Teach Me How To Love
Parte I
A garota sentou-se nos degraus da escada, desanimada. Num rápido exame do lugar, ela observou com atenção o parque ao seu redor... As árvores que a rodeavam, suntuosas; as pessoas que passavam e nem sequer olhavam-na; o sol que se punha no horizonte...
Cansada, ela soltou um suspiro exasperado, enquanto passava as mãos no cabelo. Por que ela tinha que ser tão estabanada? Por que ela tinha que ser tão indesejável? Por que ela tinha que perder toda a compostura na frente dele? Por que logo na frente dele?
Ela olhou para o restaurante de onde tinha acabado de sair e não pôde conter mais um suspiro, desta vez de tristeza. Ah, se arrependimento matasse! Se ela soubesse que isso aconteceria... Ela não teria nem sequer posto um pé para dentro daquele maldito lugar.
Apoiou a testa na mão direita. O sentimento de vergonha que a assolava não poderia ser pior. Só levantou os olhos quando sentiu um peso em seu ombro. Seus olhos encontraram Shaoran, seu amigo, olhando-a com um sorriso no rosto, enquanto colocava o paletó preto dele por cima de seus ombros.
-Como anda a minha amiga atrapalhada favorita? – a mulher suspirou, já tendo perdido a conta de quantas vezes o havia feito, e com o semblante emburrado.
-Pior impossível...
-Sakura, você não devia ficar se preocupando tanto com essas coisas. Foi um acidente, nada mais. Tenho certeza de que você é a única que está tão séria com relação a isso. Relaxe! – ele disse dando leves tapinhas no cabelo castanho-avermelhado de sua amiga, e espalhando-o.
-Imagina, nem há motivo para me preocupar. Tudo o que eu fiz foi derrubar chá numa temperatura altíssima em cima do homem por quem tenho tido uma queda há mais de dois anos. Ah, sim! Eu mencionei que agora ele está no hospital, tratando do queimado que eu estupidamente causei?
Ela estava totalmente abalada.
-Por que eu tenho que ser assim, Shao? Já faz mais de dois anos que eu gosto do Tsukiro, e nada... Sempre me preparo muito para os nossos encontros, me digo: 'dessa vez, tudo dará certo!'. Mas eu sempre consigo estragar tudo, por mais propício que seja o momento. Às vezes, eu simplesmente me odeio...
-Não fale assim, Saki. É esse seu jeito atrapalhado e infantil que cativa a todos nós. Você sabe que nós te amamos do jeitinho que você é.
-Infantil? – Sakura tentou dar um sorriso brincalhão, mas ela não conseguia despistar nem de si mesma a ironia que aquele riso continha – Li... Se seu objetivo era me animar, saiba que não está dando certo.
Ele suspirou, mas um pequeno sorriso permanecia em sua face. Tentou evitar transparecer o fato de que na verdade estava se divertindo com aquela conversa. Se Sakura percebesse, ficaria ainda mais chateada, e isso não seria nada bom. Era só que... Ela continuava a mesma de sempre... Engraçada, divertida, especial daquele jeitinho que só ela sabia ser.
Ela era uma ótima amiga. E ele precisava ajudá-la de algum jeito.
-Sakura... O que você acha de eu te ajudar a conquistar o Tsukiro? – ela levantou imediatamente a cabeça, lhe revelando um semblante confuso, e encarou-o olho a olho. – É isso mesmo que você ouviu. Afinal, ele é meu melhor amigo... Sei praticamente tudo sobre ele. O que acha de seguir umas dicas minhas...?
Sakura considerou seriamente a proposta de seu amigo. Não conseguia visualizar de maneira nenhuma a situação em sua mente... Estava muito insegura com relação àquilo... Seria uma boa idéia?
-Não sei se daria certo, Shao... Provavelmente eu iria pôr tudo por água a baixo... Como sempre. – ela abaixou a cabeça novamente, e olhou insistentemente para baixo, como se o chão fosse a coisa mais interessante do mundo.
-Eu acho que não custa tentar... Você realmente gosta dele. Mas é óbvio que perde o controle de si mesma quando estão próximos. Eu poderia te dar uma mãozinha. Bem, a decisão é sua, de qualquer jeito. Você me diz: quer isso ou não, Sakura?
A mulher de olhos esmeraldinos apoiou o queixo na própria mão, pensando. Ela realmente não tinha nada a perder... Deixar aquela relação entre eles mais impossível de acontecer ela não poderia. E se não desse certo, bem, então seria o fim.
Mas... Quando houve um começo? Ela precisava fazer algo, tentar algo. Dois anos! Aquilo era tempo demais perdido. Olhou decidida para Shaoran.
-Eu aceito a sua proposta, Li. Não tenho nada a perder, mesmo. Se isso não der certo... Acho que então tudo o que poderei fazer será superar esse sentimento. – ela disse fazendo uma careta engraçada, tentando demonstrar desdém.
Shaoran sorriu. Definitivamente, Sakura não havia mudado nada.
-Então está combinado! Vou te transformar na mulher dos sonhos de Tsukiro! Não dou nem três semanas para que ele esteja em seus braços! Aquele nem vai saber o que o atingiu!
-Como te agradecer, Shao...? Sinceramente, não sei como você e o pessoal ainda me agüentam depois de tantos anos. – ela disse, literalmente pulando em cima do amigo num abraço apertado e com um sorriso igual ao de uma criança que acaba de ganhar o melhor dos brinquedos, totalmente emocionada.
-Tudo pela felicidade da minha amiga! – ele disse, retribuindo o apertadíssimo abraço de Sakura e espalhando todo o seu cabelo. Ele adorava fazer isso. – Agora... O que você me diz de eu e você irmos comer uma pizza?
-Pizza? – foi tudo o que ela disse antes de correr em direção ao carro de Shaoran e entrar rapidamente nele com um sorriso na face, como se nada tivesse acontecido e sem nem esperar pelo amigo.
Irritada com a lentidão de Shaoran em chegar ao carro, ela abriu a janela, impaciente, e sem nem se importar com as pessoas que passavam por perto gritou:
-Shao, você é mais lerdo que uma lesma! Entre já nesse carro e vamos comer, seu torturador de amadores de pizza!
Todos olharam assustados para os dois, e Shaoran só queria encontrar um lugar para esconder a sua cara. Sua amiga era tão discreta. Suspirou e rolou os olhos.
Ele teria um longo trabalho pela frente.
§-§-§
-Bem, acho que agora podemos começar. Tsukiro gosta de mulheres estilosas, charmosas. De classe, entende, Sakura? Afinal, algo muito comum sendo ele um executivo. Como vive em festas da alta sociedade, precisa-se ser uma mulher dessas. – Shaoran dizia. – Nosso primeiro passo será fazer de você uma mulher... De classe.
O rapaz lançou, finalmente, um olhar para sua amiga. Ela estava dormindo no sofá, usando um pijama excêntrico com desenhos de hipopótamos espalhados pelo corpo e uma pantufa que imitava a pata de um urso. O leve som de seu ronco quebrava o silêncio do lugar.
Shaoran rolou os olhos, enquanto olhava para Sakura. Aquilo seria mais difícil do que ele havia pensando.
-Sakura! – ele deu um cutucão nela, que por si abriu seus olhos lentamente. – É grosseiro de sua parte dormir quando estão falando com você... – ele dizia de olhos fechados, tentando esconder a irritação.
-Desculpe, Shaoran. – ela disse com um sorriso brincalhão enquanto coçava os olhos. – Mas é que você demorou tanto para começar a falar... Quando reparei, você já estava me acordando.
Shaoran decidiu não fazer nenhum comentário. Não serviria de nada e eles não tinham muito tempo. Ao invés disso, ele decidiu passar para o próximo passo.
-Levante-se. – Sakura olhou surpresa para ele, não compreendendo. – Apenas levante-se, Sakura.
Ela levantou-se e Shaoran passou a rodeá-la. Reparando na postura desleixada de Sakura, o rapaz forçou seus ombros a ficarem eretos, depois fez o mesmo com a sua coluna. Parou a sua frente e, gentilmente, forçou Sakura a olhar para frente, levantando seu queixo.
-Essa é a postura que deve ter sempre. Agora... Ande. – Sakura apenas olhou confusa para seu amigo novamente, nervosa por causa da posição incômoda. – É tão difícil assim, Sakura? Só quero ver como você caminha.
-Ah, isso é fácil. – ela começou a andar pela sala, voltando a sua velha postura de sempre. Shaoran já estava entrando em desespero. Porém, com toda a paciência, ele caminhou até Sakura e corrigiu-a novamente. – Ah, tem que andar assim também, é?
-Sim, Sakura. A partir de agora você terá de andar sempre assim.
-Ai, Li. Eu não gostei. É muito cansativo... – ela choramingou.
Sem dizer nada, Shaoran fez um sinal com a mão, como se dissesse 'continue circulando'. Ela apenas bufou e continuou a andar pelo recinto. Depois de inspecionar a amiga e reparar nos seus progressos, ele deu a última sugestão. Seria o toque final.
-E rebole mais quando anda, Sakura. – a mulher parou na mesma hora, lançando um olhar ultrajado para Shaoran. – É isso mesmo o que você ouviu. Tente rebolar mais, claro que não exageradamente. É só para dar um ar mais sexy.
-Eu não sei andar rebolando. E não sei ser sexy. – ela disse com a face vermelha e emburrada.
-Até isso preciso te ensinar? – ele falou, entediado, seguido de um suspiro.
-Ah! Não me diga que você vai rebolar para eu ver? Não sabia que você era esse tipo de homem, Li... – ela disse dando um risinho matreiro.
-Claro que não! – ele disse um pouco mais alto, perdendo um pouco o controle. – Eu vou fazer você rebolar. – ele foi até onde a Sakura estava e parou atrás dela. – Ande.
Quando ela começou a andar, Shaoran não hesitou em colocar as suas mãos nos dois lados de seu quadril, forçando levemente eles a requebrarem um pouco mais. Surpresa com a familiaridade não concedida, Sakura virou-se no mesmo momento e deu um tapa no rapaz.
-Olha aonde você vai pondo a mão, amigo! Eu não te dei essa permissão! – ela disse com o rosto extremamente vermelho e apontando o dedo indicador para o nariz de Shaoran.
-Quer aprender a rebolar ou não? – ele disse, massageando a face dolorida. Antes que Sakura soltasse o 'não' que pretendia, ele apressou-se em dizer. – Se você acha que não é capaz de se tornar a mulher ideal para Tsukiro, fale de uma vez que nós paramos com tudo agora mesmo.
Ela ficou em silêncio por um momento. Depois abaixou a cabeça, num sinal de rendição.
-Você tem razão. Me ensine. – Shaoran colocou suas mãos novamente no quadril de Sakura, que por si corou imediatamente. Sentia-se tão embaraçada!
Shaoran não conseguiu não reparar em como a cintura de Sakura era fina. 'Não seria difícil abraçá-la'. Inconscientemente, desceu poucos centímetros suas mãos. 'Ah, mas seus quadris são mais volumosos. Na medida certa para deixar um homem fora de si', ele pensou.
Sua pele era macia, como a mais pura seda... 'Como seria poder acariciar livremente cada centímetro desse corpo?', Shaoran continuou a divagar, embevecido.
Reparando em quão impróprios estavam se tornando seus pensamentos, o rapaz balançou a cabeça com veemência. Como chegara a pensar uma coisa daquelas?
Não podia negar, Sakura era uma mulher extremamente bonita. Mas extremamente inocente também. Ela nunca reparava nos constantes olhares de malícia que direcionavam a ela. Sua inocência encantava tanto e a todos, a ponto que a maioria dos homens sentia até receio de corromper aquela 'pureza'.
Shaoran encontrava-se perdido em seus próprios pensamentos, enquanto Sakura corava cada vez mais. Olhou de soslaio para o amigo, reparando em seu olhar concentrado, focado. O toque de suas mãos era tão gentil, e ao mesmo tempo tão firme...
Será que ser tocada por Tsukiro seria bom? Se sentir as mãos de Shaoran em seu corpo já lhe proporcionava uma sensação delirante, imagine como seria se fosse o homem que amava em seu lugar...
-Uh-hum. – ele limpou a garganta. – Acho que você pegou o jeito já. Ande sozinha agora para que eu possa vê-la. – Sakura obedeceu-o. – Sim, bem melhor.
§-§-§
Sakura bufou, cansada, depois que praticamente se jogou numa cadeira em sua cozinha. Aquilo não estava sendo fácil. Shaoran a havia proibido terminantemente de comer sua refeição favorita: batata frita, com sanduíche e milk-shake. Em seu lugar, estavam todos os legumes e frutas que ele havia lhe trazido.
Sem ânimo, ela pegou uma cenoura que ele havia feito questão de descascar, e mordeu-a. Fez uma careta. 'Como podem conseguir comer isso? Bons para os olhos, talvez... Mas não para o meu estômago!', ela pensou, indo até o lixo que tinha num canto. Com violência, tacou o alimento lá.
-Bah! Volte para o seu lugar, coisa venenosa!
Depois de mostrar a língua para o lixo onde tinha jogado a cenoura, Sakura suspirou e foi até seu quarto. Quando avistou sua cama de casal, pulou com alegria nela. Era tão bom finalmente ter um pouco de paz e sossego!
Ainda conseguia se lembrar claramente de como Shaoran havia judiado dela naquele segundo dia de 'preparação'. A tarde daquele dia lhe veio à memória, as lembranças ainda frescas em sua cabeça.
§§ FlashBack §§
-Terminou de se vestir, Sakura? – o rapaz perguntou, impaciente, e encostado na porta. A resposta veio de dentro do quarto.
-Calma! Isso aqui é complicado, sabia? – um estrondo foi ouvido lá de dentro, seguido de um grito surpreso de Sakura. – Estou tendo uma... Hã... Dificuldade maior com a meia-calça!
Shaoran arregalou os olhos e se virou para a porta, como se desse jeito pudesse ver Sakura e ela a sua expressão de choque.
-Por Deus! Você é uma mulher, não? Nunca usou uma meia-calça?
Um barulho de algo caindo no chão veio do quarto. Segundos depois, a porta foi aberta, revelando uma Sakura usando um vestido curto e justo preto, do tipo social, junto com a meia-calça e sapatos pretos e de saltos altos.
Shaoran ficou sem reação durante um momento. Aquela nem parecia ser a mesma Sakura que conhecia... Ela estava tão... Tão... Ele nem sabia o que, só sabia que era muito.
-Ai, ai... Finalmente consegui colocar essa maldita. Foi um sacrifício! – ela disse ajeitando o vestido. – Vamos sair do meio do corredor, sim? – mas quando Sakura deu seus primeiros passos, sentiu o pé falhar, desacostumada a andar com aqueles sapatos altos, e tudo o que Shaoran viu foi o cabelo de Sakura balançando no ar. Quando reparou, sua amiga estava com a cara enfiada no chão.
Isso o tirou completamente do seu transe. Não, aquela era a mesma Sakura que ele conhecia...
§-§-§
-Não, Sakura. Você ainda não está segurando certo. Segure a taça pelo cabo, mas não tão embaixo... Segure nessa parte, mais em cima. Isso. Mas não feche tanto a mão... – ele dizia, observando Sakura com a taça de vinho tinto nas mãos.
Decidiu posicionar as mãos dela ele mesmo, com certeza seria mais fácil e rápido. Delicadamente, tocou as mãos de Sakura com as suas.
Seus dedos eram finos e compridos, e sua pele era tão branca e macia...! Seus olhos escureceram de desejo ao lembrar do momento em que envolveu seu quadril entre suas mãos.
Sem notar o que fazia, envolveu a mão de Sakura entre as suas, fazendo-a derrubar a taça. O som de vidro quebrando o fez despertar.
-Shaoran? Está tudo bem com você? – ele olhou para Sakura, embaraçado.
-Perdão, me perdi em pensamentos por um momento. Deixe que eu limpo isso. – ele disse se levantando e catando os cacos. Depois de jogá-los no lixo, passou um pano, limpando o vinho que havia sido derrubado, e a vassoura, certificando-se de que nenhum caco mais restaria, por menor que fosse. Sakura apenas o observava, embasbacada.
Sem dizer nada, o rapaz foi atrás de uma outra taça, e assim que a encontrou encheu-a de vinho também. Estendeu a bebida para Sakura que apenas aceitou. Novamente ele pegou a sua mão, posicionando seus dedos corretamente.
-É assim que você deve segurar a taça. Entendeu? – ela fez que sim com a cabeça, sem olhar para o amigo.
-Ótimo, agora vou te ensinar a comer.
-Eu já sei comer! Não sou um bebê, Shaoran! – ela disse, finalmente olhando para ele, com expressão raivosa.
-Sim, mas não sabe como que deve agir num restaurante cinco estrelas. É o que pretendo te ensinar. E algumas artimanhas para seduzir Tsukiro também.
-Nunca me interessei por restaurante ou lugares chiques. Prefiro muito mais ambientes familiares. – ela disse, emburrada.
-Mas se você quiser ser algo mais especial para o Tsukiro, terá que se interessar agora. – ele lhe disse. Porém, decidiu guardar só para si mesmo o pensamento de o quanto admirava Sakura por isso. Ela nem sequer se importava com a riqueza ou luxo! Sakura era... Única...
Ela apenas suspirou, reparando que seu amigo tinha razão.
-Segure os talheres com delicadeza sempre. Evite ficar olhando para baixo, como se a comida fosse o seu maior entretenimento.
-Ora, mas se eu vou jantar, ou fazer qualquer outra refeição, não é para a comida que eu tenho que dar mais atenção? – ela interrompeu. Fingindo não ter escutado o comentário de sua amiga, Shaoran prosseguiu.
-Como devagar, aos poucos. Tente observar todos que estão com você. Disperse mais atenção às suas companhias. Principalmente se essa for um homem por quem está interessada. Procure estar por dentro das conversas e sempre, sempre, sorria. Liberte o seu melhor sorriso quando estiver olhando para ele. E deixe-o reparar isso. Mas seja, ao mesmo tempo, discreta.
Sakura estava ficando confusa... Como fazer aquilo? Era tão contraditório! Por que não podia simplesmente ser ela mesma?
-Mais alguma coisa, ou é só isso? – ela disse, irônica.
-Tente comer de um jeito sensual. Não com tanta pressa, pense que você tem toda a noite para estar com ele. Faça-o olhar para a sua boca. E mostre sempre uma aparência confiante. Porém não exagere, você deve conhecer os limites para tudo. – Sakura sentiu seu rosto ficar cada vez mais quente enquanto escutava Shaoran. Depois que ele terminou, a mulher bufou e olhou para o lado.
Shaoran deixou escapar um pequeno sorriso de divertimento. Não seria tão difícil assim. Ele não estava tenso com Sakura porque achava que ela não seria capaz, era só que... Resolveu apagar aquele pensamento de sua cabeça. Aquilo não poderia acontecer.
-Bem, treine tudo o que eu te ensinei nesses dois dias. Preciso ir agora, já está tarde. – ele disse, olhando para o relógio em seu pulso. – No próximo final de semana te ensinarei mais. Quero ver progressos, hein, mocinha!
Sakura fez que sim com a cabeça, num movimento desleixado e Shaoran suspirou. Mas tinha certeza de que Sakura conseguiria.
-Até, Sakura. – ele disse colocando a sua mão na bochecha dela e se aproximando para lhe dar um beijo de despedida no outro lado do rosto de seu rosto. Porém, se descontrolou quando reparou nos lábios de Sakura. Carnudos, rosados e... Completamente tentadores. Sentiu-se aproximar lentamente deles.
Mas antes que fosse tarde demais, a poucos centímetros de seus lábios, Shaoran desviou o rosto e beijou a bochecha de Sakura.
-Nos vemos. – foi a última coisa que ele disse antes de sair. Sakura ainda ficou olhando para a porta, inerte. Segundos depois ela voltou ao seu treinamento, totalmente confusa. Precisava aprender aquilo rápido!
§§ Fim do FlashBack §§
Sakura colocou o travesseiro sobre sua cabeça. Aquilo que estava sentindo por Shaoran era muito estranho. Ela estava se deixando levar! Seu amigo nada mais estava fazendo do que ensiná-la a conquistar o homem que amava.
Seus pensamentos direcionaram-se àquele charmoso moreno de olhos cor-de-mel, por quem tanto se encantava. Ela provaria a ela mesma que conquistá-lo não era uma tarefa impossível. Ela iria conseguir!
A mulher de olhos esmeraldinos esticou o braço e pegou um rabicó que se encontrava em cima da cômoda ao lado da cama. Tirou o travesseiro e prendeu seus cabelos.
Naquela mesma posição, ela fechou os olhos e adormeceu.
Sim, ela iria conseguir. Mas era isso mesmo o que queria?
§-§-§
Na sexta feira da outra semana, Shaoran apareceu na casa de Sakura com uma caixa de CDs na mão.
-Para que isso, agora? – foi a reação de Sakura.
-O próximo passo, é a dança! – ele disse animado. Sakura soltou um muxoxo. – Ah, sim! E eu consegui um encontro com o Tsukiro para você! Será nesse domingo num restaurante dançante! – Depois disso, então, ela quase caiu morta.
-Como assim você conseguiu um encontro? – ela conseguiu dizer depois de quase um minuto.
-Bem, na verdade ele pensa que eu também estarei lá. Mas 'algo inesperado' vai surgir em cima da hora e eu vou ligar avisando que não poderei ir.
-Você ficou louco! Eu não vou de jeito nenhum! – a expressão de Shaoran ficou sombria.
-Sakura, você precisa ser mais confiante. Você queria que eu te ajudasse a conquistar meu amigo, e é o que eu estou fazendo. Não seja covarde.
-Você tem razão... – ela abaixou a cabeça. – Mas... É que eu tenho certeza de que na hora eu não vou saber o que fazer e estragarei tudo!
-Não se preocupe. Eu já pensei em tudo! – ele disse mostrando um pequeno objeto preto e redondo. Sakura apenas lhe lançou um olhar confuso. – Isso é um microfone, Sakura. Eu vou estar lá ouvindo tudo e te dando instruções.
Sakura sorriu para Shaoran.
-Sim, você realmente pensou em tudo.
-Agora, venha. – ele estava colocando um CD no som de Sakura. – Vou te ensinar a dançar. – uma bela música tocada no piano invadiu o recinto, enquanto Sakura ia até onde Shaoran estava, hesitante.
O rapaz pegou a mão direita de Sakura sobre o seu ombro, enquanto entrelaçava a outra entre a sua e abraçava a cintura da mulher, puxando-a para mais perto. Sakura corou quando sentiu o seu corpo colado ao de Shaoran.
Com uma expressão de ternura nos olhos e um sorriso satisfeito na face, o rapaz aproximou sua boca da orelha de Sakura e sussurrou...
-Dê um passo para trás quando eu fizer o sinal. E depois, simplesmente se deixe guiar por mim... Siga seus instintos e permita-me comandá-la. – um arrepio cruzou o corpo de Sakura e Shaoran sorriu ao notar isso. – Entendeu?
Sakura fez que sim com a cabeça e Shaoran aspirou o perfume floral que emanavam seus cabelos. Ele conhecia aquele cheiro, tão característico dela... Flores de cerejeira.
-Um... Dois... Três. – Sakura deu um passo para trás, ao mesmo tempo em que Shaoran dava um para frente. A verdade era que ela já sabia dançar... Mas se sentira tão entorpecida que preferiu não falar nada.
Os dois rodopiavam graciosamente pelo recinto, ao som daquela belíssima música. Shaoran olhou surpreso para Sakura, que apenas lhe direcionou um pequeno sorriso. Não sabia que ela dançava tão bem...
Os dois continuaram naquela posição, até que a canção chegou no seu minuto final, atingindo um ritmo mais lento e calmo. Sakura, então, envolveu o pescoço de Shaoran, que por si, abraçou a cintura da mulher com os dois braços, juntando mais os corpos.
Seus corações batiam descompassados, e Shaoran ardia de desejo por Sakura. Sentir aquele corpo perfeito em contato com o seu... Seu cabelo comprido roçando levemente em suas mãos, nas costas de Sakura... Ele abaixou mais a cabeça e colou seu rosto no dela.
Sakura desceu suas mãos para os ombros do rapaz, sentindo o corpo bem formado que seu amigo possuía. O que era aquela chama que ardia em seu peito e a deixava fora de si?
Quando a música acabou, os dois se separaram, lenta e vagarosamente. Como se raios a atingissem, Sakura reparou em sua situação e deu-se conta de tudo o que estava fazendo. Tentou procurar um modo de consertar a situação.
-Hum... Acha que Tsukiro vai gostar se eu fizer isso?
A expressão terna de Shaoran tornou-se fria no mesmo instante.
-Parabéns, foi perfeito. Tenho certeza de que vai conseguir conquistar ele desse jeito. Com licença, preciso ir embora agora. Esteja no Plaza às oito e meia. Sem atraso. E use isso. – ele disse dando o pequeno fone preto para ela e saindo logo em seguida, não dando chance para Sakura de falar uma palavra sequer.
Não sabendo o que havia feito de errado, Sakura deixou-se cair no sofá.
Segundos depois, Shaoran olhava da rua para o edifício onde Sakura morava.
O que havia dado nele? O que estava acontecendo...? Aquele sentimento que tomara posse dele violentamente quando ouvira a pergunta de Sakura...
Fora totalmente dominado pelo ciúme.
Continua...
Oi, pessoal!
Esse projeto meu é o presente de aniversário pra minha mãezinha querida: Carol! (5/06) Eu te amo muito! Parabéns pelo seu aniversário, fofa! Tudo de bom pra ti! Veio um pouco atrasadinho, mas aqui está o seu presente!
Isso mesmo, mãe! Sei que não é mais uma surpresa, mas... Hehe! Espero que tenha gostado! E vocês que se deram ao trabalho de ler também!
Aqui está a primeira parte. Esse foi outro dos meus projetos que deveria ser uma one-shot. Mas acontece que ela ficou tão comprida que eu tive que separá-la em duas! Ou seja, outro especial de dois capítulos! .
Espero mesmo que vocês tenham gostado, porque ela me deu trabalho! E não se esqueçam de comentar! É um incentivo tremendo...
Beijos e até o próximo capítulo!
§ M-chan §
