Réquiem de Esperança
Capítulo V – Perfeição congelada
Disclaimer : Eu estava andando alegremente pela rua quando vi, de costas, um distinto rapaz caminhando na praia com uma regata verde e uma spandex. Não pensei duas vezes e corri atrás do coitado. Duas horas depois, finalmente consegui alcançá-lo. Depois de muita discussão, ele me convenceu de que não era o Heero e de que Gundam Wing não me pertencia, mas sim a Yoshiyuki Tomino.
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Remexi na superfície macia da cama e notei que meu corpo estava dolorido.
Se não fosse a maldita dor muscular, teria continuado em meu florido mundo dos sonhos. Afinal, existe coisa melhor que dormir ? Os sonhos são uma das coisas mais interessantes e complexas da mente humana. Dizem que eles podem até nos mostrar o futuro. Não acredito em tais coisas, apesar de saber que, às vezes, acontecem. Coincidências ? Não creio. Como já vi em algum lugar na minha vida e que agora não me recordo...
Não existem coincidências neste mundo. Apenas o inevitável.(1)
Abri os olhos e notei que segurava o crucifixo em minhas mãos, mesmo estando com ele em meu pescoço. Como eu não me machucara era um grande mistério. Talvez fosse pela minha posição fetal; e isto estava rendendo uma bela dor nas costas. Lembrei que estava completamente só naquele apartamento. O que iria fazer por toda uma manhã enquanto Heero não vinha ?
Gostaria de agradecê-lo de alguma maneira e fazer uma surpresa era uma boa idéia. Talvez preparar uma refeição gostosa o deixasse animado. Porém, tinha dois problemas : eu não sabia do que ele gostava de comer e, ainda por cima, era um desastre na cozinha. Bem, mesmo ele tendo pedido para eu não fazer nada que ele pudesse não gostar, resolvi arriscar.
Mas, primeiro, cuidaria da minha higiene pessoal.
Peguei um de meus cd's e o coloquei num som dentro do quarto, aumentando o volume. Segui até o banheiro e prendi meus cabelos para tomar um bom banho. Sentia que estava me deixando envolver demais por aquele japonês. Um desejo maluco de tentar agradá-lo, de querer fazê-lo sentir orgulho de mim... Era estranho. Muito estranho.
Era quase uma necessidade de sentir-se estimado por ele. Agia como um cachorrinho, que tenta desesperadamente atrai a atenção do dono para si e receber mimos em troca de obediência. Ora, mas que diabos, eu só queria que ele gostasse de mim tanto quanto eu estava... Gostando dele ?
Podia conhecê-lo há apenas alguns dias, mas fora o suficiente para confiar minha vida a ele. De todo o jeito, fora ele que me salvou mesmo. Mas ainda queria entender a razão, o motivo para ele ter me ajudado. Pelo que pude perceber dele, não era o tipo de fazer boas ações por aí. Muito menos de notar em completos desconhecidos. E não abrigaria um completo estranho em sua casa apenas para fazer um favor a um amigo.
Eu encontrei uma razão para mudar quem eu costumava ser
Uma razão para recomeçar e esta razão é você (2)
Quando percebi que trecho da música acabara de entoar, uma risada inundou todo o banheiro. Encostei minhas costas no azulejo frio, tentando recuperar o fôlego. Tudo bem que eu estivesse encantado com Heero, mas isso não fazia dele um motivo para viver. Isso tudo que estava acontecendo servia somente para prolongar minha agonia neste mundo.
Apenas um milagre me demoveria da idéia de suicídio. E milagres não existem.
Enxuguei meu corpo com a toalha verde que estava ali pendurada e a prendi em minha cintura. Voltei para o quarto e desliguei o som, perdendo alguns segundos em admiração na pequena estante com livros que tinha dentro daquele quarto. Notei que, abaixo, havia duas portas e inquietei-me para abri-las.
Não havia muita coisa; apenas alguns jornais velhos guardados.
Peguei o primeiro exemplar e li com nitidez a manchete "White Fang é o mais novo orgulho de Sank". Tinha uma foto e pude reconhecer Heero e Trowa mais jovens ao lado do presidente de Sank na época, Treize Kusherenada. Aqueles dois eram realmente muito importantes... Percorri meus olhos pela notícia e vi que ela se dava alguns meses depois deles terem fundado a empresa de softwares, White Fang. Mas onde eu estava que não lembrava de uma manchete destas ? Ao constatar a data, o sorriso que tinha nos lábios desapareceu.
Fazia dez anos. Dia 20 de julho. Meu aniversário de dez anos.
Virei o jornal e li outras notícias de capa. Não foi difícil encontrar o que temia. Passei todo esse tempo tentando esquecer e agora estava ali, estampado para todo o mundo. A foto não negava, não deixava me enganar. A cruz metálica parecia queimar em meu peito, mas não quis tirá-la. Apesar de isso ter acontecido há tanto tempo, ainda doía muito. Sempre doeria.
Agora, mais do que nunca, precisava de uma distração.
Tornei a guardar o exemplar e vesti uma blusa amarela de mangas compridas e uma bermuda azul. Verifiquei a hora e notei que estava perto do meio-dia. Droga, precisava me apressar para surpreender Heero com uma refeição.
Caminhei até a cozinha e tomei a liberdade de abrir a geladeira e os armários, encontrando-os repletos de comida. Estranho... Se ele não tinha empregados e nem gostava de atividades domésticas, por que havia tanta comida estocada ? Abri um dos armários mais afastados e me surpreendi com o que vi : muitos livros de receitas, das mais variadas cozinhas do mundo.
Foi com um estalo e um grande sorriso e constatei o óbvio : ele gostava de cozinhar. Muito.
Decidi por fazer um prato japonês, mas entrei em desespero ao notar que os livros de culinária japonesa estavam neste idioma. Aqueles caracteres me pareciam verdadeiros hieróglifos. Remexi todo o armário até que, por sorte, encontrei um livro de culinária japonesa legível.
Depois de folhear por vários momentos, decidi me aventurar em alguns pratos. Bem, iria precisar de sorte para não colocar toda aquela cozinha abaixo. Arregacei as mangas da blusa, coloquei um avental e prendi de maneira mais firme os meus cabelos num coque.
Mãos à obra.
Separei os ingredientes que precisava. Os pratos não pareciam tão complicados. Tratei a carne de frango com um pouco mais de habilidade, apesar de empunhar uma faca ao invés de uma tesoura : acredite, aulas de anatomia podem se tornar verdadeiramente úteis em momentos como este. E que Quatre nunca ouça estes meus pensamentos.
Cortei as verduras um pouco desajeitadamente e deixei o prato cozinhar enquanto preparava uma salada. Deixei o broto de feijão cozinhando enquanto fui dar uma olhadinha no prato anterior, constatando que estava pronto. Enquanto desligava o fogo, fui tirar mais ingredientes da geladeira.
Com uma sirene na minha cabeça, notei que havia esquecido os brotos de feijão. Droga, ele estava amolecidos demais ! Peguei a panela e comecei a esvaziar a água quente quando tomei um belo susto e quase deixei tudo cair dentro da pia.
- Duo ? O que você está fazendo na minha cozinha ?
Heero estava parado na porta do cômodo, segurando o paletó pendurado nas costas e com a gravata verde folgada. Parei alguns segundos em admiração. Ele realmente estava lindo.
Pela entonação com que falou a palavra minha, ele realmente deveria ter ciúmes daquela cozinha.
Porém Heero estava me deixando perturbado. Seu olhar azul estava diferente, parecia me analisar. Passou dos meus cabelos para os meus braços. E dos meus braços, para minhas coxas. Parecia até ter esquecido de que eu tinha mexido em sua cozinha.
O olhar dele estava intenso demais... Quase felino, poderia dizer.
Corei ligeiramente e ele percebeu, dando-me um sorriso enviesado. Por que diabos meu coração insistiu em disparar com o olhar dele ? E por que raios ele estava me olhando daquela forma tão... Sensual ?
- Espero que você não tenha feito nada que eu não vá gostar. E não me refiro à comida. – falou enquanto entrava na cozinha.
- Eu quis fazer uma surpresa, mas você chegou mais cedo. – voltei a escorrer a água cuidadosamente.
Com o canto dos olhos, percebi que ele analisava as panelas e via um de seus livros de receitas aberto.
- Oyako Domburi e Moyashi no aemono(3) ? Você já cozinhou isso antes ? – falou atrás de mim.
- Não... Na verdade, sou um desastre na cozinha.
A verdade tinha de ser dita.
- Então devo agradecer por ela ainda estar inteira ? – lançou-me um olhar divertido e olhou para os brotos de feijão que estava escorrendo – Você os deixou cozinhar demais ! Não é assim que se faz, deixe-me mostrá-lo.
Ele arregaçou as próprias mangas, deixando o paletó em cima de um banco na cozinha. Afastou-me gentilmente, pegando um leque(4) em uma das gavetas. Abanava os brotos que repousavam num prato.
Devo ter parecido absurdamente idiota, mas não conseguia parar de olhá-lo. Aquela camisa social branca arregaçada, mostrando-me uma parte de seus braços morenos, com a calça preta justa em determinadas partes. Seu cabelo bagunçado e a gravata folgada, dando-lhe um ar displicentemente sexy... Meu baixo ventre respondeu às constatações e corei furiosamente.
Colei minha cintura à bancada da cozinha. A última coisa que precisava era que Heero percebesse meu estado. Estava nervoso, as palmas de minhas mãos estavam ligeiramente suadas. Por que isso tudo estava acontecendo justamente agora e com Heero ? Mal nos conhecíamos... Não, eu não estava desesperado por uma noite de... Meu Deus, eu deveria estar parecendo um verdadeiro pimentão !
- Pique a cebolinha, Duo. – sua voz rouca me despertou.
Ou poderia dizer que aguçou ainda mais meus pensamentos ?
- Tudo bem. – fiz o que me foi pedido e notei que ele me observava.
Precisava me concentrar naquela cebolinha, me abstrair de todos os pensamentos malucos que a visão de Heero estava provocando. Eu não deveria estar pensando em Heero daquele jeito. Primeiro, não era certo, ele estava apenas me ajudando como um irmão. Segundo, ele nunca me olharia assim em retorno, apesar de ter parecido isso alguns minutos antes... Ele era dez anos mais velho que eu, de acordo com o jornal.
O jornal... O maldito jornal. Ele foi o suficiente para me dispersar de Heero. As cenas... As malditas cenas iam e vinham em minha mente como uma espécie de filme doentio feito para terminar de partir a minha sanidade. Acabei me cortando com a faca.
O sangue escorreu da ponta do meu dedo e, automaticamente, o coloquei dentro de minha boca. Sangue... Aquele gosto metálico de sangue... O vermelho escorrendo da ponta do meu dedo...
Eu ainda estava de posse da faca. Tinha a chance de usá-la... Cortar meu antebraço do punho até o cotovelo... Dilacerar as duas artérias que eu sabia exatamente onde estavam e ver o sangue escorrer até perder os sentidos... Até perder a vida.
A vida que eu não merecia estar vivendo. A vida que não havia sentido em estar vivendo. A vida que sequer deveria haver existido.
Sim... Eu precisava da dor... Precisava ver o sangue fluindo de meus antebraços... Sentir os olhos nublarem e se escurecerem até que estivesse finalmente mort...
- Duo, pare. Solte a faca e deixe que termino de cozinhar.
A voz rouca de Heero me trouxe de volta a realidade. Notei que empunhava a faca próximo de meu punho – mais especificamente, perto de um lugar que iria sangrar um bocado caso eu me cortasse. Heero estava atrás de mim e havia falado em meu ouvido. Sua respiração estava em minha orelha e ele segurava gentilmente o pulso da mão que segurava a faca, fazendo carinhos circulares com a ponta de seu polegar.
Tive vontade de chorar.
Soltei a faca um tanto trêmulo e virei minha cabeça em sua direção. Nossos lábios estavam quase colados e notei um pequeno brilho de preocupação naqueles orbes azuis. Girei em sua direção e o abracei, depositando minha cabeça em seu pescoço.
- Desculpe-me, Heero...
- Não peça desculpas, baka.
Suas mãos envolveram gentilmente minhas costas, fazendo um carinho discreto nelas. Minhas mãos procuraram seus cabelos curtos, afagando-os gentilmente. Ele emanava uma segurança que me firmava de volta a realidade.
Esse carinho era exatamente o que estava precisando, não só naquele momento, mas em toda minha vida.
- Duo... Vamos, sente-se naquele banquinho e fique aqui quietinho enquanto termino a refeição.
Olhei para ele e vi um sorriso em seus lábios. Ele não deveria saber o quão lindo ficava daquele jeito. Obedeci ao seu pedido e deixei-me observá-lo. Acho que ele queria absurdamente me distrair, porque nunca o imaginaria me dando uma aula de culinária.
- E assim está pronto. Entendeu, Duo ?
- Sim, Hee-chan.
- Hee-chan ? – a cara de confusão que ele fez foi adorável.
- Sim... Não é uma forma carinhosa de se chamar as pessoas lá no Japão ? Eu me lembro que Hilde me contou isto uma vez...
- Eu não quero que me chame de Hee-chan, baka !
A cara de irritação dele foi extremamente engraçada e soltei uma sonora gargalhada, o que o deixou ainda mais bravo. Ele começou a pegar tigelas para arrumar os pratos enquanto eu punha a mesa.
Heero definitivamente era um anjo que surgira em minha vida. Isso se eu fosse católico, claro.
Senti meus cabelos serem soltos, caindo pelos meus ombros e olhei para trás, encontrando-o com um sorriso triunfante nos lábios. Mostrei minha língua enquanto sentava-me à mesa. Os pratos realmente estavam bonitos. Mas beleza não significa sabor agradável. Ele se sentou e pegou um par de hashis de madeira, desprendendo-os e provando dos dois pratos.
Estava realmente ansioso por saber sua opinião. E ele pareceu notar, fazendo um suspense que quase me fazia subir pelas paredes.
- Hum... Não está nada mal.
Parecia haver dois ganchos prendendo os ângulos de minha boca num grande sorriso. E percebi que ele também sorriu. Não do mesmo jeito que eu, claro.
- Calminha, baka. Eu disse que não estava nada mal, mas não disse que estava bom. – ironizou e mostrei minha língua a ele novamente – Os brotos cozinharam demais e está faltando um pouco de sal. Nada que um pouco de prática não resolva. Mas o que você está esperando para comer ?
Servi-me dos dois pratos, colocando um pouco de sulco de laranja que havia encontrado na geladeira. Foi aí que notei que ele imaginava que eu também iria comer com hashis.
- Hee-chan... – chamei-o infantilmente.
- Hn. – soltou um grunhido estranho – Vai ficar me chamando por este apelido ? Já disse que não gosto. O que é ?
- Não sei comer com estes pauzinhos... – ele me lançou um olhar de censura – Hashis, perdão.
- Não é difícil. Prenda um em seu polegar e utilize o outro para mover, mais ou menos como se estivesse segurando um lápis. – ele demonstrou.
Foi inútil. Os pauzinhos quase voaram das minhas mãos.
Já mencionei que sou péssimo em trabalhos manuais ?
- Não dá... Acho melhor comer com talheres.
- Você vai comer com hashis. Tudo que precisa é prática, mas como não quero ter um olho acertado, vamos fazer assim. – ele tomou os hashis de minhas mãos e dobrou um guardanapo, colocando-o no meio dos dois e prendendo ambos com o meu elástico de cabelos.
- Isso não é nada higiênico, Hee-chan !
- Você não vai usar o elástico de cabelos na boca, baka. Agora coma.
Entregou-me e tentei comer, agora com êxito. De fato, a comida estava bem gostosa, mas um pouco insossa. Ele exigiu que eu lavasse os pratos, então resolvi não contrariá-lo. Ao terminar, percebi que seu paletó ainda estava na cozinha. Hora de guardá-lo.
Segui até seu escritório e encontrei a porta fechada. Bati duas vezes até ouvir um grunhido do outro lado. Girei a maçaneta e olhei para uma enorme estante cheia de livros, encontrando-o sentado numa poltrona confortável e usando seu laptop. Aproximei-me e notei que ele não tinha me olhado.
- Hee-chan, aqui está o paletó, você tinha esquecido na cozinha.
- Deixe em cima da poltrona.
Heero nem sequer tinha olhado para mim ! Será que eu o tinha deixado com raiva ?
Deixei o paletó em cima de uma poltrona e sentei na do lado, observando ainda mais o local. Tentaria arrancar alguma coisa produtiva dele.
- Você tem muitos livros...
Nenhuma resposta.
- Você gosta muito de ler ?
- Hn. – grunhiu afirmativamente.
Mas nem sequer me olhou.
Assim passaram-se incontáveis minutos de um silêncio tal que feria meus ouvidos. Heero era definitivamente um cara estranho. Há poucos minutos havia me abraçado na cozinha, sendo completamente amigável. Agora, me ignorava completamente !
O laptop era, definitivamente, mais importante do que eu.
Minha cabeça bolava mil e uma idéias de atrair a atenção dele. Mas, repentinamente, passou a pensar em como destruir aquele laptop. Poderia arremessá-lo pela janela, atirá-lo contra a parede, dar um belo soco na tela... Acordei com um toque insistente de celular.
Heero atendeu imediatamente.
- Diga, Trowa. – ouviu atentamente – Não, não fiz isso. O que ela quer mais precisamente ? – franziu as sobrancelhas – Ela discutiu o projeto com você ! Não vou sair com ela de novo, eu estou de férias ! Trowa, eu não quero saber. Ligue para ela e descubra, depois me repasse as informações. Senão este maldito software nunca será entregue aos Peacecraft ! – desligou.
Notei que ele bufou e voltou a visualizar o monitor, sem ao menos olhar para mim. Decididamente, esta era a hora que eu deveria sair dali. Levantei-me e andei calmamente, sem fazer barulho.
Até que percebi ter caminhado até ele e não a porta.
Não entendi exatamente o que me motivou, mas dei um beijo estalado em sua bochecha, surpreendendo-o. Aproveite e olhei para o visor do laptop, cheio de configurações das quais não entendia uma sequer. Heero deveria ser muito inteligente. Brilhante, diria.
- Muito obrigado por hoje, Hee-chan. Trabalhe bem.
- Hum... Obrigado, Duo.
Olhou-me rapidamente e voltou a olhar o monitor. Andei lentamente e fechei a porta atrás de mim, indo até meu quarto provisório. Ele poderia ter sido mais caloroso comigo ! Poderia ter me dado outro beijo de volta ! Poderia ao menos ter bagunçado o meu cabelo ! Era pedir demais ? Só queria uma migalha de atenção !
Hee-chan era muito ocupado, não teria tempo a perder com alguém como eu. Deveria estar envolvido com vários projetos... O que alguém como eu, um maníaco qualquer, representaria em sua vida ?
Nada.
Ele era perfeito demais. Também deveria ser perfeccionista demais, pelo que sugeriu a sua atuação na cozinha. Costumava ser frio demais, fechado demais, Heero demais. E eram pequenas coisas como estas que me machucavam. Na verdade, nem sei bem o porquê. Afinal de contas, não passava de um mero hóspede dele. Alguém que desapareceria de sua vida sem lhe fazer falta.
As lágrimas finalmente caíam.
Por que ele me impedia de me machucar para depois me ignorar totalmente ? A dor física não era nada comparada aos efeitos devastadores daquela frieza. Droga, droga, droga ! Por que eu me importava tanto com o que ele pensava de mim ? Por que eu queria desesperadamente agradá-lo ? Merda, já não estava entendendo mais nada dentro de mim.
Eu odiava aquele lado perfeito que Heero acabara de me mostrar.
Continua...
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N/A : Ok, esse final não está me agradando muito. Mas agora já está devidamente publicado. Peço desculpas pelo atraso, mas é que neste fim de semana eu fui a um encontro de anime e fiz até cosplay do Duo-chan ! Só não me apresentei... Acho que faço isso no próximo. Muitas notas neste capítulo – e minhas referências musicais crescem exponencialmente !
Gostaria de mandar beijos especiais a Celly, Litha, Lira Belacqua, Shanty, Anne e Perséfone. As respostas das reviews estão lá no meu blog, chibi ponto weblogger ponto com ponto br. Muito obrigada e mil beijos ! E lembrem-se : reviews são sempre bem vindas !
Notas :
(1) Essa frase pertence a Card Captors Sakura, do CLAMP. É dita pelas personagens Kaho Mizuki e Touya Kinomoto.
(2) Trecho da música The Reason, do Hoobastank
(3) Oyako Domburi é um arroz coberto com frango e ovos. Moyashi no aemono é uma salada de brotos de feijão.
(4) Eu sei que é estranho, mas era o que estava escrito no site de culinária japonesa.
