Réquiem de Esperança
Capítulo XVI – Reactions
Disclaimer : Yoshiyuki Tomino, Hajime Yatate e Koichi Tokita são os criadores de Shin Kidou Senki Gundam W, e não eu... Depois de rolar no chão com o Duo, que insistia em me dar mais e mais doses de glicose, o capítulo acabou saindo ! Divirtam-se !
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"… mais il y a au monde une chose sainte et sublime, c'est l'union de deux de ces êtres si imparfaits et si affreux. On est souvent trompé en amour, souvent blessé et souvent malheureux; mais on aime, et quand on est sur le bord de sa tombe, on se retourne pour regarder en arrière et on se dit : j'ai souffert souvent, je me suis trompé quelquefois, mais j'ai aimé. C'est moi qui ai vécu, et non pas un être factice créé par mon orgueil et mon ennui."
On ne badine pas avec l'amour (acte 2 scène V) – Alfred de Musset
"... mas há no mundo uma coisa santa e sublime, é a união de dois destes seres tão imperfeitos e tão terríveis. Frequentemente é enganado no amor, aleijado e infeliz; mas gosta-se, e quando se está sobre a beira do seu túmulo, volta-se para olhar para trás e diz: sofri frequentemente, enganei-me algumas vezes, mas gostei. Fui eu quem viveu, e não ser factício criado pelo meu orgulho e meu aborrecimento."
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Acordei com batidas na porta.
Uma enfermeira sorridente entrou e me cumprimentou, me examinando rapidamente enquanto uma outra moça colocava meu café da manhã numa bandeja. Já estava na quinta colherada da sopa quando Quatre abriu a porta sorrindo.
- Bom dia, Duo.
- Bom dia, Quat. Recebo alta hoje mesmo ?
- Assim que eu terminar de te examinar. Você teve muita sorte em não ter um hematoma ou uma fratura de base de crânio depois daquela pancada.
- Eu que não queria ficar parecendo um guaxinim com aquelas duas manchas de sangue nos olhos.
Ele riu.
- Não sei como às vezes conseguimos rir de coisas tão sérias. – falou cheio de culpa.
- Ah, Quat, precisamos nos descontrair um pouco para não enlouquecer.
Ele deu um daqueles sorrisos iluminados e iniciou os exames. Analisou minhas pupilas, meus reflexos. Tudo que pudesse afastar a possibilidade de uma lesão neurológica tardia devido a um hematoma por conta do trauma.
- Você está perfeito, Duo. Seu braço vai demorar mais para ficar bom.
- Eu sei... Fraturei o rádio e a ulna.
- Pelo menos não foi exposta. Por pouco você exemplificaria uma perfeita fratura de Colles, mas foi mais acima.
- É, o que são uns três meses com o antebraço engessado ? – falei divertido.
- Você continua atendendo como clínico, Duo. – assenti com a cabeça – Não quer me contar a história do seu atropelamento por completo ?
Oh, não. Não queria lembrar daquilo. Doía demais.
Devo ter feito uma cara estranha, porque Quatre se condoeu.
- Não precisa contar se não quiser. Mas, quando doer menos, você me diz.
A bondade dele me assustava às vezes.
- Obrigado por tudo, Quat. Você tem sido um verdadeiro anjo desde que apareceu na minha vida.
- Faço isso por você. Se posso vê-lo sorrir e tirar pensamentos ruins da sua cabecinha de vento, por que deixaria de fazê-lo ? – não pude deixar de sorrir – Heero está vindo te buscar.
- Não quero ir com ele. Posso tomar um táxi sozinho. – falei rispidamente e ele me olhou interrogativo.
- Não é bom você ficar sozinho por um tempo, Duo, você sabe disso.
- Eu ligo para alguém quando chegar em casa, talvez o Wufei ou Sally me façam companhia por hoje até eu me resolver.
- Duo... – ele me falou cheio de censura.
- Não vou com Heero e ponto final.
Ele ficou calado de um jeito que achei tê-lo magoado. Caminhou e pegou minhas roupas, voltando até a cama e me ajudando a me vestir.
- Avise a ele pelo menos.
Continuei calado por um tempo.
- Pronto, Duo. Você já pode ir.
- Obrigado mais uma vez, Quat. Amanhã venho para o plantão.
- De jeito nenhum ! Vai passar uma semana em casa. Quem já se viu ser atropelado e ir trabalhar no dia seguinte como se nada tivesse acontecido ?
Apenas sorri e lhe dei um abraço amigável.
Saí pela frente e notei que Catherine ainda não tinha chegado. Tomei um táxi e indiquei as coordenadas do meu apartamento.
Eu tinha evitado pensar até este momento, mas sabia que não adiantava mais. Bancos traseiros de carros têm esse efeito sobre mim. É aquele ambiente mais ou menos aconchegante que parece ter sido feito para reflexões. Um lugar onde, por mais que se tente o contrário, sua mente viaja até os confins do universo.
Aquele beijo parecia ter partido algo dentro de mim. Especular sobre possíveis envolvimentos amorosos é uma coisa. Ver tudo acontecer bem na sua frente é outra, e muito pior. Era verdade que tinha pensado em me matar quando chegasse em casa, mas o atropelamento serviu para colocar minhas engrenagens nos eixos.
Não que a vontade de me matar tenha desaparecido. Ela nunca me abandonou por um segundo sequer.
Acontece que tudo ainda era muito recente. Percebi que ainda não havia digerido bem os fatos e utilizaria desta semana livre para pensar bastante em tudo que já me ocorreu na vida. Poderia ser que eu achasse uma alternativa diversa de enfiar uma faca em meu peito. Poderia ser que não.
Ouvi um grande barulho de freio e uma pancada. Olhei alarmado para o lado e vi que um carro acabara de atropelar uma bicicleta que era conduzida por um rapaz que não deveria ter mais de quinze anos. Meus instintos se acenderam e, aproveitando o semáforo vermelho, desci do carro, correndo até o local. O taxista ficou um tanto perplexo e encostou o carro.
Ciclistas costumam ser imprudentes no trânsito. Se passassem ao menos um dia no banco de motorista de um carro, veriam o perigo que correm.
Analisei-o rapidamente e vi que ele tinha fraturado o punho, nada mais. Confortei-o da melhor maneira que pude e chamei o serviço de saúde. Não podia fazer nada mais com o braço engessado. Aliás, não havia nada mais para se fazer.
O menino sorriu agradecido, enquanto o condutor do carro suspirou aliviado. Retornei ao carro, para terminar a corrida, e me sentei novamente no templo de reflexões que era o banco traseiro.
Ainda não entendia todos aqueles gestos de Heero para comigo. Todos aqueles malditos gestos que me deram um fio de esperança. Uma tola esperança de que ele pudesse gostar de mim. Todas as atitudes eram bastante estranhas para simples amigos. Afinal, não é todo dia que um cara diz para outro que está com vontade de dançar com ele.
Era mais uma daquelas coisas que simplesmente não tinham explicação.
A única vontade que tinha agora era de chegar em meu apartamento, ouvir umas músicas e cantar bem alto. E nada de Heero. Queria passar um bom tempo sem vê-lo. De preferência, a minha vida inteira.
E, atendendo ao meu pedido, o taxista se virou, indicando-me o preço da corrida. Paguei-o e desci, cumprimentando a senhora Noventa na porta, que me desejou melhoras. Subi os degraus sem pressa. Na verdade, eu não tinha pressa para sequer respirar.
Abri meu apartamento, sem me preocupar em fechar a porta. Ninguém viria me incomodar, as pessoas aqui são mais preocupadas com as próprias vidas medíocres. Caminhei até o quarto e troquei minha roupa, vestindo apenas uma calça de moletom cinza. O calor estava insuportável por esta época do ano. Busquei o bolso de trás da minha calça, para retirar a boba tulipa vermelha que, a esta altura, já deveria estar em frangalhos. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que ela não estava mais lá.
Engraçado... Eu tinha certeza de tê-la colocado aqui e de não retirá-la em momento algum. Será que haviam tirado-a no hospital ? Mas então por que ninguém veio me dizer nada a respeito ? Mexer em pertences pessoais dos pacientes sem aviso não era uma das coisas certas a se fazer num hospital. Vou comunicar o Quatre depois.
Passei incontáveis minutos apenas contemplando a cruz que repousava no meu peito. Lembro-me de tê-la sentido mais leve quando fui atropelado. Será que mamãe realmente estava lá para me proteger depois... Depois daquilo ? Pensar que ela, que sempre foi desequilibrada, encontrou um pouco de sanidade após a morte era reconfortante. Mas isso era admitir que realmente existia algo do outro lado, algo que não poderia garantir. E, se não posso garantir, então não posso acreditar.
Bebi um copo d'água, estava com muita sede. Caminhei até o som, ligando-o. Um pouco de música sempre ajuda os pensamentos a fluírem melhor. Apertei play sem nem me dar o trabalho de verificar o cd. Sorri quando ouvi os primeiros acordes de Suicidal Dream. Não me importei com o volume do som, tampouco em presentear os poucos vizinhos com a minha voz desafinada. Eu precisava extravasar um pouco.
As músicas sempre tiveram sua importância na minha vida. Muitas vezes, elas falam exatamente o que queremos dizer, mas não sabemos como transmitir. Essa era uma destas vezes, mas não tinha ninguém para me ouvir.
Sempre procurei alguém que pudesse me ajudar, preencher este vazio e acabar com o sentimento de inferioridade e auto-depreciação que tenho. Hilde me ajudava muito, me colocava para cima, ralhava comigo quando estava triste. Ela dizia que eu tinha um sorriso lindo. Mas ela teve de morrer atropelada, justamente no dia do meu aniversário. Aliás... Eu não gosto dos meus aniversários. Minhas piores memórias sempre acontecem nesta data.
Já estou cansado de procurar por este alguém fictício que vai me ajudar e, como num conto de fadas, me fazer feliz para sempre. Não sou tão idiota, sei que isto não vai acontecer. Esta era uma das razões para ter vontade de me matar. Ver, cada dia que passa, a indiferença e frieza das pessoas, que nem sequer se preocupam se os outros estão bem, se elas o machucam desnecessariamente.
Esse mundo não precisa de paz. Precisa de amor.
Brinquei com a minha trança, simulando meu próprio enforcamento. Talvez fosse assim mesmo que as coisas acabassem no final. A morte da minha esperança, com um belíssimo réquiem ao fundo em sua homenagem.
A menos, é claro, que um anjo caia de pára-quedas na minha frente.
Ouvi passos e olhei para trás. Pensei ser a senhora Noventa, para reclamar do som, mas franzi o cenho ao ver a figura de Heero se aproximando de mim. Abri os lábios, pronto para lhe dar um belo fora. Mas, com uma certa violência, ele me jogou contra a parede, quase magoando meu antebraço.
Acho que me deram algum tipo de alucinógeno no hospital sem o meu conhecimento.
Senti os lábios macios dele pressionarem os meus, com uma certa urgência. Os fios bagunçados da franja dele roçavam no meu rosto, fazendo cócegas. Sua língua atrevida rodeou a minha boca e permiti a sua passagem, naquele beijo que eu tanto sonhara nos últimos tempos.
Os dedos dele pressionavam minha cintura com força e ele me beijava com selvageria. Parecia querer me dizer algo com tudo aquilo, mas não conseguia entender o que. Retribui da minha melhor maneira possível, afinal, sendo sonho ou não, não seria tolo de desperdiçar.
Não sei quantos minutos passamos assim até ele me soltar. Seus olhos azuis fitavam quase que vidrados os meus. Senti meus músculos faciais tentarem esboçar um leve sorriso quando me lembrei dela, atracada na boca dele.
Lembrei que eu estava com raiva dele.
Tudo aconteceu em menos de um segundo. Dei um sonoro tapa na cara dele com meu braço esquerdo e ele me olhou desconcertado, sem esperar aquela reação. Depois ele me olhou com fúria e, quando tomou fôlego para me atacar, disparei.
- Quem você pensa que é para entrar na minha casa e me beijar ?
- Mas você estava retribuindo ! – ele falou entre os dentes.
- Você não tem o direito de invadir a minha privacidade ! – explodi – Vá embora, Heero, suma daqui !
- Você enlouqueceu ! Manda uma declaração de amor e, quando te beijo, só falta me matar !
- Ah, então você deu um sumiço na minha flor ? – apontei para ele, com mais fúria na voz do que verdadeiramente sentia – Muito prepotente da sua parte achar que a tinha comprado para você.
- Se você ia sair comigo, ela só poderia ser para mim. – falou num tom triunfante.
- Isso não vem ao caso. Vá embora, Heero, volte para os braços da querida Relena e me deixe quieto ! – falei com deboche – Nunca pensei que você fosse do tipo que trairia alguém !
Ele olhou para mim e piscou algumas vezes. Então fez uma coisa completamente inesperada : gargalhou. A risada cristalina, rouca e linda invadiu os meus ouvidos enquanto assistia-o se contorcer de tanto rir. Minha confusão não poderia ter atingido um maior valor que agora.
- Mas que diabos...? Pare com isso ! Não ria da minha cara, saia daqui !
- Ah, então era isso, Duo. – ele respirou fundo, retomando o fôlego – Toda esta reação são ciúmes.
- Por que eu teria ciúmes de você ? – senti-me corar.
Vi-o se aproximar de novo, segurar o meu queixo e falar baixinho.
- Porque você gosta de mim, bobinho.
- Você está com a Relena. – falei entre os dentes.
- Se engana. Eu não tenho nada com aquela lá.
- Como não ?
- Você deve ter visto o beijo que ela me deu de aniversário. Mas eu não consenti com aquilo.
- Ah, não, você só estava abraçando-a pelos ombros e com a língua na boca dela. – ele começou uma nova gargalhada – E não ria !
- Aprenda a não espiar por brechas de portas e não tirar conclusões precipitadas antes de ver todo um acontecimento.
- Olha só quem fala. Você estava espiando pela minha porta agora. – desviei o olhar.
Por que ele conseguia ter tanto poder sobre mim a ponto de me fazer ignorar a raiva que estava sentindo ? Eu estava amolecendo, era notável. Mas estava emburrado, como uma colegial.
- Duo. Olha para mim. – sua voz soou mais séria desta vez e acabei obedecendo – É sério, eu não tenho nada com a Relena. Eu gosto de você, Duo.
Meus joelhos amoleceram tanto que achei que fosse cair. Ele tinha dito que gostava de mim ! Heero tinha dito que gostava de mim ! Que gostava de mim !
Fazia um bom tempo que as borboletas no meu estômago não me visitavam.
- E isso significa...? – falei, incerto.
- Que eu quero namorar você. Aceita ? – ele sorriu.
Sorri tão verdadeiramente como nunca mais tinha feito na vida. Aquilo que pensei ser impossível estava realmente acontecendo ! Meus braços ganharam vida própria, se enroscando em seu pescoço, enquanto aproximava nossos rostos, olhando em seus lindos olhos azuis.
- Como se você duvidasse disso, Hee-chan.
Nossos lábios começaram uma pequena guerra de idas e vindas, sem necessariamente se tocar. Depois de alguns minutos, ele se rendeu, roçando delicadamente sua boca na minha. Sorri enquanto ele sugava meu lábio inferior, afagando seus cabelos curtos com minha mão livre do gesso.
Seus braços se aconchegaram em minha cintura enquanto ele deslizava sua língua para a minha boca. Heero beijava muito bem, isso era inegável. Passava meus dedos por sua orelha, descobrindo cada contorno daquele e sentindo sua pele se arrepiar. Não sei quanto tempo passamos assim, até ele apartar e olhar nos meus olhos.
Distribuí pequenos beijinhos pela sua bochecha, acariciando aquela maciez que era sua pele. Foi com satisfação que ouvi-o suspirar quando beijei atrás de sua orelha. Sorri e o puxei pelo braço, com a mão livre, até o sofá. Ele se sentou, com as pernas estiradas no móvel, e me posicionei entre suas pernas, deitando em seu tórax.
- Tive medo de tudo não passar de um sonho. – confessei.
- Você não vai acordar nunca deste. – ele deu um beijo no topo da minha cabeça.
- Assim espero. – entrelacei minha mão livre na dele – Como foi que você descobriu que gostava de mim ?
- Eu já suspeitava antes, mas foi por conta do seu gesso aí.
- Então quer dizer que, de certo modo, a Relena nos ajudou ? – falei com um ar de riso.
- É, para você ver só. Curioso, não ? – ele riu.
- Quatre vai soltar gritinhos de alegria quando souber.
- Falando nisso... Precisamos comemorar, não é todo dia que um médico baka de tranças começa a namorar comigo. – falou divertido.
- Prepotente... Mas nós podemos sair com os meninos sim. Só que depois, agora quero ficar curtindo você.
- Vai me deixar ficar aqui agora, é ? Não queria tanto que eu saísse ?
- Bobo ! – esfreguei uma almofada na cara dele, que riu.
Era tão bom poder ter Heero assim... Dava-me uma esperança de ter finalmente encontrado algo que pudesse chamar de lar. Senti seus dedos passearem por minha trança e o característico barulho do elástico sendo puxado. Ele desfazia o meu penteado com calma, cuidando do meu cabelo.
- Sabia que eu adoro o seu cabelo ? Você deveria deixá-lo mais tempo solto. Além de ficar mais bonito, a trança quebra os fios.
- Vou pensar no seu caso.
Ele sorriu, mordendo a minha bochecha.
- Vou cozinhar para você hoje.
- Não sabia que você gostava tanto assim de mimar alguém.
- Só quando a pessoa é importante para mim.
- Tão doce... – dei um pequeno selinho – Só tem um problema.
- Qual ?
- Eu não fiz feira esta semana... – corei de leve.
- Eu vou até o mercadinho, se você deixar.
- Eu vou junto.
Coloquei uma blusa e me calcei, indo com ele do jeito que estava. Saímos na rua, com um vento levemente quente bagunçando os meus cabelos. Conversávamos amenidades até chegarmos ao mercadinho.
Eu não podia deixar de pensar no quão familiar era a nossa cena, indo fazer compras juntos. Era muito bom pensar que nós não só parecíamos um casal, como de fato éramos. Uma gostosa esperança de que ele fosse, finalmente, me mostrar o significado da palavra lar.
Gostava de ver aquela pequena ruga se formar em sua testa quando analisava algo, como agora fazia com os peixes à venda. Sentir aquele cheiro levemente almiscarado e, mais recentemente, os seus beijos. Porque Heero beijava muito bem, é claro. Perfeito, como em tudo.
- Hee... O que nós vamos almoçar ?
- Sushi. E vou te ensinar a usar os hashis desta vez. – falou num tom divertido.
- Será que você consegue ?
- Aposto que sim. – falou com uma ligeira superioridade, colocando o peixe na cesta.
- Prepotente...
- Terceira vez que você diz isso hoje. – falou com um ar de riso – Desse jeito, vou acabar acreditando.
- E é bom mesmo, é a verdade.
Tive vontade de lhe dar um beijo estalado, mas definitivamente não era um bom lugar.
Compramos e retornamos ao apartamento. Tranquei a porta e busquei um telefone sem fio enquanto ele organizava as coisas na cozinha. Sentei-me num banquinho, para vê-lo cozinhar.
- Vai ligar para quem, Duo ?
- Vou contar ao Quat.
Ele sorriu, limpando o peixe. Disquei o número de Quat e esperei.
- Alô ? Duo ?
- Olá, Quat ! – falei animado.
- O que foi ? Está sentindo algo ?
- Paixão. – falei divertido e vi uma sobrancelha de Heero se erguer.
- Paixão ? Duo, não me diga que...?
- Mas você percebe as coisas rápido demais, assim não tem graça ! – falei divertido.
- Duo, eu não acredito ! – a voz dele era a de quem dava pulinhos – Finalmente, Duo ! Ah, que maravilha !
- Sim, nós estamos namorando. – falei com um ar mais apaixonado do que pretendi.
- Trowa já sabe ?
- Não, pode contar você mesmo.
- Ah, Duo... Ah, Duo ! Estou tão feliz ! Aproveitem bastante, viu ? Vocês ficam lindos juntos.
- Obrigado, Quat. Depois podemos marcar para sairmos os quatro juntos.
- Boa idéia. Mas não quero atrapalhar os pombinhos. Tenham uma ótima tarde.
- Você também. – desliguei.
O dia transcorreu como um sonho. Heero me dava aulas desastradas de como comer com os pauzinhos, lavou a louça e me mimou a tarde inteira. À noitinha, assistimos a um dvd, comendo pipocas e fazendo comentários engraçados sobre detalhes do filme. Até que adormeci em seus braços, pensando que finalmente eu poderia ser feliz.
Afinal, Heero estava comigo.
Continua...
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N/A : Demorei de novo, eu sei, mas tive meus motivos...
Depois deste capítulo, meus dentes estão doendo... Os de vocês também ? Acho que nunca escrevi tanto açúcar na vida... Mas para tudo se tem uma primeira vez, non ? (risos). Foi um capítulo particularmente difícil de começar, porém, por incrível que pareça, fluiu muito melhor nos doces... E logo eu, que achava que não conseguiria escrever algo assim...
Beijocas especiais a Shanty,que me mandou uma música linda, Blanxe, Tina-chan, Litha, Athena Sagara, Anna Malfoy, Ophiuchus no Shaina, Aryam, Kitsune Lina, Anne, Ayame Yuy e Megara-20. As respostas das reviews "anônimas" e comentários do capítulo estão no meu blog, chibiusa-chan (ponto) blogspot (ponto) com.E lembrem-se : reviews são sempre bem vindas !
