Casal: AyaxKen

Classificação: Yaoi, Lemon, Angst

Nota: Esta história é dedicada inteiramente a minha coisa rosa querida Lilik. Lemon nesse capítulo.

Anos Vazios - Terceira parte

A sensação de Deja vu era muito forte, por mais que ele tentasse evitar. Ele podia ver com clareza Aya-chan correndo na sua frente com seu quimono e rindo.

- Ran? – a mão bronzeada em seu pulso fez o fantasma da irmã desaparecer.

- Nani, Ken?

- Vem comigo. – disse o moreninho, puxando-o até uma barraca mais ao fundo.

O ruivo não pôde deixar de notar como Ken estava bonito naquela noite. O mais jovem usava uma calça cargo da cor gelo e uma camiseta verde, que destacava seus olhos. Simples, mas por demais irresistível.

Ran também não pôde deixar de notar que seus pensamentos ultimamente se concentravam, e muito, no jogador. Em como ele ficava encantador sorrindo, como era raro esse gesto ser verdadeiro, em como seu corpo parecia ter luz própria, mesmo debaixo do sol...

- Aqui, chegamos!

O espadachim piscou, aturdido. Então arqueou a sobrancelha.

- Você realmente espera que eu jogue isso?

- Porque não? Você é o espadachim do grupo, afinal de contas.

Eles estavam de frente de uma das barracas mais concorridas do lugar. Pendurado por uma corda havia um saco de tamanho médio, da cor dourada e as pessoas eram convidadas e tentar corta-lo pelos donos da barraca. Havia outras barracas do mesmo estilo, mas essa era a mais visitada pelo desafio ser maior. O ruivo cruzou os braços.

- Eu não vou jogar.

- Ah, vai Ran! Eu quero muito ver o que tem dentro do saco que vai ser o prêmio!

O outro olhou para o moreninho.

- Nunca te tomei por curioso.

- Pára de ser chato e vai logo!

Ele quase riu daquela reclamação. Realmente Ken lhe lembrava de momentos com Aya-chan. Dando um suspiro vencido, ele disse.

- Ta... eu tento.

Ele se congratulou pela escolha assim que viu o sorriso radiante que Ken lhe deu. E depois se perguntou quando aquele sorriso tinha se tornado tão essencial na sua vida.

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Já era noite avançada e eles andavam pela orla da praia particular, Ken num silêncio feliz enquanto comia um ou outro chocolate.

No fim, o espadachim tinha conseguido acertar o saco no primeiro golpe. Não fora difícil pra ele, realmente. Logo eles saíram da barraca com os braços carregados de doces finos e raros e no pulso direito do jogador tinha uma pulseira de contas budistas da cor preta. O detalhe em especial era que os mantras desenhados nela estavam na cor violeta... da mesma cor dos olhos de Ran, segundo o outro.

O mais velho ria, se divertindo ao ver a boca suja de chocolate do atleta, enquanto ele falava sobre assuntos corriqueiros. A única iluminação àquela hora era a luz da Lua, que estava cheia.

- Nee... Ran? Você acha... que podíamos ficar aqui para sempre?

O ruivo observou-o de canto de olho.

- Porque diz isso Ken?

- Não que eu não sinta falta do Yoji e do Omi, pelo contrário. Mas... – ele sentiu-se corar – Pela primeira vez... em muitos anos... eu me sinto verdadeiramente feliz.

O ruivo parou de andar e o mais jovem também. O jogador agora encarava o chão. Ele colocou a sacola com os doces na areia e continuou.

- Se fosse por mim... eu não voltaria.

- Ken... – murmurou Ran sem saber o que dizer.

Abruptamente Ken chutou a areia molhada, espirrando água no ruivo. O espadachim bufou ao sentir sua roupa grudar em seu corpo. O mais jovem riu, travesso, e saiu correndo pela praia, rindo para si, enquanto via sob os ombros, Ran correr atrás dele. Ele riu mais ainda. Foi quando algo lhe puxou pelas pernas, fazendo-o cair.

Ele virou-se e deparou-se com o olhar do ruivo. Ele deu uma virada rápida, querendo tirar o outro de cima de si. Uma pequena luta começara.

Suas roupas já estavam cheias de areia, que grudavam ainda mais. Ambos se embolavam um ao outro, mais e mais, tentando ganhar aquela pequena disputa.

Ran prensou o moreno na areia, prendendo os pulsos do jogador acima da sua cabeça. Ele deu um sorriso que se tornava mais e mais freqüente na frente do jovem.

- Ganhei. – constatou apenas.

Ken riu, parando de se debater. Ele encarou as íris violetas e então tudo paralisou. Só o barulho do vai e vem das ondas podia ser ouvido. O atleta entreabriu os lábios, completamente hipnotizado pelo olhar do espadachim. Algo estava mudando...

Não foi nada premeditado. O ruivo abaixou-se lentamente, seus lábios se inclinando nos do moreninho. Ambos ofegaram baixo quando sentiram suas bocas grudarem uma na outra. Os olhos se fecharam, querendo absorver as sensações.

O beijo foi lento, sinuoso, mágico. Os corpos se afundaram um no outro, se esfregaram um no outro, querendo mais contato. Mais.

Quando as línguas se tocaram, um choque transpassou ambos. Gemidos abafados ecoaram e o vento pareceu embala-los.

Ken abriu os olhos, que estavam escurecidos de prazer, desejo, amor, luxuria... tudo. Ele encarou o mais velho em cima de si. Nenhuma palavra saiu de seus lábios. Ele beijou o canto da boca do ruivo, passando a língua vagarosamente por lá, sentindo o gosto salgado da água do mar. Ele gemeu, completamente deliciado.

- Ran...

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Nenhum lençol de seda na Terra conseguiria abrandar as chamas que consumiam seu corpo no momento. Ken gemeu mais alto, arqueando as costas de encontro à boca que tomava seu corpo.

Ran observava cada detalhe do outro. A pele bronzeada brilhando pelo suor, os gemidos lânguidos, os olhos verdes desfocados. Ele gemeu para si, enquanto sua língua lambia vagarosamente o membro em sua boca, sentindo o gosto agridoce do jogador.

Ele começou a toma-lo por inteiro, iniciando um movimento de vai e vem. O moreninho grunhiu de êxtase, agarrando os fios vermelhos, enrolando suas pernas nos ombros de Ran. O ruivo aproximou-se mais do corpo arfante, agarrando as nádegas do outro, apertando-as, sentindo-as.

Ken pendeu a cabeça para o lado, seus gemidos e ofegos saindo cada vez mais entrecortados. Seus olhos se abriram, mas tudo que ele enxergava era um borrão. Seus pés se debateram levemente contra as espáduas do ruivo, quando o sentiu suga-lo com mais vontade. Era surreal.

O ruivo foi deslizando a língua deliciosamente pelo membro rijo em sua boca, sentindo sua gula pelo outro aumentar, enquanto seus movimentos se tornavam mais rápidos, intensos. Ele estremecia a cada gemido que deixava os lábios carnudos, a cada arrepio, a cada puxada em seus cabelos. E tudo que queria era vê-lo explodir, desfalecer diante de seus olhos, dentro da sua boca.

- Ran... ahn... – o gemido rouco escapava freqüentemente da boca de Ken, cada vez mais alto, cada vez mais suplicante.

Seu corpo todo foi tomado por um arrepio intenso e incontrolável, fazendo-o apertar os fios ruivos entre seus dedos enquanto o orgasmo chegava rápido e sem perdão. Um grito mudo ecoou no quarto enquanto o jogador arqueava as costas, sentindo seu ápice inundar a boca do espadachim.

O ruivo bebeu tudo, como um homem sedento, sem deixar escapar nada. Lentamente ele deixou aquele pedaço de carne deslizar pra fora da sua boca e ambos se encararam novamente, as respirações ainda alteradas. Ran podia jurar... que via o brilho da lua refletido nos olhos verdes.

Ele ergueu o corpo na direção do moreno e beijou aqueles lábios irresistíveis, engolindo os poucos gemidos baixos, sugando aquela língua na sua. Eles não haviam trocado uma palavra desde a praia, somente ofegos e gemidos dos nomes um do outro. E não parecia necessário quebrar esse momento... com coisas tão vazias.

Ran puxou-o pela cintura, fazendo-o sentar-se em seu colo. Ele sentiu a mão bronzeada encostar-se em sua bochecha, numa carícia, o leve tilintar da pulseira que Ken usava ressoando em seus ouvidos. Os olhos verdes estavam encobertos pelos cachos castanhos, escurecidos de suor. Aquele rosto que passara os últimos dias admirando de longe se aproximou do seu.

- Ran... – o jogador roçou os lábios nos do outro, gemendo baixo pelo gosto agridoce – me possua... me faça seu...

O ruivo gemeu contra os lábios tentadoramente leves nos seus e não resistiu por muito tempo, tornando o beijo mais firme e fogoso. Suas mãos apertaram as nádegas do outro novamente.

Ken grunhiu de desejo dentro do beijo e ergueu-se sobre os joelhos, roçando-se contra o membro ainda quente e rijo do espadachim. Ele encostou a testa na do mais velho e desceu contra ele lentamente, mordendo os lábios para não gemer de dor.

Ran deixou o outro descer completamente antes de soltar um suspiro prazeroso, sentindo-se envolto pelo calor apertado do jovem, sua respiração se misturando na dele. Ele abraçou-o frouxamente pela cintura, mordiscando os lábios suculentos, sussurrando o nome dele como uma oração.

O atleta largou-se inteiro sobre o corpo do outro, sentindo toda a dor se dissipar. Então notou como seus sentidos começaram a ficar mais aguçados, ouvia cada segundo da respiração do outro, sentia com firmeza a pele se escorregando na sua e podia jurar... que via o brilho da lua refletido nos olhos violetas.

- Ken... – ouvir seu nome pronunciado daquela maneira fazia seu sangue ferver. O moreno começou a se movimentar languidamente sobre o colo do outro, num sobe e desce lento e apaixonado.

Eles se encaravam, presos no olhar um do outro, enquanto se mexiam em sincronia, esquecidos do mundo, das responsabilidades, da Kritiker, só se importando com aquele sentimento que crescia assustadoramente e os embalava de forma voraz. Ran apertava mais o abraço, colando mais os corpos, sentindo o membro do moreno, rijo novamente, roçar em seu abdome, umedecendo-o.

O jogador não suportou mais e jogou o rosto pra trás, se mexendo mais rápido, mais avidamente, gemendo livremente, cravando a unha nos ombros pálidos, sentindo tudo sair do controle. Seu corpo pegava fogo e tudo por causa de Ran. Seus movimentos se tornavam mais urgentes, e o fim chegava de modo tortuoso.

Quando atingiram o ápice juntos, nenhum dos dois notou que a Lua brilhara mais forte ou que algumas estrelas caíram. Tudo que importava naquele momento... era a sensação se tornarem unidos. De corpo e alma.

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Abriu os olhos verdes, se remexendo sonolento na cama, percebendo estar sozinho. Ele sentou-se e então viu Ran sentado na poltrona perto da janela, a luz do sol fazendo seus fios ruivos brilharem como fogo e a íris violeta lhe fitava.

Ken sorriu sem se conter. Todo seu corpo doía, mas era uma dor boa... deliciosa. O espadachim ergueu-se da poltrona e foi até a cama, sentando-se nela. O jogador sentiu suas bochechas corarem levemente com aquele silêncio.

- Ne Ran... eu...

O mais velho calou-o com os lábios. Ken gemeu baixinho, sentindo aquele gosto único. Seu coração pareceu querer sair do peito e sua mente trabalhava a mil. Quando o beijou terminou, ele sussurrou.

- Me assustei ao acordar sozinho.

- Estava te observando. Você fica lindo... – ele deslizou os dedos pálidos pelo rosto do moreno – Banhado pelo sol.

Ken sentiu-se corar novamente pelas palavras do outro e então o abraçou forte, indo até o mais velho, sentando-se em seu colo. Sua voz saiu baixa, temerosa.

- Você não vai me deixar... como os outros, não é?

Ran suspirou, o perfume do outro permeando seus sentidos como um feitiço... do qual ele nem pensava em resistir. Sua voz saiu carinhosa.

- Nunca.

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Uma semana. Sete dias. 168 horas. Ken podia contar em várias maneiras o tempo em que ele se sentia o homem mais feliz do mundo. Nada, nada podia ser melhor do que dormir e acordar envolto pelos braços de Ran. Ouvir aquele riso único e tão belo, que ele se perguntava como vivera sem. Sentir o amor em cada gesto, em cada palavra do ruivo.

O atleta sorriu como um bobo ao pensar nisso. Amor. Ele, Hidaka Ken, estava amando! E nada mais, nada menos, que Fujimiya Ran. Que lhe amava de volta. Certamente se alguém lhe dissesse isso há um mês atrás, ele riria muito.

- Um beijo por seus pensamentos.

O jovem riu pelas palavras sussurradas em seu ouvido tão carinhosamente. Eles haviam acabado de acordar e mal trocaram beijos de bom dia e as coisas haviam esquentado entre eles, como se os beijos trocados fossem madeira jogada ao fogo. Agora estavam entrelaçados, completamente saciados e Ken começara a devanear sobre os últimos acontecimentos. Seus olhos verdes encararam o outro.

- Só por meus pensamentos?

Ran sorriu. Então o beijou calidamente, murmurando.

- Apenas me perguntava o que você tanto pensava... parecia estar longe.

- Estava pensando sobre nós. – ele abraçou-o, seus dedos se entrelaçando na mão do ruivo – Sobre como tudo mudou. Para melhor.

O espadachim ficou por cima do seu adorado jogador e deslizou o nariz carinhosamente no pescoço tentador dele.

- Definitivamente para melhor.

O moreno riu como uma criança que estava com seu brinquedo favorito. Ran então se ergueu.

- Vamos tomar um banho? Pensei que podíamos ir dar uma volta na cidade hoje.

Ao ouvir aquilo, seu peito se apertou de forma misteriosa. O que havia de mal em dar uma volta pela cidade, afinal? Ele baniu esses sentimentos estranhos e estendeu a mão para o outro.

- Acho uma ótima idéia.

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Ken ria de algo que o ruivo falara. Aquele dia estava sendo perfeito como todos os outros. Eles haviam visitado várias lojas da cidade e comprado lembranças para os outros dois Weiss. Agora tinham acabado de almoçar num restaurante aconchegante da avenida principal e voltavam para a casa de praia de mãos dadas. Eles foram atravessando a rua conversando quando o moreno parou. Seu peito se comprimiu de forma angustiante e um barulho de besouro, alto, ecoou no seu ouvido.

- O que houve Ken?

- Não consegue ouvir isso? O besouro...

Ele parou de falar e encarou Ran que tinha os olhos arregalados. Tudo, a partir dali, ocorreu em frações de segundo. Uma buzina alta veio na direção deles. O ruivo empurrou-o com força, fazendo-o cair no chão. As sacolas voaram de sua mão... assim como o corpo do espadachim. O jogador tinha as íris verdes arregaladas ao ver o arco que o corpo do mais velho fez no ar após a colisão com o carro, e depois o baque surdo dele caindo no chão.

Tudo se acelerou novamente.

- Ran!

CONTINUA.

Mystik