Lembranças de Um Lorde

"Nunca confie em quem não tem inimigos"
Emerson R. Camargo

Harry acordou suando frio, sentou-se de imediato sem nem abrir os olhos, mas foi empurrado por duas mãos, uma de cada lado, de volta. Ele abriu os olhos, estava tudo um pouco embaçado, foi então que percebeu estar sem seus óculos. Assim mesmo reconheceu o lugar que estava, já estivera lá tantas vezes que tinha guardado em sua memória todos os detalhes. Era a enfermaria. Dois vultos estavam sentados aos lados de sua cama, como um gesto automático tateou a mesinha da cabeceira a procura de seus óculos e logo os encontrou, colocando- os.

- Finalmente acordou!

Os vultos tomaram formas, Rony estava sentado em uma cadeira do lado direito de Harry e Hermione do lado esquerdo, sentava-se na borda da cama.

- Você está bem Rony? – Perguntou Harry ao amigo.

- Estou, Madame Pomfrey disse que não era nada grave. – Respondeu o garoto com um grande sorriso

-Hum... – Harry sabia o que viria a seguir de Hermione, um sermão, e foi exatamente o que aconteceu.

- Harry! Como você pôde fazer um negocio desses! Se meter em briga com o Malfoy, - Ela ergueu as mãos escandalosamente. - Ainda que foi sensato o bastante para não brigar quando ele estava com aqueles dois brutamontes ogros, imagine o que poderia acontecer! Não tenha dúvidas que os dois vão acabar ficando de detenção!

- Hermione, - Ele tentou esclarecer, com a voz baixinha. - Foi ele quem começou.

- Acho que isso não vai fazer muita diferença quando um professor aplicar uma detenção em vocês dois. – Ela cruzou os braços, zangada.

- Cara, você foi ótimo! Devia ver o Malfoy,nunca o vi fazer tanto drama! – Disse Rony sob o olhar reprovador da amiga.

Harry riu gostosamente mas parou ao notar que sentia uma dor horrível no nariz e dificuldade para respirar.

-Ah! – Fez ele surpreso colocando a mão no nariz.

- Bem...Malfoy também teve lá sua colaboração além de saco de pancadas... – Resmungou Rony apagando o sorriso.

- Ele quebrou seu nariz! – Falou Hermione nervosa . – Esta é uma das únicas partes do corpo que um bruxo não pode curar sem dor, até mesmo se usando magia!

-Está bem,acalme-se. – Pediu Harry sorrindo.

- Vou à cozinha pegar chocolates para todos nós! – Anunciou garota se levantando. – Temos que comemorar agora que está tudo bem.

Hermione saiu em disparada sumindo pelas cortinas brancas que envolviam a cama.

- Você entende Mione? – Pediu Rony observando a garota correr para a porta.

- Não. – Admitiu Harry.

Os dois ficaram em silêncio por alguns instantes, até que Harry lembrou-se do motivo de toda aquela confusão: Dino Thomas, foram para a enfermaria procurando-o, e acabaram encontrando "outras pessoas" no caminho.

- Você sabe como está o Dino?

- Não. – ele parecia intensamente aborrecido com isso. – Não permitiram que nós o víssemos, parece que alguma coisa grave aconteceu...

- Mas ele ainda está aqui? – uma centelha de esperança se ascendeu.

- Sim... – Resmungou Rony.

- Então quer dizer que não está tão mal...Poderia ter sido transferido para o St. Mungus... – Concluiu o garoto.

- Não sei não... – Sussurrou o ruivo. – Até os pais dele já vieram aqui...

- Os pais dele ? – repetiu Harry intrigado. – Mas para quê? Faz só dois dias que ele está internado... – Vendo que já era outro dia, pela janela, Harry presumiu que havia passado a noite ali.

- Não exatamente... – Começou Rony encabulado, mas foi interrompido por Hermione, que chegava até eles.

-Voltei! – Anunciou ela alegremente. - Olhem quantos chocolates! Dobby conseguiu de todos os tipos possíveis, e formas, têm uns que eu nunca vi.

E lá estava Hermione de volta com sua alegria contagiante, equilibrando pacotes e pacotes de chocolate de todos os tipos em uma grande torre que desafiava as leis da gravidade.

- Eu ajudo. – Disse Rony puxando a varinha do bolso.

- Não!Assim é bem mais divertido! – Respondeu ela para o espanto dos dois, realmente Hermione estava surpreendendo os garotos. Para fazer com que os pacotes empilhados em seus braços não caíssem, ela dava alguns passos para trás, outros para frente, obtendo o equilíbrio tão necessário para aquele amontoado de chocolates que balançava perigosamente. Em um de seus passos ela acabou batendo na cama e caiu em cima de Harry, fazendo com que tudo desabasse em cima dos três.

Rony explodiu em gargalhadas enquanto observava os dois tentando sair debaixo de todo aquele chocolate.

- Pára de rir Rony! – Resmungou ela pegando alguns pacotes do chão.

- Olhem, sapos de chocolate! – Harry ergueu uma embalagem a altura dos olhos e mostrou para os amigos.

- O que está havendo aqui? – Madame Pomfrey veio correndo para ver o que tinha causado o barulho, fechou a cara ao ver toda aquela bagunça. -Senhores! Sinceramente!

- Desculpe! – Disseram os três em uníssono.

- Não basta fazerem toda esta bagunça com visitas? O senhor Potter precisa de descanso! – Decretou a enfermeira de maneira enérgica.

- Não, não! Eu já estou bem! – Disse Harry com um sorriso inocente.

- Pode parar de alimentar esperança de sair desta cama! – Ela fez um rápido gesto com a mão. - Ficou aí duas semanas e não pense que é só por que acordou que vai sair assim, de repente!

- Duas semanas? – Gritou o garoto impressionado.

- Eu falei que Dino não estava internado há exatamente dois dias... – Murmurou Rony envergonhado.

- Impossível! Ninguém fica duas semanas desacordado por causa de um mero soco! – Falou ele indignado, não era possível, não havia nenhuma explicação para aquilo, ele não podia ter ficado tanto tempo desacordado só por causa daquela briga com o Malfoy.

- Claro que não está aí deitado exclusivamente por causa da sua "intriga" com o senhor Malfoy, para isso ele teria que ter uma força descomunal. – Balbuciou Madame Pomfrey. - Ficou desacordado tanto tempo por causa da poção que eu lhe dei. Não costumamos usar este tipo de poção, num tratamento comum o senhor ficaria sob o efeito de algumas misturas que permitiriam que ficasses acordado e algumas outras poções que realizariam a recuperação física em si. Embora com a vantagem do paciente ficar acordado, o tratamento demora cinco meses que exigem muita força de vontade da pessoa. – Ela fungou e depois atravessou as cortinas, sumindo de vista.

- Deduzi que tens muito com que se preocupar,Harry. – Interveio Hermione. - Além de algumas fraturas, então pedi que Madame Pomfrey aplicasse este procedimento.

- E deduziu certo! – Melhor era mesmo ter perdido aquelas duas semanas do que ficar cinco meses se preocupando, ironicamente, com seu próprio nariz.

- Não se preocupe! Eu anotei tudo que precisa nas aulas de todas as matérias. – Falou Hermione tranqüilizando o garoto. – E alem do mais, com este tratamento, o seu nariz não ficou torto como o de muitos bruxos...

- Mas, mudando de assunto... – Disse Rony pegando um dos pergaminhos que estava em cima da mesa de cabeceira de Harry, "Aula de Defesa Contra as Artes das Trevas." – Muitas coisas aconteceram neste meio tempo que você dormiu como um dragão...

- Escolheram um novo professor de defesa contra as artes das trevas. – Sussurrou Hermione misteriosamente.

- O que? – Perguntou Harry incrédulo. – Quem é?

- Você nem vai acreditar! – Falou Rony inquieto, informou o nome lentamente, como se fosse realmente difícil de dizer. – Narcisa Black Malfoy.

- A Sra.Malfoy é a nossa nova professora? – Harry estava impressionado, e pensava como tudo aquilo poderia ser uma conspiração contra a ordem, já que para ele era mais do que obvio que aquela mulher era aliada das trevas. – Não pode ser!

- Sim, Harry. – Confirmou Hermione. – Talvez eu a tenha julgado erroneamente, por ter se casado com Lúcio Malfoy, ou por ter um filho como Draco... Não podemos dizer que ela ganhou o cargo de maneira ilícita.

- Vocês dois só podem estar brincando comigo... – Sussurrou Harry. – Está na cara que ela entrou aqui pra espionar os planos da Ordem...

- Também achávamos isso. – Disse Rony. – Mas ela realizou testes, como todos os outros concorrentes...não que fossem muitos...mas vimos com nossos próprios olhos...

- Cada um teve que enfrentar três quimeras ao mesmo tempo, e depois os enigmas de uma esfinge sedenta de sangue... sem falar no teste de conhecimento que cada um fez para ser admitido como concorrente. – Explicou Hermione. – E as coisas ficaram ainda mais estranhas: ela dá aulas muito bem, tem regras rígidas e consegue manter o silêncio em classe.

- O diretor não pode permitir que alguém como ela ocupe este cargo. – Alertou Harry. – É muito arriscado.

- Mas o que Dumbledore podia fazer? – Interrompeu Rony. – Expulsá-la dos testes? Ela foi visivelmente a melhor...

- Temos que tomar muito cuidado com cada movimento dela... – Sussurrou Harry. – vocês sabem como aquela família inteira é das trevas...

- Talvez... – Murmurou Rony, um sorriso abriu-se em seu rosto. – Mas ultimamente o herdeiro Malfoy está bem ocupado vindo todas as manhãs aqui tomas poções de cura...

- Eu o machuquei muito? – Perguntou Harry, não sabendo se ficava feliz ou preocupado.

- Parece que ele quebrou uma costela... – Resmungou Hermione. – Mas foi porque caiu da maca voadora...tentando pegar os chapéus das pessoas que passavam embaixo...

Rony segurou outro ataque de riso, enfiando um chocolate desconhecido na boca. Hermione sorriu maldosamente e pegou a embalagem que ele havia jogado fora.

- Ah, não! – Exclamou Rony após engolir. – Estes de novo não!

- O que foi? – Perguntou Harry confuso diante do olhar engraçado de Mione e o descontentamento do outro.

- Chocolate "Mil formas"... – Hermione mostrou a embalagem. – Dentro de cada um há uma espécie de poção inofensiva que transforma quem o comeu em outra pessoa, fisicamente. – Ela arqueou a sobrancelha. – O sujeito é transformado de acordo com a situação em que se apresenta... em pessoas que não gosta, pessoas que ama...esclarecedor...pessoas que tem pavor, pessoas a quem és grato, pessoas q das quais você gosta de ficar ao lado, pessoas que lembram seu estado de humor atualmente...São poções de efeito temporário, três minutos.

- Obrigado por esclarecer Hermione. – resmungou o ruivo fazendo uma careta. - Mas acho que já me basta ser cobaia do Fred e do Jorge.

Harry enfiou dentro da boca um leão de chocolate, depois que o mesmo parou de rugir e tentar arranhá-lo, ainda observando Rony que estava completamente normal. Sem aviso o ruivo se transformou em alguém muito familiar, espantando a todos se transformou em Harry.

- Legal! – Exclamou Harry avaliando sua cópia. - Funciona!

- Eu me sinto... – Resmungou Rony. – Tão perto do chão...

- Ora! – Disse Harry indignado, mas depois sorriu novamente. - E então, como é ser eu?

- Nada demais... – Disse Rony espantando os cabelos negros. - Mas seus cabelos são legais!

- Que emoção! – Disse Harry sarcástico. – Qual é exatamente a graça disso?

Ouviram um lamento alto que vinha de algum lugar de trás da cortina. A enfermeira atravessou-as e fez uma cara de descontentamento.

- O que os senhores fizeram agora? – Pediu ela em um desanimado.

- Madame Pomfrey! – tentou Harry. - Nada...

A enfermeira apareceu com um cálice e, em uma bandeja, algumas barras de uma coisa azul.

- Olhem só! – Resmungou ela depositando a bandeja no colo de Harry. - Agora tenho mais um Sr.Potter gravemente ferido para cuidar!

- Não, não estou gravemente ferido. – Esclareceu Rony.

- Fique quieto, Sr.Potter! – Ordenou ela zangada. - Tome esta poção e coma as barras de almeda, e ham...divida com sua segunda versão. –Ela sacudiu cabeça confusa. – Tenho que cuidar do Sr. Malfoy que já devia ter tomado a poção...

- Madame Pomfrey! – Chamou uma voz bastante conhecida. - Esta poção é horrível! E as barras de almeda são piores ainda! Se eu soubesse do gosto desses negócios não teria ido até o quinto dos infernos na Floresta Proibida só para pegá-las! – Draco surgiu balançando violentamente o braço para afastar as cortinas brancas e chegar à enfermeira.

- Vá para a sua cama Sr.Malfoy. Pediu ela abrindo caminho nas cortinas. - Durma, o senhor está precisando.

Ele parecia muito mais cansado do que Harry,estava cambaleante e com os olhos semicerrados, devia ser efeito da poção que tomava. Olhou para os "dois" Harry's e estreitou os olhos, se aproximando um pouco mais.

- Maldita poção, é realmente formidável! Formidável! – Bradou ele rudemente. - Estou vendo dobrado, ou Potter tem um gêmeo, - Arregalou os olhos. - Tão feio quanto ele, devo ressaltar.

- Malfoy seu arrogante,por que não se olha no espelho! – Gritou Hermione.

- Minhas miragens falam! – Constatou Draco surpreendido .- E são mal educadas...

- Por que está fora do seu leito Sr.Malfoy? – Pediu a enfermeira. – Eu lhe disse que deve descansar quando toma isso.

- Por que... – Ele parecia fazer um esforço para lembrar. - Ohh...ah, sim, a poção é horrível! E as barras azuis também!

- O senhor reclama disso todo o santo dia. – Protestou Madame Pomfrey indignada.

- É? – Perguntou ele descrente. - E então por que não melhora o gosto delas!

-Hunf!Eu sou a enfermeira e sou eu que administro os remédios, - Ela ergueu a mão, indicando a direita. - Agora volte para o seu leito!

- Não grite comigo! – Rosnou Malfoy.

- Devia agradecer por estar vivo! Você, - Ela apontou para ele. - Senhor Malfoy e você, Sr.Potter podiam ter se matado!

- Pelo menos eu não ia ter mais que ouvir ele. – Disse Harry calmamente.

- Isso, - Falou Draco com sua voz arrastada. – Não foi nada gentil.

- Senhor Malfoy, de que poção tomou? – Perguntou Madame Pomfrey olhando desconfiada para ele. – O senhor está "simpático" demais.

- Eu sou simpático... – Resmungou ele. - com as pessoas certas, e eu tomei a poção que a senhora me deu.

-Você não tomou nada depois não é! – Perguntou enfática.

- Claro que tomei! – gritou Malfoy indignado. – A senhora realmente achou que eu ficaria com aquele gosto horrível na boca?

- Não podia tomar nada, eu disse que não podia! – Gritou ela.

-Disse? – Perguntou Draco distraído. - Eu estava mais preocupado pensando no gosto horrível da poção que eu tinha que tomar do que com a senhora.

- Eu não acredito, não acredito! Onde vocês conseguem tanta distração? Agora a poção perdeu o efeito!

- Eu não vou tomar aquilo de novo! – Grunhiu ele sendo enxotado por madame Pomfrey . – Pode desistir, eu não tomo aquele negocio outra vez nem que toda a comissão de controle de animais mágicos do ministério dance tango!

-Tango? – Repetiu a enfermeira empurrando Draco para fora. – Vocês têm cada idéia...

Hermione suspirou. – Finalmente meu relatório acabou, não vou ter mais que seguir o Malfoy, parece que agora Fleur está se recuperando.

Rony deu um largo sorriso, com um estampido ele deixou sua aparência de Harry.

- Assim está melhor. – Disse a enfermeira.

- Madame Pomfrey. – Harry encarou-a. – Por que não podemos ver Dino?

Ela olhou desconfiada para os lados, e se aproximou deles.

- O diretor me autorizou a falar isso somente quando você acordasse. – sussurrou ela olhando diretamente para Harry. – Mas isso não pode ser espalhado, tem que ficar entre nós.

- É claro que não sairemos espalhando isso. – Reclamou Harry.

- O diretor faz questão de estar aqui quando o senhor encontrar o Sr. Thomas... – Continuou ela. – Ele foi encontrado pela Profa. McGonagal na mesma noite em que vocês saíram da floresta. Estava caído perto de uma clareira, desmaiado.

- Mas agora ele está passando bem? – perguntou Hermione visivelmente preocupada.

- Bem? – Repetiu a enfermeira em um tom de descrença. – Estou lutando intensamente para que permaneça vivo...Tem febres constantes, tremedeiras, não acorda de maneira alguma, vive em um estado lastimável de inconsciência...às vezes abre os olhos, mas é possível ver que não está sóbrio.

- Mas o que de tão grave aconteceu com ele? – Pediu Rony franzindo o cenho.

- Foi picado por alguma coisa, não sei o que... Ela apertou os olhos. – nunca vi nada parecido com aquilo...

- Eu vou vê-lo, então. – Disse Harry aflito.

- Sim, Dumbledore quer que o veja... – Sussurrou a enfermeira se afastando para que Harry levantasse. – Mas é um homem sábio, deve ter seus motivos.

Harry saiu da cama vagarosamente, ajeitando o pijama e colocando as pantufas nos pés. Ele seguiu a enfermeira, deixando para trás Rony e Hermione. Notou que entraram em um outro cômodo que não se lembrava existir, era mais claro e estranhamente vazio, só havia um leito no meio, coberto com uma cortina vermelha.

O diretor estava ao lado da cama, estranhamente cabisbaixo, mas entusiasmado ao mesmo tempo. Ele puxou a cortina rapidamente, deixando a vista o garoto que se encontrava deitado no leito.

Harry sentiu um arrepio, Dino estava jogado de qualquer forma ali, como se tivesse se mexido muito durante o sono, suado e pálido como nunca, os cabelos grudados na testa. Trazia uma expressão de dor, roupas mais leves que o normal e um curativo de gazes e panos brancos tapava um palmo de sua barriga.

- Oh céus... – Ele se aproximou da cama impressionado. – O que diabos aconteceu com você Dino?

- É isso que eu quero que você descubra Harry. – Disse o diretor. Fez um sinal para a enfermeira, que começou a tirar o curativo da barriga dele. – Tenho idéias, como já lhe disse antes, e quero comprová-las...

- Do que estás falando? – Resmungou Harry admirando o amigo.

- Você vai ajudar Dino agora. – ele deu um longo suspiro . – Será a confirmação de minhas piores suspeitas.

À medida que ela desenrolava aquilo, um ferimento aparecia, uma coisa nojenta e repugnante: era como se um corte duplo tivesse sido feito, e alguma coisa penetrara a carne, e puxara, com muita força. Havia pus em algumas partes, todo o ferimento tinha uma cor esverdeada preocupante.

- Não entendo suas palavras. – Sussurrou Harry incapaz de tirar os olhos de Thomas.

- Se concentre... – Ele se aproximou de seu ouvido. – Eu o farei lembrar... O garoto ruivo, grande demais para sua idade, corria rapidamente pelos corredores, segurava uma caixa apertada contra o peito... – Dumbledore pegou suavemente a mão de Harry, colocando em cima da de Dino. – Você sabe o que tem lá dentro...

Um frio invadiu o seu peito, a vista escureceu e sentiu-se estranhamente pesado, o chão parecia estar desabando.

Um sujeito grande corria desajeitado por um grande corredor, havia gotas de suor percorrendo o seu rosto, olhava constantemente para os lados, e principalmente para trás.

- Eles não vão pegar você... – Sussurrou para a caixa já amassada devido à força com que a apertava contra o peito.

O monstruoso bichinho de olhos leitosos bateu as pinças em confiança. Ele sorriu esbaforido, espiando novamente para todas as direções, enquanto voltava a correr.

O garoto magro atrás do pilar olhou de esguelha para ele, esgueirou-se novamente, passando a segui-lo silenciosamente, o distintivo de monitor brilhou com a luz do luar que atravessou a janela.

Sentiu o chão ceder novamente, como se estivesse descendo muitos andares em queda livre.

Olhava calmamente o caldeirão fumegante, a poção mostrava uma imagem que o fazia sorrir:

A grande aranha negra se aproximava perigosamente do grupo de humanos próximo à árvore, ela sentiu alguma coisa do outro lado da clareira, alguma coisa ruim, mas agora não tinha importância, só precisava da comida.

Um dos garotos, levemente mais afastado do grupo, olhava incerto um arbusto. Era o mesmo arbusto do qual ela sentira o mal. A lua iluminou temporariamente uma ponta de prata, afiada, mirando cuidadosamente alguma coisa.

O garoto arregalou os olhos, em um inspiro de terror, ergueu o braço apontando o homem, mas aparentemente havia perdido a fala. A aranha não queria chamar atenção dos demais humanos, ou acabariam por matá-la, e principalmente, não queria chamar atenção daquele outro que se encontrava com um arco e um flecha de prata.

Mas antes que qualquer um do grupo na clareira notasse, o homem com a grande capa negra já havia redirecionado o seu arco, apontava diretamente para o garoto, mas estava hesitante quanto atirar ou não. Talvez fosse a sua única flecha, sua única oportunidade.

A aranha se retraiu um pouco, temendo que fosse acertada por engano. O movimento só fez com que o arqueiro a notasse, e mais uma vez sua flecha mudou de direção, encontrando os olhos da aranha. Nunca havia sentido algo tão pesado em sua vida na floresta, algo invadia o seu cérebro, uma ordem, e ela sabia que era do arqueiro, e que devia segui-la, ou condenaria as suas irmãs por toda a eternidade.

" Tire o garoto daqui, cale-o..."

Agarrou o garoto com força, calando-o. Tentou arrastá-lo até a depressão onde estavam suas irmãs, mas estava se tornando uma tarefa mais difícil a cada momento: Ele esperneava como que pressentindo o seu destino de morrer e ser devorado por aranhas...

" Não os deixe notar que ele está longe, até que seja tarde demais"

Estava tentando ignorar os seus instintos de sobrevivência, e continuar levando o alimento até o grupo, mas sabiam que se a pegassem com um aluno, seria morte na certa para ela, e uma perseguição implacável para suas irmãs... Um terrível dilema, mas sentia que o homem de preto era muito poderoso, e ruim...e ruim.

" Se ele voltar e alertá-los antes que eu acabe minha missão, suas irmãs estarão condenadas."

Afastou-se o mais que pôde do grupo mas, em um ponto, o garoto, que não era nada fraco, começou a se desvencilhar, e não teve alternativa a não ser picá-lo. Ele caiu no chão gemendo de dor, agora que estava envenenado não servia mais de comida, teria que recomeçar sua caça.

Harry afastou-se cambaleante de perto de Thomas, com as roupas encharcadas de suor.

- Eu sabia que isso não seria bom... – Disse Dumbledore observando a expressão de pânico estampada no rosto do garoto. – Mas era a única forma...

- O que foi isso? – Gritou Harry caído no chão, se afastando cada vez mais. – Porquê não me conta!

- O que viu? – Perguntou o velho decidido.

- Hagrid fugindo...aranha – Murmurou ele confuso. – Uma delas queria comer o Thomas...e o picou por ordem do arqueiro...ela sentiu o mal... para não condenar as suas irmãs...

- Então foi uma das irmãs de Aragogue... – Sussurrou o diretor observando Dino. – Teremos que falar com ela, quem sabe tenha a resposta de quem foi o autor da flecha.

- O que está escondendo de mim? – Rosnou Harry. – Estes sonhos e visões ficam cada vez mais esquisitos...Sei que sabe de algo.

- O que você teve agora não foi um sonho, ou uma visão... – Disse o diretor tristonho. – Estava somente lembrando, era uma simples lembrança.

- Lembranças? – Deu um riso preocupado. – Para ter uma lembrança, eu deveria ter vivido estas cenas... e isso com certeza não aconteceu comigo!

- Não são suas estas lembranças. – Esclareceu ele se aproximando e oferecendo a mão para levanta-lo. – São de Voldemort.

N/A: Uhh, e as coisas ficam mais enigmáticas a cada momento...O que acharam deste capítulo com um final particularmente mal esclarecido? Ah, gente...suspense, suspense... eu explico no próximo...e as coisas começarão a se encaixar. (sim, porque até agora ninguém ta entendendo nada...) heheh.

Vamos lá, falem comigo, digam... se acham que o Dino morre, e o que Narcisa está querendo em Hogwarts, e por que diabos ela não está mimando o seu filho e sendo tão má quanto Snape? Ah, ok, todos sabemos que ela não é um exemplo de boa moça...

Nina: Hiih, eu também amo romances, mas não tem jeito, não consigo escrever um...Sei lá o que é...simplesmente não levo jeito pra coisa. Quem sabe quando eu me apaixonar perdidamente por alguém? Huahahhaha! Eu sinceramente também amo a minha Fleur...