Capítulo 11 – O sonho de volta

House levou Cuddy até o quarto dele e a colocou na cama, depois ele a cobriu com carinho. Em seguida House foi até a sala e deitou-se no sofá levando consigo um travesseiro e cobertores, ele não achava justo compartilhar a cama com ela. Eles ainda nem tinham conversado, Cuddy estava bêbada e aquela história de "eu te quero" o incomodava imensamente. O que isso queria dizer exatamente? Ela havia deixado claro que tinha atração física por ele, mas House ainda estava em duvidas sobre todo o resto. E só a atração física não era suficiente, não para um relacionamento maduro e duradouro, não para tudo o que teriam que enfrentar.

Ele pensou... pensou... pensou... Mas finalmente adormeceu.

Na manhã seguinte Cuddy acordou com uma enorme dor de cabeça. Ela não reconheceu o local em que estava de imediato, mas quando notou que era o quarto de House, ela olhou para si mesma.

"Oh, estou vestida... Nada aconteceu nesse departamento". Ela respondeu aliviada, pois se algo acontecesse ela gostaria de se lembrar.

Então ela se levantou e lembrou-se vagamente do quanto havia bebido na noite anterior. "Oh meu Deus!". A dor de cabeça também a ajudou a montar todo o cenário em sua mente, realmente ela tinha exagerado como fez poucas vezes na vida. Cuddy procurou por sua mala de roupas sem sucesso, ela imaginou que estaria na sala e resolveu ir procurá-la, ela foi devagar, pois não sabia onde House estaria. Ele dormiu na cama e já havia se levantado? Mas ficou claro que não quando ela o viu no sofá. House ainda dormia profundamente. Cuddy lentamente foi até ele. Ela amava vê-lo dormir, House sempre tinha um semblante tão pacifico. Então ela o observou por alguns segundos e logo encontrou a mala perto da porta de entrada. Ela pegou a mala e seguiu novamente para o quarto, ela precisava de um banho com urgência.

Enquanto ela tomava banho House despertou. Ele ouviu o chuveiro ligado, então seu coração bateu acelerado. Ela estava no apartamento dele, ela tomava banho em seu chuveiro, House nunca pensou que estariam nessa situação novamente.

Ele queria ir para o quarto se vestir, mas tinha medo de assustá-la quando ela saísse do banho, então ele levantou-se e foi fazer algo para o café da manhã.

Cuddy apareceu na cozinha pouco tempo depois. Ela cheirava bem, House lembrou-se de como Cuddy cheirava bem independente do xampu ou sabonete que usasse. Esse fato sempre o intrigou.

"Bom dia!".

"Bom dia!". Ele respondeu de volta.

"Eu não me lembro quase nada de ontem". Ela falou envergonhada. "Desculpe se eu dei trabalho".

"Você vomitou".

"Oh, desculpe".

Ele riu.

"Eu sei que disse coisas...".

"Esqueça, eu sei que você estava bêbada".

"Não". Ela andou até ele. "Essas coisas eu queria dizer realmente".

Os dois trocaram um olhar até que o telefone dele tocou.

"É o meu time".

Ela sorriu e balançou a cabeça.

House atendeu rapidamente, não era nada demais, logo ele desligou e encontrou Cuddy na cozinha. Ela devorava as panquecas que House havia feito.

"Você nunca gostou das minhas panquecas. Muito glúten".

"Eu como glúten, eu só... Não gosto de exagerar, mas eu sempre gostei de praticamente tudo o que você cozinha. E essas panquecas estão divinas!".

"Rachel gostava de minhas panquecas".

Cuddy riu. "Ela sempre falou de suas panquecas. Nesses três anos ela nunca te esqueceu. Todo dia ela falava algo a seu respeito".

"Oh...". House respondeu surpreso.

"Você é uma figura difícil de esquecer". Cuddy disse sugestivamente.

"Desculpe por isso?".

"Não se desculpe por algo que você é".

"Bom... Eu sempre precisei me desculpar muito pelo que sou".

"Não deveria".

Ele olhou pra ela sem entender.

"Você é quem é e tem muitas qualidades. Todos temos defeitos e não é justo termos que ser perfeitos para agradar a alguém".

House ficou ainda mais confuso.

"Eu sei que...". Cuddy corou, respirou fundo. "Eu sei que em nosso relacionamento eu exigi de você algo irreal. Que você fosse você, mas agisse diferente em alguns momentos. Isso foi insano e injusto".

House ainda não dizia nada. Ele não esperava por isso.

"Eu te pressionei com isso silenciosamente. Eu nunca demonstrava o quão feliz eu estava. Eu sempre estive tensa e não aproveitei o melhor momento de minha vida: ter você e Rachel. Era como se eu esperasse por algo ruim o tempo todo".

"E você estava certa".

"Não!". Ela o interrompeu e caminhou até ele. "Eu fui em parte culpada pelo que houve".

"Cuddy não!".

"Sim! Minha atitude, minha omissão. Eu fui em parte culpada por isso ao longo de todos os anos de amizade e do tempo em que nos relacionamos".

"Eu não sou uma pétala delicada, eu posso assumir a responsabilidade. É minha responsabilidade".

"E eu também posso e quero assumir a minha parcela de responsabilidade. Se eu tivesse agido diferente... Se eu tivesse conversado com você ao invés de te abandonar quando você recaiu. Você estava assustado...".

"Você também".

"Eu não devia ter terminado".

"Não adianta voltar lá...".

"Sim, eu preciso voltar lá".

"Não... É só sofrimento sem sentido".

"As vezes precisamos entender o passado para seguir adiante. Para aproveitar o presente e construir um futuro".

House franziu a testa.

"Eu quero um futuro juntos!". Cuddy disse sem rodeios.

"Você...".

"House...". Ela se aproximou completamente, colocou uma mão no rosto dele. "Eu não quero só sexo. É claro que eu quero sexo com você, mas não só. Eu quero mais. Eu quero nós!".

O coração de ambos batia tão forte no peito, como se fossem adolescentes descobrindo o primeiro amor.

"Você quer nós?". Cuddy perguntou ansiosa com a resposta que viria.

"Oh Deus, sim!". Ele respondeu com tanta sinceridade que a fez corar.

"Então... Me beije!".

House não respondeu, apenas a tomou em seus braços e a beijou com intensidade. Ficaram trocando beijos por alguns poucos minutos, pois a necessidade de mais os dominou.

House a carregou nos braços em direção ao quarto.

"House... sua perna...".

"Está bem". Ele respondeu e logo a beijou novamente.

Ele a despiu com cuidado.

"Eu não sou mais a mesma... Três anos se passaram". Cuddy respondeu envergonhada.

"Não é como se eu tivesse ficado em um freezer".

"Você está bem...".

"Você também".

"Não, eu quero dizer. Você está gostoso como o inferno". Ela disse enquanto tirava a camisa dele.

"E você sempre será a mais gostosa pra mim".

"Sério?".

"Você é linda Lisa Cuddy. É perfeita! Desde a primeira vez que ficamos juntos... Nunca deixou de ser. Esse é meu karma".

Ela sorriu. "Ninguém nunca me fez sentir-me mais desejada. Mais feminina. Mais feliz!".

"E ninguém me fez desejar mais uma mulher".

Cuddy mordeu os lábios e o puxou contra ela.

E eles se entregaram ao amor. Cuddy, que havia cogitado que a idade tomou conta de seus hormônios e que o melhor da vida sexual já havia passado, não podia estar mais enganada. Ela só não estava com o parceiro certo, nada além disso.

Naquele dia eles agiram como dois adolescentes, nunca cansando-se um do outro.

"Sabe que nós podemos ter sérios problemas de dores no corpo pela atividade física em excesso?". House perguntou bem humorado.

"Você está reclamando garanhão?".

"Nunca!".

"Você me faz sentir-me com dezoito anos, lide com as consequências!".

Ele riu e partiu para cima dela novamente.

"Mas tenho que dizer uma coisa". Cuddy continuou com ele sobre ela. "Ainda bem que você não tem dezoito anos de idade. Eu não teria paciência pra lidar com inexperientes".

"Uh... Você sempre me teve experiente".

"Verdade. E não posso reclamar disso".

Eles riram e voltaram a se perder um no outro.


No dia seguinte eles abriram os olhos cansados, mas felizes. Eles estavam extasiados pelo amor e com o corpo moído pelas atividades físicas do dia anterior. Jantaram rapidamente, House fez um sanduiche caprichado para recuperarem parte da energia, riram assistindo a televisão, falaram de Rachel e suas aventuras na escola, mas evitaram qualquer assunto sobre o futuro. Eles queriam viver o momento, diferente do que haviam feito em seu relacionamento anterior, sem tensão, sem pressão, sem exigências. Apenas curtir a companhia um do outro e deixar o tempo passar devagar.

"Você voltará amanhã para Cleveland?".

"Infelizmente...".

"Você...".

"House, vamos viver hoje, esquecer o amanhã?".

"Você não tem medo do amanhã?".

"Não depois de tudo. Nós vamos dar um jeito".

"Que bom que um de nós tem certeza disso...".

Ela chegou perto dele e o abraçou pelas costas. "Nós merecemos!".

Ele sorriu. "Só falta você me dizer que Deus olhará por nós".

"Mais ou menos isso".

Ele riu.

"E nós olharemos por nós. Eu não quero te perder novamente!".

"Você nunca me perdeu". Ele se virou para encará-la. "Você me deixou ir".

Ela abaixou a cabeça. "Você tem razão".

"Desculpe...".

"Não, nós temos que ser honestos. Eu realmente o deixei. Eu realmente não me empenhei em nosso relacionamento".

"E eu... com o meu grande equilíbrio emocional e vicio, me deixei levar rapidamente. Na primeira dificuldade...".

"Estamos melhores hoje".

Ele respirou fundo e Cuddy pegou na mão dele.

"Nós erramos, nos afastamos, sofremos e hoje entendemos o que queremos e como queremos".

"O que você quer dizer?".

"Eu quero ficar com você e quero que funcione. Você quer ficar comigo e quer que funcione".

"Sim". House concordou sem hesitar.

"Isso é mais do que suficiente".

"Espero que sim!".

"Será! Agora onde paramos? Estou com fome...".

"Antes nós podíamos... Você sabe...".

"House... Eu estou toda dolorida nas minhas partes femininas".

"Mas já?".

"Ontem fizemos... duas vezes? E mais duas vezes hoje".

"Quatro vezes em menos de vinte e quatro horas, nada mal para duas pessoas além dos quarenta anos".

"Oh meu Deus! Parecemos coelhos". Ela respondeu rindo.

"Vem cá!". House ignorou os comentários dela e a puxou contra o peito.

"Tina era mais jovem...". Cuddy respondeu inesperadamente.

"O quê? O que Tina tem a ver com isso?". House respondeu surpreso.

"Eu não sou tão jovem...".

"Cuddy, eu não amo Tina. Nunca fui apaixonado por ela".

"E você é por mim? Você me ama?".

"Que pergunta idiota!".

"Diga House!". Ela se virou para encará-lo.

"Você sabe a resposta".

"Diga! Por favor!".

"Eu nunca deixei de te amar".

"Nem quando estava na prisão?".

"Principalmente quando estava na prisão".

Ela olhou sem entender.

"Eu pensava em você dia e noite. Se um dia você me perdoaria. O que eu faria se tivesse machucado você ou Rachel. O que você estaria fazendo enquanto eu estava lá trancado. Se havia um homem ao seu lado... Era enlouquecedor".

"Eu pensei que você havia me esquecido. Você nunca apareceu...".

"Por que você me odiava e sumiu... É uma mensagem muito clara de que você não me queria mais em sua vida".

"Sim, eu tentei".

"Eu sei".

"E falhei. Falhei tão profundamente que coloquei um psicopata em minha casa".

"Você não tem culpa...".

"Eu estava tão cega tentando te esquecer que não notei o básico. Minha filha sofreu...".

"Ei, ei, ei... Esse não é o caminho que eu quero para esse final de semana".

"Ok, nem eu". Cuddy falou secando as lagrimas que desciam por sua face.

"Que tal um belo crepe vegetariano?".

"Eu adoraria".

E ele foi até a cozinha a puxando com ele pela mão.

Ela sentou-se e o observou cozinhar. Era sempre calmante pra ela vê-lo em ação. Seja no hospital, seja na cozinha. Havia algo que a encantava, sua genialidade em toda a parte.

"Eu juro que vou valorizar mais você".

"O quê?". Ele perguntou surpreso.

"Eu serei uma namorada melhor dessa vez".

"E eu um melhor namorado também".

Ela sorriu. Trocaram um selinho antes de se alimentarem.


Eles passaram aquele domingo sonolentos. Dormiram a maior parte do tempo abraçados, acordavam comiam, namoravam e voltavam a dormir. Era tão reconfortante estarem nos braços um do outro novamente. O tempo passou, coisas pesadas aconteceram, mas era como se eles nunca tivessem se separado, nenhum único minuto. Os corpos se completavam, as mentes se conectavam.

"Que horas será o seu voo?".

Cuddy respirou fundo, ela não queria pensar no afastamento físico, não até o último minuto. "Amanhã cedo. Seis horas da manhã".

House abriu o sorriso e ela entendeu mal. "O quê? Você está feliz?".

"Sim".

Cuddy sentiu-se ferida.

"Eu estou muito feliz porque você ficará hoje à noite".

Ela relaxou e sorriu também.

"Pensou que eu estava feliz porque você ia embora?".

"Não sei o que pensei...".

"Oh com quem farei sexo quando você se for? Como posso ficar feliz com isso?".

"Wilson?".

"Ele não tem partes genitálias tão agradáveis. Tenho que pensar em outra pessoa...".

"Eu espero que você não tenha intimidades com mais ninguém! E eu sempre soube que era sobre sexo". Ela brincou.

"Sempre é sobre sexo".

Eles riram e caíram abraçados no sofá. Em pouco tempo estava dormindo novamente aninhados um com o outro.


A noite Cuddy ligou para Rachel.

"Filha como está na casa de Dora? Está se divertindo?".

"SIM! Eu comi cachorro quente".

"Uh...".

"House está aí?".

"Sim, ele está aqui". Cuddy olhou para House que sorriu. "Quer falar com ele?".

"SIM!".

"Ela quer falar com você". Cuddy deu o telefone para ele.

"Ei macaca!".

"Eu não sou macaca". Rachel riu.

"Está fazendo muita bagunça?".

"Não".

"Ah, fala a verdade. Eu não vou contar pra sua mãe".

Cuddy deu um tapa no braço dele bem humorada.

"Eu fiz guerra de travesseiros ontem com a Mi".

"Boa!". Ele falou orgulhoso.

Cuddy olhou curiosa.

"Mas quem é Mi?". House perguntou.

"Minha amiga, filha de Dora".

"Ah... Entendi".

"Eu chamo de Mi porque ela parece uma Mi".

House riu. "Faz sentido".

"House... Você vai vir me visitar?".

"Com certeza, macaca".

"Oba! Quando?".

"Não sei ainda, mas em breve".

"Amanhã?".

Ele riu. "Não amanhã, mas logo".

"Por favor House!".

"Eu também quero te visitar. Prometo!".

"Promessa de pirata?".

"Promessa de pirata!".

Cuddy achou a coisa mais fofa aquela conversa. Ela pegou o telefone.

"Filha, mamãe volta amanhã. E House irá em breve nos ver. Tudo bem?".

"SIM!".

Eles desligaram.

"Ela te ama!".

House corou. "Eu também gosto muito dela".

"Eu sei. Você tomou um tiro por ela, nunca vou duvidar disso".

"Eu fico sexy quando você pensa sobre isso?". Ele disse começando a se aproximar dela.

"Sobre o tiro que tomou para proteger minha filha?".

"Sim...". Ele se aproximou ainda mais e envolveu a cintura dele com as mãos. "Olha a cicatriz...".

"Você é um inferno de sexy! Ninguém no mundo vai superar isso. Jamais!".

"Então valeu totalmente a pena".

E eles se atracaram novamente antes de passarem a última noite daquele final de semana em um sono profundo enquanto se abraçavam.


"Como será agora?". House perguntou quando Cuddy estava pronta para sair. Perto das quatro horas da manhã.

"Eu te aviso assim que chegar lá. E então eu vou sofrer de saudades durante a semana toda e você vem me visitar no próximo final de semana. Tudo bem?".

"Estarei lá!".

Ela sorriu e o beijou intensamente antes de sair.

O final de semana havia sido mágico, era como se tivessem entrado em um portal e só houvesse eles no mundo, mas seria possível manter uma relação em um mundo real? Sobretudo com quilômetros de distancia entre eles? Só o tempo traria as respostas.

Continua...