N/A: Só uma explicação básica. Os "xxx" podem significar mudanças de cena, mas na maioria das vezes eu os utilizo para mudar o ponto de vista, mas continuando a cena.

Deixem reviews!

Até sexta que vem!

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Capítulo dois

Terça-feira

- Eles devem começar os preparativos hoje, e aí você precisa me ajudar a... – Marianne interrompeu o que dizia, pois notou que Lily olhava para a janela. Ainda não era uma boa hora de sua amiga conhecer os vizinhos. Achou melhor interceder. – Lily? Você está prestando atenção em mim ou não?

Não, Lily não estava. De fato ela pensava em algo estranho que tinha acontecido esta manhã. Ao acordar, Lily percebera a presença de duas pessoas, que a observaram da janela do quarto da casa em frente, ou pensara que vira, pois eles logo desapareceram e não havia ninguém lá. Podia ter sido ilusão decorrente daquele estado de estar ainda meio acordado – meio dormindo. Achara melhor não contar nada a Mari.

- Ãh? Sim, claro que estou, você está falando do Festival... – despistou – é que eu vi alguma movimentação ali na casa em frente e isso me distraiu.

As cortinas do quarto de Marianne se fecharam. A garota havia se levantado de um pulo e agora sorria de uma estranha forma, ainda segurando a barra das cortinas em suas costas.

- Não liga pra eles não, eles são um pouco... Agitados demais. Sabe como é, sempre querendo aparecer... Mas então, a arrumação da rua pro Festival é a oportunidade que eu estava esperando, você precisa me ajudar, eu não posso parecer muito atirada, e é justamente aí que você entra.

- Mari, como eu posso te ajudar em uma coisa sobre a qual eu sou totalmente contra?

- Lily, eu não quero casar com ele, nem mesmo namorar, é só uma saída, uma noite, e pronto!

- Eu sei, você quer entrar pro caderninho de anotações de garotas dele – disse a ruiva revirando os olhos.

- Pára de falar como se fosse uma coisa idiota de se fazer! Eu não sou como você, imune ao Sorriso-Potter, eu tenho vontade de sair com ele e vou sair!

- Certo. Se for isso que você quer, eu vou te ajudar.

- Ah! – Marianne se jogou na cama de Lily para abraçar a amiga – Eu sabia que você ia acabar concordando!

- Não exatamente – disse Lily entre risos – Mas diga, o que eu terei de fazer?

- Bom. Várias coisas, mas o mais importante é que depois você e o Sirius fiquem bem longe. Porque você é a tentação do James e o Sirius não sai do meu pé, então vocês dois atrapalhariam, mas antes...

Após discutirem alguns detalhes do mirabolante plano de Marianne, as duas desceram para o almoço. Logo que se sentaram à mesa, Bernard estava reclamando com sua mãe.

- Você é muito novo ainda, meu anjo, não poderia ajudar muito nos preparativos do povoado. – disse gentilmente a Sra. Nawell.

- Ele iria é atrapalhar muito! – disse Marianne, fazendo uma discreta careta pro irmão enquanto se servia.

- Marianne também não tem 17 anos! Também não pode fazer feitiços e vai participar da arrumação! – argumentou ele.

- Eu não, mas Lily tem. – contra-argumentou ela – Além do que, tem muita coisa que eu posso fazer sem magia.

- Crianças, chega dessa discussão. Você ouviu sua mãe, Bernard, mas não fique triste. Você poderá ir ao festival. – finalizou o Sr. Nawell.

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Ao abrir a porta da frente da casa dos Nawell, Lily percebeu que não havia interpretação mais literal das palavras da amiga. Realmente, mais perto impossível. Na varanda da casa em frente, parecendo estar esperando por alguém ainda dentro casa, encontrava-se James Potter. Por um segundo, ambos ficaram paralisados ao se verem. Até que ele quebrou o gelo levando as mãos aos cabelos já despenteados.

- Olá, Evans! Que surpresa mais agradável! – disse ele sorrindo, aquele sorriso que fazia Marianne se desmanchar, mas Lily não conseguia entender o porquê.

- Olá, Potter. – respondeu sem muito entusiasmo, diferente de Marianne, que vinha logo atrás dela e, abrindo um largo sorriso, respondeu ao vizinho com muito ânimo.

Sirius então saiu de dentro da casa dos Potters e cumprimentou as duas.

- Indo ajudar nos preparativos do festival, Mari querida? – perguntou Sirius, com o mesmo sorriso galanteador que James ainda ostentava.

- Sim, nós duas. Vocês também? – ela respondeu, embora direcionada a James.

- Claro! Vamos lá! – disse James, causando uma rápida expressão de dúvida em Sirius, mas que não foi notada pelas garotas.

A verdade é que eles iriam apenas dar uma volta na rua, encontrar a galera e arranjar o que fazer. A Sra. Potter até havia insistido bastante com eles para que ajudassem na arrumação, mas James dissera que era coisa de quem não tinha o que fazer, de gente certinha que acha bonito ajudar os outros. Como ele não tinha pensado antes que Lily Evans se encaixava nesse perfil? Bom, a verdade quanto às garotas era que Marianne achava que os garotos gostariam de chamar a atenção do público feminino ao passearem pela rua ajudando os organizadores, principalmente se precisasse de músculos para tanto e, por isso, concluiu que James estaria lá e se antecipou, indo ajudar também e, quem sabe, conseguisse ficar a sós com ele.

Na praça havia alguns adultos aglomerando materiais para posteriormente distribuí-los entre os voluntários. Os quatro sentaram em bancos relativamente perto, e ficaram a espera. Lily controlava-se para não rir da situação. Não era exatamente um grupo de amigos. Não havia motivos para estarem próximos, ou mesmo se falarem. Ela passava dia após dia em Hogwarts brigando com eles e agora estava ali, sentada num banco ao lado deles, calada, e tentando não rir. Era visível que Sirius era motivado por Marianne, Mari por James, e James por ela, Lily. E ela não podia fazer nada por causa da amiga. Ai, pensava a ruiva, o que não se faz pela amizade? Iria até ter que tirar o Sirius de perto mais tarde... Agora, como diabos faria isso ela não tinha a menor idéia. E era inevitável perguntar-se o que raios estava fazendo ali.

Foi então que uma Sra. começou a falar no meio da praça, atraindo todo o pessoal que estava lá, mesmo quem não era voluntário. Os quatro se aproximaram também, bem em tempo de ouvir que a bruxos menores de idade não era permitido fazer uso de mágica, apenas trabalhos manuais, por isso ela iria separar os voluntários em grupos ou duplas em que ao menos um deles pudesse fazer feitiços. Nesse momento Lily reparou que Sirius se virara para James com uma careta de diversão, fazendo a ruiva entender que Sirius tinha 17 anos, mas James ainda não.

Eles ficaram no fundo propositalmente, para tentar ficar junto. Ou pelo menos essa era a intenção de três deles. Lily começava a se perguntar se não teria sido melhor passar o resto de suas férias em casa. Contudo, a mulher que designava os grupos olhou para Lily e perguntou sua idade.

- Ótimo, então, já que você pode fazer magia, vá com James espalhar essas faixas pelas ruas. – disse ela apontando para uma grande sacola ao seu lado – E Sirius vá com Marianne pregar os cartazes e panfletos – apontou para a sacola ao lado, menor que a primeira.

Lily notou a óbvia troca de olhares dos dois. Tanto ela quanto Marianne tiveram vontade de esganar os dois. Mas se controlaram como duas meninas refinadas fariam. Marianne teve tempo de sussurrar no ouvido de Lily que aquela senhora que estava fazendo a distribuição era a mãe de James, antes que fosse puxada por Sirius pelo braço. Então Lily se viu sozinha com Potter. Revirou os olhos, respirou fundo e tomou coragem.

- Vamos? – perguntou ela.

- Claro, minha ruiva, eu sempre soube que um dia você ia me perguntar isso. – disse ele sorrindo.

- Ficou maluco, Potter? Meu "vamos" não tem nada a ver com o que sua mente maliciosa e surreal possa ter entendido! É simples: vamos fazer logo isso, que quanto mais cedo começarmos, mais cedo terminamos. E vamos nos falar o menos possível, combinado?

- Totalmente discordado. – disse James chegando mais perto dela.

Tão perto que ela gelou. Ele não ia tentar nada, ele não seria louco. Ou seria? Estava próximo demais, passou o braço por ela como se fosse abraçá-la. Mas ela não sentiu a mão dele em suas costas. Ele havia pegado o saco com as faixas que estava atrás dela e voltava a se distanciar.

- Vamos fazer isso direito, e não é porque não posso fazer mágica que você vai fazer tudo sozinha. Eu estou aqui pra trabalhar, você querendo ou não. E na verdade não preciso da sua ajuda. Só da sua companhia. – finalizou piscando o olho para ela.

Os dois começaram a trabalhar, momentaneamente em silêncio, sendo este quebrado por James.

- Agora que estamos sozinhos – começou ele, enquanto pegava a segunda faixa na sacola – você não precisa negar só porque criou a imagem de "Evans não aceita sair com o Potter", pode falar a verdade, ninguém vai ficar sabendo, você sempre quis sair comigo, não é mesmo?

Lily sentiu-se enojada, indignada, revoltada.

- Mas é muita pretensão mesmo! Acontece que eu não quero, nem nunca quis, sair com você, Potter.

- Hey, calma ruivinha, eu não te convidei pra nada, não precisa recusar o convite inexistente. – disse ele rindo.

- Não me chame de ruivinha! Quantas vezes eu vou ter de te pedir isso, Potter?

- Ah, não posso te chamar de "Lily", nem de "ruivinha", nem de "minha ruiva", vou ter de ficar que nem você, cuspindo sobrenome como se fôssemos inimigos ou desconhecidos?

- Mas somos um pouco de ambos! – descontrolou-se ela.

- Não ruivinha, nós não somos. – começou James, tentando conter o sorriso por ter conseguido fazê-la perder o controle – Já discutimos tantas vezes que já passei muito mais tempo com você do que juntando o tempo que passei com metade das garotas de Hogwarts. E já até nos conhecemos muito bem. Eu sei o que te deixa furiosa e você sabe como me fazer parar de azarar o Seboso; olha pra mim no corredor, mesmo que seja pra ver se eu vou fazer algo que você considera errado.

- Isso não faz de nós amigos. – Lily estava impressionada com a naturalidade com que ele distorcia as coisas, deixando-a até de certa forma confusa.

- Não, nem eu quero ser seu amigo. Mas vai dizer que você não sente minha falta quando eu não estou em uma das vassouras que voam num jogo? Que seu dia não é muito entediante quanto não me pega pra discutir no corredor. Que o salão comunal não tem mais graça quando eu não estou lá?

- Dá onde tira essas loucuras, Potter? – perguntou Lily, tentando controlar tanto a vontade de rir de tamanha alucinação, quanto a revolta – Você só pode ser louco!

Então a faixa fixou-se como um arco na rua, prendendo-se nas casas à direita e à esquerda, magicamente.

- Pronto. Próxima. – disse Lily, que queria, agora mais do que nunca, acabar com aquilo o mais rápido possível.

Mas James não andou atrás dela, fazendo-a parar e olhar para trás.

- O que foi? – perguntou, olhando para um sorridente James.

- Lily, você quer sair comigo?

- Ah, Merlin, me dê paciência! Quantas vezes eu vou ter de dizer "não", Potter?

- Eu não sei. Mas "sim" você só precisará dizer uma vez.

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- E então? Como foi? Você falou de mim pra ele? E ele? Falou o quê? Ele não te convidou pra sair, né? – perguntava Marianne enquanto as duas se arrumavam pra dormir. As cortinas do quarto fechadas.

- Não, nada a ver ele me convidar aqui, ele deve ter visto logo que não rolou uma aproximação e ficou na dele. – mentiu descaradamente, vendo logo que precisava melhorar – É claro que ele não tirava aquele sorriso idiota da boca e se insinuou um pouco, mas eu sempre dava meus foras, até que ele cansou e trabalhamos em paz, em silêncio. Desculpe, eu não queria conversar com ele, acabei não falando de você. E a parada das duplas, eu sinto muito, eu-

- Não se preocupe – interrompeu Marianne – foi armação deles. Tenho certeza de que, antes, ele falou com a mãe dele que tava afim de uma ruiva amiga minha. Ou o Sirius falou né... Nunca se sabe, não viu a cara deles?

- Vi – concordou Lily.

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Quarta-feira

Na manhã do dia seguinte James acordou, foi ao banheiro lavar o rosto, viu que Sirius ainda dormia, voltou ao seu quarto, olhou pela janela, olhou pro seu armário, visualizando a capa da invisibilidade lá dentro, olhou de novo pra janela, pensou que não poderia fazer aquilo e jogou-se de volta na cama.

Encarou o teto.

Depois seus olhos percorreram novamente o caminho armário-janela.

- Pro diabo com princípios! – disse pra si mesmo, ao mesmo tempo em que levantava de um pulo, em direção ao armário.

Rapidamente pegou a capa e, já invisível, aproximou-se da janela. A cortina de Marianne estava apenas entreaberta, porém na exata medida que possibilitava ver a garota, trajando uma calça justa e um top. Sirius tinha razão, James sempre soube disso, ela era gostosa. Mas não era ela quem James queria ver. Foram alguns minutos de espera, inclusive vendo apenas parte vazia do quarto, até que, finalmente, Lily ficou visível para James. Vestia uma daquelas calças que os trouxas adoram, jeans, e uma blusa simples e escura, não dava pra ver direito àquela distância. Sirius nunca tinha pensado em fazer algum feitiço que aproximasse a visão?

Isso, entretanto, não foi necessário. Marianne apareceu na janela, abrindo largamente as cortinas, e aquele volumoso top parecia ter ficado na cara de James. Ele engoliu seco. Por mais que já tivesse usado sua capa inúmeras vezes, ainda não estava imune a sensação de ser pego em flagrante, mesmo que a pessoa não pudesse vê-lo. E por Merlin, que top era aquele?

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Sem ver nada, ou ninguém, Marianne fechou decepcionada a janela e as cortinas, afinal fora pra isso que tinha ido até a janela, e então se voltou para o quarto e vestiu uma blusa que estava em cima de sua cama para que as duas pudessem descer para o almoço. Começava a achar estranho o fato de sempre olhar para o quarto de James e nunca ver ninguém lá. Bom, talvez ele já tivesse se levantado, talvez estivesse no outro quarto com Sirius. Não importava. Estava feliz porque tinha um plano para aquela tarde. E seria muito fácil para Lily. Tudo o que ela teria de fazer era a coisa que melhor sabia fazer com James: brigar. Discutir com ele durante a separação dos grupos na praça e, assim, os dois não ficariam juntos, pois ninguém obrigaria a trabalhar em união duas pessoas que já chegaram brigando.

Acontece que eles discutiram tanto que quando olharam ao seu redor na pracinha só havia os dois.

- Bom. – disse a Sra. Potter – Só restou vocês. E o que tenho pra vocês é algo meio chato. Preciso que consigam o maior número de galhos de árvores possíveis, e que eles se pareçam com varinhas, pois elas serão penduradas amanhã por todo o local. Mas não se preocupem, vocês não são os únicos responsáveis por isso, já mandei outras pessoas procurarem ao longo do campo de quadribol. Vocês podem ir pra lá também, ou ficar pelas árvores da pracinha mesmo. Agora eu preciso ir. Vejo vocês no final da tarde.

E com um doce sorriso ela deixou os dois sozinhos naquela enorme praça onde corriam apenas algumas crianças. Lily olhou para James desejando que nada daquilo fosse verdade. Que não fosse obrigada a passar outra tarde de trabalho forçado com Potter, pois sentia-se sem forças para discutir mais.

- É minha ruiva, seu destino é ficar comigo. – disse ele, sorrindo e piscando o olho.

'Nossa', pensou Lily, 'ele consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo! Falta só passar a mão no cabelo'. E ele o fez. Logo antes de começar a subir em uma árvore.

- O que você está fazendo? – perguntou Lily aproximando-se da árvore.

- O que parece? – perguntou ele – Vou pegar galhos! Ou você prefere subir você mesma?

- Pra sua informação, eu sei subir em árvores. E em segundo lugar, talvez essa árvore não agüente o peso de você e do seu ego juntos, aí em cima.

- Ah, ruivinha, tenho certeza de que se eu caísse você conjuraria algo pra eu não me machucar.

- Pára de me chamar assim, Potter! – reclamou ela.

Porém ele ignorou seu apelo. Afinal, ela não negara a segunda parte. Quebrou alguns galhos e pulou no chão, ao lado dela.

- Será que a senhorita poderia conjurar uma sacola pelo menos? Onde a gente possa colocar os galhos?

Lily revirou os olhos, mas ele tinha razão, então foi o que fez. Ele jogou os galhos recém colhidos lá dentro e ambos foram para a próxima árvore.

Já na quinta árvore Lily resolveu tentar conversar com ele, por sua amiga.

- Há quanto tempo você e Marianne são vizinhos?

- Desde crianças, eu acho. Eu sempre morei aqui, conheço todo mundo – ele sorriu orgulhoso de si mesmo, enquanto Lily discretamente revirou os olhos – e acho que ela veio pra cá ainda bem pequena. Mas nunca fomos muito amigos. Nos falamos, é claro, mas nada demais. Por quê?

'Porque ela é super a fim de você e eu quero saber se é recíproco', pensou Lily.

- Por nada, só curiosidade. – ela disfarçou – Mas... É verdade que o Black é a fim dela?

- Por que você acha isso? – perguntou James, depois de voltar ao chão de um pulo e ficar em frente a Lily – Ela falou alguma coisa?

- Ah, não exatamente, mas... Sei lá, ele é ou não?

- Totalmente! – respondeu James rindo – Mas eu acho que não é com ele que ela gostaria de sair. – complementou com seu sorriso galanteador.

Lily riu da cara dele. Antes de conhecer James Potter não imaginava que fosse possível alguém ter tanto orgulho de si mesmo.

- O que foi? – perguntou ele, sem deixar inteiramente o sorriso de lado.

- Você... É inacreditável – respondeu Lily.

- Obrigado. – o sorriso galanteador voltou com força total ao rosto de James, bem como a mão em seus cabelos.

- Não foi um elogio. – advertiu ela.

- Não, eu sei que você não vai me elogiar assim tão fácil, deve doer muito pra você admitir qualquer coisa boa a meu respeito. Mas eu sei que no fundo você não me odeia tanto assim, muito pelo contrário, sua vida é muito chata quando eu não estou por perto!

Lily o encarou, boquiaberta.

- Você não faz idéia do quanto sua pretensão me irrita!

James sorriu. Adorava quando ela perdia o controle. Adorava aquele brilho nos olhos verdes dela, mesmo que fosse causado por raiva. Gostava da intensidade daquele brilho.

- Pode até ser, – começou ele, mesmo sabendo que o que estava para dizer só iria irritá-la mais ainda – mas vai dizer que você não sente falta disso nas férias? Das nossas discussões, de ter um cara como eu lhe convidando pra sair, de ouvir tamanha pretensão numa simples conversa?

- Como alguém pode sentir falta disso? – perguntou uma atônita Lily.

Sem esperar resposta, ela pegou a sacola e dirigiu-se à próxima árvore. Apontou sua varinha e desferiu o primeiro feitiço que lhe veio à cabeça. Não só galhos foram ao chão, como também todas as folhas da árvore. Notou que James rira e seu sangue ferveu.

- Pode falar a verdade, – o ouviu dizer baixinho bem perto de seu ouvido esquerdo – eu deixo você desconcertada.

A ruiva fechou os olhos, respirou fundo, contendo a raiva, e não respondeu nada. Apenas sacudiu a cabeça para que os galhos e as folhas saíssem de seus cabelos.

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- E então? Como foi hoje? – perguntou uma ansiosa Marianne.

- Péssimo! Como eu odeio cada minuto que passo perto daquele garoto! – desabafou Lily.

- Nossa, foi tão ruim assim?

- Sim! E olha, Mari, eu acho que ele sabe que você é a fim dele. E ele confirmou que o Sirius é "totalmente" – Lily imitou o jeito de falar de James – afim de você.

- Eu sei. Sei que ele sabe e sei que o Sirius baba por mim. Não me importo. Isso ainda vai mudar. Você vai ver. – respondeu uma segura Marianne.

- E o seu dia com Black, como foi?

- Ah, não foi como eu esperava, né? Mas até que o Sirius é divertido. E faz muito bem pro ego ter alguém dando em cima de você o tempo todo, né? – Marianne então percebeu o que havia falado – Exceto por você, que é uma criatura muito estranha e não gosta de ter James Potter rastejando por você dia e noite.

- Ele não rasteja! É orgulhoso demais pra isso. Aliás, o ego dele é tão grande que ele nem se abala com os meus foras, parece que isso só o fortalece... Ele deve ter a idéia doentia de que vai conseguir sair comigo um dia e aí meus foras vão fazer da saída um grande prêmio conquistado.

- Lily! – gritou a outra, tirando a ruiva de suas análises psicológicas sobre James Potter – Acabei de ter uma grande idéia!

- Oh, Merlin... – disse Lily.

- Ele vai desistir de você quando você estiver com outro cara!

- Faz sentido – começou Lily, até se dar conta de um detalhe – Mas não me diga que esse cara vai ter de ser Sirius Black?

- Não é perfeito?

- Claro que não! Você ficou maluca? Tanto faz qual deles, eu os detesto igualmente! É claro que com o Potter é pior, mas o Black é outro presunçoso infantil e irritante!

- Mas é melhor do que aturar o Potter dizendo que no fundo você gosta dele, não é mesmo?

- Ele realmente acha isso, né? Ele sempre fala isso! – comentou Lily – Mas não! Black não! Não posso sair com qualquer outro cara no festival?

- Não! Porque assim o Sirius vai querer sair comigo e o James não vai me convidar por causa disso! – argumentou Marianne – Se o amigo já tiver par, e se você já tiver par, James não vai querer ir sozinho ao festival, então eu vou estar lá esperando por ele!

- Você e todo o povoado! Como pode ter certeza de que ele vai sair com você?

- Não posso ter, Lilyzinha, mas preciso arriscar! Tirar você do caminho é o primeiro passo. E é necessário.

- Então, por que raios você me chamou pra cá? – Lily gritou tão alto que teve certeza de que Potter e Black poderiam ter ouvido se estivessem no quarto em frente.

- Porque você é minha amiga e está acima da minha vontade de sair com o Potter. – respondeu Marianne, percebendo que havia colocado a amiga numa difícil situação.

- É claro – desabou Lily, indo abraçar a outra – Me desculpa.

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- Você ouviu isso? – perguntou James.

Ele e Sirius haviam acabado de chegar em casa e, ainda na varanda, ouviram Lily gritar algo.

- Briga de garotas! – disse Sirius antes de começar a correr em direção ao quarto.

James tentou passar por seus pais sem correr, mas ao chegar nas escadas subiu aos pulos também. Já no quarto, Sirius olhava intrigado para o outro quarto.

- Elas estão se abraçando! – disse para James.

Sirius parou alguns minutos pensativo, encarando aquela cena, até que sua expressão se iluminou e seus olhos se arregalaram.

- Você acha que a Lily pode ser lésbica? Seria uma explicação e tanto pra ela não querer sair contigo!

James não sabia se considerava aquilo um devaneio insano do amigo ou uma possibilidade plausível.

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Insônia é algo que perturba as pessoas que estão com a mente cheia, com vários pensamentos, conexos ou não, passando a toda velocidade. E assim estava Lily naquela noite. Simplesmente não conseguia dormir. Por algum motivo que desconhecia, ou que fingia desconhecer, acabou levantando-se e indo parar na janela. O quarto de James parecia estar vazio. Era possível ver a cama dele, que estava intocada. Era possível também ver a Lua, crescente.

Leves risos chamaram sua atenção para a rua, e Lily pôde ver, não tão longe, um casal vindo em sua direção.

A essa altura Lily já se encontrava sentada no parapeito da janela, era um hábito que adquirira em sua casa, mesmo que lá não houvesse um feitiço antiqueda. Permaneceu observando o divertido casal até perceber que se tratava de James Potter e uma garota qualquer, que conhecia de vista, mas não sabia o nome. Pôde ver quando ele parou em frente a uma casa, apenas para pegar, na verdade furtar, algumas flores do jardim, para logo em seguida as entregar a tal garota, que agradeceu com um demorado beijo.

Lily nem mesmo precisou se esconder, uma vez que eles passaram direto, e continuaram a caminhar pela rua, provavelmente em direção à casa da garota.

Após revirar os olhos e dar de ombros, pensando em como Marianne ainda poderia gostar de um cara como ele, ficou a encarar as estrelas. Ele nem era tão bonito assim! Nem tão inteligente, vivia copiando lição do Remus. Só sabia voar bem em cima de uma vassoura, oras, grande coisa! Sirius Black pelo menos era um cara muito atraente, mas com os mesmos defeitos de Potter, o que os fazia perder qualquer encanto que por ventura tivessem. Lily não conseguia entender, por que as garotas gostavam tanto dele? Sempre com aquele cabelo despenteado horrível, com aqueles óculos redondos no meio da cara, todo aquele ego, presunçoso, infiel, instável, e mesmo assim elas queriam ser apenas mais uma garota com quem ele sairia, sem a menor possibilidade de algo sério ou romântico, apenas mais uma na lista.

Quando sentiu que seus olhos começavam a se cansar, desceu da janela e virou para fechar as cortinas que antes tivera aberto. Entretanto, novos risos lhe chamaram a atenção. Novamente viu James Potter, agora parado, em frente a uma casa, umas três casas depois da dele, com uma garota. Acontece que não era a mesma garota.

Ela realmente não entendia o que Marianne e todas essas garotas tinham visto nele. Uma garota tinha de deixar, no mínimo, seu orgulho, sua honra e sua inteligência de lado para aceitar sair com James Potter.

Indignada, cerrou as cortinas do quarto com toda força.

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Quinta-feira

Ao acordar, contudo, Lily notou que as cortinas estavam estreitamente abertas. Olhou para a cama ao seu lado e viu que Marianne permanecia dormindo profundamente. Talvez tivesse sido o vento. Então se levantou para as fechar novamente, pois não queria correr o risco de ser observada por ninguém. Foi então que encontrou uma rosa sobre o parapeito da janela. Uma rosa amarela cujas bordas das pétalas eram vermelhas. A fizera lembrar da flor que tinha visto Potter dar à garota na noite anterior, parecia bem semelhante, mas com a distância a que vira tudo não podia ter certeza.

Não entendeu o que aquela rosa fazia ali, quem a teria colocado, para quem seria, ou qualquer outra pergunta que viesse a sua cabeça, por isso achou melhor esconder a rosa antes que Marianne acordasse.

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Marianne percebeu que não havia possibilidade dela fazer dupla com James naquele terceiro dia de arrumação pro festival, pelo fato de os dois serem menores de idade, então fez de tudo para que os quatro ficassem juntos.

E conseguiu.

Entretanto, fazia parte do plano ficar a sós com Sirius Black para convencê-lo de convidar Lily para ir ao festival com ele. Logo chegaria a sexta-feira e ambos sabiam que na última hora restavam apenas péssimos partidos. As garotas mais atraentes já teriam par e Sirius Black não poderia nem ficar sem par, nem sair com qualquer garota.

Sendo assim, James viu mais uma oportunidade de conversar a sós com Lily. Contudo, para sua surpresa, antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa, Lily começou a falar.

- Potter, eu pensava que a política dos Marotos era: usa saia, está dando mole, vou convidar pra sair. Então, por que você não nunca saiu com a Marianne?

Aquela garota era bem direta, James tinha de admitir. Adorava isso, mas achou tal pergunta muito estranha.

- Por que eu nunca saí de novo com ela, você quer dizer? – perguntou ele.

A expressão boquiaberta de Lily fez James perceber que Marianne nunca havia lhe contado que eles já tinham saído. Provavelmente ela estaria em apuros depois daquilo. Será que as duas realmente tinham um caso e por isso Marianne não contou que saíra com um garoto?

De repente Lily começou a rir.

- Eu não posso acreditar! Vocês já saíram?

- Sim, tem cerca de um ano, foi nas férias do ano passado. – respondeu James.

- Por Merlin, por que ela nunca me contou isso? – perguntou-se Lily, mas ao olhar para James, a resposta a atingiu – É claro... Eu detesto você e não teria aprovado.

- Obrigado pela parte que me toca. – disse o outro sorrindo.

- E vocês não saem com a mesma garota mais de uma vez? – continuou, ignorando-o.

- Depende da garota. Algumas merecem uma segunda saída, outras não.

- E Marianne está em qual das duas listas?

- Existem três listas, minha ruiva. – disse ele, aproximando-se perigosamente dela – A lista das que saímos e chega, a das que sairíamos de novo, e a lista na qual só há você.

Lily apenas levantou uma sobrancelha, como quem questiona uma criança que disse que o céu era roxo com bolinhas cor-de-rosa.

- Você não respondeu a minha pergunta. – retornou após algum tempo de silêncio.

James se afastou e a encarou profundamente. Depois cruzou os braços e recostou-se na árvore ao seu lado.

- Você quer que eu saia com ela, não é mesmo?

- Sim. – respondeu Lily sem pensar duas vezes.

- E você não iria sair comigo, né?

- Não. – respondeu com a mesma firmeza.

- Certo. – disse James, ainda encarando-a – Eu vou convidá-la pra ir ao primeiro dia de festival comigo.

Lily sorriu triunfante. Entretanto, logo desfez o sorriso, pois percebeu que o olhar fixo de Potter dizia que havia uma condição.

E havia.

- Se você me prometer que não vai beijar ninguém nesse dia. Pode sair com quem você quiser, pode ir aonde quiser, mas eu vou saber se acontecer alguma coisa entre você e algum cara.

Boquiaberta e revoltada, Lily teve vontade de bater nele, de estuporá-lo, de pular no pescoço dele, mas nada pôde fazer, pois Marianne e Sirius vinham em sua direção.

Sorrindo ironicamente, planejando armar alguma coisa mais tarde, a ruiva apenas estendeu a mão para selar o acordo.

- Fechado.

- Fechado. – respondeu ele com o mesmo sorriso.

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- Ahhh! Lily! Deu certo! Eu vou ao Festival com James Potter! – gritava uma saltitante Marianne.

- Ele vai ouvir! – censurou Lily.

- Eu só sinto muito por você ter de aturar Sirius Black, mas é só por uma noite, e vai ser divertido, somos nós quatro! Até o momento em que eu desaparecer com ele, é claro... – terminou entre risinhos.

- Na verdade, Mari, eu preciso te contar uma coisa. É que... Eu não vou sair com o Black, não vai ser necessário, afinal, ele já te pediu pra sair com ele, eu enrolei o Black e não o deixei me convidar, agora quando ele convidar eu vou recusar.

- Mas Lily! – desesperou-se a morena – E se ele desistir de mim pra querer sair com você?

- Ele não vai desistir. – a certeza com que veio a resposta da ruiva deixou Marianne um tanto quanto desconfiada – Não vai desistir porque eu já falei pra ele que não vou, definitivamente, sair com ele, e que mesmo que ele me convidasse pra ir ao Festival com ele, eu diria não.

- Hum, eu entendi... – disse Marianne, entre desconfiada e aliviada, até mudar completamente para feliz – Ahhhhhhhhhh! Eu vou ao Festival com James Potter!

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- Por que você fez isso? Ou melhor, por que você vai fazer isso? – perguntou Sirius, fechando a janela para não ter de ouvir aquilo.

- Por que eu fiz um acordo com a Lily. – respondeu James calmamente – Eu saio com a amiguinha dela na primeira noite do Festival e ela não vai beijar nenhum outro cara nessa noite.

- Ah, mas que droga, então por que eu vou querer sair com ela?

- Você queria sair com ela? – James perdera toda sua calma.

- Marianne tinha me convencido. – Sirius socava o próprio punho – Disse que na segunda noite sairia comigo.

- Hum... Elas tinham um plano. – James pensava alto – Mas eu mudei os planos. Isso é muito bom. Assim as coisas ficam em nossas mãos, elas perdem o controle. Sirius, mantenha o seu acordo com a Marianne. Duvido que a Lily vá contar para a amiguinha o que ela prometeu a mim. Ela é orgulhosa demais pra isso. – ele riu ao dizer isso – Depois fala de mim. – em seguida se voltou sério para Sirius – Convide-a esta noite. Se ela aceitar, você a vigiará pra mim e ao mesmo tempo terá como cobrar de Marianne sua parte na promessa.

- E se ela não aceitar?

- Aí nós vamos precisar ir ao porão de minha mãe fazer alguns feitiços...

- Pontas! Você não pode enfeitiçar uma garota! Isso é contra as regras dos Marotos!

- Quem disse que eu preciso enfeitiçá-la? – respondeu James com seu sorriso de "eu-sou-muito-esperto" – Eu só quero vigiá-la.

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- Vamos, eles estão na rua. – disse Lily enquanto ainda olhava pela janela.

- Ainda não estou certa desse seu plano. – Marianne nunca vira sua amiga agir assim antes. Não que Lily fosse tão boazinha a ponto de não sentir raiva e sede de vingança, mas aquele brilho nos olhos verdes da amiga era diferente. Era maligno.

- Não será nada demais. Apenas mais um fora dado publicamente. E depois, vamos arranjar outro partido pra mim, pra sexta à noite. – respondeu com simplicidade.

As duas desceram e se juntaram a um grupo de garotas que conversava na calçada. Volta e meia passava um garoto voando em sua vassoura, em algum tipo de jogo de rua. Ao ver que eles haviam dado uma pausa, Lily levantou-se e caminhou sozinha em direção à casa de Marianne, dando a Sirius a oportunidade de fazer o convite. Ele não desperdiçou a oportunidade.

- Evans! – gritou ele ainda ao longe, voando e parando ao lado dela. – E aí, ruiva, já tem par pro Festival sexta-feira?

- Não, Black, ainda não. – respondeu simplesmente.

- Ótimo! Então poderá ir comigo! James e Marianne vão às 8h, podemos ir com eles, que tal?

- Não. Obrigada, Black, passar bem.

Dito isto, Lily continuou seu caminho, entrou na casa da amiga, subiu até o quarto e, com as luzes apagadas, foi observar o impacto da parte inicial de seu plano. Da janela, pôde ver que ambos, Black e Potter, estavam furiosos. Então viu a segunda parte de seu plano passar voando em direção à varanda de Marianne. Daniel. Um jovem bruxo a quem vinha admirando desde o momento em que pusera os pés no povoado.

Desceu correndo as escadas e logo estava do lado de fora. Sentou-se na cercania da varanda e, conforme o combinado, esperou Marianne chegar. No momento em que Daniel voava de volta, passando por elas, Lily dizia para Marianne que ainda não tinha com quem ir ao Festival na sexta.

- Daniel! – gritou Marianne, com toda a sua cara de pau.

O rapaz freou a vassoura, deu meia volta e desceu ao lado delas, porém na rua.

- Sim, Mari?

- Daniel, querido, eu sei que você tem muitas pretendentes – começou ela, entre risos, enquanto Lily nem precisava fingir que estava envergonhada – Mas você já convidou alguém pra ir com você ao Festival?

- Ah, Mari, você sabe que eu terminei um namoro longo faz pouco tempo, eu tava pensando até em ir sozinho, não convidei ninguém não.

- Poxa, minha amiga Lily não conhece ninguém aqui, a não ser os garotos de Hogwarts, mas ela não se dá bem com eles... Enfim, eu vou com um garoto na sexta, não queria que ela fosse sozinha, entende? O que você acha?

Lily ficou corada quando Daniel olhou bem dentro de seus olhos verdes.

- Concordo plenamente. Sua amiga jamais poderia ir sozinha. Então se ela me der a honra de ir comigo, eu ficaria imensamente feliz. – disse com um sorriso sincero.

'Isso é que era homem', pensava Lily enquanto tudo o que conseguia fazer era sorrir de volta, além de se derreter, é claro.

Um estrondo foi ouvido, vindo da casa em frente. Parecia que a porta havia se fechado violentamente.

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- Isso significa que vamos ao porão? – perguntou um irônico Sirius, ao ver o amigo na sala com fumaça saindo pelos ouvidos. – Calma, cara, ela só tá jogando contigo...

- Pois ela me fez uma promessa, e terá de cumpri-la. – disse um decidido James, descendo as escadas.

O porão era uma mistura de biblioteca com sala de aula de poções. James foi direto a uma das estantes de livros e retirou um exemplar, abrindo-o sobre um apoio para leitura em pé.

- Você está com o seu espelho? – perguntou ao Sirius, enquanto retirava o seu próprio espelho do bolso.

- Sim. – respondeu Sirius – Por quê?

- Porque eu vou precisar dos dois.

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Sexta-feira.

- Mãe! Elas ainda estão dormindo! – ouviram uma voz de criança gritar da porta do quarto.

Um travesseiro voou nesta direção.

- Bernard! Me deixa em paz! – gritou Marianne.

Lily pegou seu próprio travesseiro e cobriu o rosto, tentando abafar qualquer som ou luz que a impedisse de voltar a dormir.

- Eu preciso dormir mais, ontem foi um longo dia – sussurrou para si mesma.

- Hoje será um longo dia, querida amiga! – ouviu Marianne dizer, entre o estar entusiasmada e morrendo de sono.

E definitivamente seria. Não apenas um longo dia, pois o tempo não passava e não chegava a hora de irem ao primeiro dia do Festival, como aquela noite seria longa.

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O mesmo se dava para os dois moradores da casa em frente.

James andava de um lado para o outro em seu quarto, enquanto Sirius apenas aguardava sentado na cama do amigo.

Até que o relógio do quarto marcou ser sete horas e vinte minutos da noite e um pomo de ouro saiu de dentro dele para avisar:

- Início da partida. Início da partida. Início da partida.

Para então se recolher novamente dentro do relógio.

James encarou o amigo, sorriu, saiu do quarto, sendo acompanhado pelo outro. Eles se dirigiam ao final da rua, em direção contrária à praça. No caminho, nada coincidentemente, encontraram Daniel.

Eles o cumprimentaram. Daniel, que não estudava em Hogwarts, não sabia da obsessão de James por Lily, então não tinha motivos para desconfiar de nada. James, como um bom amigo, ajeitou a gola da blusa do outro e lhe desejou boa sorte com sua garota. Em seguida continuou seu caminho com Sirius.

Este último parou em frente a uma casa e esperou a garota que tinha convidado naquela tarde descer. James voltava, tomando cuidado para não encontrar Lily, assim como os dois se evitaram durante toda a tarde, e aguardaria dar oito horas para ir à casa de Marianne.