Réquiem de Esperança
Capítulo XII – Decisões
Disclaimer : Yoshiyuki Tomino, Hajime Yatate e Koichi Tokita são os criadores de Shin Kidou Senki Gundam W, e não eu... Infelizmente eu ainda não posso ter os G-boys só pra mim... Depois que eu ameacei o Duo e o Heero de passarem um final de semana completo na "agradável" companhia de Relena, eles finalmente colaboraram e desempacaram o capítulo !
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"Mais vous ne saurez rien. – Je viens, sans rien en dire,
(Mas tu não saberás de nada – eu venho, sem nada a dizer,)
M'asseoir sous votre lampe et causer avec vous;
(Sentar-me à tua lamparina e causar contigo;)
Votre voix, je l'entends; votre air, je le respire;
(Tua voz, eu a ouço; teu ar, eu o respiro;)
Et vous pouvez douter, deviner et sourire,
(E tu podes duvidar, adivinhar e sorrir,)
Vos yeux ne verront pas de quoi m'être moins doux.
(Teus olhos não verão o que me é menos suave.)"
Hoje eu estava satisfeito.
Estava vestido casualmente, cabelo na usual trança, sorriso no rosto. Quatre aparentemente tinha aceitado uma partida de pôquer na casa de Heero e ele me convidara. Ah, ele também disse que queria conversar comigo.
Eu poderia não estar com este sorriso de cabide no rosto ?
Tudo bem que ainda existia o fator Dorothy, mas, se ele de fato demonstrasse interesse em mim como aparentara na boate, me desembaraçaria dela o mais rápido possível. Crápula ? Sim, não vou negar. Se me sinto mal com isso ? De certa forma sim, ela é uma garota muito legal, mas possui um defeito grave.
Ela não é Heero.
Estava me olhando pela última vez no espelho quando o telefone tocou insistentemente. Apressei-me e atendi.
- Alô ?
- Duo ! Pensei que não fosse mais atender !
- Olá, Dorothy. – por que ela tinha de ligar justo numa hora dessas ?
- Queria saber se você não gostaria de passear no parque comigo agora de noite.
- Desculpe-me, mas eu tenho um compromisso. Tenho que dar atenção aos meus amigos também.
- Tudo bem, fica para uma próxima. Tenha uma boa noite, Duo amor.
- Boa noite... Dorothy. – desliguei.
Duo amor ? Aquilo estava indo mais longe do que eu pensava... Por um acaso aquela cabecinha loira achava que nós estávamos namorando ? Era o que estava parecendo ? Deus, ela não poderia estar mais enganada.
Por que eu pensei em Deus ? Acho que é força de expressão.
Caminhei alegremente do ponto de ônibus até a casa dele e a minha passagem fora permitida imediatamente – talvez ainda estivesse desde que vim cuidar dele após a cirurgia. Subi e toquei na campainha. Quando ele abriu, quase fiquei sem fôlego.
Heero tinha uma pequena toalha acima da cabeça, enquanto uma mão esfregava os cabelos para secá-los. Vestia uma calça preta e tinha uma camisa azul em torno do pescoço, com o tronco despido.
Oh, eu realmente espero não estar fazendo uma cara estupidamente idiota ao observá-lo assim...
- Boa noite, Duo. – ele falou alegremente – Chegou cedo, pensei que fosse demorar mais. – abriu passagem, parando de secar os cabelos – Vamos, entre.
- Boa noite, Heero. Bem, você disse que queria conversar comigo, então cheguei mais cedo que o combinado.
- E não morreu de curiosidade até agora ? – falou divertido, enquanto, infelizmente, vestia a camiseta.
- Não, mas espero não ter de esperar muito mais para saber.
- Eu não tenho nada para te contar. – ele falou enquanto guardava a toalha.
- Não ?
- Eu disse que queria conversar, não que tinha algo a te contar.
- Espertinho. – dei língua – Como foi o aniversário do irmão de Relena ?
Em algum momento eu já mencionei que eu era um bastardo masoquista emocional ?
- Foi muito agradável, por incrível que pareça. Fomos a um restaurante, poucas pessoas. Quat e Trowa também foram, você deveria ter ido.
- Que nada, aquele com certeza não é o tipo de ambiente a que estou acostumado, não é o meu habitat. Acertou-se com ela ?
- Que mania a sua de me jogar para cima dela ! – ele falou rindo e se sentou ao meu lado no sofá; meu corpo queimava de ciúme.
Mais uma vez, ele não negava. Haveria uma certeza maior que essa ?
- Eu não te jogo para cima dela, cara. Você apenas é encucado demais com relação a esse assunto.
- Deixando Relena de lado... Por que não me disse que estava saindo com a Dorothy ?
Ele se reclinou no sofá como que para se sentir mais confortável, cruzando as pernas e apoiando os cotovelos no braço do assento. Olhava-me intrigado.
Ciúmes ? Quem sabe !
Eu matava um só para que realmente fosse.
- Achei que você não se importasse em saber. – dei uma cartada.
- Mas é claro que me interesso ! – ele deu um sorriso – E fico muito contente que tenha aceitado o meu conselho de dar uma chance a ela.
- Heero... Eu não sei se fiz o correto.
- Por que não ?
- Eu não estou apaixonado por ela. Estou tentando esquecer a pessoa que gosto.
- E você tomou um fora desta pessoa que você gosta ?
- Não.
- E por que está tentando com ela ?
- Eu não me declarei.
- Por quê ? – ele me olhou indignado.
- Não. Não tinha futuro.
- Então você cometeu um erro. – ele olhou diretamente em meus olhos e me vi grudado em seus orbes azuis – Se você tivesse tomado um fora, aí sim deveria dar uma chance a ela.
- Sou covarde demais para fazer o que me pede.
- Eu sei que levar um fora dói, mas é melhor do que ficar se remoendo por tudo aquilo que poderia ter sido e não foi. Essa pessoa demonstra interesse em você ?
- Hum... – mordi o lábio inferior, pensando numa resposta adequada – Não necessariamente. Acho que não é totalmente imune, mas tenho certeza de que gosta de outra pessoa.
- Como pode ter certeza se não perguntou ?
- Eu comentei algo a respeito e a pessoa não negou seu interesse na outra. Mas por que você se importa tanto com algo que não lhe diz respeito ?
- Eu não sou o monstro que pintam. Você primeiro deveria ter checado se realmente não havia possibilidade de ficar com a garota que você gosta.
Passamos vários instantes calados, apenas nos observando.
Eu tive vontade de lhe dizer que não estava gostando de uma garota, mas sim de um japonês, de olhos azuis e que estava sentado bem na minha frente. O silêncio estava pesando ao nosso redor e ele parecia tentar ler-me por inteiro.
Precisava mudar de assunto. Urgente.
- O que vocês estavam fazendo na boate ontem ?
- Conhecendo. Novidades sempre atraem as pessoas. E eu sou do tipo que gosto de experimentar. – falou de maneira um tanto... Sensual ?
"Você dança realmente muito bem... Se o local fosse mais apropriado e você não estivesse acompanhado, pediria para dançar comigo. Uma outra vez, quem sabe."
Se eu continuasse me lembrando da voz rouca dele sussurrando em meu ouvido, teria uma embaraçosa ereção bem ali onde estava.
- E para que lugar vocês foram depois que eu e ela poderíamos não querer ir ?
- Uma boate mais liberal. Afinal, Quat e Trowa precisavam de mais liberdade para ficarem juntos.
- E por que eu não iria querer ir ?
- Talvez ela não se sentisse confortável em ver duas pessoas do mesmo sexo se beijando, só isso. – ele me deu um sorriso enviesado e senti minhas pernas amolecerem – Embora a boate em questão tenha toda a sorte de casais, o que não os deixaria deslocados.
- Não pensei que você fosse o tipo que se metesse nessas boates.
- Há muito em mim que você não conhece, Duo.
- Qual o nome do lugar ?
- Inferno.(1)
Assobiei.
- Belo nome para uma boate. Dá para fazer vários trocadilhos idiotas, perfeito para mim.
Silêncio.
Os mesmos olhos me inspecionando. O coração disparado. O bolo em minha garganta. A boate poderia ter sido uma abertura para mim; uma oportunidade destas poderia demorar a aparecer, assim como a súbita coragem que circulava junto com meu sangue.
A tensão era palpável; minhas mãos estavam frias, suadas e trêmulas. Respirei fundo. Era agora ou nunca.
- Heero ?
- Sim ? – ele falou com uma certa expectativa; desviei meu olhar.
- Eu queria te dizer que eu...
Ding dong.
- Espere um minutinho, Duo. Quatre e Trowa devem ter chegado.
"Je récolte en secret des fleurs mystérieuses :
(Eu colho em segredo flores misteriosas :)
Le soir, derrière vous, j'écoute au piano
(A noite, atrás de ti, eu ouço o piano)
Chanter sur le clavier vos mains harmonieuses,
(Cantar sobre o teclado tuas mãos harmoniosas,)
Et, dans les tourbillons de nos valses joyeuses,
(E, no turbilhão de nossas valsas felizes,)
Je vous sens, dans mes bras, plier comme un roseau.
(Eu te sinto, em meus braços, dobrar-se como um junco.)"
Aquilo com certeza era um sinal que eu deveria manter minha boca fechada.
Quatre e Trowa se aproximaram de mim e me cumprimentaram jovialmente. Todos nós sentamos a mesa de jantar de Heero.
- Não pensei que você fosse deixar Trowa jogar. – falei sorrindo.
- Acho que não tem problema se ele jogar de vez em quando comigo por perto.
- Vocês me tratam como um viciado em baralho. – ele cruzou os braços.
- E não é ? – Heero começou a embaralhar as cartas.
- Heero, hoje eu fui com Trowa providenciar os presentes e as comidas para a doação anual para a Romefeller.
- Muito obrigado Quat.
Aquele assunto de novo...
- Você não quer vir conosco fazer a doação ? – Quatre continuou – Heero não vai lá desde que irmã Helen morreu.
- Não, obrigado. – falei ríspido; ele franziu o cenho.
- Ora, pensei que quisesse voltar lá, Duo.
- Não, não quero.
- Voltar lá ? – Heero distribuiu as cartas e me olhou intrigado.
- Não é nada demais, vamos jogar o nosso pôquer.
- Ora, Heero, não me diga que não percebeu ! – Quat falou.
- Por que não encerramos esta conversa ?
- Perceber...?
Por que todos sempre me ignoravam ?
- Você gostava tanto da irmã Helen Maxwell, Heero... – Quatre falou de maneira sonsa.
Os lindos olhos azuis de Heero se arregalaram magicamente.
- Você ! – ele apontou para mim.
- Eu ? – falei com descaso.
- Então você era o sobrinho de quem tanto ela falava !
- Ela falava tanto assim de mim ?
- Sim ! Toda vez que eu ia entregar as doações, dizia-me que tinha um sobrinho encantador e que, se fosse uma menina, me apresentaria.
Atingi vários tons de escarlate.
- Eu não acredito que ela fazia isso ! Como ela pôde ? – falei atônito.
- Ela gostava muito de você, mas nunca me contou o que você fazia lá.
- Eu sou órfão, oras.
- Hum... Desculpe.
- Sem problemas, cara.
- Se vocês continuarem assim, vou ganhar todas as partidas sem nem fazer esforço... – Trowa estava visivelmente contrariado, mostrando uma pequena pilha que já se formava do seu lado.
- Mas eu não me lembro de ter visto você por lá. – Heero simplesmente ignorou o comentário e continuou a conversar comigo enquanto jogava.
- Eu não sei se me lembro de você. Ela nunca nos apresentou...
Além disso, eu não costumava ver muitas caras estranhas na fundação. Irmã Helen não me colocara na lista de adoção, dizendo que queria me educar por si mesma. Fazia me estudar e me incentivava.
Mas eu me lembro de um moço jovem que entrou por lá no dia em que cheguei. Era mais velho, bonito e bem sério. Pensando bem, tinha olhos azuis, feições orientais e pele bronzeada...
- Eu me lembro de você, Heero. – falei, ganhando a partida.
- Lembra ?
- No dia em que eu cheguei lá, acho que era a primeira vez que você ia lá também, ainda não conhecia a irmã.
- Mas eu só me lembro de ter visto uma garotinha que estava lá enquanto a irmã trançava seus cabelos...
- Hum-hum. – pigarreei.
- Você era a pirralhinha ! – Quatre ganhou a partida.
- Obrigado pela parte que me toca. – falei seco.
- Não quis te ofender, mas você parecia uma menina.
- E ainda parece, se soltar os cabelos.
- Quatre ! – olhei para ele, ofendido.
- O que tem demais nisso, Duo ? – Quat me olhou interrogativo.
- Nada, nada... Esquece e vamos mudar de assunto.
- Assim está melhor. – Trowa emendou.
Sei que parecer com uma garota poderia significar que eu era bonito, mas eu odiava quando alguém dizia isso para mim. Da primeira vez que Heero me falou isso, levei na esportiva e dei uma risada, mas não queria que isso se tornasse comum. Já bastava a minha falecida mãe.
Falar nela fazia a cruz no meu peito pesar. Dei uma pequena balançada na cabeça, como que para afastar os pensamentos. Era melhor me concentrar nas cartas à minha frente.
"La nuit, quand de si loin le monde nous sépare,
(À noite, quando assim distante o mundo nos separa,)
Quand je rentre chez moi pour tirer mes verrous,
(Quando eu retorno para casa a fim de tirar minhas amarras,)
De mille souvenirs en jaloux je m'empare;
(De mil lembranças ciumentas eu aprendo;)
Et là, seul devant Dieu, plein d'une joie avare,
(E lá, apenas na frente de Deus, cheio de uma alegria miserável,)
J'ouvre, comme un trésor, mon coeur tout plein de vous.
(Abro, como a um tesouro, meu coração cheio de você.)"
Heero provavelmente estava com Relena. Eu estava com Dorothy. Eu amava Heero. Heero não me amava.
Tudo parecia uma brincadeira de péssimo gosto de um bastardo sádico que adoraria me ver arrancando os cabelos, completamente perdido. A grande verdade é que eu sentia, tinha certeza de que estava na hora de tomar algumas decisões.
E que eu não me arrependesse delas.
Toda esta história já estava me deixando enjoado. O primeiro ponto a ser concluído era o que eu chamava de fator Dorothy. Ela poderia ser muito bonita, simpática e tudo o mais, mas não era o que eu queria, o que precisava. E terminar algo que, para mim, nem mesmo havia começado seria difícil.
Eu não queria magoá-la, porém todas as alternativas que eu poderia imaginar terminariam em desaforos e discussões. E o pior é que eu nem sabia se realmente me declararia para ele.
Mas as tentativas frustradas com Dorothy me imploravam por um ponto final e eu não hesitaria em dá-lo.
Gostaria de saber o que Hilde diria se me visse nesta encruzilhada... De certa forma, era culpa dela eu ter conhecido Heero. Afinal, se ela não tivesse morrido, provavelmente eu não teria tentado me matar daquela forma e, por conseguinte, não teria despencado de pára-quedas na vida dele.
Por que Fei queria tanto que eu me declarasse ?
A teoria dele de "leve um fora e esqueça mais rápido" era válida, o problema era o quanto eu iria me machucar pelo caminho. Eu sou um masoquista emocional, mas nem tanto. Era estranho, não creio que Wuffie iria querer me ver sofrendo...
Por que Quatre queria tanto que eu me declarasse ?
Não era preciso que aquele loirinho dissesse... Os olhares furtivos que ele me lançava mostravam claramente a vontade que ele tinha de que eu jogasse Heero contra a parede e lhe desse um beijo selvagem. Mas eu não faria aquilo, ainda mais na frente de todo mundo. O soco iria doer.
Aqueles lábios... Aqueles olhos... Aquele corpo...
Era impossível não desejá-lo. Sentir a sua pele quente e macia por entre os dedos, ouvir a sua voz rouca sussurrando palavras de amor... Quando eu poderia ter isso para mim ? Quando eu poderia provar daqueles lábios tão convidativos ?
Ele me dava constantes sinais de que não era indiferente a mim, mas aquilo não era o bastante. Ele estava com Relena e eu não competiria com uma mulher. Não que seja cavalheirismo, longe disso. Apenas acho que ele tem o direito de constituir família, de querer filhos. Algo que eu nunca poderia dar.
Tudo o que eu poderia lhe dar era o meu amor...
Talvez eu morresse por ele.
"J'aime, et je sais répondre avec indifférence;
(Eu amo, e sei responder com indiferença;)
J'aime, et rien ne le dit; j'aime, et seul je le sai;
(Eu amo e não digo nada; amo e apenas eu o sei;)
Et mon secret m'est cher, et chère ma souffrance;
(E meu segredo me é caro, e caro, meu sofrimento;)
Et j'ai fait le serment d'aimer sans espérance,
(E eu fiz o juramento de amar sem esperança,)
Mais non pas sans bonheur ; – je vous vois, c'est assez.
(Mas não sem felicidade : - vejo-te, é o bastante.)"
Acordei decidido.
As coisas não poderiam mais ficar do jeito que estavam. A situação toda estava fugindo do meu controle e já estava na hora de dar um ponto final naquela palhaçada.
Estava vestido com minha roupa branca, devidamente barbeado e com cabelos presos, comendo displicentemente uma torrada na cozinha. Eu iria ter uma conversa séria com Dorothy, depois do plantão.
O dia transcorreu em seu habitual corre-corre de pronto socorro, até que, antes de eu sair, Quatre me chamou até sua sala. Disse que queria conversar rapidamente e Dorothy ficou me esperando do lado de fora.
- Duo, sente-se. – ele sorriu, indicando uma cadeira na qual me sentei.
- Diga, Quat, por que me chamou aqui ?
- Você pode até não ter notado, mas hoje você deu o último plantão de penitência. Como você deu muitos plantões seguidos, semana que vem você não terá nenhum.
- Não pensei que já tivesse dado sete plantões... Isso realmente me distraiu, cara.
- Fico feliz em saber. Aproveitando a deixa, você sabe que terça é dia quinze de agosto... Aniversário do Heero...
- Sim, eu sei. Mas onde quer chegar ?
- Duo, nós dois sabemos muito bem que você gosta dele. Por que não aproveita a ocasião e se declara de uma vez ?
Eu já tinha pensado nisso, baby...
- Eu não sei... Eu nem sei se vou encontrar com ele no dia.
- Ele não vai fazer as doações para Romefeller, eu e Trowa que vamos. Nós já dissemos isso a você.
- Olha, Quat, com todo respeito, deixa que desse assunto cuido eu, tá legal ?
- Se você precisar de ajuda ou de conselho... – ele me deu um sorriso como se soubesse exatamente que eu iria responder aquilo.
- Tudo bem. Agora se me dá licença...
Sai pela porta e encontrei Dorothy.
- O que ele queria ?
E ainda me chamam de curioso !
- Disse que eu já paguei a minha punição por aqui, vou começar a receber pelos plantões.
- Ah, que maravilha ! – ela me deu um abraço caloroso.
- Dorothy, precisamos conversar. – falei com aquele tom que revela praticamente o assunto da conversa.
- Duo... Vamos para a lanchonete.
Ela me puxou pela mão até o local. Acho que ela preferiu aquele ambiente achando que eu me intimidaria com as pessoas ao redor. Que não a faria ficar constrangida por conta do local.
Eu não ligava nadinha.
Sentamos na mesa. Respirei fundo, era agora ou nunca.
- Dorothy, você é muito legal, eu gosto muito de você, mas acho que não deveríamos sair mais.
Ela soltou um suspiro, como quem já esperava por aquilo.
- Por que, Duo ?
- Eu gosto de outra pessoa.
- É ele, não é ? Heero ?
- Por um acaso tem um letreiro em néon piscante na minha testa dizendo isso ? – falei um pouco contrariado.
- Não, Duo. Chame isso de percepção feminina. Nós mulheres, quando nos apaixonamos, conseguimos captar os interesses do objeto de afeição através de observações. Você fica diferente do lado dele, sua risada é mais verdadeira, seus olhos brilham diferente. Por isso eu imaginei.
- Eu fico feliz que tenha entendido...
- Você foi desonesto comigo. Por que não me disse desde o começo ? Você estava apenas brincando comigo, Duo ! Isso não é justo !
- Dorothy, eu sei que o que fiz não foi o correto, mas não me arrependo. Você é uma garota legal, eu realmente quis tentar...
- Ele não gosta de você. Ele não te ama. Será que você não enxerga isso ?
Ouch, isso doeu.
- Enxergo sim. Mas não quero ficar mais com você, não dá. Será que você não entende ?
- Entendo sim, entendo que você foi um canalha e não tem a mínima vergonha de admitir ! – ela falou mais alto, atraindo olhares – Bom, corra atrás dele, Duo... Depois não diga que eu não te avisei quando você levar uma patada ! Talvez nunca mais queira falar com você quando descobrir que você gosta dele !
- Eu não vou mais brigar com você, isso já não te diz respeito mais. Tchau, Dorothy.
Levantei-me e dei as costas, caminhando. Ela realmente sabia tocar na ferida de uma pessoa.
E se ele realmente não quisesse mais me ver depois que eu me declarasse ? Não que ele tivesse nojo – afinal aceitava Quat e Trowa e freqüentava boates mais liberais – mas quisesse me repelir porque eu estava apaixonado por ele. Era uma possibilidade.
Heero, Heero... Se eu me declarasse para você, o que você faria ?
"Non, je n'étais pas né pour ce bonheur suprême,
(Não, eu não nasci para esta felicidade suprema,)
De mourir dans vos bras et de vivre à vos pieds.
(De morrer nos teus braços e viver a teus pés.)
Tout me le prouve, hélas ! jusqu'à ma douleur même...
(Tudo me prova isso, droga ! Até mesmo minha dor...)
Si je vous le disais pourtant, que je vous aime,
(Se eu te dissesse, no entanto, que te amo,)
Qui sait, brune aux yeux bleus, ce que vous en diriez ?
(Quem sabe, morena dos olhos azuis, o que tu dirias ?)"
Continua...
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N/A : Muito obrigada pelas cem reviews ! (faz uma reverência) Nunca pensei que pudesse chegar a tanto nesta fics de Gundam !
O nosso "querido" site disponibilizou um sistema de respostas de reviews, direto no e-mail da pessoa. É de grande praticidade e muito bem bolado, mas tem um defeito : só pode enviar respostas para as pessoas que mandam reviews assinadas, ou seja, são cadastradas no site. Desta forma, vou continuar a responder as reviews da mesma maneira, para ser igual com todos. Eu sei que este capítulo demorou mais do que o normal, mas tive alguns contra-tempos por aqui... Perdões ! E, nossa, ninguém reparou a homenagem a Subaru e Seishirou no capítulo 10 ? Caramba...
Mando beijos especiais também para a Blanxe, Litha, Perséfone, Tina Chan, Anne, Anna Malfoy, Ophiuchus no Shaina, Kitsune Lina, usagui no ashi e Athena Sagara. As respostas das reviews estão lá no meu blog, chibi ponto weblogger ponto com ponto br. Muito obrigada e mil beijos ! E lembrem-se : reviews são sempre bem vindas !
Nota :
(1) Inferno é uma singela homenagem a Celly, fazendo referência a sua fic homônima em parceria com a Elfa Ju - uma ótima fic de Saint Seiya, que eu recomendo (espero que não se importem de ter usado o nome da boate).
