treinamento." Discutiu, com a voz dura. "Alguém pode acabar se machucando."

Eu encarei o seu rosto, procurando alguma coisa que eu pudesse dizer para que ele mudasse de ideia.

"Você pode acabar machucado, pai! Por favor, sera que poderia não se envolver, pelo menos dessa vez? Eu não gosto do jeito que aqueles uivos soaram." Implorei e ele tirou os olhos da estrada por um instante para olhar para mim.

Sua mão alcançou a minha e a segurou com firmeza, tentando de alguma forma me confortar.

"Não precisa se preocupar comigo, Bells. Isso é apenas um dia no escritório para mim, nada com que eu já não tenha lidado antes." Charlie tentou sorrir, mas seu rosto estava sério demais para fazer com que aquilo trouxesse qualquer conforto.

Achei que eu teria uma síncope, incapaz de achar palavras que o impedissem de voltar para a reserva. A simples possibilidade de Victória estar lá, e de Charlie acabar no meio da briga me fazia ficar enjoada.

Eu precisava avisar Jacob, ou qualquer outro membro do bando, o mais rápido possível sobre os planos de Charlie, mas não tinha a menor ideia de como faria aquilo. Talvez Jacob tivesse entendido a deixa quando Charlie disse que cuidaria daquilo antes de me apressar para dentro do carro. Eu me sentia de mãos atadas.

Quando a viatura parou em frente à nossa casa, eu segurei a mão de Charlie novamente, com mais força, não querendo que ele saísse do meu lado.

"Pai, por favor..." pedi, mais uma vez.

"Vai ficar tudo bem, Bells. Eu prometo." disse ele, olhando no fundo dos meus olhos e cobrindo minhas mãos com a sua. A próxima coisa que eu vi foi a sua viatura dando meia volta e voltando pelo caminho de onde viemos.

Eu entrei em casa, trancando a porta atrás de mim logo em seguida, e me sentindo mais sozinha do que nunca. Minhas mãos tremiam quando peguei o telefone do gancho e disquei o número da casa de Billy.

Estava no terceiro toque quando ouvi batidas na porta. Meu coração saltou em meu peito, porém eu não hesitei ao colocar o telefone de volta no gancho, e abrir a porta da frente.

"Você abre a porta para qualquer um, sem nem ver quem é?" Perguntou Jacob, seus ombros - sem camisa - estavam curvados, seus braços tremiam, e tinha uma expressão sombria em seu rosto, que não combinava com o tom leve da sua provocação.

"A pessoa de quem tenho medo, não teria batido", minha voz saiu trêmula. Antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, me joguei em seus braços; meu corpo parecia implorar pelo conforto do seu calor.

Victória estava rondando por aí, e Charlie decidira começar a caçar os lobos na mesma floresta em que ela fora vista diversas vezes.

"O que aconteceu? Alguém se machucou? A Victória-" Minha voz ficou presa na minha garganta, me impedindo de terminar a frase.

"Não, não foi a Victória desta vez." Suspirou, apertando os braços ao meu redor. "Seth Clearwater se transformou."

Minha mente voltou-se para Seth Clearwater e, imediatamente, lembrei de como ele estava quente quando o abracei mais cedo. Seus olhos fundos, tendo que passar por aquela situação enquanto tão jovem, e logo após perder o pai. Eu me arrependi de não ter dito nada para Jake, ou até mesmo Sam, sobre a estranha temperatura do garoto.

"Leah também, não é?" Questionei, lembrando das roupas que a mesma vestia durante o funeral e sua cara de nojo, que ainda estava gravada em minha memória. Ele assentiu, com uma expressão conflitante no rosto.

"Eu pensei que apenas homens se transformassem." Inteirei após alguns segundos.

"Todos pensamos." Concordou, fechando a porta atrás de nós, e me puxando até o sofá da sala, onde se sentou, ainda comigo nos braços. "Por isso é tão estranho. O Seth também não é algo que esperávamos. Mas pelo menos ele já estava longe dos humanos, quando aconteceu"

Meus olhos arregalaram, e eu me endireitei rapidamente, saindo dos seus braços. Humanos. Charlie.

"Jake, Charlie está indo pra La Push." Exclamei, uma nova urgência na minha voz. "Ele ouviu os uivos e inventou que precisa ir atrás dos lobos, para proteger a cidade! Eu estava justamente ligando para o Billy quando você chegou..."

"Bella, relaxa. Sam vai se oferecer para ajudar na 'caça' e vai guiá-los para longe." Jacob fez uma careta, "Não é o ideal, já que ele está com as mãos cheias entre os Clearwater e a sanguessuga, mas nós damos conta das rondas sem ele."

"É tudo minha culpa." Resmunguei, me afundando de volta em seus braços, morrendo de vergonha. "Se não fosse por mim, Victória não estaria rondando a reserva, e os quileutes não estariam se transformando." Expliquei. "Eu me meti nessa confusão, e estou arrastando todos para o fundo do poço comigo."

Jacob bufou, fazendo pouco caso das minhas palavras.

"Não é sua culpa que a assassina psicopata está atrás de você, Bella," sua voz beirava a zombaria. "É culpa do cordeiro ser caçado pelo leão?"

Eu considerei suas palavras por alguns segundos. "Touché", disse por fim, não querendo estender ainda mais o assunto. Ele me apertou mais forte em seu abraço, e ficamos em silêncio por alguns segundos.

Pensei em Seth e em quão tristes seus olhos estavam, pela manhã. Era difícil imaginar que um garoto tão pequeno teria se transformado em um lobo em questão de minutos. Lembrei de Jacob contando que os primeiros dias foram os mais difíceis, e eu me peguei me preocupando ainda mais com Seth, que teve que enfrentar aquilo com apenas quinze anos de idade, durante o enterro do seu próprio pai.

"Você acha que Seth vai ficar bem?" Eu perguntei, genuinamente preocupada. "Ele passou por tanta coisa hoje."

"Sim, ele vai. A conexão que ele tem com o bando vai ajudá-lo a passar pelo momento difícil. Somos realmente como lobos, neste sentido. A alcatéia é uma família, e todos estarão lá por ele", explicou, acariciando meus cabelos. "Sem contar que ele ficou mais do que animado em saber que também pode se transformar em um lobo, assim como sua irmã. Para ele, não há nada mais legal do que isso."

"Eu pensei que nenhum de vocês gostasse disso." Levantei o rosto, encontrando seus olhos fechados e sua cabeça apoiada no sofá, confortavelmente.

"Na verdade a maioria gosta. Mas acho que Seth passa dos limites." Murmurou ele, desta vez mais lentamente, e eu sorri com o modo que seu rosto parecia quase infantil daquele jeito.

Prestando mais atenção, eu observei suas olheiras. Eu não ficaria surpresa em saber que aquele dia do penhasco havia sido o último em que ele teve algumas horas decentes de sono.

"Jake, você está se sentindo bem? Quando foi a última vez que dormiu?" Questionei, preocupada. Ele resmungou.

"Não sei bem. Andei preocupado demais nos últimos dias." Seus olhos se abriram, e ele me lançou um olhar acusatório. "Isso sim, é sua culpa."

Escondi meu rosto em seu peito novamente, não querendo que ele visse o meu rosto queimando. As horas em que estive com Alice foram muito importantes para mim, e não havia como negar que eu ainda a amava como uma irmã, mas eu pude ver que, a tensão trazida por sua presença, seja sobre mim, Charlie, Jacob ou o bando, fora um preço alto a se pagar.

Eu suspirei profundamente. "Ter Alice aqui não fez bem a ninguém, não é?"

"Se ela é realmente sua 'amiga', então a visita deve ter feito bem para você, pelo menos."

Não respondi aquilo, surpresa por Jacob me ler tão bem. A visita dela tinha clareado muitas coisas em minha mente, especialmente com relação aos Cullens e Charlie. Agora eu sabia que os outros não escolheram desaparecer; Edward os tinha convencido a me deixar para trás. Descobri que, mesmo de longe, Alice ainda se importava comigo, e, mais importante que todo o resto, percebi o quanto havia negligenciado Charlie nos últimos meses.

Aquela última parte ainda fazia meu peito doer quando eu pensava sobre. Eu me senti culpada por ter trazido tanta dor para meu pai, enquanto eu apenas pensava em mim mesma, e no que eu queria.

O ronco suave de Jacob, e sua respiração profunda, me tiraram de meus pensamentos obscuros, e me trouxeram de volta a realidade quente, que era estar aninhada em seus braços.

Sentindo o cansaço acumulado dos dias anteriores atingir meu corpo, me aninhei ainda mais em seus braços, apoiei a cabeça em seu peito novamente, e deixei que o sono me levasse.

Acordei suando, com a casa completamente escura, e com o barulho da porta da frente batendo. Em algum momento, durante nosso sono, Jacob havia deitado com suas pernas pendendo pela lateral, e eu, de alguma forma, acabei aninhada no pequeno espaço entre ele, e o encosto do sofá. Estar tão perto dele, como naquele momento, me fez corar novamente, mas não ousei me mexer.

Jake acordou alguns segundos depois - com o lado direito do seu rosto todo amassado por ter dormido muito tempo do mesmo jeito-, e se levantou, antes que Charlie pisasse na sala de estar. Ele ainda estava meio dormindo, sentado à minha frente, e passando a mão no rosto quando meu pai passou pela porta.

Charlie não pareceu surpreso ao ver Jacob ali, e fez pouco caso quando me ofereci para fazer o seu jantar, dizendo que estava cansado demais, e apenas queria tomar um banho e ir para cama.

"Você precisa de uma carona para casa, Jake?" Perguntou Charlie. Seus olhos denunciavam que aquela era a última coisa que ele queria fazer.

Jacob limpou a garganta, mas sua voz ainda estava rouca de sono quando respondeu: "Não, eu vou ligar para um dos meus amigos e pedir para vir me buscar."

"Oh, ok. Tome cuidado na volta, não fique andando por aí." Ele se virou por um momento para subir as escadas, mas parou, voltando-se em nossa direção novamente. "E, apesar de me parecer óbvio, Bella, eu não quero você indo para reserva até que esse problema com os lobos seja resolvido."

Suas palavras expulsaram qualquer resquício de sono que ainda estivesse em meu sistema. Até que o problema fosse resolvido?!

"Mas, pai-"

"Sem 'mas', Bella." Cortou ele, levantando uma de suas mãos no ar para me parar. "A última coisa que preciso, é que minha filha seja devorada por um lobo no meio da floresta."

Eu busquei pela ajuda de Jacob com os olhos, torcendo para que ele dissesse alguma coisa, mas ele apenas encolheu os ombros, com certo divertimento no olhar.

Charlie subiu as escadas em seguida, apenas deixando um 'boa noite' para trás. Eu esperei até ouvir a porta do seu quarto fechar antes de virar para Jacob, minhas mãos em meus quadris.

"Você não podia ter ajudado?! Agora eu estou presa em casa até Charlie capturar um lobo!" Reclamei, tentando manter minha voz baixa o suficiente para que Charlie não me escutasse. "Por acaso você vai se voluntariar?"

Jacob latiu uma risada, dando a volta no sofá e andando em direção à cozinha, como se a casa fosse dele. Eu o segui, irritada por ele não estar levando nada daquilo a sério. "Você sabe que se eu não puder ir até a reserva, quase não iremos nos ver, certo? Ainda mais agora que as aulas estão voltando."

Ele parou, parecendo finalmente entender o porquê de eu estar tão irritada com a nova regra de Charlie, mas no final, deu de ombros novamente.

"Talvez seja melhor assim. Com pessoas caçando lobos na reserva, mudar as rondas para Forks seria mais do que necessário." Respondeu, abrindo um dos armários e pegando um copo. "Além disso, Charlie disse que você não pode ir para reserva. Não disse nada sobre eu vir até aqui."

Eu o assisti casualmente abrir a torneira, encher o copo com água e tomar alguns goles. Não parecia nem um pouco preocupado com nada do que estava acontecendo. Alguma expressão deve ter passado pelo meu rosto, pois, quando ele olhou para mim, deu risada.

"Você tem que parar de se preocupar tanto, Bells. Vai acabar criando rugas." Seu dedo esfregou um ponto na minha testa e eu bufei, tirando sua mão dali.

"Só não entendo como você pode estar tão relaxado em um momento como esses." Resmunguei, olhando para nossas mãos juntas. A dele era grande e morena, fazia a minha parecer como de uma criança.

"Na maioria das vezes, o que me preocupa é você. E você está aqui, então... " Ele me puxou pela cintura, e plantou um leve beijo em minha testa, no mesmo lugar em que seu dedo estava há alguns segundos. "Fico relaxado sabendo que posso te proteger caso seja necessário, do que quer que seja."

Levantei o meu rosto, apoiando meu queixo em seu peito. Seus olhos encontraram os meus, e estavam tão cheios de ternura que, por um momento, eu senti meus olhos lacrimejarem.

Jacob colocou uma mão em cada lado do meu rosto e me beijou levemente, soltando um riso abafado quando ouviu meu coração começar a bater em um ritmo descontrolado, com pequeno contato. Senti minhas bochechas esquentarem sob as suas palmas e ele acariciou-as, delicadamente.

Ficamos alguns minutos assim, antes de Jake suspirar pesadamente e me soltar.

"Eu tenho que ir. Minha ronda está prestes a começar."

"Por favor, Jake, tenha cuidado." Pedi, seguindo-o até a porta. "Você prometeu vir amanhã, então, não... leve um tiro ou algo assim."

Jacob riu novamente.

"Honestamente, Bella. Em algum momento, você precisa começar a dar mais crédito para os lobos. Lembra quão facilmente arrancamos a cabeça do outro sanguessuga?"

Pensar em Laurent me fez estremecer. Eu estava pronta para dar uma resposta malvada à ele, mas ele pareceu perceber o que eu ia fazer e saiu, antes que eu pudesse dizer outra palavra. Antes de desaparecer no fim da rua, ele acenou, sorrindo uma última vez.

Eu não consegui pregar os olhos nem por um minuto naquela noite. Talvez ter dormido a tarde toda fosse um dos motivos, mas, saber que Jacob estava lá fora com os outros, caçando Victória, definitivamente contribuiu para isso.

Tentei me manter ocupada. Limpei meu quarto; terminei alguns problemas de cálculo que eu não havia feito; tentei focar o suficiente para ler um livro - sem sucesso -, mas, ainda assim, aquela tinha sido uma noite muito, muito longa.

Em certo momento, peguei o papel onde Alice escreveu seu número de telefone, e pensei em ligar para ela. Com certeza sua voz de sino acalmaria os meus nervos, mas, eu não sabia se conseguiria me abrir com ela sobre Jacob. Seria uma conversa estranha demais. "Oi, eu estava namorando seu irmão, mas agora tem este outro cara que eu gosto muito e...". Não. Não ia rolar.

Quando o canto dos passarinhos foi subjugado pelo som da chuva lá fora, decidi levantar e começar o dia. Com a primavera chegando, eu tinha que me acostumar à chuva constante - mais do que o normal - que cairia. Seriam raros os dias como o anterior, apenas nublados.

Estava colocando os pratos sobre a mesa, quando ouvi a porta do quarto de Charlie abrindo, e seus passos silenciosos descendo a escada.

"Bom dia, Bells." Disse Charlie quando apareceu na cozinha. Ele pareceu um pouco surpreso por me ver ali. "Você tem acordado cedo nos últimos dias."

"Me pergunto quando você vai parar de ficar surpreso com isso." Ri, tirando uma das panelas do armário e colocando sobre o fogão. "Você quer seus ovos mexidos ou fritos?"

"Uh, fritos, por favor." Respondeu, parando ao meu lado. "Mas, sério, Bella, os adolescentes da sua idade não gostam de dormir até duas da tarde?"

"Renne sempre diz que eu sou uma idosa em corpo de jovem, então..." Ri, pegando os ovos da geladeira.

Enquanto eu fazia os seus ovos, Charlie preparou uma xícara de café para si mesmo, silenciosamente. A familiaridade fazia o silêncio ser confortável, e o cheiro de café e ovos naquela manhã chuvosa me fez ficar sentimental. Pensar que, à poucos meses, eu teria trocado momentos como aquele, ao lado do meu pai, pelo prospecto de uma vida eterna com Edward, me fizeram querer bater a cabeça na parede. Como alguém poderia desistir da própria família?

Eu terminei os ovos, e desliguei o fogo. Charlie agora estava de costas para mim, apoiado no balcão, colocando açúcar em seu café.

"Pai, me desculpa." Eu disse de súbito, o abraçando por trás, escondendo meu rosto, que queimava, em suas costas, segurando as lágrimas que ameaçavam cair.

"Bella-" ele pareceu confuso por alguns segundos, antes de colocar a caneca na pia e se virar para me abraçar de volta. "Por que você está pedindo desculpas?"

Eu hesitei, ainda sem coragem de olhar no seu rosto.

"No outro dia, quando Alice esteve aqui, eu ouvi o que você disse. Eu sei que eu não devia ter espiado, e desculpe por ter feito isso, mas, eu peço ainda mais desculpas por ter feito você passar por tudo aquilo nos últimos meses." Minha voz estava embargada, cheia de emoções, que ainda dominavam o meu peito. Tentei limpar minha garganta para continuar e me afastei o suficiente para que pudesse olhar o seu rosto.

"Eu estava apenas pensando em mim mesma, e não fui justa com você. O tempo todo, eu fiquei pensando que estava sozinha, que havia sido abandonada por todos que eu amava, mas você nunca saiu do meu lado, pai. Ouvir você naquele dia, me fez perceber o quão egoísta e injusta eu fui. Me desculpe por demorar tanto para perceber isso."

Demorou alguns segundos para Charlie assimilar o que eu havia dito e a surpresa ser substituída por ternura em seu rosto. "Você nunca esteve sozinha, Bella. E, se depender de mim, nunca vai estar. Eu sempre vou te proteger, mesmo que esteja machucada demais para notar. Eu sei que você esteve em um lugar ruim por muito tempo, e cada pessoa lida com os problemas de uma maneira diferente. Eu queria poder ter ajudado mais do que fui capaz." Concluiu, acariciando meus cabelos. "Mas agora você está bem, e isso é tudo que importa. Não precisa se preocupar comigo"

"Obrigada, pai." Eu funguei, abraçando-o mais forte por um momento. "Obrigada por cuidar de mim."

"Esse é, literalmente, o meu trabalho, Bells" Ele riu, retribuindo meu abraço.

Quando Charlie se afastou, porém, tinha um olhar de preocupação em seu rosto. Colocou uma das mãos em minha testa, e franziu o cenho; "Falando em cuidados, eu acho que você está com febre. Você está tomando o remédio que eu te falei?"

"Uh, não. Eu esqueci", lembrando como eu tinha mentido para ele há alguns dias atrás sobre estar doente.

"Então o que está esperando?" Resmungou, dando um tapinha na minha testa. "Se deixar, você morre com o remédio em casa."

Eu ri baixinho, saindo da cozinha com as mãos levantadas em derrota, e indo em direção ao banheiro. Agora que eu pensava sobre isso, eu estava sentindo meu corpo um pouco dolorido e pesado. Tinha colocado a culpa na noite de insônia, mas, ao medir a temperatura com o termômetro que encontrei no armário do banheiro, ficou claro que eu realmente estava com febre. Peguei duas pílulas de Tylenol, antes de descer as escadas novamente.

Quando voltei para a cozinha, Charlie já havia terminado o seu café da manhã, e se preparava para sair.

"Vai caçar lobos de novo?" Perguntei, casualmente.

"O dever chama", disse, enquanto colocava o cinto. Eu estremeci ao vê-lo pegar sua espingarda.

Charlie já estava se sentando em sua viatura, quando me lembrei de uma informação crucial e corri para alcança-lo. "Ah, pai... Jacob vai passar aqui mais tarde." Informei, colocando apenas minha cabeça para fora da porta. "Sabe como é, eu não posso ir a La Push, então La Push vem até mim."

A expressão em seu rosto foi o suficiente resposta para mim, então virei as costas e entrei em casa, torcendo para que a minha febre baixasse antes de Jacob chegar.