Oi pessoal!

Já faz anos que não escrevo nada e agora com 34 anos, infeliz na profissão que escolhi, resolvi dar continuidade aos planos que tinha: escrever um romance/drama sobre a minha vida! Não vou dizer que toda a história é a minha vida, mas muitas coisas são situações em que eu me vi no decorrer destes anos.

Espero de coração que vocês gostem!

Um beijo!

CAPÍTULO I – Aquele em que ela decidiu pelo amor-próprio

O calor que emanava do sol em sua pele alva naquele sábado tentava de toda forma aquecer o seu coração como se algo acima estivesse dizendo que tudo ficaria bem. Fechou seus olhos enquanto sentia a brisa em seu rosto, esvoaçando de leve seus cabelos ruivos.

Era começo de uma das suas estações favoritas, e por um momento não conseguiu evitar de pensar que deveria estar se sentindo mais grata em vez de sentir o aperto no peito que sentia desde que colocou os pés naquele país.

Abriu os olhos e contemplou a paisagem a sua frente. Estava sentada em uma parte alta do Central Park, olhando a vista que sempre viu em filmes e sonhava tanto em conhecer. Os prédios altos e espelhados a sua frente pareciam rir da sua cara e não conseguiu mais evitar as lágrimas que estavam dentro dela.

— Você está chorando? – ouviu a voz de sua amiga que lhe acompanhava naquele dia e percebeu instantaneamente a preocupação chegar aos seus olhos.

— Desculpa Luna – começou em meio as lágrimas que agora não paravam mais. Sabia que em algum momento falharia em esconder a tristeza que sentia – eu me sinto tão idiota, sempre foi meu sonho estar aqui e não consigo sentir a alegria que sempre pensei que sentiria – respirou fundo enquanto enxugava as lágrimas e olhou para o lado procurando algum conforto – acho que jamais pensei que sentiria esse vazio enorme dentro de mim e além de tudo isso ainda sinto a culpa me corroendo justamente por me sentir assim.

— Você não deve se sentir culpada Ginny, é completamente normal você não conseguir se sentir extasiada como deveria – sua amiga, como sempre, sabia as palavras certas para deixar seu peito mais aliviado – o seu coração está despedaçado ainda, você está passando por um período de luto e mesmo fugindo de tudo e de todos, esses sentimentos não ficariam para trás, pois eles moram dentro de você.

Sentiu o abraço de lado e respirou fundo enquanto conseguia conter as lágrimas novamente. Olhou ao redor analisando as pessoas que estavam por ali, sentadas conversando ou lendo algum livro e curtindo aquele momento. Mesmo se sentindo mais aliviada, aquele sentimento horrível dentro dela ainda ardia. Aquela dor que ela não sabia se algum dia seria capaz de deixar de sentir martelando seu coração.

Ginny Weasley tinha 28 anos, ainda morava com seus pais e seu irmão caçula, e contrariando tudo e todos, resolveu que a melhor forma de passar pelo período de luto do término trágico de seu primeiro relacionamento sério de quase quatro anos era vender tudo que tinha e fugir para outro país, longe de todos os seus amigos e familiares, longe de todas as lembranças que os lugares pelos quais passava em sua cidade a recordavam, mas principalmente a milhas e milhas de distância daquele que há pouco mais de dois meses atrás pensava que seria o amor da sua vida, Draco Malfoy.

A justificativa que deu para sua família e amigos era verdade: sempre deixou seus sonhos de lado. Na faculdade sempre quis viajar para os Estados Unidos, conhecer Nova York e ter a maior experiência da sua vida vivendo com uma família americana. Porém seu pai nunca deixou, alegando que não aceitaria a responsabilidade de mandar sua única filha mulher para outro país com medo de que ela não quisesse mais voltar.

Portanto, deixou esse plano de lado, decidiu que se formaria e juntaria dinheiro suficiente para fazer isso sozinha. Não contava com o destino que resolveu colocar Draco Malfoy em sua vida apenas alguns meses após começar a trabalhar em sua área. Acabou guardando o sonho novamente na gaveta para viver os quase quatro anos mais complicados da sua vida.

Não há como dizer que ela não fora feliz, pois no fundo o que me mais doía era isso: eles tiveram sim momentos muito felizes e onde ela se sentia amada. O problema começou logo após os dois primeiros anos, onde a felicidade foi trocada por angústia e nervosismo. Ela sempre soube que deveria acabar com aquele relacionamento abusivo, mas nunca conseguia, de alguma forma ele sempre a fazia se sentir inferior e culpada, e era nessas horas que ela mais tinha certeza de que ele tinha poder psicológico sobre ela.

Relacionamentos abusivos não são apenas aqueles onde há agressão física, então demorou muito tempo para que ela enxergasse que estava em um. Ele jamais havia levantado a mão para ela, porém a forma de controle psicológico era torturante. E ela sempre tentava entender o porque, mesmo sabendo disso tudo, ainda estava junto com ele. Até o momento que descobriu a traição abominável e não aguentou.

Ela sempre havia deixado claro para ele que a única atitude imperdoável em um relacionamento seria a traição, então quando descobriu tudo foi como uma mudança de chave na sua cabeça, a decisão foi tomada na hora e não havia sentimento que a fizesse mudar de ideia.

Entretanto, terminou tudo por mensagem de whatsapp pois não achou seguro para si mesma se colocar de frente a ele. Tinha medo de que se olhasse em seus olhos o controle dele sobre ela falaria mais alto. Portanto, decidiu por contar tudo aos pais dele para que ele tivesse raiva dela e não a procurasse, o que surtiu efeito.

Alguns dias após tudo isso a raiva dela era tanta que ela tinha até medo de vê-lo na rua e ter vontade de atropelá-lo! Quando percebeu que estava alucinando com a ideia sombria, decidiu que era hora de realizar seu sonho, visitar sua amiga e estar a milhas de distância para evitar ter a oportunidade de cometer um assassinato. Juntou todo o dinheiro que havia guardado, vendeu algumas coisas e pouco mais de um mês depois embarcou para a maior aventura da sua vida.

Respirou fundo quando lembrou de todos os recentes acontecimentos e tomou a decisão naquele momento que não deixaria que aquele traste tirasse mais essa alegria de sua vida. Levantou e limpou sua calça preta que havia ficado cheia de grama e se dirigiu a saída do parque junto com Luna para curtir aquele dia inesquecível.

Luna Lovegood era uma das suas melhores amigas e já estava morando nos Estados Unidos há quase dez anos e sempre lhe convidava para visitar. Não foi surpresa para ela quando Ginny um dia ligou e disse que havia decidido realizar essa viagem.

— Sabe de uma coisa? – começou a falar enquanto se encaminhavam para uma Starbucks que havia na esquina – não vou deixar ele roubar mais isso de mim, eu já superei tanta coisa no passado, até mesmo o meu acidente há 10 anos – percebeu o olhar da loira ao seu lado compadecida com aquela lembrança – o que será superar Draco Malfoy perto disso? Moleza. – terminou seu raciocínio enquanto pegava seu café e se dirigia a uma mesa na janela.

— Concordo com você! – o sorriso de conforto a sua frente a fez ter certeza de suas palavras – pode não ser fácil, mas nada é impossível nessa vida, pode demorar mas um dia você vai lembrar de tudo isso e dar risada amiga, e se perguntar o que todos nós nos perguntávamos.

— O que? – respondeu Ginny esperando pela resposta enquanto a amiga dava uma risada e respondia a coisa mais inusitada de todas.

— O que você viu naquele loiro aguado com cara de fuinha! – por sorte já havia engolido o gole de café senão seria café para todo lado, as duas caíram na gargalhada.

— A família toda pensava isso? – sua amiga confirmou enquanto continuava rindo – e posso saber porque ninguém me falava que odiava ele? – questionou enquanto acalmava a risada.

— Ah Gin – começou a loira enquanto colocava o copo de café na mesa entre elas e se ajeitava melhor no banco – você sabe como é, a gente sabia que você ficaria brava e não entenderia, então achamos melhor deixar que você enxergasse sozinha. - deu de ombros terminando o raciocínio.

— Faz sentido, com o poder psicológico que ele tinha sobre mim, com certeza eu ficaria contra vocês – respondi sem conseguir evitar um suspiro triste enquanto apoiava o queixo na mão que estava na mesa – mas me prometa que se eu repetir a dose de cafajeste na minha vida você será a primeira a me falar e me bater – percebeu que sua amiga ficou com o olhar como se estivesse em dúvida, ponderando se aquela promessa seria de fato saudável – prometa Luna, e eu prometo que jamais ficarei brava, prometo sempre te ouvir.

— OK OK – respondeu ela sorrindo levemente – prometo! - as duas bateram seus copos de café que já estavam no final e riram com gosto. Apesar de sorrir, a ruiva não poderia evitar de ainda sentir todas aquelas emoções por dentro, e isso ficou explícito em seus tristes olhos castanhos.