Réquiem de Esperança
Capítulo III – Impressões
Disclaimer : Gundam Wing não me pertence, mas sim a Yoshiyuki Tomino. Caso me pertencesse, Heero teria matado Relena, e não se apaixonado(argh !) por ela.
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Após mais alguns minutos de silêncio, finalmente chegamos ao apartamento dele. Era um prédio muito simples, de três andares e sem elevadores. Estacionei na porta e desci, ajudando-o com cuidado.
- Duo, em que andar você mora ?
- Apartamento 301.
Ao menos ele sabia ser direto.
Subimos vagarosamente. Vi-o chegar até a porta e procurar por suas chaves no bolso da calça negra que usava, abrindo-a em seguida. Apesar de ser um dia ensolarado, não consegui distinguir muita coisa, até que ele entrou e acendeu a luz. Cortinas bloqueavam a entrada do sol.
Aquele ambiente mais parecia pertencer a um moribundo. E tal pensamento arrepiou levemente os pêlos de minha nuca.
O ambiente era todo em tons pastéis e tinha poucos móveis. Percebi que Duo se dirigia a um pequeno corredor e fui seguindo-o com cautela. As paredes eram completamente nuas; nada decorava lugar algum daquela casa, para falar a verdade.
Havia apenas duas portas; a que estava de frente para o corredor revelava o banheiro. A outra estava fechada. Ele pareceu hesitante em abri-la, mas acabou fazendo o que deveria. Era outro ambiente escuro e esperei que ele tornasse a acender as luzes. Mas ele não o fez. Apenas ficou parado, observando o local.
Entrei e acendi a lâmpada. A primeira sensação que tive foi de choque. O quarto era muito maior do que tinha imaginado. Na verdade, acho que Duo juntou dois quartos num único. Na parede à minha esquerda havia uma imensa estante com muitos livros; à direita, sua cama. À minha frente, havia uma mesa com um computador e um porta-retrato e, a meu lado, seu guarda-roupa. As paredes também estavam despidas, à exceção de uma janela coberta por grossas cortinas e um quadro de cortiça pendurado próximo ao computador.
Encostei a mão em seu ombro e ele estremeceu levemente.
- Duo, vamos arrumar as coisas que você vai precisar ?
- Espere aqui. – ele se virou – Vou buscar algumas coisas de uso pessoal no banheiro e outras que estão espalhadas. Volto em breve.
- Tudo bem.
Ele saiu e o meu primeiro impulso foi apagar as luzes e abrir as cortinas. O quarto ganhou uma nova vida com meu ato e pude dar um leve sorriso, satisfeito. As paredes amarelas pareciam contentes em imitar a cor do sol. Mas aquele quarto era muito bonito, afinal. Nunca tive dons para a decoração, mas reconheci que aquele ambiente necessitava de flores e alguns quadros.
Ele aparentava tão moribundo e queria dar-lhe um sopro de vida.
Segui até a estante e analisei com cuidado os títulos que ele apreciava. Bram Stoker, Edgar Alan Poe, Mark Twain, Charles Dickens, Dostoievski, Goethe... Uma verdadeira mistura. Mas uma parte da estante me chamou atenção. Havia vários livros de Lord Byron, Madame de Villedieu, Alfred de Musset, Paul Verlaine e outros autores ultra-românticos.
Confesso que fiquei extremamente assustado; talvez tenha sido pelo que Duo fez naquele dia do parque. Tanta influência daqueles autores para alguém que tinha tendências suicidas certamente era algo nocivo. Por que não ler algo mais filosófico como Kant, Schopenhauer ou Nietzsche ? Pensando bem, péssima idéia a minha. Talvez ele até tivesse algum livro destes dois últimos filósofos em algum lugar desta estante. Sim, isso certamente não me surpreenderia.
Eis que, ao observar mais uma fileira de livros, desta vez de anatomia, fisiologia e outros temas, outra pergunta rondou minha cabeça : para que diabos alguém que não conseguia cuidar de si próprio escolheu ser médico ? Para cuidar dos outros, primeiro deveria cuidar de si. Ou será que eu estava errado ?
Afastei-me da estante, indo até o quadro de cortiça, onde alguns papéis estavam fixados. Aterrorizei-me quando li as citações que estavam escritas em vários deles, com uma letra caprichada que supus ser de Duo.
"Já que viver é em vão, deixem-me morrer cedo."
Lord Byron
"Faleço nos braços de meu fiel amante/É nessa morte que encontro a vida."
Madame Villedieu
"Nada nos torna tão grandes quanto uma grande dor."
Alfred de Musset
Tinha outras inúmeras citações, mas não quis ler. Não quis mais olhar para aquelas palavras. Subitamente fui invadido por uma vontade imensa de proteger aquele homem daquelas palavras cruéis que ele parecia tanto gostar. Nunca havia me sentido assim em toda a minha vida.
Escutei um longo suspiro vindo da porta e me virei, encontrando-o encostado no guarda-roupa. Há quanto tempo ele esteve me observando ?
- Achou o que estava procurando ?
- Sim. Agora só falta separar algumas roupas. – seguiu até o guarda-roupa.
- Não vai levar algum livro ou cd para se distrair ?
- Já li todos os livros desta estante, mas um cd não é uma má idéia.
- Quer que eu te ajude ?
- Não precisa, serei rápido. Não precisarei levar muitas coisas, são apenas poucos dias. – colocava algumas roupas numa sacola que trouxe para o quarto.
- Você gosta muito destes autores ? – apontei para a prateleira dos ultra-românticos.
- O que ? – ele ergueu a cabeça com uma curiosidade infantil – Ah, sim.
- Por quê ?
- Como assim ? – ele me fitou e franziu o cenho.
- Você gosta da maneira que eles escrevem, da temática, do quê ?
- Gosto de tudo. Principalmente da temática. – voltou a guardar mais alguns objetos.
Pensei em retrucar, até em discutir, porém meus olhos se detiveram num outro papel, também fixo no mural. O que me chamou atenção foi simples; a letra era diferente de todos os outros papéis. Não resisti e li o bilhete.
Shinigami,
Desculpe-me, eu me atrasei hoje e você já saiu para a faculdade. Vou preparar um delicioso jantar para quando você chegar, afinal hoje é seu aniversário ! Vá lá para casa mais tarde, viu ? Vou comprar suas flores favoritas com Solo e quero que tudo seja perfeito !
Beijinhos,
Hilde
Shinigami ? Era realmente estranho apelidar alguém de Deus da Morte... Olhei o porta-retrato em cima da mesa e vi Duo abraçando uma garota e outro garoto do lado dela. Se Duo tinha aquelas pessoas, por que Quatre insistira tanto para que eu o levasse para casa ? Passei os dedos pelo bilhete e ouvi Duo falar assustado.
- Pare de ler isto, Heero.
- Desculpe-me, mas eu já li o bilhete. – ele abaixou o olhar e sentou-se na beirada da cama – Quem é Hilde ? É esta garota da foto ?
- Isso não é da sua conta. – ele me encarou sem emoção.
- Acho que seria o mínimo que poderia saber, afinal estou levando você até minha casa.
- Chantagem não funciona comigo. E, além do mais, eu não quero ir para a sua casa, você sabe muito bem disso.
- Faça o que quiser. A vida é sua.
Virei-me e segui até a porta. Minha personalidade jamais aceitaria receber uma resposta daquelas dele e não revidar. Porém ainda estava interessado em ajudá-lo. Eu não daria o braço a torcer e esperei sinceramente que ele desse.
- Sim, ela é Hilde. E o outro é Solo. Satisfeito ? – falou irritado.
- Por que você não vai para a casa de algum deles, então ? – fitei-o interrogativo.
- Não posso. – abaixou seu olhar – Eles... Estão mortos.
Senti como se tivesse levado um soco no estômago. Eu o fizera se lembrar de algo doloroso e isto era a última coisa que ele precisava. Se Quat estivesse aqui, teria me repreendido severamente. Mas ele não estava e precisava consertar o que tinha feito. Passei a mão pelos meus cabelos.
- Desculpe-me, Duo. Não foi minha...
- Tudo bem. – ele me interrompeu – Já faz anos que eles se foram.
- Não quer me contar ? – por que diabos eu falara isso ! Não deveria estar mexendo em sua ferida !
- Não. – falou rispidamente e se levantou – Vamos ?
- Vamos.
Ele fechou novamente as cortinas, devolvendo o quarto às sombras, e saiu comigo. Entramos no carro em um silêncio pesado e eu dirigi até minha casa.
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Olhava distraidamente para a janela do carro enquanto Heero dirigia.
Não havia gostado nem um pouco das lembranças que me assaltaram em meu apartamento. Para que diabos aquele homem tinha de ser tão curioso ? E para que eu fixara o bilhete de Hilde naquele quadro de cortiça ? Há coisas que você faz sem explicação e que te causam embaraços tempos depois; esta era uma delas.
A voz de Heero me fez despertar para a realidade.
- Chegamos.
Quando finalmente notei onde estávamos, não pude segurar a minha surpresa.
- Puta que pariu, você mora aqui ? – apontei para o prédio no qual estávamos parados na porta.
- Boca suja a sua, hein ? – falou divertido.
Mas divertido era a última coisa que eu estava naquele momento.
Aquele cara simplesmente morava num dos prédios mais luxuosos da cidade, de frente para o parque em que eu tinha escolhido partir. Isso só serviu para aumentar a minha confusão; imaginei que fosse rico, afinal era amigo de Quatre. Mas não pensei que fosse tão rico !
- Duo ? Não vai sair do carro ?
Notei que ele estava parado a meu lado, de pé, com a porta do carro aberta. Ruborizei.
- Desculpe-me, não pensei que morasse num lugar como esses.
- Por quê ?
- Somente não pensei. – levantei-me e ele me deu apoio para andar.
- Tudo bem então. – seguimos até o elevador – Está com fome ?
- Creio que não.
- Mas você vai comer. – a porta do elevador se fechou – Vamos pedir alguma coisa pelo telefone, não tenho empregados.
- Por que, já que é tão rico ? – soltei-me e me encostei no metal frio, cruzando os braços.
- Ter um estranho em minha casa e mexendo em minhas coisas não é nada agradável.
Fiquei mudo e olhei para o chão. Se não queria um desconhecido em casa, para que então estava me levando até lá ? Senti meu peito dar um pequeno aperto; por que ainda tentava guardar malditas esperanças de que ele poderia se importar com a minha pessoa ? Não faço a mínima idéia de quanto tempo aquele silêncio pesado durou, mas me pareceu uma eternidade; na verdade, creio que foram apenas alguns segundos.
- Não foi isso que quis dizer, Duo, acho que me expressei mal. – sua voz pareceu-me preocupada e o observei por trás de minha franja. Ele corara.
- Não tem problemas, Heero, pode dizer o que quiser. Gosto quando as pessoas dizem a verdade. – sorri.
Mas não estava nem um pouco contente por dentro. Para falar a verdade, cada vez mais queria sair dali.
Heero morava no 9º andar daquele prédio. Seguiu na minha frente um pouco mais rápido, enquanto me movia lentamente devido a fraqueza. Notei, antes de ele abrir a porta, que havia apenas dois apartamentos por andar. Ele realmente era podre de rico.
Meus olhos se arregalaram diante da visão que tive da sala do apartamento. A sala era enorme, acho que equivalia ao tamanho do meu quarto e da minha sala. Havia vários móveis, um sofá verde musgo, tapetes, quadros, aparelhos eletrônicos caríssimos... As paredes eram tão brancas que dava vontade de sujá-las ! A luz entrava e refletia nelas, deixando o ambiente aconchegante.
- Feche a boca e entre, Duo. – ouvi seu sussurro em meu ouvido e obedeci cegamente.
- Isso aqui é enorme para uma única pessoa. – foi a primeira coisa que consegui balbuciar.
- Tem razão. Mas sempre fui acostumado a viver sozinho.
Seria outra indireta de que ele não me queria ali ?
- A solidão é uma opção de vida; entendo você.
- Está errado. Não é uma opção de vida, é uma rota de fuga.
Então ele me deu um sorriso tão sincero que fez as minhas pernas tremerem.
- E por que alguém tão bem sucedido como você iria querer fugir ? – perguntei de supetão.
- Por que alguém tão inteligente e querido como você iria querer fugir ? – ele sorriu, mas desta vez tinha um ar diferente. Desafio.
- De quem foge, dos seus milhões ? – falei, irônico.
- E você, foge da própria sombra ? – devolveu, sarcástico.
Podia até não parecer, mas aquelas alfinetadas mexeram muito comigo. Com tão poucas palavras, aquele homem estava revirando-me pelo avesso sem me dar chance de virar a mesa. E tal joguinho de perguntas estava me dando nos nervos.
- Você tem um gênio complicado. – falei, derrotado.
- Trowa costuma dizer que adoro irritar as pessoas. Talvez ele esteja certo.
- Já ouvi falar muito de Trowa, mas nunca o conheci. Engraçado como posso julgar alguém que nunca viu como um amigo.
- Se você nunca o viu, por que o considera assim ?
- O fato de ele fazer o Quatre, uma pessoa que admiro muito, feliz já é o suficiente para mim. Além disso, ele já me ajudou bastante, mesmo sem nunca termos nos encontrado pessoalmente.
Seus olhos buscaram os meus e senti como se ele quisesse tirar uma radiografia do meu interior. Detestava me sentir tão exposto e tentei distraí-lo.
- Onde posso deixar minhas coisas ?
- Siga-me. – ele andou pela sala, seguindo até um corredor – Lá na frente está o banheiro social, mas você ficará em uma suíte. O meu quarto é o último do corredor e vai ser vizinho do seu. Qualquer coisa, não hesite em me chamar.
- Tudo bem. Acho que vou tomar um banho.
- Ótima idéia. Vou providenciar algo para comermos que esteja de acordo com as recomendações de Quat.
Vi-o dar as costas e me fixei na bem trabalhada porta de mogno a minha frente. Girei a maçaneta e meus olhos foram banhados por um quarto que poderia ser definido por uma única palavra : alegre. As paredes eram tão brancas quanto à da sala. Uma cama de casal ocupava o centro do quarto, encostada a parede. Havia um guarda-roupa de mogno, uma estante com livros e outras coisas que indicavam que o quarto era utilizado para alguma finalidade ainda desconhecida.
Meus olhos se detiveram num pequeno jarro em cima do criado mudo. Despontava dele duas lindas flores : um amor-perfeito amarelo e uma camélia rosada. Intriguei-me com uma escolha tão peculiar e notei que havia um pequeno papel no criado-mudo, embaixo do jarro.
"Quatre me disse que você gostava muito de ir a parques em dias de primavera. Sabe o significado das flores ?"
Franzi o cenho diante da mensagem que Heero havia me deixado. Pelo visto andara investigando um pouco sobre a pessoa que colocara dentro de sua casa. Era uma grande verdade que tinha uma paixão por flores, sendo capaz de conhecer-lhes o significado. Amor-perfeito significava meditação, reflexão, recordações. Camélias rosadas denotavam a grandeza da alma. Como imaginei, aquele homem não dava um passo sem pensar.
A última coisa que poderia sonhar era que alguém como Heero fosse capaz de utilizar uma simbologia como flores para expressar alguma coisa que não conseguiria dizer. Sempre achei fantástica a capacidade de me surpreender com as pessoas.
Voltei a minha atenção desta vez para a porta da suíte. Sentia-me cansado e gostaria de um banho quente para relaxar, além do que eu deveria estar um pouco sujo. Quando entrei no aposento, meu queixo caiu, literalmente. Era um banheiro enorme com azulejos brancos e um listelo central numa tonalidade mais escura de verde. Tinha um chuveiro, com um box de vidro transparente, e uma banheira menor que tinha espaço para pouco mais de uma pessoa. A bancada da pia era do mesmo tom de verde do listelo, com um grande espelho e armários. Porém o que mais me chamou a atenção foi um vaso de palmeira enfeitando um dos cantos do cômodo.
Decidi por ir até o chuveiro, afinal não deveria abusar da hospitalidade alheia. Desfiz minha trança e me enfiei debaixo da água morna, massageando meu couro cabeludo. As lembranças voltaram a me assaltar e tal fato continuaria ocorrendo enquanto estivesse dentro daquele apartamento.
Como poderia me esquecer das lindas tardes de domingo em que eu, Hilde e Solo passeávamos naquele parque próximo ? Sentávamos nos bancos e admirávamos este prédio; Hilde o achava o mais lindo da cidade. Nós dois brincávamos com ela de que ainda moraríamos ali quando ficássemos ricos. Era extremamente irônico só ter conseguido pôr os pés aqui dentro depois que ela estava morta.
Mas o que era a vida senão uma grande ironia ?
A pergunta que bailava na minha cabeça como uma dançarina clássica parecia não me abandonar nunca; pelo contrário, sua dança se tornava cada vez mais viva. Por que alguém perceberia um desconhecido sentado no parque ? E mais : por que uma pessoa tão rica repararia num qualquer ? Aquilo estava indo de encontro a tudo que julgava normal, deixando-me cada vez mais intrigado.
Havia muitas respostas que gostaria de descobrir e não tinha a mínima pressa.
Saí do chuveiro e me enxuguei, vestindo uma calça e uma blusa folgadas. Mirei-me no espelho e vi o quão pálido estava. Penteei meus cabelos e os deixei soltos; trançá-los iria deixá-los quebradiços. Sim, eu tinha muito zelo e ciúmes do meu cabelo.
Abri a porta do quarto no mesmo instante que Heero girava a maçaneta para tentar entrar. Não pude suprimir um sorriso ao ver um brilho de surpresa serpentear pelos seus olhos azuis.
- O almoço chegou. – falou.
- Tudo bem, vamos comer. – comecei a andar, sendo seguido por ele – Qual o problema ? Estou com algum letreiro em néon no meio da testa ? – sorri, divertido.
- Não, nenhum... Apenas não sabia que tinha cabelos tão bem cuidados. Com eles soltos, você parece...
- Uma garota. – completei, dando uma gargalhada.
- Qual a graça ? – falou intrigado enquanto se sentava à mesa.
- Estou acostumado a isso. Sempre foi assim, desde quando era pequeno.
- Mas por que você os deixa compridos ?
Mais lembranças me assaltaram enquanto me sentei.
- Nada importante. – falei rispidamente – O que temos para comer ?
Ele percebeu que não queria falar sobre aquele assunto e não tornou a insistir.
- Quat me disse que você gostava muito de massas, então temos uma macarronada. – destampou uma travessa e meus olhos brilharam em satisfação.
- Pelo visto andou fazendo uma coleta de dados com Quatre.
- E as informações estão sendo satisfatórias, pelo que constato em seu olhar.
Servi-me com uma generosa quantidade da comida e me alimentava de tal forma que parecia não comer há dias. Ele me olhava de maneira risonha. Minha curiosidade dançava em meus lábios e não resisti.
- Heero, você trabalha em que ?
- Sou empresário, sócio de Trowa.
- Ah, por isso que você conhece o Quatre... Que tipo de negócios você faz ?
- Nós temos uma grande companhia de desenvolvimento de softwares. Produzimos e vendemos pelo mundo afora.
- Você deve ser muito ocupado... Acho que estou te incomodando.
- Não está, Duo. Além do mais, precisava de algumas férias. – sorriu – Quer mais ?
- Não, já estou satisfeito. Mas estou cansado.
- Então vá dormir. Mais tarde Quatre disse que viria te ver, junto com Trowa.
- Finalmente vou conhecê-lo !
Minha alegria fora genuína. Ele se levantou, levando os pratos para a cozinha. Senti que ainda precisava lhe dizer mais uma coisa.
- Heero... – ele virou o rosto para trás e me encarou – Muito obrigado.
Abaixei meus olhos, um pouco corado.
- Não me agradeça, Duo. E eu gostei de você.
Ele tornou a ir em direção a cozinha, mas suas palavras me soaram tão confortantes como um abraço. Levantei-me e voltei ao quarto, trancando a porta e deitando na cama. Adormeci rapidamente, sem tempo para reflexões.
Havia sido um bom começo, afinal.
Continua...
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N/A : Olá, meninas ! Os pensamentos de Duo estão se revelando aos poucos... Mas não me sinto nem um pouco satisfeita com este capítulo ! Reescrevi cada cena umas três vezes e o resultado não foi satisfatório. Tenho verdadeiros acessos de ódio quando isso acontece ! Sei lá, achei que o capítulo ficou tão pobre em conteúdo... Um capítulo que poderia ter sido bem legal e não foi.
Gostaria de agradecer a todas as reviews que recebi, mandando beijos especiais a Celly, Litha, Shanty, Anne e Perséfone. As respostas das reviews estão lá no meu blog, chibi ponto weblogger ponto com ponto br, além de alguns comentários sobre o capítulo.Muito obrigada e mil beijos ! E lembrem-se : reviews são sempre bem vindas !
