Espero que estejam gostando da estória. Por favor, me deixem saber!


Capítulo 6 – Consequências e reflexões

"Oh meu Deus!". Cuddy gritou quando notou o que havia acontecido. House tinha sido atingido pelo tiro. Não satisfeito, Theodore se aproximou apontando a arma para a cabeça de House.

"Pelo amor de Deus Theodore". Wilson implorou.

"Era você! Bastardo!". Ele reconheceu a voz de Wilson.

De repente sirenes foram ouvidas, muitas delas. Theodore assustou e tentou fugir para dentro de sua casa. House estava no chão e Wilson ajoelhou-se.

"Onde você foi atingido?".

"No braço. Mas acho que foi só de raspão". House disse rasgando a manga do braço direito para olhar.

Cuddy acenava para os policiais que chegavam, havia pelo menos quatro viaturas de policia.

"Ele sequestrou minha filha e depois atirou no meu...". Cuddy não sabia como se referia a House. "Nele!". Ela preferiu apontar.

Os policiais entraram na casa e Cuddy correu para House com Rachel a seu lado.

"House!".

"Eu estou bem". Ele tranquilizou.

"Eu... Desculpe, eu fiquei paralisada. Eu só pensava em proteger Rachel e...".

"Ok, você fez certo". House disse.

Cuddy não sabia o que sentir. Aquele bastardo acabou com a vida dela três anos atrás, mas agora ele salvou a vida de sua filha e levou um tiro por isso. Era muito para processar.

"House vai morrer?". Rachel perguntou aos prantos.

"Não filha... Claro que House vai sobreviver". Cuddy falou sem ter certeza de nada naquele momento.

"Temos que ir para o hospital". Wilson disse para ele.

"Quão sério?". Cuddy perguntou preocupada tentando ser discreta para Rachel não ouvir.

"Não foi nada... Foi um tiro de raspão". House tentava acalmar a todos.

"House, tem muito sangue. A bala deve ter atingido a artéria braquial". Wilson disse.

"Oh Deus! Vamos levá-lo para o meu hospital agora". Cuddy saiu correndo para chamar um policial.

"Eu não quero ir pra lugar algum até que prendam o filho da puta". House reclamou.

"Você não tem opção. Além disso, aqui você não faria nada útil agora". Wilson disse utilizando sua blusa para fazer um torniquete no braço do amigo.

Então dois policiais saíram arrastando Theodoro algemado.

"Lisa, eu te amo! Eu fiz tudo isso por você!".

"Filho da puta! Eu te odeio!". Ela respondeu aterrorizada. Cuddy pensava que o que havia acontecido com ela há três anos tinha sido o auge do terror. Mas isso...

"Acalme-se senhora, ele não vale a pena". Um policial disse. Ele é procurado há tempos e apodrecerá na prisão pelos crimes que cometeu.

"Pelo que ele é procurado?". Cuddy quis saber.

"Identidade falsa, estelionato, tentativa de homicídio, sequestro. Ele engana mulheres, ele sequestrou uma jovem e há indícios de que ele envenenou a esposa".

"Oh meu Deus!".

"Vocês tiveram sorte por Trinity nos avisar".

"Ela avisou?". House passava e ouviu essa última parte.

"Sim. Ela pediu que viéssemos, pois disse que um cara teimoso não aceitaria ajuda e tão pouco iria esperar para agir sozinho".

"Acho que esse sou eu". House respondeu bem humorado, apesar de toda a situação.

"House vá, por favor!". Cuddy pediu. "Por favor, o levem rapidamente ao Cleveland Clinic, eu estou avisando a equipe de emergência".

"Obrigada doutora". House respondeu irônico. Ele entrou na viatura para ir ao hospital. "Pelo menos dessa vez eu entro na viatura como vitima".

Ela olhou pra ele cansada, mas grata. O homem salvou Rachel, ele se arriscou por sua filha desde que soube que ela estava em perigo.

Depois os policiais a orientaram a ir também. Ela pegou Rachel e se dirigiu ao hospital junto com Wilson. Rachel passaria em consulta para ver se estava tudo bem. Mas antes ela viu pela última vez Theodore algemado dentro do carro de policia.

"Theodore". Ela o chamou. "Seu filho da puta! Monstro! Se você fez algo com a minha filha eu te mato".

"Lisa, eu te amo!". O homem insistia em repetir.

"Cale-se! Você não sabe o que é amor. Você é um monstro que precisa ficar trancado em uma cela pelo resto de sua vida medíocre".

"Lisa...". O homem começou a chorar.

"Eu não sei como pude me deixar levar por você. Eu nem te amava, nunca senti nenhuma atração por você...".

"Você me ama!".

"Eu nunca te amei! Eu nunca senti nada. Ouviu? Nada!". Cuddy gritava entre lagrimas.

Wilson a puxou para longe e os policiais seguiram com Theodore rumo à delegacia.

"Lisa, vamos levar Rachel". Wilson disse.

"Sim. Obrigada!".

"Agradeça à House. Ele é quem fez tudo".

Ela balançou a cabeça em concordância. "Rachel, o que esse homem fez com você?".

"House vai morrer?". A menina só repetia essa pergunta. Ela estava mais assustada com o fato de ter visto House ferido, do que com tudo o que havia acontecido com ela.

"Não!". Wilson respondeu. "House é forte".

"Eu amo House, mamãe!".

Cuddy deixou lágrimas rolarem por seu rosto cansado. "Eu sei". Ela abraçou a filha.

No caminho do hospital eles foram escoltados por uma viatura da policia. Cuddy estava no banco de trás com a filha.

"Conte-me o que aconteceu Rachel".

"Ele colocou alguma coisa no meu nariz, eu acordei nessa casa".

"Bastardo!". Wilson disse.

"Ele me amarrou e colocou um pano na minha boca. Mas eu dormia muito".

"Temos que fazer um teste toxicológico". Wilson falou.

Cuddy ainda não tinha se dado conta completa do que havia acontecido, era tudo tão surreal.

"Ele tocou em você, filha?". Cuddy estava apavorada com essa possibilidade.

"Não lembro".

"Oh Deus!". Cuddy começou a chorar muito.

"Lisa, isso não quer dizer nada. Ela dormiu a maior parte do tempo. O que acabou sendo bom... Certo? Ela não se lembra de coisas desagradáveis, no futuro isso terá sido um pesadelo que terminou".

"Eu vi House entrando e ele falou pra eu não fazer barulho. Mas eu falei... Será que ele se machucou por minha causa?".

"Não filha!". Cuddy respondeu muito culpada. "Eu é quem fiz bobagem". Ela sentia-se duplamente culpada: Ela não havia notado o monstro que Theodore era, apesar de House, Wilson e a professora de Rachel insistirem. Depois ela foi a responsável pelo tiro de House, ela falou quando Wilson estava ao telefone com o bastardo.

"Cuddy, não foi a sua culpa também".

"Claro que foi Wilson. Tudo isso foi minha culpa".

"Não Lisa, a culpa foi desse louco".

"Eu abri as portas da minha casa, eu não acreditei em ninguém que tentava me alertar. Até a minha mãe não tinha ido com a cara desse monstro. E, depois de tudo isso, eu ainda tinha que falar para que ele reconhecesse a minha voz...".

"Lisa, não vá por esse caminho".

"Eu não vou me perdoar se algo de ruim aconteceu com Rachel, ou... House".

"Nada aconteceu com Rachel além do que já sabemos. E House ficará bem".

Rachel a abraçou. "Mamãe, está tudo bem!".


House passou por cirurgia, pois a bala havia perfurado a artéria, mas a sorte é que o músculo estava bloqueando boa parte da perfuração, salvando a vida dele. Rachel passou por exames, mas não havia sofrido violência sexual e nenhum outro tipo de agressão física, o problema foi emocional. Como a garota dormiu boa parte do tempo, isso de alguma maneira a preservou, mas, nas próximas horas, ela acordava gritando sempre que pegava no sono.

"Como ele está?". Cuddy perguntou preocupada para Wilson.

"A anestesia está passando, logo ele retorna a si". Wilson respondeu. Eles estavam ao lado de House.

"Eu o tratei tão mal...".

"Você tinha as suas razões".

"Ele salvou Rachel".

"Sim, ele fez".

"Ele está bem. Parece mais jovem e saudável".

"É a natação. Ele é bom nisso, apesar da perna. E também algumas mudanças de hábitos significativas".

"Quando ele parou com o Vicodin?".

"Pouco depois que deixou a penitenciaria".

"Como ele voltou da prisão?". Pela primeira vez em três anos Cuddy se interessava em perguntar sobre House.

"Basicamente o mesmo, a mudança veio depois".

"E a namorada dele? Tina?".

"Eles não são namorados".

"O quê?". Ela não sabia explicar, mas ela sentiu um alivio ao ouvir aquilo.

"Eles se veem as vezes. House não quer um relacionamento".

Cuddy pensou que ela o feriu profundamente. Com certeza ele não iria querer nenhum relacionamento. De repente Cuddy sentiu-se mal, ela colocou toda a culpa em House, ela vivia com isso, mas agora ela percebeu que também foi parte da razão que culminou com aquilo. O término precipitado foi um gatilho para o desenrolar de toda a dor.

"Rachel?".

"House!". Cuddy disse quando ele falou o nome da filha. Foi a primeira coisa que ele disse ao acordar.

"Rachel?".

"Ela está bem". Wilson respondeu. "Ela está descansando".

House abriu os olhos e viu Cuddy. "Desculpe...".

"Desculpar?".

"Sim, eu estou aqui no seu hospital".

"Cala a boca House! Você salvou minha filha".

Ele se surpreendeu. House tinha certeza de que ela o odiava ainda mais.

"Algo dói?". Wilson perguntou.

"Morfina?".

"Sim". Wilson confirmou.

"Não!".

"Era necessário".

"Não Wilson, por favor. Eu não posso passar por detox outra vez".

"Eu vou pedir para eles começarem a mudar a medicação para alguma não opióide".

"Por favor!".

Wilson saiu da sala.

"Obrigada!". Cuddy disse com sinceridade.

"Não tem por que me agradecer. Eu gosto da menina e não gosto de sequestros, exceto... se for alguma fantasia sexual".

Ela riu. House sorriu, ele sentia falta daquela Cuddy.

"Você vai ficar bem e voltará a nadar em breve".

"Oh você sabe sobre a natação?".

"Sim. E sei sobre Tina também".

House fechou a cara.

"Quer que eu a chame? Tem algum telefone?".

"Não!". Ele respondeu rapidamente.

Cuddy queria ver a reação dele. "Ok".

"O que aconteceu com o meu braço?".

"A bala perfurou a artéria, mas não houve lesões ou rompimentos significativos. Eles suturaram a artéria e limparam a lesão".

"Bom. Que bom que o seu namorado é um péssimo atirador".

Ela fechou a cara. "Ele não é meu namorado".

"Ok".

"Eu fui estúpida, pode zombar de mim a vontade".

"Não".

"Não o que?".

"Eu não vou zombar de você por ter se relacionado com um cara gordo de pinto pequeno com um nome falso e muito dissimulado".

"Ok, eu mereço isso".

"Eu não vi o pênis dele". House falou bem humorado.

"Você não está errado em seu julgamento". Ela disse e ele riu. Ela riu também. Ficaram rindo alguns segundos.

"Eu não entendo... É porque ele era totalmente diferente de mim?".

"Possivelmente". Ela respondeu pensativa. "Talvez minha terapeuta possa me ajudar a entender".

"Oh, você tem uma terapeuta?".

"Há três anos".

"Desculpe por isso. Se quiser mandar a conta...".

Ela riu. "Você terá que trabalhar muito para pagar".

"É... melhor não mandar a conta, pois eu não sou CEO".

Cuddy sorriu. "Obrigada. Sério! Obrigada por tudo". Ela tocou o braço dele e House sentiu-se gelar.

"Eu só espero que isso compense um pouco o mal que lhe fiz". Ele disse.

Eles se encararam por alguns segundos, então Wilson entrou.

"Eles vão começar a trocar a medicação".


No dia seguinte Rachel foi pra casa, House continuaria por mais dois dias pelo menos. Cuddy ia e vinha da sala dele, as enfermeiras a viam sorrir na presença dele, ela estava mais leve. Todos no hospital comentavam que a bruxa de gelo estava diferente, House derreteu o gelo, mas o que eles eram afinal? Com certeza se conheciam de longa data. Uma das enfermeiras descobriu a história toda sobre eles e o assunto repercutiu.

"A filha foi sequestrada pelo atual namorado, e o ex-namorado a salvou. Mas antes ele foi preso porque entrou na casa dela com o carro".

"Oh meu Deus! Lisa Cuddy é mais interessante do que eu pensava".

"Pelo menos esse ex-namorado é interessante. Você viu aqueles olhos?".

"E aqueles bíceps?".

"A enfermeira Cleo disse que ele tem potencial no meio das pernas?".

"Sério?".

"Sim. Lisa Cuddy não é boba e tão pouco frigida".

"Oh Deus!".

As enfermeiras se revezavam para dar banho em House, todas queriam ver a potencia no meio das pernas dele.

"Como você está?". Cuddy foi visitá-lo naquela tarde.

"Dizem que eu receberei alta hoje".

"Oh, que maravilha!". Mas o coração dela bateu triste, ele iria embora, não se veriam mais.

"Como está Rachel?".

"Ela passou em terapia e a psicóloga disse que ela reagiu muito bem e que não crê que haverá traumas profundos. Mas ela fará tratamento por algum tempo".

"Oh, isso é ótimo. A menina é forte".

"Sim". Cuddy sorriu.

"Suas enfermeiras são meio taradas, só pra avisar".

"O quê?".

"Elas ficam se revezando para me dar banho e eu vejo como elas olham para minhas partes".

"House...". Cuddy corou.

"É verdade. Algumas delas até salivaram...".

Cuddy estava muito corada. "Ok, eu vou averiguar isso".

House riu. "Deixe as meninas se divertirem com alguns brinquedos realmente bons".

"Oh... Isso eu terei que investigar".

"Estraga prazer! Por isso te chamam de bruxa".

"Me chamam de bruxa?".

"Você não sabia?".

"Não!".

"Oh, eu estou há dias aqui e sei mais do que você".

"Eu não venho muito ao hospital, fico mais na parte administrativa".

"Então essas visitas são exclusivas para mim?".

Ela corou novamente. "Você salvou Rachel".

"Então valeu totalmente a pena".

Cuddy não sabia como agir, só mesmo ele para deixá-la naquele estado. Há três anos ela não sentia-se assim com ninguém.

Continua...